Pistolagem volta a assombrar o Maranhão
Os crimes de pistolagem voltaram a aterrorizar o interior do Maranhão. O caso mais recente teve como vítima o vereador Esmilton Pereira dos Santos, de 45 anos, assassinado quando chegava em casa, em Governador Nunes Freire, município distante 442 quilômetros de São Luís. Reduzidas a quase zero após um esforço policial que resultou em inúmeras prisões, as execuções a bala ganham novamente o noticiário policial, para desespero dos maranhenses que convivem com a sombra da violência.
Esmilton Pereira foi o segundo vereador de Governador Nunes Freire assassinado a bala em dois anos. Em 2014, o também vereador Paulo Lopes, que fazia oposição à administração municipal, foi morto com as mesmas características. O blogueiro Ítalo Diniz, que escrevia textos com abordagem crítica à administração pública local, também foi morto a tiros na cidade, em novembro do ano passado.
Com um saldo tão sangrento, a cidade logo ganhou o apelido de terra sem lei, onde a violência tem prevalecido sobre a democracia e as divergências políticas são resolvidas no gatilho. Assim, o Maranhão retroage ao passado de barbárie, algo que já havia sido superado e que agora volta, instalando o caos e o medo nas regiões mais pobres do estado. Em tempos de acirramento político, como agora, a ameaça da pistolagem se torna ainda mais real, com grupos antagônicos dispostos ao confronto e a população no meio do fogo cruzado.
O povo de Barra do Corda já viveu situação semelhante, que deixou a cidade em clima de pavor. Há quatro anos, o vereador Antônio Aldo Lopes Andrade foi executado dentro de uma borracharia, às margens da BR-226. Mais um crime com digitais políticas, sem a devida elucidação. Diante da impunidade, mandantes e autores sentem-se cada vez mais estimulados a perpetrar novos crimes.
Como se não bastassem as execuções a bala, a violência toma conta de hospitais e escolas públicas no interior. No dia 18 deste mês, no município de Monção, bandidos fortemente armados invadiram um hospital público e fizeram reféns várias pessoas, entre pacientes, servidores, enfermeiros e médicos. Também ameaçadas pelas ações criminosas, as escolas estaduais não contam com segurança à altura da violência a qual estão expostas diariamente.
Pelo menos dois deputados estaduais foram, ontem, à tribuna da Assembleia Legislativa cobrar do Governo do Estado medidas enérgicas de enfrentamento à pistolagem e a outros atos de violência registrados no interior maranhense. Em discursos inflamados, Wellington do Curso e Adriano Sarney exigiram do Estado combate efetivo à barbárie e punição aos culpados. Espera-se que o governo os ouça e os atenda, já que costuma ignorar o clamor do povo.
Editorial publicado nesta quinta-feira em O Estado do Maranhão
Comentários