PAULO ABREU FILHO

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O escritor Josué Montello deixou registrado em seu livro de memórias “Diário do Entardecer”, esta insofismável verdade sobre os amigos perdidos ao longo do tempo: “Fiz uma lista de amigos mortos. De amigos que só voltarei a encontrar dentro de mim trazidos pela memória. Valha-me Deus como são muitos. Ainda bem que os levo comigo por onde quer que eu vá, e os ressuscito na luz de minhas recordações. É isso mesmo a saudade: o dom privativo de reviver os amigos mortos”.

Nesta fase da vida, em que a humanidade vem sendo atacada de maneira brutal pelo maldito Covid-19, vejo como tenho perdido  parentes e amigos, aqui e alhures, alguns colegas de infância e de juventude e com os quais firmei laços fraternos de relacionamento que jamais  desapareceram ou diminuíram com o passar dos anos. 

Às vezes, por motivos e razões ditadas pela vida, a gente não se via como outrora, quando éramos felizes e não sabíamos,  mas, ao nos encontrarmos dedicávamos horas a recordar daqueles momentos, que já se pulverizavam, mas ficaram indelevelmente marcados pelas boas lembranças e inesquecíveis recordações.

Um escritor, que não lembro o nome, do alto de sua sabedoria, deixou para a posteridade o seguinte pensamento: “Morremos um pouco cada vez que perdemos um ente querido.”

Essa insofismável verdade me remete a um amigo, falecido recentemente, vitimado pelo maligno vírus que ora domina o universo, que partiu para a eternidade levando um pouco da saudável convivência que mantivemos na adolescência, quando estudamos e fomos colegas no Colégio dos Irmãos Maristas, nos anos 1950.

Chamava-se Paulo Abreu Filho, à época, um dos melhores alunos da turma e com o qual construí uma amizade que nunca sofreu abalos, ao contrário, se consolidou de forma inexorável e fraterna.

Paulo, filho de um dos homens mais ricos da cidade, dono de uma poderosa rede de lojas de tecidos, chamada Rianil, com matriz em São Luís e filiais nas principais cidades do interior do Estado. A loja, localizada no começo da Rua Oswaldo Cruz, pela quantidade e qualidade de tecidos, era a mais procurada pelo consumidor, mas nem por isso o filho do empresário Paulo Abreu, mostrava-se arrogante e pedante. Ao contrário, procurava ser igual, simples e despojado de grandeza, razão porque teve sempre bons amigos.

Depois que estudamos nos Maristas, tomamos rumos diferentes. Ele continuou em São Luís, onde optou pelo curso de Direito e graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, após o que montou com outros colegas um escritório de advocacia, ao qual se dedicou de corpo e alma, tornando-se um profissional correto, estudioso e respeitado na cidade.

Depois de formados, voltamos a nos reencontrar amiúde, quando juntos trabalhamos e prestamos serviços a alguns organismos da administração pública estadual, a exemplo do Banco de Desenvolvimento do Maranhão, Secretaria de Indústria e Comércio e Empresa Maranhense de Turismo.

As mudanças de governos e as aposentadorias nos conduziram aos desencontros, mas quando, aqui e acolá, nos revíamos, matávamos as saudades da época e dos atos e fatos que ficaram para trás, mas nunca os esquecemos.

A morte de Paulo Abreu Filho, ou Paulica, como eu o chamava, sem dúvida alguma, além da profunda tristeza, levou consigo um pouco de mim.   

CEM ANOS DE IVAR SALDANHA

Dos doze filhos de Raimundo João e Maria Antonieta Saldanha, o segundo, na ordem cronológica, Ivar, nascido em Rosário a 8 de março de 1921, herdou do pai, um farmacêutico formado na Bahia, a vocação para a política. Depois da morte do genitor, que ocupava a presidência da Caixa Econômica Federal no Maranhão, indicado por Vitorino Freire, que começava a montar o seu reinado político no Estado.

 Ivar, com 26 anos, assume o controle da família, inclusive a educação dos irmãos – alguns manda estudar em São Paulo, ingressa na vida política, candidatando-se nas eleições de outubro de 1950 a deputado à Assembleia Legislativa, pelo Partido Social Trabalhista, criado por Vitorino.

 Eleito, teve participação ativa no movimento contra a eleição de Eugênio Barros, que as Oposições acusavam de fraude eleitoral, trazendo de Rosário, no dia da posse do governador, um ônibus com amigos e correligionários, que foi metralhado pelos policiais quando tentava entrar na Avenida Pedro II. Ivar, atingido por um balaço no braço, precisava se licenciar, ato que só conseguiu ao entrar de maca no Plenário da Assembleia, pois a bancada oposicionista não queria dar número para o seu tratamento no Rio de Janeiro.        

Nas eleições de 1954, reelege-se deputado estadual e antes de terminar o mandato é nomeado prefeito de São Luís, em julho de 1957, pelo o governador Matos Carvalho, que, em seguida, o nomeia secretário da Fazenda estadual, cargo que renuncia para concorrer, pela terceira vez, à Assembleia Legislativa. Eleito, é nomeado pela segunda vez prefeito da capital maranhense, no exercício do qual executa um plano de melhoria urbanística de São Luís, que garante a ele popularidade junto ao eleitorado oposicionista, fato que leva o novo governador, Newton Bello, a mantê-lo no cargo de gestor da cidade, para continuar o trabalho nas áreas de saúde e educação, que lhe valeu ser incluído na chapa de candidatos do PSD à Câmara federal.

Eleito em 1962, com votação estrondosa em São Luís, ombreando-se à de Neiva Moreira, o grande líder popular da cidade. Após assumir o mandato em Brasília, rompe com o governador Newton Bello, mudando-se, com outros parlamentares do PSD, para o PTB em apoio ao presidente João Goulart.

Com a deposição de Jango pelos militares, o projeto do PTB vira pó e Ivar junta-se ao deputado José Sarney, postulante ao governo do Estado, que o lança candidato à prefeitura da capital, que conquistara autonomia política-administrativa. Desta feita, enfrentaria nas urnas o candidato Epitácio Cafeteira, que o derrota nas eleições de 3 de outubro de 1965.

Depois de cumprir dois mandatos na Câmara federal, no pleito de novembro de 1970, se elege, mais uma vez, à Assembleia Legislativa, tornando-se dela presidente no biênio 1971-1973, envergando a camisa da Arena, pela qual se reelege deputado estadual em 1974.

Em 1976, quando cumpria o seu quinto mandato parlamentar, recebe convite do governador Nunes Freire para assumir, pela terceira vez, o cargo de prefeito de São Luís, que perdera novamente a autonomia política-administrativa, por exigência do regime militar. Só deixa a prefeitura nas proximidades das eleições de 1978, para ser candidato pela sexta vez à Assembleia Legislativa. Eleito, agora pelo PDS, é guindado à vice-presidência do Poder Legislativo.

Em maio de 1982, o governador João Castelo exige a renúncia do presidente da Assembleia, Albérico Ferreira, seu sucessor hierárquico, haja vista o falecimento do vice-governador Artur Carvalho, fato gerador de uma crise política, porque Albérico decide não renunciar ao cargo, para não permitir a Ivar, o vice-presidente, comandar a Casa Legislativa do Estado e, como tal, assumir o Poder Executivo, face à renúncia de Castelo, candidato ao Senado.

A crise se arrasta por vários dias até Albérico renunciar ao cargo, pela interferência de José Sarney, que usa todo o seu prestígio político, para não prejudicar a eleição de Luiz Rocha, candidato à sucessão de Castelo.

Ivar, então na condição de presidente da Assembleia, assume o cargo de governador do Estado, em maio de 1982, por conta da renúncia de João Castelo, ato imediatamente contestado pelo presidente do Poder Judiciário, José Antônio de Almeida e Silva, no pressuposto de ser o substituto legal de Castelo, no que foi impedido pelo Supremo Tribunal Federal.

Em homenagem à vida política de Ivar, o governador Luíz Rocha o indica para compor o Conselho de Contas do Estado, cargo no qual se aposenta, mas com disposição para enfrentar novamente as urnas, nas eleições de 1986, elegendo-se pela sétima vez, deputado estadual, no mandato em que pela segunda vez é escolhido para presidir o Poder Legislativo do Maranhão, no biênio 1989-1991.

Era casado com Amélia Aquino Saldanha, com quem teve dois filhos: Maria do Carmo e Raimundo João. Seu falecimento ocorreu a 2 de fevereiro de 1999, em um acidente rodoviário, nas proximidades do povoado Estiva, quando viajava para Rosário.

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SETENTA ANOS DA GREVE DE 51

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Preparava-me para escrever sobre o movimento político desencadeado em São Luís, que a História registrou com o nome de “A greve de 51”, e sou surpreendido com o extraordinário texto do jornalista Ribamar Correa, publicado no seu respeitado blog Repórter Tempo, editado em 11 de março recente.  

Diante de tão primoroso texto, recolhi as armas e o reproduzo nesta coluna, com os sinceros agradecimentos a Ribamar Correa.   

“Há 70 anos, exatamente no início da segunda metade do século XX, quando mundo começava a curar as feridas da Segunda Grande Guerra e o Brasil dava o passo decisivo para voltar de vez à normalidade democrática, o resultado da eleição para o Governo do Estado, realizada no bojo das eleições gerais de Outubro de 1950, com a vitória do empresário caxiense Eugênio Barros (PST), candidato escolhido e apoiado pelo então todo-poderoso senador Victorino Freire, sobre o empresário Saturnino Bello,  candidato das Oposições Coligadas (PSP/UDN/PSD/PR/PL/PTB), conflagrou o Maranhão de maneira dramática, mergulhando os maranhenses, principalmente os da Ilha de Upaon Açu, num caldeirão de tensões políticas e sociais. “Os números apresentados pela Justiça Eleitoral foram contestados com denúncias de fraude, feitas pelas Oposições Coligadas, e o embate das duas correntes desencadeou uma crise política e institucional de proporções gigantescas que, durante nove meses, transformou São Luís numa praça de guerra. Nesse período, o Maranhão teve um governador eleito, dois governadores interinos, um interino que não assumiu, e por pouco não caiu nas mãos de um interventor federal, que seria um general. Em meio à crise política, a Capital foi sacudida por agitações de massa, tiroteios, assassinatos, incêndios criminosos em bairros pobres, e o interior participou com um levante “guerrilheiro” em São João dos Patos. Alimentada por jornais partidários locais, a crise maranhense, que parou a vida social e econômica da Ilha, se tornou item prioritário na agenda política do presidente Getúlio Vargas e que, acompanhada pelos grandes jornais e revistas nacionais, ganhou repercussão internacional. Ocorrida quando o Brasil consolidava a redemocratização, a longa sequência de episódios entrou para a História como A Greve de 51, também batizada de “Revolução do Maranhão”.

“O mais amplo registro factual daquele momento ímpar da História do Maranhão está cravado nas páginas do livro “A Greve de 51”, do jornalista e pesquisador Benedito Buzar, a primeira edição lançada nos anos 70, e a segunda, em 2001, sob o título “Os 50 Anos da Greve de 51”, essa amplamente enriquecida com as entrevistas de Neiva Moreira, líder oposicionista, e de Evandro Barros, filho e assessor de Eugênio Barros e ampliada com a inestimável memória fotográfica daqueles dias de guerra na Capital do Maranhão. Com sólida formação política – eleito deputado estadual com 22 anos e cassado em 64 – e dono de um talento excepcional para garimpar fatos políticos do Maranhão no século XX, além de conversar com protagonistas, Benedito Buzar montou um rico roteiro dos acontecimentos de 51, registro único, que serve de base para o pesquisador que desejar ir além no resgate daqueles dias históricos.

“Garimpado cuidadosamente nos jornais da época – principalmente em “O Imparcial”, “Jornal do Povo”, “Diário Popular” e “O Combate” ostensivamente posicionados na guerra política -, o documento produzido por Benedito Buzar reúne uma sequência impressionante dos acontecimentos, da movimentação dos seus atores e dos desdobramentos dos embates. E informa que a origem dos fatos explosivos estava exatamente nos dois cânceres da política, o caciquismo despótico e a fraude eleitoral, que naquele momento eram as marcas mais fortes da sempre agitada vida política maranhense, com poder de manipular as instituições.

“Com grande riqueza factual e linguagem jornalística direta e precisa, e longe do academicismo pretencioso, “A Greve de 51” relata que após domínio absoluto no Maranhão no Governo Eurico Dutra, o vitorinismo pressentiu derrota nas eleições de 1950, quando as Oposições Coligadas, que tinham nos seus quadros figuras destacadas como Neiva Moreira, Clodomir Milet, Clodomir Cardoso, Alarico Pacheco, Lino Machado, Djalma Marques, Fernando Viana e Henrique La Rocque, entre muitos outros, que apoiavam a candidatura de Getúlio Vargas, lançaram Saturnino Bello candidato à sucessão do vitorinista Sebastião Archer. Ladino e manipulador como poucos, Victorino Freire – que contava com Renato Archer, Líster Caldas, César Aboud, Alexandre Costa, Ivar Saldanha e Cid Carvalho, entre muitos outros – encontrou em Eugênio Barros, então prefeito de Caxias e conhecido pela sua seriedade e altivez, o nome certo para enfrentar o oposicionista. As urnas deram vitória a Eugênio Barros, e, como era esperado, o resultado foi contestado com gravíssimas denúncias de fraude. Em janeiro de 51, em meio à confusão, Saturnino Bello morreu. A Justiça Eleitoral empossou Eugênio Barros. Aguerridas, as lideranças das Oposições Coligadas contestaram a posse e organizaram e fomentaram um gigantesco movimento popular, que fincou estacas no Largo do Carmo, onde milhares, entre trabalhadores e operários fabris convocados por sindicatos controlados por líderes políticos, se reuniram em protesto pelos meses seguintes. A residência da ativa vereadora Maria de Lourdes Machado, no Largo do Carmo, se tornou o QG onde os chefes oposicionistas se reuniam e tomavam decisões e as comunicavam à massa mobilizada no coração na cidade.

“As páginas de “A Greve de 51” mostram a reação popular, que logo se transformou num movimento grevista que parou a cidade por meses, criou seguidas situações de impasse, desencadeando a esdrúxula sucessão de três governadores interinos: dias depois de empossado, mas com a eleição contestada, Eugênio Barros foi convencido a se afastar até que a Justiça Eleitoral desse a palavra final. Como a Assembleia Legislativa ainda não tinha sido instalada, e não tinha presidente, ele passou o cargo interinamente ao presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Trayahú Moreira, que logo em seguida seria “deposto” com a eleição do presidente da Assembleia Legislativa, deputado César Aboud, que, assumiu o Governo – isso depois da sufocação de uma tentativa do desembargador Nelson Jansen de assumir o Governo do Estado. Em meio a essa guerra pelo poder, o Maranhão quase caiu nas mãos do general Edgardino Pinta, comandante da 10ª Região Militar, que desembarcou em São Luís como observador a mando do Palácio do Catete, onde o presidente Getúlio Vargas resistiu a pressões das Oposições Coligadas para decretar intervenção no Estado, medida que certamente prejudicaria a sua nova condição de democrata. Essa guerra política durou de janeiro a setembro, quando finalmente a Justiça Eleitoral confirmou a eleição de Eugênio Barros, tendo como vice o jovem tenente da Marinha, Renato Archer.

“O precioso livro de Benedito Buzar relata em detalhes que, preocupado, o presidente Getúlio Vargas mandou a São Luís o ministro Negrão de Lima que, com habilidade e muita diplomacia, ouviu lideranças dos dois lados e retornou ao Rio de Janeiro levando ao chefe da Nação a recomendação de não decretar intervenção, como queriam as Oposições Coligadas na esperança de anular o pleito.

“Com a mesma precisão com que resgatou a crise política, sua evolução e seu desfecho, Benedito Buzar enriqueceu “A Greve de 51” com o registro do simultâneo movimento popular fomentado pela banda oposicionista. Trabalhadores, pequenos comerciantes, estudantes e desempregados formaram uma massa densa e ativa, que se manteve por meses. Ao mesmo tempo, Polícia Militar e tropas federais faziam o controle dos movimentos, estabelecendo o famoso Paralelo 38, em frente ao Hotel Central, para evitar a invasão do Palácio dos Leões. Houve momentos críticos, com alguns confrontos armados, provocados por capangas de Victorino Freire e militantes oposicionistas, com as forças policiais ao meio. Dois casos se destacaram. Num deles, um ônibus ironicamente lotado de vitorinistas vindo de Rosário, avançou na área, ultrapassando a linha do “Paralelo 38” e foi cravejado de balas pela Polícia, resultando na morte do monsenhor Joaquim Dourado e no ferimento do jovem político Ivar Saldanha, que viria a ser prefeito de São Luís e governador do Maranhão. Em outro, os criminosos incêndios de casas de palha em bairros populares, que durante semanas causaram revolta, desespero e danos a milhares de famílias. Os vitorinistas acusavam a oposição de estar por trás do crime, apontando diretamente o jornalista Neiva Moreira, apelidado de “Caramuru”, de ser o mentor da armação incendiária, com o objetivo de incriminar os governistas. A médica comunista Maria Aragão também foi taxada de incendiária.

“Em meio às marchas e contramarchas da crise política e seus ecos traumáticos na vida de São Luís, “A Greve de 51” faz um registro espetacular: um levante em São João dos Patos, liderado por um tal “general” Raimundo Bastos, um caudilho do sertão que resolvera mudar o curso da História do Maranhão liderando uma malta de capangas, mas enquadrado sem guerra por um destacamento da PM comandado pelo tenente Eurípedes Bezerra. O livro documenta que naquele período traumático, entre o fomento explosivo das forças oposicionistas e a pressão do poder governista, sofreu as durezas do desabastecimento e as muitas consequências econômicas e sociais geradas pelas manifestações.

“A Greve de 51” mostra que o desfecho da crise começou em setembro, quando o TSE confirmou a eleição da chapa vitorinista Eugênio Barros/Renato Archer. O governador eleito, que tomara posse em janeiro e afastado dias depois, encontrava-se no Rio de Janeiro e decidiu retornar ao Maranhão, apesar do clima de tensão. Decidido a encarar de frente a situação, sem demonstrar preocupação com os riscos, mostrou-se disposto a pegar em armas se atacado. De volta, Eugênio Barros sitiou-se no Palácio dos Leões por três semanas, período em que confirmou sua fibra sertaneja e, ao mesmo tempo, sua competência política. Com firmeza e habilidade, desarmou o clima de tensões, passou confiança e credibilidade a líderes oposicionistas. Assumindo as rédeas da situação, deixou o Palácio e foi às ruas, encarou a multidão, ganhou respeito, minou as forças adversárias e consolidou a vitória do vitorinismo e a derrota das Oposições Coligadas.

“Sem pretensões analíticas e rigorosamente factual, como uma grande reportagem histórica, “A Greve de 51” é a chave para a compreensão do que aconteceu no Maranhão da redemocratização de 1945 para cá. Entre outros motivos, porque informa a origem de personalidades que pontificaram no cenário político estadual e nacional, como o gigante político e jornalístico Neiva Moreira, que teria o mandato de deputado federal cassado pela ditadura.

“Ao escrever “A Greve de 51”, Benedito Buzar presenteou a memória brasileira com um marco definitivo da História recente dos maranhenses, o que o torna leitura obrigatória e indispensável para quem aspira compreender o Maranhão político de agora.

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PARA QUE SERVEM OS VICES?

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Na segunda-feira vindoura, 15 de março de 2021, completa  36 anos que José Sarney, eleito indiretamente pelo Congresso Nacional a vice-presidente da República, assumiu às pressas a chefia do governo brasileiro, porque o presidente eleito, Tancredo Neves, na véspera da posse teve de ser internado num hospital de Brasília e submeter-se a uma urgente cirurgia, que terminou o levando à morte.

Desde a implantação do regime republicano no Brasil, com as instituições funcionando democraticamente ou ditatorialmente, uma questão flutua ao vento das marés: para que servem o vice-presidente da República, os vice-governadores e os vice-prefeitos?

De acordo com as Constituições federal, estaduais e as leis orgânicas dos municípios, os vices substituem os titulares ou auxiliá-los em missões oficiais e específicas.

Mas para serem eventualmente convocados para tais missões, os cofres públicos reservam recursos orçamentários de monta para mantê-los, com casa, comida, pessoal de apoio, transporte, segurança e mordomias.

Nos municípios, os vices não usufruem de mordomias, mas vivem em eterna e desleal conspiração contra os chefes das comunas, para os expurgarem dos cargos.

No Brasil, por conta dessa extravagante despesa, sabe-se da fórmula para extorquir os vices da cena pública, mas os políticos fazem vista grossa para introduzir nas Constituições federal, estadual e nas Leis Orgânicas dos Municípios, dispositivos com esta simples redação: Substituirá o presidente, o governador e o prefeito, no caso de impedimento e suceder-lhe-á no de vaga, respectivamente, o presidente do Congresso Nacional, o presidente da Assembleia Legislativa e o Presidente da Câmara Municipal.

Nos meados dos anos 1950, para acabar a ociosidade dos vices e os choques que mantinham aberta ou sorrateiramente com os presidentes da República, conferiu-se ao vice-presidente a competência de presidir as sessões do Congresso Nacional e aos vice-governadores presidirem as sessões das Assembleias Legislativa.

Àquela época, o vice-presidente da República, João Goulart, eleito na chapa encabeçada por Juscelino Kubitscheck (1956-1961), que sempre o olhava de modo atravessado, costumava comandar as reuniões do Congresso Nacional.

No Maranhão, o vice-governador, Alexandre Costa, eleito na chapa com o governador Matos Carvalho (1957-1961), rompeu com o vitorinismo e passou de armas e bagagens para o lado oposicionista e no exercício da presidência da Assembleia Legislativa criou casos e embaraços de toda a natureza com os governistas para não aprovarem os projetos de interesse do Palácio dos Leões.

Alexandre, corajoso e valente, chegou a assumir o Poder Executivo numa viagem de Matos Carvalho ao Rio de Janeiro, que não lhe transmitiu o cargo, no exercício do qual pintou e bordou, obrigando o governador a retornar às pressas a São Luís.

Ao longo da vida republicana, não foram poucos os presidentes que tiveram bom relacionamento com os vices. Essas idiossincrasias começaram logo na proclamação da República entre os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto e tiveram continuidade no governo do presidente Prudente de Morais e do vice, Manuel Vitorino.

Essas divergências se aguçaram depois que o Brasil se redemocratizou em 1946 e vieram à tona no governo do presidente Getúlio Vargas, que não escondia as suas diferenças com o vice, Café Filho.  Nos governos de Juscelino Kubitscheck e Jânio Quadros eram visíveis as desconfianças de ambos com o vice, João Goulart.

No regime militar, os presidentes Costa e Silva e João Figueiredo, mostravam publicamente as aversões devotadas aos vices Pedro Aleixo e Aureliano Neto.

Depois da redemocratização do país, em 1985, o presidente Fernando Collor mal falava com o vice, Itamar Franco, Dilma não tolerava Michel Temer e Jair Bolsonaro vive às turras com Hamilton Mourão.   

No Maranhão, de 1946 aos dias atuais, dentre os governadores que mantinham pouco ou nenhum diálogo com os vices citam-se: Sebastião Archer que  rompeu com Saturnino Belo; Eugênio Barros manteve distância do vice, Renato Archer, durante o mandato; Matos Carvalho afastou-se completamente do vice, Alexandre Costa; José Sarney e Antônio Dino desentenderam-se ao final do mandato; Pedro Neiva não tinha diálogo com Collares Moreira; Nunes Freire não deu bola para José Murad; Luíz Rocha não queria ver João Rodolfo nem pintado; Epitácio Cafeteira devotava a João Alberto ostensiva antipatia; José Reinaldo, não deu nenhuma colher de chá a Jura Filho.

Em tempo: no atual governo do Maranhão, até agora, as divergências entre o governador Flávio Dino e o vice Carlos Brandão estão em ponto morto.

GENTÍLICOS

Alguém pode esclarecer os gentílicos dos que nascem nos seguintes municípios do Maranhão: Presidente Dutra, Presidente Médici, Presidente Juscelino, Presidente Vargas, Presidente Sarney, Governador Archer, Governador Eugênio Barros, Governador Edson Lobão, Ribamar Fiquene, Godofredo Viana, Magalhães de Almeida, senador La Rocque, João Lisboa, Vitorino Freire, Benedito Leite, Coelho Neto, Duque Bacelar, Fernando Falcão, Governador Luíz Rocha, Governador Newton Bello, Governador Nunes Freire, Graça Aranha, Humberto de Campos, Lima Campos, Luis Domingues, Nina Rodrigues, Paulino Neves, Senador Alexandre Costa, Tasso Fragoso e Urbano Santos.        

LULA OU BOLSONARO?

Lula já disputou cinco eleições para presidente da República. Perdeu três e ganhou duas. Em nenhuma delas, conquistou o meu voto.

Se Lula concorrer às eleições presidenciais em 2022, tendo como adversário Jair Bolsonaro, no qual também não votei e jamais votarei, espero que apareça um terceiro candidato, que não seja corrupto como o petista e desequilibrado e nocivo como o atual.  

 MEDIDAS INÓCUAS

As medidas recentemente tomadas pelo Governo do Estado, de limitar o funcionamento dos órgãos públicos e privados, durante dez dias, no meu modo de ver, não surtiram efeito para a diminuição do coronavírus no Maranhão.

Salvo melhor juízo, parece que as medidas executadas pela prefeitura de Teresópolis, Rio de Janeiro, poderiam ser aqui experimentadas: os moradores teriam dia certo para sair de casa, de acordo com o número final do CPF: pares num dia, ímpares, no outro, com exceção a idas a farmácias e restaurantes.

SONO LETÁRGICO

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, demorou cinco anos para descobrir que a Operação Lava-Jato estava se processando no lugar errado.

Mandou anular o que aconteceu em Curitiba e começar tudo de novo em Brasília.

TROCA DE NOME

Depois das milhares de mortes ocorridas no Brasil por causa do Covid-19, pensa-se em mudar o nome do ministério que trata da saúde do povo brasileiro.

Em vez de Ministério da Saúde seria denominado de Ministério de Óbitos.    

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MARANHÃO NOVO E O DE TODOS NÓS

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Eliézer Moreira, advogado e membro da Academia Maranhense de Letras, escreveu um livro com o título de “Maranhão Novo: a saga de uma geração”, obra imperdível e necessária sobretudo para as novas gerações, mal informadas a respeito de um governo e de um governador, eleito em 1965, depois de uma campanha eleitoral vibrante e popular, levando de roldão um sistema de poder que dominou o Maranhão durante vinte anos, comandado pelo senador Vitorino Freire.

O governador autor dessa notável façanha política, chamava-se José Sarney, jovem de 35 anos, que subiu as escadas do Palácio dos Leões em 31 de janeiro de 1966, para realizar um governo moderno, inovador e soterrar a arcaica e viciada estrutura econômica e social do Maranhão.

O livro de Eliézer reporta-se exclusivamente aos idos de 1966-1970, quando o governador José Sarney decide convocar um elenco de jovens, que vivia marginalizado dentro e fora do Estado, para se juntar a ele numa guerra pacífica mas indômita, para promover mudanças na máquina administrativa do Maranhão, que apresentava os piores índices de desenvolvimento e com uma população de milhões de analfabetos, desempregados e pobres.

 Para materializar esse projeto de transformação, Sarney formou um grupo técnico de alta qualidade pessoal e moral, da estirpe de Bandeira Tribuzi, Nivaldo Macieira, Eliézer Moreira, Joaquim Itapary, Mário Leal, Darson e Edmilson Duarte, Cabral Marques, João Alberto, Miguel Nunes, Chico Batista, Alberto e Lourenço Vieira da Silva, José Reinaldo Tavares, Vicente Fialho, Roberto Macieira, Celso Lago, Manoel Dias e Mirtes Haickel, dentre outros, para fazer parte da sua Assessoria Técnica, depois transformada em Sudema – Superintendência de Desenvolvimento do Maranhão. 

Com esse grupo de intelectuais e técnicos, o jovem governador pensou, planejou e executou projetos que mudaram radicalmente a estrutura econômica e social do Estado, fazendo o seu governo ser até hoje considerado como o mais importante e produtivo, pelas obras de infraestrutura construídas e pela mentalidade reformista.

Em carta a Eliézer, Sarney escreveu: “ O seu livro é repleto de informações e é a única fonte de que podem se valer historiadores como ponto de referência, o que irá esclarecer muitos fatos, além de ser um repositório do pensamento de uma geração que mudou a História do Maranhão, que eu gosto de referir como a geração dos poetas, título que me apropriei egoisticamente como líder desse grupo, formado por uma equipe brilhante, dedicada e cheia de amor ao Maranhão, responsável pela sua preparação para ser um Estado desenvolvido, como hoje o é”.  

Os estudiosos e pesquisadores procuram cotejar o Maranhão Novo com o Maranhão de todos nós, este, vindo à tona nas eleições de 2014 e 2018, sob o comando de um jovem político, culto, honesto e sagaz, chamado Flávio Dino, que se encontra na metade do segundo mandato, mas sem conseguir convencer o eleitorado que nele votou de que a sua administração, ainda que bem-sucedida em alguns setores, não pode ser nivelada com a de Sarney, que chegou ao Palácio dos Leões há 55 anos, mas até hoje é lembrado como o melhor e o mais positivo do período republicano.

Diante, pois, desse quadro comparativo nada semelhante, até porque os tempos são outros e os problemas se diferem em magnitude, tudo leva a crer que a vantagem do governo Sarney sobre o de Dino, deve-se primordialmente à  presença de um competente grupo de técnicos, a grande maioria no fulgor da juventude, que o assessorava e ocupava cargos de relevância no Estado.

Enquanto no Maranhão Novo os assessores de Sarney eram conhecidos e preparados para o cumprimento das funções e ações delegadas pelo governador, no Maranhão de Todos Nós, os que exercem cargos de primeiro escalão, são praticamente desconhecidos da população, que não sabe se estão habilitados para o exercício de tarefas administrativas.

Apenas um exemplo: na gestão de Sarney, na área da Educação, sobressaíram-se as Escolas João de Barro, voltadas para alfabetização do homem rural, e os Ginásios Bandeirantes, destinados ao ensino secundário dos jovens do interior.

No governo de Flávio, a ênfase foi a construção das Escolas Dignas, com os requintes da modernidade e da força dos meios de comunicação, mas não conseguiram superar as vantagens das Escolas João de Barro e dos Ginásios Bandeirantes.

DISCURSO DA ESTUPIDEZ

Na reunião do governador com os representantes dos três poderes e autoridades políticas e sanitárias, o desembargador Lourival Serejo lembrou que estamos enfrentando três grandes

problemas nessa epidemia: a expansão do Covid-19 e suas variantes, o discurso da estupidez e o clamor da fome.

Ao referir-se ao discurso da estupidez, o presidente do TJ estava conectado à obra de Mauro Mendes Dias, que trata dessas vozes fanáticas e negacionistas.

HOMENAGEM A SARNEY

Quando a Academia Maranhense de Letras voltar a se reunir, no fim deste mês, o presidente Carlos Gaspar anunciará a homenagem ao decano da instituição, José Sarney.

A solenidade, com a presença do homenageado, faz parte das comemorações de seus noventa anos, completados em abril do ano passado. 

Na homenagem serão lançados um livro e um filme sobre a vida política e literária de Sarney, preparado e custeado pela AML.  

COROBA E O CORONAVÍRUS

O Covid-19 só estava esperando o prefeito Benedito Coroba assumir o cargo de prefeito para poder atacá-lo e junto com a população de Itapecuru.

Na primeira onda do Covid, os itapecuruenses não foram molestados pela doença, mas na segunda onda, o coronavírus não está livrando ninguém.

UM BOM SECRETÁRIO

O novo secretário de Saúde da prefeitura de São Luís, Joel Nunes, era um ilustre desconhecido na cidade.

Pelo bom trabalho que vem realizando, depois de Eduardo Braid assumir o cargo de prefeito, vem conquistando os aplausos da população, que tem acompanhando com desusado interesse as ações postas em prática na cidade pelo incansável médico, com respeito à vacinação do povo.

UM TRIO QUE VIROU DUPLA

Até pouco tempo, três parlamentares federais do Maranhão – senador Roberto Rocha e os deputados Aluísio Mendes e Hildo Rocha – eram os queridinhos do presidente Jair Bolsonaro e dele conseguiam o que pediam.

Depois que o deputado Hildo Rocha não votou no deputado Artur Lira, candidato de Bolsonaro a presidente da Câmara Federal, caiu em desgraça no Palácio do Planalto.

 DONO DAS PREFEITURAS

Depois do anúncio dos prefeitos eleitos, o deputado Josimar do Maranhãozinho encheu a cidade de São Luís de outdoors, declarando que “era dono de mais de quarenta prefeituras no Maranhão”.

Não é por acaso que se diz aqui e alhures que o parlamentar ou pra lamentar fez fortuna à base de recursos de prefeituras.    

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