Eurídice aumenta valor de contrato da Sesec com empresa apontada como laranja pela polícia
Mesmo investigada pela polícia, a Mafra Manutenção Seviços e Conservação Limpeza Ltda. acaba de ser beneficiada com um aditivo de 24,40% no contrato de prestação de serviço firmado com a Secretaria de Segurança Cidadã (Sesec). Desde o ano passado, a empresa, fundada por um ex-assessor da secretária Eurídice Vidigal, figura em um inquérito instaurado na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) como beneficiária de um esquema de favorecimento dentro da pasta.
Com o aditivo, o valor mensal do contrato subiu de R$ 148.998,00 paraR$ 185.368,76, um acrésimo de mais de R$ 36 mil. Oficialmente, o aumento foi concedido porque a Mafra, que atuava apenas no prédio-sede da Secretaria de Segurança Cidadã, no Outeiro da Cruz, passou a realizar serviços de limpeza e conservação também nas delegacias de polícia e no Instituto Médico Legal (IML).
O expediente seria perfeitamente normal caso a empresa não tivesse a origem que tem. Supostamente fundada por Inácio Pires da Conceição, ex-deputado estadual, ex-chefe de gabinete de Eurídice Vidigal e coordenador da campaha do marido da secretária, Edson Vidigal, ao Governo do Estado, em 2006, a Mafra foi apontada, com base em denúncias feitas pelo ex-delegado-geral da Polícia Civil Jefferson Portela, como empresa de fachada. Somente depois de seis meses de ter iniciado suas atividades, a firma passou a ter endereço em um imóvel no bairro São Francisco, o que só teria sido possíve depois de a mesma ter recebido as primeiras parcelas do contrato firmado com a Sesec. Em apenas um ano, a Mafra teria recebido cerca de R$ 1,335 milhão da secretaria.
Relatório parcial das investigações iniciadas por uma comissão de delegados da Deic – posteriormente desintegrada com o remanejamento dos integrantes para delegacias diferentes – revelou que as sócias-proprietarias da Mafra não passavam de laranjas de Inácio Pires da Conceição. As duas, inclusive, têm ligações familiares com a mulher do ex-chefe de gabinete de Eurídice. Na apuração, foi descoberto que elas recebiam R$ 2,5 mil mensais para emprestar seus nomes para a negociata.
Em resposta às denúncias, publicadas em agosto do ano passado pelo jornal O Estado e pelo blog do jornalista Décio Sá, o gerente de Manutenção e Serviços da empresa, Inácio Pires da Conceição Júnior, negou que a empresa tenha sido constituída em nome de laranjas e afirmou que as duas sócias chegaram a obter empréstimos na Receita Federal para tocar o negócio. Ele informou que a Mafra nunca foi de seu pai e negou que ele tenha coordenado a campanha do ministro aposentado Edison Vidigal, marido da secretária, ao Governo do Estado em 2006. Garantiu que o pai foi apenas um dos candidatos a deputado da coligação do ex-ministro.
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