
Faltando pouco mais de 15 meses para a eleição, o governador Flávio Dino (PCdoB) aparelhou sua estrutura de comunicação e escalou um time de porta-vozes para tentar minar os movimentos de adversários na corrida sucessória de 2018. A ordem é desqualificar possíveis rivais, que, neste momento, articulam-se intensamente e com notável desenvoltura, atraindo forte apoio político e popular. Enquanto a artilharia palaciana desfere duros golpes em quem julga inimigos, a gestão comunista e os aliados que lhe dão sustentação tentam emergir da apatia administrativa em que estão mergulhados e se esquivar dos sucessivos escândalos de corrupção que os envolvem.
Balizada em duas frentes, a estratégia está em pleno curso em blogs, jornais, emissoras de rádio e TV atrelados ao Estado, que seguem à risca a orientação de confrontar qualquer um que se apresente como ameaça ao projeto de poder que hoje impera no Maranhão. Ao mesmo tempo, esses meios de informação exercem a árdua tarefa de defender não apenas um governo, mas, sobretudo, um grupo político flagrado, dia após dia, em atos de improbidade e em outras práticas nada republicanas, as quais combateram ferozmente antes de conquistar o mando.
Na execução do plano ardiloso, vale para os governistas até mesmo infiltrar espiões em eventos promovidos por oposicionistas. Foi o que aconteceu no encontro realizado na última sexta-feira (2), em São Luís, em apoio à pré-candidatura do ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, ao Senado Federal. Para monitorá-lo, e também a sua irmã, a ex-governadora Roseana Sarney, principal motivo de preocupação dos governistas, o Palácio dos Leões designou um membro graduado, com posição de destaque em seu núcleo de comunicação, sobretudo pela presteza que exibe na defesa dos chefes e nos ataques a desafetos, marcados, via de regra, por excessos condenáveis, seja no programa de rádio que apresenta, seja em seu blog chapa branca, o qual usa para atingir, inclusive, colegas de ofício.
Em sua vã tentativa de fazer crer que o evento foi um fiasco, o enviado não apresentou um elemento concreto sequer que comprovasse sua versão e foi obrigado a recorrer ao humor grosseiro, ao microfone, tamanha a falta de consistência dos seus argumentos. De fato, não havia como menosprezar as mais de duas mil pessoas presentes ao ato político, entre as quais dezenas de prefeitos, ex-prefeitos, deputados estaduais, federais e vereadores de todas as regiões do estado, além de nomes de expressão na vida pública, como a ex-governadora Roseana Sarney e o senador João Alberto. Diante de tal constatação, restou ao emissário esforçar-se para fazer graça, já que tinha que mostrar serviço e dar satisfação aos superiores.
Como se não bastasse o pavor diante do avanço dos adversários e a frustração que amargam ao tentar desqualificá-los, os palacianos veem, a cada dia, setores do governo mergulhados na mais profunda apatia e envolvidos em uma cadeia de escândalos de corrupção, como o célebre “aluguel camarada”, a prisão de um ex-secretário-adjunto do sistema penitenciário por desvios no cargo, a recente prisão de representantes de um instituto que faturou milhões na atual gestão para gerenciar hospitais e outras unidades da rede estadual de saúde, além da denúncia de que o próprio Flávio Dino foi destinatário der propina, feita por um delator da Lava Jato. Dignos da mais severa reprovação popular e passíveis de punição implacável, todos os casos ganharam destaque neste blog, com ampla repercussão.
Cada ato lesivo ao erário, cada favorecimento a aliado e cada perseguição a desafeto noticiados por meios de comunicação não subjugados pelo governo representam exatamente a antítese do que a coalizão partidária liderada pelos comunistas prega desde a campanha. Os fatos não apenas os desmentem, mas, acima de tudo, tornam menos convincente um discurso que outrora seduziu quase 2 milhões de maranhenses, muitos dos quais arrependidos e ansiosos para reparar o erro que cometeram.