Saúde mental, alcoolismo e suicídio

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                              Dados da Organização Mundial da Saúde – OMS (2016), dão conta que há no mundo 3 milhões de mortes ocasionadas pelo consumo de álcool e esse número corresponde a 1 em cada 20 mortes. 28% destas, estão relacionadas a acidentes de trânsito, violência, suicídios e outros atos violentos; 21%, a distúrbios digestivos e 19%, a doenças cardiovasculares.

           Entre todas as mortes no mundo 5,3% estão relacionadas ao consumo de álcool. Entre os mais jovens, na faixa entre 20 e 29 anos, essa taxa é de 13,5%. Muitos fatores tem contribuído para redução dessas ocorrências na atualidade, entre estas, destaca-se leis de trânsito mais rigorosas, ações efetivas das campanhas sobre álcool e direção e os pesados custos das multas aplicada à motoristas transgressores. Graças a todas essas medidas, no Brasil, entre os anos de 2010 a 2016 o consumo de álcool diminuiu de 8,8 litros para 7,8 litros per capta/ano e no mundo, o consumo médio à época, era de 6,4 litros. Sabe-se que esses índices poderão aumentar até 2025.

           O consumo do álcool é responsável pelo menos por 200 doenças, especialmente, em condições de abuso (uso nocivo) e mata mais pessoas do que a Aids, a tuberculose e a violência, combinadas. Em geral, 5,1% da carga mundial de doenças e lesões são atribuídas ao consumo de álcool.

           Segundo a OMS, cerca de 2,3 bilhões de pessoas no mundo consomem bebidas alcoólicas. No Brasil, segundo o II – LENAD, 2012, cerca de 65% da nossa população faz uso de bebidas alcoólicas e em torno de 10 a 13% são dependentes. O alcoolismo é uma doença mental, com graves repercussões psicológicas, comportamentais e socias, provocando prejuízos severos na capacidade laborativa, cognitiva, executiva dos usuários. O consumo médio diário de álcool é de 33 gramas de álcool puro, o equivalente a dois copos de vinho (150 ml cada), a uma garrafa de cerveja (750 ml), ou a duas “doses” de destilado (40 ml cada).

            Entre os transtornos de saúde, ocasionados pelo consumo de álcool, as doenças mentais se destacam, entre estas, a própria dependência do álcool. O alcoolismo é de fato, é um grande problema de saúde pública no Brasil e no mundo, tanto por sua elevada morbidade quanto pela sua mortalidade. Trata-se de uma doença crônica que se instala sorrateiramente de forma insidiosa e progressiva e vai tomando conta das pessoas e de suas relações sociais. O consumo de álcool em nosso país inicia-se por volta dos 12,5 anos e progressivamente essa prática vai se incorporando na vida das pessoas de forma habitual e sistemática até que em um futuro incerto a pessoa passa a apresentar comportamentos indicativos da doença alcoólica.

          Entre os principais sintomas da dependência, destacaria: 1desejo incontrolável de ingerir bebidas alcoólicas, onde a pessoa que vai adentrando à doença sente-se compelido a usá-la. 2Dificuldades de parar de beber ou de diminuir o consumo, quando começam a beber não param mais. Costumeiramente, se embriagam, devido a esse motivo. 3Aumento progressivo da quantidade de álcool consumido. Iniciam bebendo pouco e tempos depois passam a beber grandes quantidades de álcool, na busca do mesmo prazer ocasionados por quantidades menores. 4 – Prioridade ou relevância no beber. Dependentes de álcool priorizam o fato de beberem em detrimentos de outras atividades que lhes haviam sido importantes. Abandonam compromissos (trabalho, famílias, esportes, atividades culturais e sociais, etc.) e vão priorizando a ingesta de álcool. 5 – Passam mal (abstinência) sempre que diminuem a quantidade ou param de beber, sintomas como: suor intenso no corpo ou em partes do corpo; tremores no corpo; mal estar difuso; inquietação; nervosismo; angústia; náusea e vômitos; irritabilidade; impaciência; agressividade e explosividade; dificuldades na concentração; instabilidade emocional e assim por diante. 6 – Recaída após abstinência. Mesmo que parem de beber por longos anos, ao retornar ao consumo, tudo volta ao que era antes (recaída). Estas são algumas características do alcoolismo.

         O alcoolismo tem níveis de gravidade variando de leve, moderado e gravemente dependente e de conformidade com a avaliação médica e psicossocial esses enfermos receberão recomendações diferentes.

          O suicídio é outra condição que pode estar presente no alcoolismo. Estima-se que 10% dos dependentes de álcool se suicidam. Segundo a OMS os transtornos por uso de substâncias -TUS, responde por 22,4% dos suicídios no mundo, se constituindo o segundo maior fator predisponente para o cometimento do suicídio. Se o alcoólatra apresentar quadros depressivos (que é comum), a doença se torna mais grave, pois aumenta o risco de suicídio (comorbidade). Estima-se que 70% dos suicidas têm depressão maior e 15% das pessoas hospitalizadas por transtorno depressivo cometam suicídio. O abuso de álcool e a depressão têm sido associados a maior risco de comportamento suicida tanto em adolescentes como em adultos.

            Outros transtornos psiquiátricos e psicossociais, podem também associar-se ao alcoolismo. Transtorno de ansiedade (pânico, TAG, stress pós traumático, fobias), TOC e outras dependências como o tabagismo e a dependência de outras drogas. Além, evidentemente, de comportamento violento no trânsito, violência doméstica, feminicídios, homicídio e muitos outros problemas relacionados ao controle do impulso.

             Outro fato notório é que no curso vigente da pandemia, as condições psicoemocionais da população foram drasticamente afetadas. Stress prolongado, ansiedade descontrolada, episódios depressivos graves, lutos imprevistos, perdas de emprego, dificuldades financeiras da população, medidas de isolamento social, medos da morte pela doença, privações nas atividades sociais e tudo isso fez com que houvesse aumento do consumo de álcool, fazendo com que todos os problemas relacionados ao consumo do álcool, também se destacassem.

              Devemos ficar mais atentos a todos esses fatos para proteger mais ainda nossa população e possamos permanecer lutando para restabelecermos padrões sociais e comportamentais mais saudáveis.

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