Governo diz que Detran do Maranhão foi eleito o melhor do Brasil

Paralisações constantes no sistema de atendimento, suspeitas de irregularidades, denúncias de perseguição a auto-escolas, calote milionário em uma fundação prestadora de serviço e até troca de agressões entre membros da alta cúpula. Apesar de tantos desacertos, o Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran-MA) foi eleito o melhor do Brasil. Pelo menos é o que tenta fazer crer o Governo do Estado ao publicar matéria enaltecendo a suposta conquista.

O título de melhor do Brasil teria sido dado ao Detran maranhense durante o II Congresso Íbero-Americano de Formação de Condutores, realizado entre os dias 18 e 20 de setembro, em São Paulo. De acordo com a reportagem oficial, o diretor do Departamente Nacional de Trânsito (Denatran) e do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Alfredo Peres da Silva, destacou, durante o congresso, o fato de o órgão ter sido o primeiro do país a concluir a implantação do sistema de biometria, método informatizado que exige a apresentação da impressão digital nos procedimentos de emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Com base apenas nesse comentário isolado do diretor do Denatran e ignorando os sucessivos fatos negativos que marcam a atual gestão, o Detran tenta elevar seu conceito perante a opinião pública por meio de uma divulgação maciça. A estratégia pode ser bem sucedida em relação àqueles que não conhecem a realidade, mas quem está habituado à rotina do órgão sabe que não há motivos para comemorações.      

O presidente do Sindicato das Auto-Escolas, José de Ribamar Lopes, que participou do congresso, em companhia de 10 empresários do setor, comunicou com entusiasmo a boa nova à direção do Detran, em uma prova de subserviência. Ao tomar conhecimento, acionou logo a equipe de comunicação do governo para propagar a notícia.

Apesar de aparecer com destaque na mídia governista, o inusitado título soa muito mais como piada de mau gosto do que como um feito digno de crédito.   

Deputados acusam Polícia Militar de agir por motivação política durante a eleição

Pelo menos dois deputados estaduais acusaram a Polícia Militar do Maranhão de ter agido politicamente durante a eleição em alguns municípios. Em pronunciamentos no plenário da Assembléia Legislativa, esta manhã, os deputados Raimundo Cutrim (DEM) e Fátima Vieira (PP) disseram que a tropa foi colocada a serviço de candidatos apoiados pelo Governo do Estado.

Cutrim se ateve principalmente a episódios ocorridos em Bacabal, onde o prefeito Raimundo Lisboa (PDT) conquistou o segundo mandato. De acordo com o democrata, Lisboa teve à disposição forte aparato da PM, que conteve com energia todas as manifestações contrárias à sua reeleição.

O pronunciamento de Cutrim foi reforçado pela colega Fátima Vieira. Filha do candidato José Vieira (PP), que ficou na segunda colocação, ela afirmou que a tropa não dispensou ao seu grupo a mesma atenção dada aos partidários do prefeito. Para a parlamentar, isso foi um claro sinal de que a PM teve seu trabalho desvirtuado, tornando-se mero objeto de manipulação.

Acusações tão graves como essa mancham a imagem da corporação, comandada desde 28 de agosto pelo coronel Francisco Melo, que além de atuar com reconhecida competência na área militar, já foi candidato a prefeito em Imperatriz, em 2000. Por sua experiência, ele deveria saber que um dos maiores erros que um comandante pode cometer é ceder à indignidade.