O NEO VITORINISMO

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Não pode ser verdade o que a mídia comenta sobre o possível convite do governador Flávio Dino a ex-presidente Dilma Roussef, para que, nas próximas eleições majoritárias, seja candidata ao Senado pelo Maranhão. Caso contrário, estaremos diante de um ato explícito da era vitorinista.

Espera-se que a notícia seja mera especulação da imprensa, pois episódios dos anos 1950 fazem parte de uma fase histórica já ultrapassada,  que se media pela força política do senador Vitorino Freire, que de tão eloqüente, elegia quem que fosse e para qualquer cargo eletivo, por conta do domínio que exercia sobre a máquina administrativa estadual e dos mecanismos usados que fraudavam as eleições, estas, feitas em conluio com os juízes do Tribunal Regional Eleitoral.

Com base naquela circunstância política, um dos maiores estupros políticos já vistos no Brasil, aconteceu no Maranhão, executado através de uma vexatória operação, começada  no Rio de Janeiro, então capital da República, e terminada, com sucesso, em São Luis.

Essa operação decorre da derrota nas eleições de outubro de 1954 do poderoso jornalista Assis Chateaubriand, dono da maior cadeia de jornais  e rádio do país, com o patrocínio da cúpula do PSD, por achar que Chatô não poderia ficar sem mandato e  Juscelino Kubitscheck, candidato às eleições presidenciais em 1955,  precisava da cobertura dos Diários Associados.

Para resolver aquele imbróglio político, Vitorino Freire foi chamado para resolver dois problemas: 1) conseguir a renúncia do senador Antônio Bayma e do suplente, Newton Bello; 2) realizar uma eleição fora de época e eleger Chateaubriand senador pelo Maranhão.

Com a sua comprovada argúcia política, Vitorino saiu-se bem na empreitada e o Maranhão deu um mandato de presente a Chateaubriand, num pleito que passou para a História como uma inominável barganha política, que não pode ser repetida, a não ser que o espírito do vitorinismo volte a baixar em nosso Estado.

GUARDA MUNICIPAL

Leio nos jornais que um candidato a prefeito de São Luis prometeu, se eleito, priorizar a segurança, “fortalecendo a Guarda Municipal e aumentando a sua potencialidade.”

A propósito de Guarda Municipal, retroajo aos anos 1960, quando Epitácio Cafeteira, elegeu-se prefeito de São Luis, disputando o pleito com os candidatos Ivar Saldanha, Ivaldo Perdigão Freire e José Mário de Araújo Carvalho.

Certo dia, Cafeteira chama em seu gabinete o assessor de imprensa da prefeitura, o competente e irônico jornalista Amaral Raposo, ao qual pergunta como ele via a criação de uma Guarda Municipal em São Luis.

Autêntico como o era, Amaral não pensa duas vezes e diz: – Sou contra porque a Guarda Municipal não passará de uma inutilidade organizada.

MENOS SECRETARIAS

O deputado Hildo Rocha, pelo conhecimento que tem do tamanho e do funcionamento da máquina administrativa do Maranhão, fez um bom discurso no Congresso Nacional, sugerindo o enxugamento da estrutura administrativa federal e dos estados.

O Maranhão, por exemplo, hoje, possui quase quarenta órgãos na sua administração direta, fato que a torna inoperante, pesada financeiramente e usada como moeda de troca política.

Pensava-se que a primeira decisão do governador Flávio Dino fosse voltada para o enxugamento da máquina administrativa, a fim de torná-la mais leve e menos onerosa. Ledo engano. Deixou para o seu sucessor.

RAIMUNDO JOÃO SALDANHA

Mais uma figura humana emblemática acaba de nos deixar: Raimundo João, filho de Amália e Ivar Saldanha, ambos falecidos.

Sem a presença de pessoas como Raimundo João, a cidade se empobrece e fica sem as suas referências.

De uns tempos para cá, perdemos Carroca, Claudio Pinto Reis, Simão Felix, Sérgio (Gavião) Duailibe, Mário Salmen (Bazuca), Erní (Drácula), Murilo Sarney, gente que alegrava qualquer ambiente e sabia, com verve, contar casos e causos .

O pai de Raimundo João, Ivar Saldanha, um dos políticos mais categorizados do Maranhão, fez de tudo para o filho herdar o seu patrimônio político, localizado especialmente em Rosário, mas em vão.

MARANHÃO HOJE

No Maranhão, poucas revistas chegaram a ultrapassar um ano de vida.

Ao contrário dos jornais, que tiveram longa vida, uns mais, outros menos, as revistas, algumas bem feitas e ricas de conteúdo, não se sustentaram e encerraram as suas atividades precocemente.

Maranhão Hoje, dirigida editada pelos jornalistas Aquiles e Diego Emir, pai e filho, conseguiu a proeza inédita de manter-se viva até os dias correntes e parece que nada a impedirá de continuar em circulação.

De 2013, quando nasceu, aos dias correntes, se passaram mais de três anos, e a revista continua com o seu padrão de qualidade inalterado, produzindo boas matérias e veiculando fatos e atos do setor público e do privado, sem fazer concessões a interesses subalternos, salvo melhor juízo, causadores da extinção das revistas que as antecederam.

POSSE DE ELIÉZER

Está marcada para o dia 29 de setembro a posse de Eliézer Moreira na Academia Maranhense de Letras.

Ocupará a vaga do monsenhor Hélio Maranhão, e a cadeira tem como patrono o  poeta de Barra do Corda, Maranhão Sobrinho.

O novo acadêmico será saudado pelo atual presidente da Casa de Antônio Lobo.

RECURSOS DA PREFEITURA

A repercussão da lei que impede os candidatos a cargos eletivos de receberem recursos do empresariado bateu forte em São Luis e no interior do Estado.

Os candidatos ressentem-se desse dinheiro que chegava até eles, quase sempre por via escusa, para pagar despesas de campanha e comprar o  voto daquele eleitor, que só vota se receber em espécie.

Nas eleições deste ano, o dinheiro que ainda corre no interior é o surrupiado pelo prefeito, que o guardou para gastar na sua reeleição ou no candidato que terá o seu apoio.

UM HOMEM BOM E DO BEM

A Academia Maranhense de Letras, a Universidade Federal do Maranhão e o Conselho Estadual de Educação, instituições as quais José Maria Ramos Martins pertenceu, estão sentindo a perda de uma de suas maiores referências.

As três, em igualdade de condições, se engrandeceram a partir do momento em que, ele, como acadêmico, professor e conselheiro fez parte de seus quadros, aos quais serviu e prestou serviços inestimáveis.

Na AML, UFMA e CEE, deu provas de competência profissional, capacidade de trabalho e de exemplar cidadão, contribuindo com seus conhecimentos intelectuais e científicos para o engrandecimento delas e do Maranhão.

José Maria Ramos Martins era um homem probo, correto, honrado, bom e do bem. Não conheço ninguém que tenha sofrido da parte dele qualquer tipo de hostilidade ou agressão de qualquer natureza.

Contra a sua pessoa física ou profissional, jamais foi levantado qualquer suspeita. Homens com as suas qualidades raramente se encontram no mundo de hoje.

 

 

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