
A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) realizou, nessa quarta-feira, 5, a solenidade de concessão do título de Professor Emérito ao ex-reitor da instituição, Natalino Salgado, em reconhecimento aos seus mais de cinquenta anos de trajetória acadêmica, científica e administrativa. A cerimônia foi realizada no Palácio Cristo Rei, em São Luís. O título de Professor Emérito é concedido pela Universidade a docentes aposentados que se destacaram com relevantes serviços prestados à instituição e à sociedade.
Natalino Salgado é médico e professor com uma carreira marcada por pioneirismo e dedicação à educação e à saúde pública no Maranhão. Graduado em Medicina pela UFMA (1973), é mestre e pós-doutor em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Na UFMA, exerceu o cargo de Diretor Geral do Hospital Universitário (1997 a 2007) e presidiu a comissão que implantou o Complexo Hospitalar Universitário Presidente Dutra e Materno Infantil. Foi também professor dos Programas de Pós-Graduação em Ciências da Saúde e Saúde da Criança, além de fundador da Sociedade Maranhense de Nefrologia e da Academia Maranhense de Ciências.
Em seu discurso, o reitor da UFMA, Fernando Carvalho, frisou que a homenagem celebra o legado transformador do professor Natalino Salgado, destacando-o como fundamental para o crescimento da UFMA. “Hoje é um momento memorável. A Universidade Federal do Maranhão celebra, com gratidão, um dos seus maiores reitores, o meu amigo, professor Dr. Natalino Salgado Filho, cuja trajetória se confunde com a própria história de crescimento e fortalecimento da nossa UFMA. Esta solenidade é mais do que um ato formal, é um gesto de reconhecimento ao professor Salgado. Um tributo à dedicação e ao legado de um homem que ajudou a moldar a UFMA que conhecemos. A trajetória do professor Natalino Salgado entrelaça-se com a própria história recente da nossa Universidade, marcando períodos de grandes transformações e conquistas. É uma honra para mim conceder (a Natalino Salgado) o título de professor emérito da UFMA, pois a nossa Universidade reconhece não apenas o gestor visionário e o acadêmico exemplar, mas o homem que dedicou a sua vida à educação e à ciência do Maranhão”, enfatizou.

Durante a cerimônia, Natalino Salgado agradeceu a homenagem e destacou que sua trajetória produtiva só foi possível graças ao esforço conjunto entre seus alunos, pacientes e colegas, estendendo a honraria a toda a comunidade acadêmica. “Eu recebo com muita gratidão. Eu tive uma vida muito intensa e muito produtiva. Eu acho que essa minha história de vida, ao longo do tempo, que é feita por merecer, eu só tenho que ser grato a meus alunos, meus pacientes e, sobretudo, àqueles que estavam junto comigo nesse processo de construção e edificação da nossa Universidade. Estou honrado, para mim é muito gratificante. Eu olho no tempo e vejo que essa honraria também estendo a todas as pessoas que, ao longo do tempo, caminharam nesse processo de construção. Porque você lidera o processo, mas o trabalho é inclusivo. A comunidade acadêmica também deve se sentir homenageada”, externou.
A proponente do título, a superintendente do Hospital Universitário, Joyce Lages, também reconheceu o papel fundamental do ex-reitor como professor, médico e gestor. Joyce sublinhou a trajetória dedicada de Natalino, que contribuiu significativamente para a UFMA e o Hospital Universitário, formando gerações de profissionais da saúde.
“A homenagem é um reconhecimento para quem deu à Universidade Federal do Maranhão e ao Hospital Universitário grande parte da sua existência. É uma trajetória de diretor do Hospital Universitário, de reitor, de médico, de humanista. E, essencialmente, de professor. Um professor que formou gerações de profissionais na área da saúde, em especial, nos últimos anos que, hoje, fazem a diferença no Hospital Universitário.”

Natalino foi responsável pela primeira hemodiálise realizada no estado, em 1978, e pela criação da primeira Residência Médica (1980) e Multiprofissional (2007) no Maranhão. Na área da saúde, teve papel essencial na implantação da primeira UTI pediátrica do Hospital Materno Infantil e do setor de transplantes de rim, realizando, com sua equipe, o primeiro transplante renal do Maranhão, em 2000, número que chegou 700 procedimentos em 2020. Também foi responsável pela criação do Laboratório de Histocompatibilidade (HLA) e pelo avanço de transplantes de outros órgãos e tecidos no estado.
Durante os três mandatos como reitor da UFMA (2007 a 2015 e 2019 a 2023), Natalino conduziu um amplo processo de transformação institucional. Entre os principais marcos de sua gestão, destacam-se a aprovação do Sistema de Cotas em 2007, interiorização da Universidade, a expansão da pós-graduação, que passou de 12 para 50 cursos de mestrado e de 1 para 19 de doutorado, e a restauração de prédios históricos, como o Palácio Cristo Rei, o Palacete Gentil Braga e a Fábrica Santa Amélia, todos com acessibilidade e novos espaços de memória e cultura.
Sob sua liderança, a Universidade também implantou o primeiro Curso de Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros, criou a TV UFMA e fortaleceu a pesquisa e a inovação científica, consolidando a UFMA como uma das principais instituições de ensino superior do Nordeste.

Autor de mais de 400 publicações científicas e membro de diversas instituições nacionais e internacionais, como a Academia Nacional de Medicina, a Sociedade Brasileira de Nefrologia e a Academia Maranhense de Letras, o professor é reconhecido por sua contribuição à ciência, à educação e à cultura maranhense. Entre suas obras publicadas, estão: “Na Casa de Antônio Lobo” (2013), “Tarquínio Lopes Filho: Médico, político, jornalista, administrador que virou mito” (2015) e “Faculdade de Medicina do Maranhão: Uma história de 59 anos” (2016).
O título de Professor Emérito evidencia o reconhecimento da comunidade universitária ao trabalho e à dedicação de Natalino, cuja atuação transformou a UFMA e contribuiu, significativamente, para o desenvolvimento científico, educacional e social no Maranhão.