A atividade serve para confirmar se satélites e experimentos interagem corretamente com o veículo lançador, garantindo compatibilidade e segurança para o lançamento

A integração das cargas úteis no foguete HANBIT-Nano, da empresa sul-coreana Innospace, teve início no último dia 11, marcando uma das etapas decisivas antes do lançamento, durante a Operação Spaceward, marcada para o próximo dia 22. Nessa fase, são realizados testes e verificações que asseguram uma conexão correta entre a carga útil – satélites e experimentos – e o veículo lançador, confirmando que cada equipamento está estabilizado e funcional para o momento do voo.
A missão, para transportar cinco satélites e três experimentos, desenvolvidos por universidades e empresas nacionais e internacionais, simboliza a entrada definitiva do Brasil no mercado global de lançamentos espaciais, além de abrir novas oportunidades de geração de renda, inovação e atração de investimentos para o país.
“Essa etapa da operação é uma atribuição conduzida diretamente pela Innospace e pelos desenvolvedores dos satélites e experimentos. A FAB acompanha todo o processo no Prédio de Preparação de Propulsores, infraestrutura especializada disponibilizada pelo Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), o que reforça nosso compromisso em prover suporte técnico, coordenação e governança para que cada missão transcorra com integridade, transparência e alto padrão de confiabilidade”, destaca o Coordenador-Geral da Operação, Coronel Engenheiro Rogério Moreira Cazo.

Compatibilidade e Segurança
Além dos testes elétricos e mecânicos entre os adaptadores de carga útil e os equipamentos embarcados, a etapa inclui checagem de compatibilidade entre os sistemas dos satélites e os subsistemas do veículo lançador. São realizados testes funcionais, verificações de comunicação e análises de resposta dos equipamentos quando conectados ao hardware de integração. Esse conjunto de verificações serve para confirmar se as cargas se comunicam corretamente com o foguete, garantindo compatibilidade e segurança entre os meios antes do lançamento.
Concluída essa fase, a missão avançará para a integração final, quando os satélites serão instalados no módulo responsável por acomodá-los dentro do foguete. Em seguida, deve ocorrer a instalação das carenagens, as simulações gerais de pré-lançamento, as avaliações ambientais completas e, por fim, os procedimentos conjuntos de segurança de voo e coordenação operacional com a FAB. Essa sequência marca o início das últimas horas antes da contagem regressiva, quando todo o sistema (foguete, cargas, infraestrutura e equipes) passa a operar em modo de prontidão máxima.
Innospace HANBIT, uma família de foguetes
Para viabilizar a missão inédita no Brasil, a Innospace percorreu um ciclo de desenvolvimento que começou com o lançamento experimental do primeiro foguete da família HANBIT, o HANBIT-TLV. O voo ocorreu em março de 2023, durante a Operação Astrolábio, também realizada no CLA, sob coordenação da FAB.

Na ocasião, foi validado o desempenho do motor foguete híbrido de 25 toneladas de empuxo, tecnologia concebida integralmente pela empresa. O teste confirmou o desempenho do sistema de propulsão em voo, comprovou a maturidade técnica da solução híbrida e estabeleceu as bases para o desenvolvimento de veículos mais complexos. A partir desse avanço, a Innospace consolidou capacidade para atuar no mercado comercial de lançamentos e deu sequência à criação dos veículos orbitais HANBIT-Nano, que será lançado no dia 22 próximo, e dos veículos HANBIT-Micro e HANBIT-Mini, em desenvolvimento.
Tudo sobre o HANBIT-Nano
O HANBIT-Nano é um veículo orbital de dois estágios, projetado para colocar até 90 quilos de carga útil em uma órbita de 500 quilômetros. Mede 21,8 metros de altura, 1,4 metro de diâmetro e integra uma nova geração de lançadores de pequeno porte, voltados para missões mais ágeis, econômicas e de alta confiabilidade.
O primeiro estágio utiliza um motor híbrido de 25 toneladas de empuxo, alimentado por combustível sólido de base parafínica e oxidante líquido, combinação que oferece simplicidade estrutural, baixo custo operacional e elevada segurança. O segundo estágio pode operar com dois motores distintos, a depender da missão: o HyPER, motor híbrido de alto desempenho, e o LiMER, motor a base de metano líquido com bomba elétrica.

Entre as principais características do veículo, destacam-se o perfil econômico, a segurança inerente à tecnologia híbrida e a presença de um Sistema de Terminação de Voo (FTS) validado em testes integrados com o CLA, que garante interrupção imediata da progressão do voo em caso de anomalias.
O desenvolvimento mobilizou 247 profissionais, sendo 102 engenheiros dedicados exclusivamente a Pesquisa e Desenvolvimento. As equipes trabalharam em quatro áreas de especialidade: Propulsão para o Primeiro Estágio, Motor a Base de Metano para o Segundo Estágio, Sistemas de Alimentação por Bomba Elétrica, e Controle e Aviônicos.
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