
O governo Flávio Dino (PCdoB) tem sido muito bem sucedido no embate com sindicatos quando estes se põem a reivindicar salários, melhores condições de trabalho e até garantia de vida para seus associados. Categorias como policiais civis e rodoviários, que ensaiaram recentemente posturas radicais, foram convencidas, apenas na base da conversa, a recuar, embora continuem com os interesses contrariados.
Outrora intransigentes na busca por seus direitos, as entidades sindicais parecem ter sido domadas pelo poder comunista e deixaram de defender com o mesmo ardor a causa dos trabalhadores que representam.
Uma das categorias a baixar a cabeça é a dos motoristas de cobradores. Dizendo-se insatisfeitos e assustados com a onda de assaltos a ônibus, dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão convocaram assembleia geral para ontem e, pelo tom inflamado do discurso, a entidade dava a impressão de que conduziria a categoria a mais uma greve. Qual não foi a surpresa quando, ainda pela manhã, uma mensagem palaciana os demoveu da ideia? Ato contínuo, assumiram postura diferente e passaram a pregar a conciliação, mesmo com a confirmação da morte de um idoso baleado em mais um ataque de bandidos a um coletivo.
Outro exemplo recente do poder de convencimento governista junto às diretorias de certos sindicatos foi a brevidade da greve dos policiais civis, iniciada em 3 de agosto. O início foi marcado por intensa mobilização, com interrupção do atendimento nas delegacias. Mas, logo na primeira semana, os ânimos foram arrefecendo, até que a greve foi suspensa, sete dias depois de ter sido deflagrada. A paralisação chegou a ser retomada, mas durou novamente sete dias, até ser encerrada definitivamente.

Chamou atenção o claro desejo dos líderes da classe de não levar o movimento adiante. Sem a resistência da cúpula, o governo encontrou caminho livre para impor sua vontade, decretando, assim, o fim da greve apenas uma semana depois da sua retomada.
Professores, classe reconhecidamente politizada e com notável histórico de luta, se mantêm em estranha letargia, apesar dos vencimentos defasados, das condições insalubres em sala de aula e até mesmo da insegurança nas escolas. Um detalhe pode explicar a apatia dos docente: o sindicato que representa a categoria tem sua diretoria composta por membro do PCdoB, partido do governador, e alguns deles já chegaram a disputar mandato eletivo com as bênção de Flávio Dino.
É precipitado taxar de pelegos os sindicalistas que não impõem resistência ao poder que emana do Palácio dos Leões. Por outro lado, a docilidade das lideranças é sintomática e significa a descaracterização do movimento, cujas bases estão alicerçadas no confronto de ideias e posicionamentos.