Do folclore político maranhense

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1) O ex-presidente da Companhia de Águas do Maranhão, engenheiro Francisco Batista Ferreira, pela sua competência e honestidade, teve o seu nome incluído pelo governador Pedro Neiva de Santana na lista dos postulantes ao governo do Estado.

Na época (1974), o processo sucessório dos governadores era feito por eleição indireta e dizia-se que na escolha dos candidatos pesava mais o critério técnico do que o político, por isso, Chico Batista tinha amplas chances de ser o indicado para governar o Maranhão.

O senador Petrônio Portela, encarregado pelo governo federal de ouvir as bases da Arena sobre os candidatos à sucessão estadual, veio a São Luís e depois de consultar os segmentos políticos e empresariais, saiu convencido de que o presidente da Caema era o melhor candidato.

Após o regresso do senador piauiense a Brasília, o governador Pedro Neiva chamou Chico Batista ao Palácio dos Leões e lhe deu este conselho:

– Vai para casa, reza e espera o cavalo passar na tua porta. S ele parar, monta, mas se passar correndo, não adianta correr atrás.

2) Aproximava-se o fim do mandato do governador Nunes Freire e ele desejava saber com quantos deputados estaduais poderia contar na Assembléia Legislativa para eleger o seu sucessor, tendo em vista que o nome do deputado federal João Castelo estava ganhando força e fazendo a bancada da Arena aderir à sua candidatura ao governo do
Estado.

Convocado os deputados estaduais para uma reunião de avaliação no Palácio dos Leões, a todos Nunes Freire fazia a mesma pergunta: – Qual a sua posição na sucessão?

Ao dirigir a pergunta ao deputado Djalma Campos, ex-craque de futebol e ídolo do Sampaio Corrêa, este respondeu enfaticamente: – Governador, na época em que eu jogava pelo meu clube, minha posição era meia-direita.

3) Em comemoração à nomeação do engenheiro Haroldo Tavares a prefeito de São Luís, o governador Pedro Neiva convocou a imprensa para tomar conhecimento do secretariado do novo gestor da Capital do Maranhão.

Um jornalista resolveu perguntar ao Chefe do Executivo do Estado se não considerava fraco o secretariado de Haroldo Tavares.

Sem hesitar, Pedro Neiva respondeu: – Você acha o secretariado de Haroldo fraco porque ainda não pegou um murro de Cláudio Alemão.

4) Na eleição ao governo do Maranhão, em 1965, o candidato oposicionista, José Sarney, impôs ao deputado Renato Archer, candidato do PTB, impiedosa derrota no município de Governador Archer.

Em Brasília, ao ter ciência de que o filho Renato havia obtido uma votação ridícula no município que tem o seu nome, o senador Sebastião Archer da Silva enviou um telegrama ao deputado Baima Serra com este teor:

“Solicito urgentemente apresentar projeto à Assembleia Legislativa retirando meu nome do município onde Renato não poderia jamais perder para Sarney”

5) O deputado Sálvio Dino, pela bagagem cultural que carrega, costumava inserir em seus discursos, na Assembléia Legislativa, frases e citações de escritores e intelectuais
renomados, nacionais e internacionais. O escritor francês Jacques Maritain era um de seus preferidos.

Ao ouvir Sálvio citar o escritor francês, o deputado Nagib Haickel, curiosamente, perguntou ao deputado Baima Serra se ele sabia quem era Jacques Maritain.

Sem se fazer de rogado, Baima Serra elucidou a questão com base em seu conhecimento turfístico: – O Jacques eu não sei quem é, mas o Maritain é um famoso cavalo de corrida do Jockey Clube do Rio de Janeiro.

6) Numa reunião com a bancada federal do Maranhão, no Congresso Nacional, em Brasília, o governador João Castelo reclamou ao deputado José Machado da timidez do prefeito de Codó, José Anselmo, que não o procurava para reivindicar obras para o seu município.

José Machado, por telefone, transmitiu o recado do governador a José Anselmo, que imediatamente lançou um apelo ao deputado: – Já que o governador falou isso, peça a ele apenas uma coisa: receber-me no Palácio, pois desde que assumiu o governo luto por uma audiência, mas não consigo falar com ele.

7) No Palácio dos Leões, solenidade festiva de inauguração do sistema DDD, com a presença do ministro das Comunicações, Higino Corsetti.

O momento mais esperado e importante da solenidade era o telefonema do governador Pedro Neiva com o presidente da República, Emílio Médici, que marcava o inicio das operações do sistema DDD no Maranhão.

Ao começar a conversa telefônica com o presidente da República, o governador do Maranhão não perdeu o bom humor: – Presidente, marquei a inauguração para depois das 20 horas para aproveitar a tarifa mais baixa da Embratel.

8) Foi com grande esforço e sacrifício que o deputado federal José Burnett, depois da extinção dos partidos políticos, conseguiu organizar o MDB no Maranhão.

Graças à sua experiência e competência política, montou uma pequena, mas combativa estrutura partidária oposicionista no interior do Estado, para não deixar que a Arena, sob o comando do governador José Sarney, tomasse conta da política maranhense.
Apesar da luta incansável de Burnett, o MDB não teve condições de se estruturar no município de Dom Pedro, onde o deputado Renato Archer fazia política.

Inconformado, Renato resolveu questionar a razão pela qual Dom Pedro ficou sem diretório do PMDB. – A Oposição é como cigano: só arma a cabana onde a polícia deixa, respondeu Burnett.

9) Depois que abandonou a política e não se candidatou à reeleição para o Senado Federal, Vitorino Freire soube que o vereador Carlos Guterres iria apresentar à Câmara Municipal um projeto que lhe concedia o título de Cidadão de São Luís.

Do Rio de Janeiro, onde morava, Vitorino telefonou para o seu amigo Ivar Saldanha, rogando-lhe convencer o vereador a não apresentar o projeto com este argumento: – Pelo tempo que convivo com o povo do Maranhão, sou cidadão de São Luís por usucapião.

 

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