Lockdown: baculejo na periferia e vista grossa das autoridades para aglomeração de granfinos

As autoridades públicas parecem estar usando dois pesos e duas medidas na fiscalização do cumprimento do decreto que estabeleceu o lockdown como medida extrema para conter o avanço do novo coronavírus na região metropolitana de São Luís. Em bairros da periferia e até no transporte público já ocorreram exemplos de truculência policial a pretexto de coibir a presença injustificada de pessoas na ruas. Já na área considerada nobre da capital, os governantes parecem fazer vista grossa para aglomerações de granfinos, que descumprem as normas sob os olhos omissos das forças de segurança pública.

Na última sexta-feira (8), viralizou nas redes sociais um vídeo que mostra uma guarnição da Polícia Militar expulsando de dentro de um ônibus passageiros que não comprovaram a necessidade de estar fora de casa. A postura agressiva de um dos policiais causou reações indignadas. O excesso que marcou a abordagem foi classificado como despreparo pela grande maioria dos internautas.

Ações truculentas como a regisrrada no coletivo não são de hoje. A incursão da tropa em um bar da Cidade Operária, em setembro do ano passado foi, de igual modo, grosseira. Exaltado ao extremo, um dos policiais ameaçou conduzir uma frequentadora à delegacia, após determinar o encerramento por falta de licença. A rispidez gerou protestos de outras pessoas. Um cidadão que ousou questionar e filmar o baculejo com seu celular foi reprimido com dois safanões na mão que segurava o aparelho, levando-o ao chão, no que o policial esbravejou: “eu quebro logo essa porra!!!”.

Granfinos aglomerados

Com a desculpa de oferecer um almoço especial em homenagem às mães, dezenas de pessoas se aglomeraram, neste domingo (10), no badalado restaurante Cabana do Sol, situado no bairro nobre Ponta do Farol, um dos lugares preferidos dos abastados para comer na cidade. Apesar da alta concentração de pessoas, muitas sem máscaras, e do longo congestionamento que formou na rua de acesso ao estabelecimento, não se viu nem sinal de abordagem da polícia.

Ao que parece, a administração do Cabana do Sol não tomou qualquer providência para evitar que os clientes se aglomerassem em suas instalações para retirar as refeições no balcão. Apesar do flagrante descaso, não há qualquer sinal de notificação das autoridades à empresa por está ter permitido tamanho risco.

Faltam, ainda, cinco dias para o término do lockdown. E a julgar pelo que se viu na primeira metade do bloqueio total, o efeito prático do decreto está visivelmente comprometido.

E o tratamento desigual dispensado pelos governantes a ricos e pobres explica em grande parte o iminente insucesso da medida.

Assista aos vídeos das abordagens truculentas em ônibus, em bar na Cidade Operária e do congestionamento no acesso à Cabana do Sol: