Por Natalino Salgado Filho*

No último domingo, 28, lembramos os 153 anos de nascimento do maranhense Achilles Lisboa (1872–1951), cuja atuação marcou profundamente a medicina, a educação, a ciência e a política brasileira. Figura multifacetada e visionária do Maranhão, foi farmacêutico e médico de formação, destacou-se como prefeito de Cururupu e governador do Maranhão nas décadas de 1920 e 1930.
Fundador e primeiro diretor da Faculdade de Farmácia do Maranhão, também criou o Instituto Cururupuense, inspirado na pedagogia inglesa de Edmond Demolins, com foco na expansão do ensino primário – tema sobre o qual escreveu um livro premiado pela Academia Brasileira de Letras.
Como botânico, dirigiu o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, introduziu o cultivo do cacau em Cururupu e aplicou seus conhecimentos na fitoterapia, desenvolvendo a pílula Achilea, em homenagem à filha primogênita que morreu de malária. Seu trabalho era movido por altruísmo, sem fins lucrativos. Cientista dedicado, foi pioneiro na descrição da esquistossomose mansônica no Maranhão e estudou doenças como hanseníase e estrongiloidíase. Sua tese de doutorado abordou a mestiçagem vegetal, o que lhe rendeu o título de “médico mandaeliano brasileiro”.
Além disso, foi ensaísta e poeta, com vasta produção literária, em grande parte inédita. Sua vida foi marcada por uma busca incansável pelo conhecimento e pelo bem-estar coletivo, deixando um legado humanitário e intelectual que ainda inspira.
Achilles Lisboa é um exemplo notável de dedicação à ciência, à educação e ao serviço público. Em 2023, a UFMA concedeu o título de Dr. Honoris Causa a Achilles Lisboa (in memorian) e a sua filha e professora da Universidade Federal da Bahia Achiléa Lisboa Bittencourt, homenagem que tive a alegria de entregar como então reitor da UFMA.
*Médico, mestre e doutor em Nefrologia, professor universitário, pesquisador, escritor, ex-reitor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), membro da Academia Nacional de Medicina (ANM), da Academia Maranhense de Medicina (AMM), da Sociedade Brasileira de Hipertensão Arterial, da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), da International Society of Nephrology (ISN), da American Society of Nephrology (ASN), da Sociedade Brasileira de História da Medicina, da Academia Maranhense de Letras (AML), da Academia Maranhense de Ciências (AMC) e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM).