Rodson Almeida: de delegado atuante a líder de piquete
A má gestão do sistema de segurança pública do Maranhão nos últimos cinco anos, além de instalar um clima de intranqüilidade no estado, tem produzido fatos inusitados. Um dos que mais me surpreendeu e decepcionou nesse tempo todo foi ver o delegado Rodson Almeida, antes operacional e elogiado por sua dureza com os bandidos, liderando a paralisação de delegados deflagrada segunda e terça-feira últimas.
Muitos lembram quando Rodson chefiava o 8º Distrito Policial, na Liberdade, um dos bairros mais violentos de São Luís. Nessa época, ele prendeu assaltantes, traficantes e estupradores, usando, em toda plenitude, seu estilo particular de comandar pessoalmente as diligências policiais, muitas vezes de arma em punho e a pé. Eu mesmo, em 2001, cobri uma dessas operações e pude testemunhar quão entusiasmado era o delegado no exercício da profissão. Ele parecia estar disposto a tudo no combate à bandidagem.
Sua saída do 8º DP gerou grande decepção na comunidade, que chegou a fazer um abaixo-assinado pedindo sua permanência no 8º DP. O bom desempenho se repetiu no Maiobão, outra área com alto índice de criminalidade, para onde o delegado seguiu após deixar a Liberdade.
Hoje, provavelmente insatisfeito por receber um baixo salário e por trabalhar em delegacias lotadas e sem estrutura, Rodson Almeida perdeu o estímulo, deixando de lutar em benefício da comunidade para reivindicar direitos de sua categoria, o que é mais do que justo. Para externar sua revolta, até em entrevista na TV ele deu, usando a mesma coragem que tinha em confrontos com bandidos para denunciar o descumprimento, pelo governo, do acordo firmado em maio com a Associação de Delegados (Adepol).
Tem sido assim a política de segurança do Maranhão nos governos de José Reinaldo e Jackson Lago. Ao invés de avançar, aproveitando a estrutura herdada da gestão anterior, o sistema é marcado pelo retrocesso, que atinge tanto os recursos materiais como os profissionais da polícia.
Comentários