Fim trágico e prematuro

Vítima mais recente da onda de assassinatos de jovens em São Luís

Os assassinatos sucessivos de jovens na região metropolitana de São Luís compõem um fenômeno assustador. A carnificina juvenil mostra que essa faixa etária está perdendo a batalha para o crime, principalmente para as drogas, raiz de toda a violência urbana, a qual toda a sociedade está vulnerável. Impotentes diante dos homicídios em série de jovens, dentre os quais, um número expressivo de adolescentes, as autoridades de segurança pública parecem não dispor de uma estratégia para combater esse mal, que tem ceifado vidas prematuramente e destruído famílias, tamanho o estrago causado pelo fim trágico de cada vítima.

Para se ter uma ideia de quão aterrorizante é a situação, das 14 pessoas assassinadas na Ilha nos primeiros 10 dias de setembro, nada menos do que 11 eram jovens com idade entre 14 e 26 anos. Todas as vítimas eram do sexo masculino, a maioria envolvida com facções criminosas. Tem-se, a partir desses dados, um cenário de extremo perigo para a sociedade, marcado pela violência extrema com que os autores costumam ceifar as vidas dos seus desafetos. Implacáveis com os rivais, os matadores também costumam exercer seu instinto sanguinário contra pessoas inocentes, o que aumenta a comoção a cada crime dessa natureza.

É lamentável que tantos jovens estejam sucumbindo à guerra de facções, faceta da violência que se mostra a cada dia mais cruel nos quatro municípios da Ilha de São Luís. Muitos são abatidos antes mesmo de chegar à maioridade, após uma vida curta, mas marcada pela dedicação exclusiva ao crime. Mesmo sabendo que podem estar assinando suas sentenças de morte ao escolher o caminho errado, muitos jovens são seduzidos pelo ganho fácil, resultante do tráfico, do roubo, do furto e de outros delitos que rendem dinheiro e/ou bens de valor aos autores.

Desprovidos de compaixão e dispostos a matar ou a morrer a cada ato criminoso, os bandidos juvenis, não raro, se deparam com o destino final quando se tornam incontroláveis, quando ninguém, nem mesmo eles próprios, consegue conter seu ímpeto para praticar o mal. É o auge de um comportamento que em tempos passados era atenuado com termos como delinquencia, mas que hoje representa risco grave para a coletividade, tamanha a audácia, a desumanidade e frieza de indivíduos sem a mínima condição de estabelecer convívio social.

Beneficiados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) com tratamento diferenciado quando em conflito com a lei, os menores podem ser ainda mais perigosos, dependendo do estímulo de terceiros, do ambiente e da circunstância. Mas, independente da gravidade do ato que tenham cometido, estarão sempre protegidos por uma legislação que, para uma parcela significativa da sociedade, inclusive para muitos juristas, carece de reformulação urgente, por favorecer a impunidade ao aplicar penas brandas a criminosos impiedosos e experientes, apesar da pouca idade.

Se muitos jovens estão morrendo vítimas da violência, tantos outros estão matando na mesma proporção. É uma via de mão dupla, escolhida, com maior incidência, por indivíduos de pouca idade, e que leva, com frequência, os que fizeram tal opção a encontrar a morte ser ter visto plenamente a vida.

Fonte: Editorial publicado nesta quinta-feira em O Estado do Maranhão

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