Estudante da Uemasul, autor da descoberta, já conquistou prêmios nacionais e internacionais, além de uma bolsa de estudos para Israel

A eficácia do óleo de tucum na prevenção de picadas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e de outras doenças, descoberta por um jovem cientista do Maranhão, é destaque neste domingo (1º), às 14h, no programa “Se Liga”, da TV Justiça, canal de televisão público coordenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O programa será reapresentado nos dias 2/10, às 10h30; 4/10, às 22h; e 7/10, às 17h.
A reportagem mostra uma geração de jovens pesquisadores que desenvolveram, a partir de um fruto do cerrado, um repelente sustentável contra a dengue. Gustavo Botega, estudante do Maranhão, comprovou que o óleo de tucum mirim é eficaz na prevenção de picadas do mosquito aedes aegypti.
O CO2 e o ácido lático são substâncias expelidas pela pele humana que atraem as picadas de mosquitos. O passo seguinte é coceira e vermelhidão. Apesar da experiência não ser nada agradável, há situações piores: insetos podem causar alergias e até mesmo transmitir doenças, especialmente para quem vive na zona rural. Buscando uma solução eficaz e de baixo custo, o então estudante do ensino médio Gustavo Botega Serra desenvolveu um repelente natural usando tucum-mirim (Astrocaryum acaule Mart.), fruto típico do cerrado.
Sendo do Maranhão, Gustavo já sabia que o fruto era usado na prevenção e no tratamento contra picada de insetos. Logo, seu trabalho consistiu em analisar os mecanismos bioquímicos e fisiológicos do óleo da polpa e da amêndoa do tucum-mirim sobre a presença de compostos bioativos, ação repelente e cicatricial contra picadas de insetos.
Os frutos foram coletados em um sítio no Tocantins e o projeto foi desenvolvido no laboratório da Uemasul (Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão). Os testes in vitro confirmaram que o óleo da polpa diminui a vermelhidão das picadas de insetos em até 20%, em 3 horas, e 100%, após 36 horas. Já o óleo da amêndoa dissolveu 100% da vermelhidão de picadas de vespas, carrapatos e pernilongos, em 12 horas.
“A pesquisa concluiu que o óleo de tucum-mirim é altamente eficaz na prevenção e tratamento de picadas de insetos, uma situação que assola bastante a sociedade, principalmente na zona rural maranhense. O projeto conseguiu provar a eficácia, principalmente com relação ao repelente do óleo, feito a partir da amêndoa”, ressalta Gustavo.
Para o jovem cientista, os resultados podem contribuir para “direcionar medidas dos programas estabelecidos acerca da vigilância em saúde, principalmente diante do cenário de patologias ocasionados por artrópodes no qual o Brasil se encontra”, afirma ele em seu trabalho intitulado “Óleo de Tucum Mirim: avaliação de seu potencial como repelente veiculado a um modelo experimental in vitro” – confira a publicação.
O desenvolvimento do repelente com fruto do cerrado foi possível graças ao Cientista Aprendiz: um programa de pré-iniciação científica da Uemasul para alunos do 8º ano do ensino fundamental até a 3ª série do ensino médio.
Premiação
Desde o desenvolvimento do projeto, em 2021, o estudante teve seu trabalho reconhecido nacional e internacionalmente. Já foi um dos vencedores do Mostratec Virtual, foi selecionado para participar do maior evento científico do mundo, em Atlanta, nos Estados Unidos, além de ter sido um grande destaque na 21° edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), neste ano, conquistando seis prêmios: 1° Lugar em Inovação, Projeto Destaque da Federação, 1° Lugar em Ciências Biológicas, Publicação de Artigo no ScientiaPrima.
Ainda na Febrace, que é a principal mostra nacional pré-universitária de projetos de ciências e engenharia, Gustavo ganhou uma bolsa para ir à Escola de Verão do Instituto Weizmann de Ciências, em Israel, e uma credencial para a Regeneron ISEF 2023 – a maior feira de ciências do mundo.
“Poder trabalhar em um dos melhores institutos de ciência do mundo, com profissionais fantásticos e em um país de referência no meio científico como Israel, é um sonho para qualquer jovem cientista”, conclui.