
A divulgação de uma matéria pelo jornal O Imparcial, nesta semana, relatando que o Ministério Público de Contas do Maranhão (MPC-MA) não encontrou irregularidades e arquivou uma representação relacionada ao Pregão Eletrônico nº 04/2025 da Prefeitura de Grajaú, provocou reação imediata do deputado estadual Ricardo Arruda (MDB).
O parlamentar publicou nota afirmando que o processo mencionado pelo jornal não teria relação com a denúncia feita por ele e que suas representações sobre o uso de recursos da educação ainda estariam em análise por outros órgãos de controle. O texto foi apresentado como um direito de resposta e reproduzido integralmente por O Imparcial.
Logo após a publicação, o jornal divulgou um esclarecimento adicional, reafirmando o conteúdo da reportagem original e explicando que o texto se baseou exclusivamente na decisão do Ministério Público de Contas — órgão responsável por fiscalizar licitações e contratos públicos — sobre o mesmo objeto da denúncia feita por Ricardo Arruda na tribuna da Assembleia Legislativa, em agosto deste ano. Naquela ocasião, o deputado questionou a lisura do processo de contratação para manutenção predial das escolas municipais de Grajaú.
O parecer do MPC-MA, assinado pelo procurador Paulo Henrique Araújo dos Reis, concluiu que a licitação seguiu as regras da Lei 14.133/2021, reconheceu a regularidade do certame e determinou o arquivamento da representação, além de excluir o prefeito Gilson Guerreiro (PSDB) do polo passivo.
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Apesar de tratar do mesmo pregão citado por ele, o deputado tenta agora dissociar o resultado do parecer de suas próprias acusações, sustentando que se tratariam de casos distintos.

Além disso, segundo informações apuradas, pessoas próximas ao parlamentar teriam mobilizado grupos e perfis em redes sociais, numa atuação típica de milícias digitais, para tentar descredibilizar a reportagem e gerar confusão sobre o alcance da decisão do Ministério Público de Contas. As publicações circularam em aplicativos de mensagens e outras plataformas, repetindo a versão de que o parecer do MPC-MA não teria relação com a denúncia apresentada por Ricardo Arruda — embora os documentos indiquem o contrário.
Talvez o deputado não tenha compreendido bem o conteúdo publicado por O Imparcial. A matéria é clara ao mencionar a denúncia feita pelo próprio parlamentar na Assembleia Legislativa, em agosto, sobre o Pregão Eletrônico nº 04/2025, e não representações eventualmente encaminhadas a outros órgãos, como o Ministério Público Federal ou a Controladoria-Geral da União. O texto limitou-se a relatar uma decisão oficial do MPC-MA, baseada em fatos e documentos públicos.
É lamentável que, por uma disputa política local, o deputado tenha escolhido atacar a credibilidade de um dos jornais mais tradicionais do Maranhão, prestes a completar cem anos de história, acusando-o de desinformar a população. A tentativa de transformar uma decisão técnica e pública em disputa narrativa fere o debate democrático e ameaça a confiança na imprensa, que é um dos pilares da transparência e do controle social.
O Imparcial, por sua vez, manteve postura jornalística responsável, reafirmando suas informações com base em documento oficial e garantindo o contraditório ao publicar integralmente a nota do parlamentar — que, diga-se, foi de uma deselegância desmedida.
Em tempos de disputas políticas cada vez mais marcadas pela desinformação, é preciso lembrar que a imprensa livre não é parte do jogo — é a condição para que o jogo democrático exista.