Segurança só na propaganda

A realidade da segurança pública do Maranhão é bem diferente da propaganda bancada a peso de ouro pelo governo Flávio Dino (PCdoB) com dinheiro do contribuinte. Enquanto a publicidade palaciana alardeia que 1.200 novos policiais militares foram nomeados para atuar no combate ao crime, trabalhadores lotados na central telefônica que aciona as guarnições para atender vítimas de violência e no Disque Denúncia, ferramenta de extrema utilidade para elucidação de crimes, não recebem salários há dois meses e são ameaçados de demissão todos os dias caso faltem ao serviço. A situação expõe uma das muitas contradições que marcam a gestão comunista, que prefere gastar milhões com ações midiáticas a concretizar as melhorias que o povo tanto precisa.
Os teleatendentes do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), que amargam o descaso desde o início do atual governo, estão sem vencimentos e sem qualquer previsão de quando o problema será resolvido. O mesmo acontece com o pessoal do Disque Denúncia. A alegação é de que a Secretaria de Estado de Planejamento e Orçamento (Seplan) não vem repassando à Secretaria de Segurança Pública (SSP) os recursosa destinados ao pagamento das parcelas contratuais. A desordem financeira dá margem a diversas suposições, uma delas a de que o Estado já começa a enfrentar dificuldade para quintar compromissos com fornecedores, inclusive os que prestam serviços essenciais.
Nem mesmo a recente contratação de uma nova empresa para administrar as plataformas telefônicas do Ciops, responsável, também, pelas chamadas ao Corpo de Bombeiros, e do Disque Denúncia resolveu o problema crônico de má gestão das duas centrais. Pelo contrário, com base no relato dos servidores, que se negam a sair do anonimato por medo de represálias, a situação piorou para os profissionais que se revezam no atendimento das chamadas.
Pelo menos um quesito comprova o agravamento do caos: o transporte dos teleatendentes, que na vigência do contrato anterior era fornecido pela própria empresa. Agora, com a contratação de uma nova terceirizada, os servidores voltaram ao antigo sistema de vales, fornecidos sempre com atraso, situação que se repete agora. E apesar da pendência, a ordem expressa transmitida aos servidores é que não faltem ao trabalho, sob pena de advertência ou até mesmo demissão. Apesar de insatisfeitos e na base do sacrifício, os operadores mantêm a rotina, sem a menor perspectiva de quando suas remunerações serão finalmente creditadas.
Os operadores do Ciops são duplamente massacrados em razão da negligência do governo com a segurança, um dos setores primordiais de qualquer gestão. Além de não receber seus salários em dia, são obrigados, muitas vezes, a pagar passagem com dinheiro, emprestado ou mesmo doado por parentes e amigos sensibilizados por vê-los penando tanto. Trabalhando praticamente de graça, os servidores denunciam a situação dramática em que vivem, sem recursos para se alimentar e pagar despesas como aluguel, escola dos filhos, contas de água e de luz, ou seja, empurrados pela mão omissa do Estado à condição de extrema pobreza.
A mesma terceirizada que opera o Ciops e o Disque Denúncia fornece mão de obra para as áreas administrativas da SSP. Portanto, a pendência financeira com a empresa compromete a rotina da SSP, que mantém em seus quadros funcionários insatisfeitos, com nenhum estímulo para produzir. É o caos tomando conta da segurança pública do Maranhão. Mas a propaganda comunista mostra o contrário.
Editorial publicado nesta quinta-feira em O Estado do Maranhão
Comentários