À espera de elogios de usuários por ter ofertado transporte por ferryboat gratuito no 2º turno da eleição, a Agência Estadual de Mobilidade e Serviços Públicos (MOB) foi surpreendida com um bombardeio de críticas em seus perfis na rede social Instagram pela forma como conduziu o serviço, considerada ineficaz. A reprovação dos internautas levou a autarquia a censurar todos os comentários na postagem seguinte, que também exaltou a “benfeitoria”, classificada por muitos como compra de votos escancarada.
A desaprovação do serviço nos dois dias e meio em que vigorou a gratuidade foi praticamente unânime. Muitos usuários se manifestaram de forma bastante dura, beirando o escárnio. A insatisfação foi compartilhada por proprietários e gestores das empresas que fornecem e operam as embarcações que fazem a travessia entre São Luís e a Baixada Maranhense, à custa de altos investimentos. Acionistas, diretores e gerentes alegaram que a perda de receita gerada no período em que não houve cobrança de passagens agravou a crise interminável que atinge o setor, desencadeada após a intervenção do Governo do Estado na Serviporto, que em fevereiro de 2023 completará três anos, salvo um ato de bom senso que dê fim ao confisco do patrimônio privado.
Em meio às sucessivas manifestações de repúdio ao modo como o transporte por ferryboats funcionou sem ônus financeiro para o público, houve quem acusasse a MOB de não oferecer alguns benefícios anunciados, como o acesso livre a vans, e até quem garantisse que pagou a tarifa normalmente por ter se deparado com o caos e o tratamento desumano dispensado aos passageiros no embarque e ao longo das viagens. “Van de graça? Foi meu ovo”, protestou o internauta @jeanroots. “Eu fui sábado votar e paguei. Vim segunda e paguei. Que gratuidade foi essa mesmo que eu não vi?”, questionou @jefferson_carvalho_araujo. “Eu paguei minha passagem em um ferry nojento, que demorou três horas”, reclamou @elza8459.

Múltiplos transtornos e favorecimento político
O descaso, a humilhação e a compra de votos também foram foram condenados por quem se aventurou na travessia gratuita entre os terminais da Ponta da Espera e de Cujupe. “Um descaso total com os eleitores, uma humilhação. Cada ferry levando somente 15 motos. Foi então que o pessoal ficou com raiva, foi lá, fez confusão e começaram a colocar 40 motos. Eu, particularmente, fiz questão de querer pagar minha passagem, mas não aceitou”, relatou, desapontado, @jheff_brown_409. “Serviço lixo”, resumiu @antoniojosesilvaaa. “Pela péssima qualidade do serviço oferecido deveria manter a isenção da cobrança de taxas”, sugeriu, em tom de desgosto, @brunnocarvalho12. “Mecanismo simples de compra de voto barato e eficiente. Parabéns, MOB”, ironizou @wanderson_lopes. “Agora é moda falar que tudo é democrático. Até o fornecimento de um serviço medíocre de ferryboat é democrático “, arrematou @luisfernando.ts.
Ao ver frustrada sua expectativa de reconhecimento popular pelo feito, apresentado pela mídia governista como algo grandioso, a MOB reagiu com intolerância e feriu gravemente o direito constitucional â liberdade de expressão.
Confira alguns comentários mais incômodos, que levaram a MOB a impor censura em suas redes sociais: