Márcio Jerry nega super poderes e diz que é só mais um secretário de Flávio Dino

Apontado como segundo homem mais forte do governo comunista de Flávio Dino (PCdoB), só perdendo em poder e influência para o próprio governador, o secretário de Estado da Comunicação e Assuntos Políticos, Márcio Jerry, negou a fama de manda-chuva em entrevista ao programa Resenha, exibido pela TV Difusora, na manhã do último sábado (2). Ele classificou a avaliação como grosseira e primária.
Márcio Jerry fez as considerações em resposta a uma pergunta feita pelo jornalista, blogueiro e comentarista político do Sistema Difusora John Cutrim, que questionou o secretário sobre seu suposto mando absoluto na atual gestão. A reação do titular da Secap não poderia ter sido mais controversa. Primeiramente, ele disse que encara tal associação com naturalidade, para em seguida revelar certa decepção com o que chamou de oportunismo de quem empunha uma bandeira política, no caso, seus adversários.

Recorrendo ao seu habitual sarcasmo, que utiliza como arma quando se sente acuado, Jerry fez menção a uma suposta obsessão dos veículos do Grupo Mirante – pertencente à família da ex-governadora Roseana Sarney, provável adversária de Flávio Dino na eleição ao governo – em atacá-lo todos os dias. “Às vezes, penso que isso deve ter alguma dimensão psicológica, porque não há razão para isso”, garantiu.
Ainda na defensiva quanto ao status de super secretário que lhe é atribuído, ele classificou a versão como lenda. “Quem me conhece e c0migo atua no governo sabe que tal afirmação trata-se de um absurdo. Primeiro, porque não tenho poderes para tanto. Segundo, porque, se eu quisesse ter, o governador não permitiria, pois ele trabalha isonomicamente com todos os seus secretários, não terceiriza responsabilidades, governa ele diretamente com cada um dos seus secretários”, defendeu-se.
Discurso x fatos
Episódios desabonadores envolvendo Márcio Jerry já constatados na atual gestão, como o envolvimento de uma cunhada sua no esquema de corrupção que resultou no desvio de R$ 18 milhões da Saúde estadual, conforme descobriu a Polícia Federal no bojo da Operação Pegadores; o pagamento de um super salário de R$ 13 mil a uma enfermeira amiga do secretário sem que a mesma precisasse dar expediente em qualquer hospital do Estado; e o uso para fins alheios ao serviço público de caminhonetes da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) por um irmão seu com cargo de assessor especial da pasta desmentem a tentativa do titular da Comunicação e Assuntos Políticos de subestimar seu poder no grupo palaciano.

Em todos o casos citados, os autores não foram penalizados na esfera administrativa, ou seja, todos os indivíduos ligados a Márcio Jerry flagrados cometendo malfeitos permanecem muito bem acomodados no governo, como se nada tivesse acontecido.
Tanta impunidade reforça a desconfiança de que o governador Flávio Dino, se não divide o poder com Márcio Jerry, faz vista grossa para todo e qualquer ato de improbidade praticado por apadrinhados do melhor amigo, tornando-se, assim, cúmplice por omissão.
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