Perigo nos terminais

Como se não bastassem os transtornos causados aos usuários pela superlotação e pela falta de informações nos cinco terminais de integração de São Luís, o risco de atropelamentos como o que vitimou uma mulher no Terminal da Praia Grande, há quatro dias, é uma realidade cada vez mais comum. A pressa e a desatenção, tanto de motoristas quanto de pedestres, podem ser apontadas como principais causas de acidentes como esse, mas outros fatores concorrem para o perigo, a maioria relacionada ao caos que impera nos terminais, criados com o propósito de tornar o transporte público mais dinâmico e confortável, mas que hoje já não cumprem a contento essa finalidade.
A mais recente vítima, a empregada doméstica Ana Tereza Costa, 40 anos, aguardava a condução para casa depois de mais uma jornada de trabalho, assim como fazem centenas de milhares de outros cidadãos que usam os terminais de integração diariamente. Segundo testemunhas, a mulher atravessava uma das pistas, sobre a faixa de pedestres, quando foi atingida por um ônibus da empresa Solemar, da linha Janaína/Riod, que passava ao lado de outro que estava parado. Ela levou uma forte pancada na cabeça e continua internada em estado gravíssimo no Hospital Municipal Djalma Marques, o Socorrão I.
O deslocamento de pedestres entre as plataformas de embarque e desembarque de passageiros dos terminais de integração é constante. Muitos usuários não prestam a atenção devida na travessia e se tornam vítimas potenciais de atropelamentos. Alguns chegam ao cúmulo de sentar na calçada, com os pés na pista. Outros ignoram a norma de atravessar somente sobre a faixa. Há ainda aqueles que cruzam as vias falando ao celular, acessando redes sociais ou dedicando-se a outras distrações. Enfim, em muitos casos, os próprios passageiros assumem comportamento altamente arriscado.
Em relação aos motoristas, o atropelamento da doméstica Ana Tereza Costa não deixa dúvidas de que a culpa pelos acidentes deve ser dividida. A mulher, segundo informações de testemunhas, atravessava a pista sobre a faixa de pedestres e ainda assim foi colhida. Como definir um caso desses se não como imprudência? Nesse caso, não só o condutor, como a empresa para a qual ele trabalhava e a própria Prefeitura de São Luís, responsável pela administração do terminal, devem responder pelo ocorrido.
O correto seria impor rigorosa fiscalização, a fim de orientar motoristas e pedestres sobre as normas de segurança nos terminais de integração. É inconcebível que em um ambiente com fluxo permanente de veículos e pessoas não haja um monitoramento capaz de prevenir acidentes. Cabe, urgentemente, à Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) adotar os procedimentos necessários para garantir a integridade dos usuários dos terminais, que são a maioria da população de São Luís.
Atropelamentos em espaços como os terminais de integração, onde deveriam predominar a ordem e a disciplina, são perfeitamente evitáveis. O acidente que vitimou a Ana Tereza não foi o primeiro. Muitos outros, tão ou mais graves, já aconteceram, inclusive com mortes. Já passou da hora, portanto, de uma tomada de providência, para que episódios trágicos como esse não mais se repitam.
Editorial publicado neste domingo em O Estado do Maranhão
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