Raimundo Martins, uma lição de vida
A redação de O Estado, ambiente onde e eu e muitos colegas temos passado a maior parte do tempo, viveu um dia atípico ontem. A agitação, a vibração de repórteres e editores, as brincadeiras e discussões profissionais deram lugar a um clima de intensa tristeza em razão da morte do colega editor de primeira página Raimundo Martins.
Pessoa das mais bem-quistas e admiradas em nosso convívio, Martins partiu desta vida prematuramente, aos 42 anos, vencido pela hipertensão, que culminou em um acidente vascular cerebral. Responsável, honesto, culto, entre outros adjetivos, ele foi e sempre será para nós exemplo de dedicação e profissionalismo.
Era Martins o responsável pela capa do jornal. Por sua competência incontestável, foi-lhe confiada a tarefa de elaborar os títulos que servem não só para anunciar as principais notícias, mas também para vender o produto. Dono de um texto irretocável, além de cumprir sua missão, ainda emitia opiniões e críticas sobre diferentes editorias de O Estado, contribuindo para a melhoria da qualidade do noticiário.
Sua principal característica era a paixão pela leitura. Ele era capaz de passar uma tarde inteira devorando uma obra e muitas vezes só acordava do seu transe literário para a reunião na qual eram definidas as chamadas de primeira página. Dono de um respeitável acervo, colecionava centenas de livros em sua biblioteca particular e regularmente aparecia na redação com um ou mais títulos novos, que exibia como troféus.
Por sua incrível sede de conhecimento, Martins merece todo o nosso apreço e admiração. Apesar de seu temperamento calmo, de poucas palavras, ele deixará importante ensinamento: o de que a busca incessante pelo saber é, de fato, o melhor alimento para a alma. Descanse em paz, amigo. Que Deus traga conforto para a sua família.
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