No governo da mudança nem os sindicatos são mais os mesmos

Policiais civis suspenderam greve apenas sete dias depois do início do movimento
Policiais civis suspenderam greve apenas sete dias depois de cruzar os braços: poder de convencimento dos comunistas impressiona (Fotos: Sinpol)

O governo Flávio Dino (PCdoB) tem sido muito bem sucedido no embate com sindicatos quando estes se põem a reivindicar salários, melhores condições de trabalho e até garantia de vida para seus associados. Categorias como policiais civis e rodoviários, que ensaiaram recentemente posturas radicais, foram convencidas, apenas na base da conversa, a recuar, embora continuem com os interesses contrariados.

Outrora intransigentes na busca por seus direitos, as entidades sindicais parecem ter sido domadas pelo poder comunista e deixaram de defender com o mesmo ardor a causa dos trabalhadores que representam.

Uma das categorias a baixar a cabeça é a dos motoristas de cobradores. Dizendo-se insatisfeitos e assustados com a onda de assaltos a ônibus, dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão convocaram assembleia geral para ontem e, pelo tom inflamado do discurso, a entidade dava a impressão de que conduziria a categoria a mais uma greve. Qual não foi a surpresa quando, ainda pela manhã, uma mensagem palaciana os demoveu da ideia? Ato contínuo, assumiram postura diferente e passaram a pregar a conciliação, mesmo com a confirmação da morte de um idoso baleado em mais um ataque de bandidos a um coletivo.

Outro exemplo recente do poder de convencimento governista junto às diretorias de certos sindicatos foi a brevidade da greve dos policiais civis, iniciada em 3 de agosto. O início foi marcado por intensa mobilização, com interrupção do atendimento nas delegacias. Mas, logo na primeira semana, os ânimos foram arrefecendo, até que a greve foi suspensa, sete dias depois de ter sido deflagrada. A paralisação chegou a ser retomada, mas durou novamente sete dias, até ser encerrada definitivamente.

Principal porta-voz do governo, secretário de Articulação Política e Assuntos Federativos, Márcio Jerry, comanda negociações com categorias descontentes
Principal porta-voz do governo, secretário de Articulação Política e Assuntos Federativos, Márcio Jerry, comanda negociações com categorias descontentes

Chamou atenção o claro desejo dos líderes da classe de não levar o movimento adiante. Sem a resistência da cúpula, o governo encontrou caminho livre para impor sua vontade, decretando, assim, o fim da greve apenas uma semana depois da sua retomada.

Professores, classe reconhecidamente politizada e com notável histórico de luta, se mantêm em estranha letargia, apesar dos vencimentos defasados, das condições insalubres em sala de aula e até mesmo da insegurança nas escolas. Um detalhe pode explicar a apatia dos docente: o sindicato que representa a categoria tem sua diretoria composta por membro do PCdoB, partido do governador, e alguns deles já chegaram a disputar mandato eletivo com as bênção de Flávio Dino.

É precipitado taxar de pelegos os sindicalistas que não impõem resistência ao poder que emana do Palácio dos Leões. Por outro lado, a docilidade das lideranças é sintomática e significa a descaracterização do movimento, cujas bases estão alicerçadas no confronto de ideias e posicionamentos.

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