Jornalistas maranhenses comentam cobertura da crise no sistema penitenciário do estado

Do Portal Imprensa

pentenciariaNa noite de 3 de janeiro deste ano, quatro ônibus e uma delegacia foram atacados em São Luís, capital do Maranhão. Os dias seguintes não foram mais fáceis. Vieram novos ataques, prisões, mortes e divulgação de imagens chocantes da situação caótica que vive o sistema prisional maranhense. Além do medo e insegurança da população, o assunto estampou as principais manchetes da imprensa nacional e internacional.

Segundo Daniel Matos, chefe de reportagem do jornal O Estado do Maranhão, o fim de semana em questão foi o mais duro para a publicação, que teve de reforçar sua equipe e se desdobrar nas ruas para registrar tudo. “É uma cobertura que causa desgaste físico e emocional, um componente a mais no estresse”, afirma.

Para acompanhar os desdobramentos do caso, das reuniões de autoridades, bem como outros episódios de violência, o jornal mantém uma equipe focada no assunto. São cinco a seis repórteres e dois fotógrafos, fora o apoio e acompanhamento dos editores, coordenadores e direção de jornalismo.

Entre as orientações à equipe estão os princípios da profissão: registrar os fatos e ouvir todos os lados, como os familiares dos presos, a população e as autoridades, além de checar até o último momento as informações recebidas. “Estamos nos desdobrando ao máximo para fazer o melhor possível todos os dias. Temos reforçado as equipes de fim de semana, tentando alcançar todos os lugares, para oferecer a melhor cobertura”, afirma.

Vanessa Moreira, editora do caderno “Cidades”, do jornal O Imparcial, concorda que o ritmo está puxado. Além dos repórteres da editoria, a equipe do site ajuda na cobertura. “Eles [jornalistas] estão compreendendo que estamos saindo mais tarde. No dia da morte da menina [queimada em um dos ônibus incendiados], por exemplo, saí por volta de meia-noite”, compara seu horário de saída, geralmente às 22h.

A publicação tem acompanhado, principalmente, a situação das vítimas de queimaduras nos coletivos incendiados, desde o desenrolar dos cuidados médicos às consequências na vida familiar. “Sempre mexe com a gente, não tem jeito. A população ficou revoltada, com medo”, lembra.

A gota d’água anunciada

Daniel Matos lembra que a situação dos presídios maranhenses vem sendo percebida nos últimos quatro anos, por causa do avanço das facções criminosas, principalmente, em São Luis. “Os jornalistas já tinham certa expectativa de que uma hora isso ia acontecer”, lamenta. “Essa situação só tem feito mal para o nosso Maranhão. Chegou ao limite do absurdo. Tragédias como essa deixam a gente da mesma forma como o resto da população. É lamentável. As nossas famílias ficam expostas e nós também”, diz.

Para ele, o interesse da imprensa nacional e internacional é necessária, pois trata-se de uma cobertura urgente, que precisa ser feita. No entanto, ele critica a divulgação de informações de forma “tendenciosa”, que acaba piorando uma situação que já é ruim.

Sobre os ataques

Segundo o UOL, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão confirmou que as ordens dos ataques aos coletivos vieram de dentro dos presídios em retaliação à operação “Pedrinhas em Paz”, no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, realizada pela Tropa de Choque da Polícia Militar. No local, 60 presos foram mortos em 2013 e dois foram vítimas só neste início de ano.

Durante o “Pedrinhas em Paz”, o prédio do 9º DP (Distrito Policial) teve as paredes atingidas por balas e três coletivos foram incendiados, deixando vítimas de queimaduras — uma criança de seis anos, que morreu com mais de 90% do corpo queimado, e quatro feridos, três adultos e uma criança. Na mesma noite, um policial foi assassinado a tiros. A polícia não confirmou se e morte do PM teve relação com as ordens dos presos de Pedrinhas, mas investiga o caso.

Presos de Pedrinhas atiram em homens da Força Nacional

Parente de presos aguardam, ansiosos, do lado de fora, enquanto polícia faz revista na CCPJ
Parente de presos aguardam, ansiosos, do lado de fora, enquanto polícia faz revista na CCPJ (Foto: Biné Morais)

Dois policiais da Força Nacional registraram, na madrugada de hoje, no Plantão Central da Vila Embratel, queixa de tentativa de homicídio contra detentos da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) de Pedrinhas. Eles relataram que os presos efetuaram vários disparos de revólver calibre 38 em sua direção. O atentado ocorreu por volta das 22h de ontem, quando a Força Nacional e o Batalhão de Choque da Polícia Militar faziam uma revista nas celas, iniciada após um princípio de tumulto registrado à tarde no presídio.

As vítimas do atentado foram os militares Alessandro Borges de Deus, natural do Rio Grande do Norte, e Márcio da Rosa, do Rio de Janeiro. Na ocorrência, registrada por volta de 1h, os policiais contaram que os detentos fizeram pelo menos 10 disparos. Um dos tiros teria atingido o escudo de um deles.

Na revista feita na cela onde estavam os agressores, foram encontrados um revólver calibre 38 com 10 cápsulas deflagradas e 16 munições intactas, cinco facas, quatro chuços, três serras e três chips de celular. Os detentos foram apontados como membros da facção criminosa responsável por mortes, fugas, venda de drogas e demais ações criminosas em Pedrinhas.

Após a descoberta, os policiais intensificaram a revista, o que deixou o clima ainda mais tenso. Familiares de presos que acompanhavam a movimentação do lado de fora da CCPJ chegaram a interditar o tráfego na BR-135 por alguns minutos. Logo se espalhou pela cidade a informação de que se tratava de mais uma rebelião, logo desmentida.

Os detentos reclamam de maus tratos, da má qualidade da alimentação e da falta de assistência à saúde. O Estado informou que tanto a Força Nacional quanto o Batalhão de Choque continuarão ocupando o Complexo Penitenciário de Pedrinhas.

Vandalismo

casarão pichado

Um casarão histórico recém pintado, situado na Rua Afonso Pena, no Centro, foi alvo de pichadores. Os vândalos sujaram toda a parede lateral do imóvel, produzindo uma imagem revoltante. Uma agressão criminosa e covarde ao patrimônio histórico de São Luís, cujo acervo já é bastante comprometido devido à omissão dos governantes e de particulares.

Foto: Diego Chaves

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