Rodoviários rejeitam reajuste de 7% e anunciam paralisação de 100% da frota para segunda-feira

Rodoviários estacionaram ônibus no Anel Viário para participar da assembleia e deixaram centenas de usuários a pé

Reunidos em assembleia geral na manhã desta sexta-feira, no Anel Viários, dezenas de motoristas, cobradores e fiscais associados ao sindicato da categoria recusaram o reajuste de 7% determinado pela presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MA), desembargadora Ilka Esdras Araújo, e decidiram não acatar ordem dada pela magistrada para que encerrassem a greve, que nesta sexta-feira completou 72 horas. A categoria anunciou a paralisação de 100% da frota a partir da próxima segunda-feira, ignorando a multa diária de R$ 40 mil em caso de descumprimento da decisão judicial.

Dezenas de ônibus ficaram estacionados no Anel Viário enquanto motoristas e cobradores participavam da assembleia. Revoltados, muitos usuários que viajavam nos coletivos que tiveram a viagem interrompida protestaram contra a atitude dos grevistas. Alguns, mais exaltados, ameçaram depredar os veículos e agredir fisicamente o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Dorival Silva, e demais dirigentes da entidade.

Na assembleia geral ficou acertado que todos os ônibus circularão hoje, amanhã e domingo e que na segunda-feira nenhum coletivo sairá da garagem.

Em nota, TRT nega ter mandado prender sindicalista

Revoltados, usuários que ficaram a pé fazem gestos obscenos para sindicalista que discursava sobre carro de som

O Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão (TRT-MA)  informa que em nenhum momento a presidente deste Regional, desembargadora Ilka Esdra Silva Araújo, determinou a prisão de representante do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Maranhão.

Ontem (17.05), a presidente do TRT-MA concedeu reajuste salarial linear de 7% aos rodoviários e determinou a suspensão imediata da greve iniciada pela categoria na última terça-feira (15), dando ciência da decisão às partes. Em caso de descumprimento será aplicada multa diária de R$ 40 mil ao Sindicato dos Trabalhadores, além da configuração do crime de desobediência à ordem judicial, conforme previsto no artigo 330 do Código Penal e perturbação da ordem pública. O descumprimento da decisão por parte do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) acarretará aplicação de multa diária de R$ 50 mil.

A presidente do TRT-MA disse que confia na maturidade dos representantes das categorias dos trabalhadores e dos empresários do setor de transporte para garantir à população de São Luís seu direito de locomoção, maturidade demonstrada durante todo o processo de negociação ocorrido no Tribunal, com as tentativas de conciliação entre as duas categorias.

A desembargadora afirmou esperar não ser necessária a adoção de medidas mais rigorosas frente a atos abusivos e ilegais por parte dos dois sindicatos.

Reafirma a desembargadora, ainda, que a Justiça do Trabalho é um órgão pacificador dos conflitos trabalhistas e que buscou a melhor solução para dirimir o litígio entre trabalhadores e empresários do setor de transporte, prova essa que o Ministério Público do Trabalho (MPT) pleiteou, a título de antecipação, o percentual de reajuste salarial de no mínimo 5,1% e o TRT-MA concedeu 7% de reajuste linear.

Segundo a presidente, embora o percentual deferido não seja o pretendido pelos rodoviários (que pleiteava 16% de reajuste), corresponde racionalmente ao resultado da análise dos documentos juntados e argumentos suscitados pelas partes.

Por fim, a desembargadora informa que tomará as providências cabíveis para que a decisão judicial seja respeitada.

Fotos: Biné Morais/O Estado do Maranhão

Medida acertada

Placa com aviso sobre interdição é fixada em trecho da praia do Olho d'Água onde esgoto é lançado ininterruptamente

A interdição de oito pontos da orla marítima de São Luís e São José de Ribamar com elevado índice de poluição devido ao lançamento ininterrupto de esgoto in natura foi uma medida acertada e extremamente necessária. Ao proibir o acesso aos referidos trechos de praias, com base em uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) inibe a atitude descontraída dos banhistas que, ignorando a advertência contida nas diversas placas fixadas ao longo da orla, vinham entrando no mar e se expondo a uma série de doenças.

O lançamento de esgoto não tratado nas praias de São Luís é uma situação antiga, que, ao longo dos anos, evoluiu para um grave problema de saúde pública. Se por um lado as autoridades não adotam as medidas necessárias para reduzir o nível de poluição da orla, por outro, muitos cidadãos negligenciam o perigo de mergulhar nas águas sujas do nosso mar, onde o índice de impurezas supera em quase quatro vezes o nível mínimo de 800 coliformes fecais por 100 mililitros de água, aceito pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Um dos principais atrativos turísticos da Ilha de São Luís e opção de lazer para grande parcela da população local, as praias tornaram-se ambiente inóspito, principalmente para os adeptos de mergulhos. Lançar-se nas águas poluídas da orla é uma atitude de alto risco, com sérias conseqüências à saúde. Diarréia infecciosa, cólera, leptospirose, hepatite e esquistossomose são algumas das doenças às quais os incautos banhistas se expõem ao entrar em contato com as impurezas contidas no mar da capital e da vizinha São José de Ribamar, conforme atestou a Sema.

As autoridades locais têm a obrigação de reverter a situação e devolver às praias o elevado potencial para atração de turistas de outrora. Caso contrário, há o risco, a médio e longo prazo, da fuga de frequentadores e da consequente queda de receita em bares, restaurantes, hotéis e demais estabelecimentos instalados à beira mar. Diante da possível crise, o que se projeta é o fechamento de centenas de postos de trabalho.

Com a repercussão negativa da interdição das praias, a capital maranhense, que, segundo líderes do setor industrial local, já convive com um revés econômico devido à precariedade do seu único aeroporto, se depara com mais um entrave ao seu desenvolvimento. Como a aviação e a qualidade do lazer proporcionado aos visitantes são essenciais para a exploração máxima do potencial turístico de qualquer cidade, o que se vê em São Luís hoje é um cenário que sugere retração. Recuperar o vigor de outros tempos vai depender de um esforço conjunto das autoridades, em todas as esferas.

As boas condições da água das praias são um importante indicador de que a cidade é bem cuidada por seus gestores. A situação inversa sugere negligência e falta de compromisso dos governantes. Às vésperas de completar 400 anos de fundação, São Luís, com sua orla interditada, é, portanto, o retrato do descaso.

Editorial publicado em O Estado do Maranhão nesta sexta-feira

Foto: Biaman Prado/O Estado do Maranhão

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