Colheita de afetos e memórias

Por Natalino Salgado Filho*

A escritora Ceres Costa Fernandes entre os confrades da Academia Maranhense de Letras Natalino Salgado Filho e Lourival Serejo

O nome Ceres já traz em si o alegre presságio de colheita e abundância. E foi exatamente isso o que aconteceu no Convento das Mercês, na noite de quinta-feira (9): uma colheita de palavras, afetos e memórias, sob o brilho sereno de uma lua que iluminava o pátio e parecia abençoar o momento que a escritora, ensaísta e cronista Ceres Costa Fernandes brindou seus leitores com quatro obras: os relançamentos “Apontamentos de Literatura Medieval” e “Café Literário”, e os inéditos “Contos de Desamor” e “De Peixes & Solidão”.

O ambiente não poderia ser mais especial: além da presença marcante de escritores, acadêmicos, artistas e leitores, a noite foi temperada pela boa música. Uma pocket banda, com cordas e teclados, envolveu o evento em uma atmosfera sonora delicada, que se entrelaçava com as palavras da autora, tornando o lançamento não apenas uma celebração literária, mas uma experiência estética completa.

Ceres Costa Fernandes com os confrades da AML Félix Alberto Lima e Natalino Salgado Filho e o professor Ramiro Azevedo

Ceres evocou lembranças do Café Literário, projeto que idealizou e que marcou a vida cultural maranhense, reunindo, durante anos, palestrantes renomados e plateias numerosas. “Foi um trabalho prazeroso, que parecia apenas diversão, encontro, companhia”, disse, lembrando com carinho os dias em que a literatura, o pensamento e o diálogo encheram de vida e brilho o Centro de Criatividade Odylo Costa, filho.

Falando de sua própria obra, Ceres confessou: “Minhas crônicas são espelhos de mim mesma, dos meus medos, dos meus desencantos, da minha constante mudança de ideias. São Luís é meu maior cenário”. Da infância rica de significados aos encontros com escritores franceses, portugueses e Monteiro Lobato, sua formação literária revela-se como um mosaico sofisticado.

Os acadêmicos Natalino Salgado Filho e Daniel Blume e amigos

Nos inéditos, ela tocou o coração do público: em “Contos de Desamor”, ela comentou que ondas distintas invadem os que amam e os que desamam; em “De Peixes & Solidão”, ela explicou que se trata de delicada história que envolve um menino, sua avó e um peixe.

Daniel Blume, um de seus interlocutores no breve bate-papo com o qual a escritora brindou o público sobre seu processo de escrita e sua cosmovisão, afirmou ser Ceres a maior escritora brasileira viva e a igualou à igualmente genial Lya Luft. Naquela noite enluarada, ficou evidente que Ceres Costa Fernandes domina essa arte rara: saber quando a palavra precisa florir e quando o silêncio é também literatura. Entre livros, música e a lua cheia, São Luís testemunhou uma noite de beleza rara, onde a colheita de Ceres foi celebrada como um presente à cidade e à literatura maranhense. Com afeto e muito carinho a uma especial amiga. Parabéns!

1 comentário em “Colheita de afetos e memórias”

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