Separadas pelo oceano atlântico, Caxias do Maranhão, agora está mais próxima de sua cidade irmã, a Caxias portuguesa, graças à iniciativa do prefeito Fabio Gentil, de estabelecer laços entre as duas cidades. Parcerias do tipo cidades irmãs são comuns em todo o mundo e visam estimular o turismo, intercâmbio de negócios, de estudantes e profissionais, assim como estabelecer laços fraternos entre os povos.
As duas cidades têm em comum, muita história para contar, belos jardins, um povo hospitaleiro e uma culinária de dar água na boca. A nossa Caxias, já teve uma das maiores colônias de portugueses no estado. A propósito, o grande poeta Gonçalves Dias, filho de um comerciante português com uma caxiense, terminou os estudos secundários em Portugal, e ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1840), retornando em 1845, após bacharelar-se. Em Portugal, por se achar tanto tempo fora da Caxias maranhense, saudoso, escreveu a Canção do Exílio.
Assim como a Caxias maranhense tem praças bonitas e bem cuidadas, a irmã portuguesa tem belos parques voltados para o Oceano Atlântico.
A região à qual pertence a cidade de Caxias em Portugal é considerada uma das regiões mais desenvolvidas e ricas da Península Ibérica e mesmo da Europa. O nível econômico está diretamente ligado à educação, esta é a região em Portugal com maior concentração da população com estudos superiores em Portugal, e com a mais baixa taxa de população sem estudos. No seu território encontram-se instaladas muitas multinacionais, e cerca de 30% da capacidade científica do país. Por essas razões, a região é apelidada como o Silicon Valley da Europa.
Berço de poetas e escritores de renome, a Caxias maranhense, nos últimos anos se transformou em uma cidade universitária, e ganhou uma atenção especial para a educação na gestão do atual prefeito, Fabio Gentil. O intercâmbio entre as duas cidades trará benefícios também na área da educação.
O nome da cidade portuguesa, inspirou o batismo da Caxias maranhense com o mesmo nome. Aliás, hábito bastante comum naqueles tempos de Brasil colônia, quando muitas cidades, principalmente no norte e nordeste, recebiam os mesmos nomes de cidades em Portugal. Isso ocorreu principalmente durante o governo do Marquês de Pombal, que recomendou que fossem denominados os povoados da colônia com nomes de cidades lusitanas.
A Caxias portuguesa surgiu como um lugar de retiro dos Frades Cartuxos de São Bruno. Em 1594, Dona Simoa Godinho havia doado uma quinta para a construção de um convento. Quatro anos mais tarde, D. Filipe II obteve do Papa a licença para atribuí-lo aos Frades Cartuxos de S. Bruno. No momento da construção desse convento quase nada havia em redor daquela região, o isolamento da propriedade proporcionava um ambiente de completo retiro, onde os frades estavam entregues a uma vida de oração e a verdadeira paz celestial que a natureza exuberante dos arredores lhes proporcionava.
No inicio do século XVIII, o Infante D. Francisco, filho de D. Pedro II, mandou edificar uma sofisticada quinta de recreio com um pequeno palácio de veraneio, a poucos quilómetros do Palácio de Queluz. Também apelidado de Palácio dos Infantes, apesar da simplicidade para um palácio real, é o único paço real à beira mar plantado, porém cercado de um grandioso jardim, inspirado nos jardins do Palácio de Versailles, nos arredores de Paris, o que torna esta quinta única. É um exemplar único da arte dos jardins. Situado à beira-mar, inspirado nos jardins do Palácio de Versailles em Paris, concebidos pelo grande mestre André Le Nôtre, especialista de jardinagem do Rei Sol, Luís XIV, e que foram copiados por todas as Cortes Europeias da época. A utilização da água e das inúmeras fontes, são um elemento de ornamentação característico deste estilo.
As obras só viriam a ser concluídas em 1832 e D. Francisco morreu antes de conseguir usufruir de sua bela quinta. A vila de Caxias cresceu sobre a propriedade da família Real, retratando a sofisticada vida social do século XVIII. Hoje, a Quinta Real de Caxias é o principal parque da cidade, um agradável espaço criado em torno dos jardins do Palácio Real.
Assim como o forte no Morro do Alecrim foi construído para defender a nossa Caxias, que protagonizou uma das guerras mais importantes do Maranhão, a Guerra da Balaiada, a cidade portuguesa de Caxias, tem o Forte de São Bruno, edificado por D. João IV, no contexto da Guerra da Restauração da Independência Portuguesa, foi construído para a defesa de Lisboa, cidade vizinha.
É no século XXI que Caxias começa a revelar o seu potencial atrativo, com praia, cultura, desporto e negócios. Apesar de muito diferente da época em que era retiro dos monges, preserva ainda hoje um caráter tranquilo, com um forte protagonismo ambiental, graças ao verde preservado no seu entorno. É devido à recuperação do espaço urbano e da praia, que tem havido a nova atratividade pela região, o turismo. Em 2016 foi inaugurada a Cidade do Futebol no Alto da Boa Viagem, e recentemente, já em 2017, o Passeio Marítimo da Praça do Forte de São Bruno, um calçadão cheio de atrações e opções de lazer, voltado para a bela praia de Caxias, hoje disputada pelos surfistas à procura de boas ondas.
