O PLANEJAMENTO NO MARANHÃO

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Recentemente, ganhei do meu querido amigo Georgino Melo, procurador federal aposentado, nascido em Vargem Grande, ora residindo em Florianópolis, um livro que faltava na minha Biblioteca.

Trata-se do “Diálogo com o tempo”, com mais de quatrocentas páginas, tendo como figura principal o ex-deputado federal, Renato Archer, entrevistado por um selecionado grupo de professores da Fundação Getúlio Vargas, Aspásia Camargo, Lúcia Hipólito e Helena Maria Bousquet Bomeny, integrantes do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil.

No livro, Renato fala de tudo. De seu ingresso na Marinha à transferência para a atividade política, onde ocupou diversos cargos eletivos e exerceu funções públicas de grande relevância na vida brasileira.

Sobre a sua participação no governo do pai- o industrial Sebastião Archer da Silva, que o senador Vitorino Freire foi buscar em Codó para governar o Maranhão, na redemocratização do país em 1946, Renato fez essa interessante declaração: “A nossa preocupação no governo do Maranhão, em 1947, era com o planejamento, palavra que naquela época, podia botar uma pessoa na cadeia, pois era coisa que só acontecia na sociedade socialista.”

E o que era fazer planejamento no Maranhão naquele tempo? Resposta do entrevistado: “Reformular a situação de isolamento em que vivia o nosso Estado, que sem porto e sem estradas de rodagem, ficava fisicamente sem comunicação com o resto do mundo”.

Inobstante o esforço do comandante Renato Archer, o Maranhão, na gestão de seu genitor,  não conseguiu sair desse isolamento com o mundo, mas deixou a semente do planejamento plantada, ato que se deu no governo de Matos Carvalho, com a formação da Comissão de Planejamento Econômico do Estado do Maranhão,  integrado pelo  engenheiro Emiliano Macieira e os jovens José Maria de Jesus e Silva, José Mário Santos, Nyvaldo Macieira, Joaquim Itapary e outros, que se reuniam numa sala do antigo Departamento de Estradas de Rodagem, onde faziam um esforço gigantesco para dar ao Maranhão uma nova filosofia de governo.

Como a gestão de Matos Carvalho foi tumultuada por problemas políticos, do começo ao fim, nada do planejado aconteceu. No governo seguinte, face à presença do presidente Jânio Quadros em São Luís, em julho de 1961, para conhecer e debater com os técnicos do Estado as alternativas e estratégias que poderiam ser realizadas com a ajuda do Governo da República, o governador Newton Bello, por sugestão de Renato Archer, contrata um técnico de renome nacional, o professor e economista, Dias Leite, para, junto com a prata de casa, organizar e preparar um Plano de Governo, a ser apresentado na reunião com Jânio Quadros.

O trabalho, intitulado Plano de Reinvindicação do Estado do Maranhão, trazia no seu bojo, “a programação global do desenvolvimento econômico do Maranhão, a problemática da realidade maranhense, o potencial latente de suas riquezas naturais, o estudo da modalidade de sua incorporação ao sistema da economia estadual e indica os meios para alcançá-los, fixando, ao mesmo tempo, a cota mínima de participação do Estado e da União, no montante de investimentos requeridos para o êxito do planejamento”.

Lamentavelmente, o Plano, considerado, de boa feitura, viável e adequado à nossa realidade, não teve maiores consequências e resultados positivos, por uma simples causa: Jânio, intempestivamente, renuncia ao cargo de chefe do Poder Executivo do Brasil e assim tudo corre por águas abaixo.

Mas, essa situação, que parecia ser uma fatalidade para o Maranhão, muda quando o País sai do caminho democrático para percorrer a estrada íngreme da ditadura, paradoxalmente, a época em que o Maranhão teve o mais democrático governador de todos quantos já haviam chegado ao Palácio dos Leões: José Sarney, que imediatamente organiza uma assessoria técnica, formada por Eliézer Moreira, Carlos Madeira, Luís Carlos Bello Parga e outros, responsáveis pelos primeiros passos no sentido de se fazer no Maranhão uma administração diferente das anteriores.

A esse pequeno grupo, juntaram-se os técnicos maranhenses, que, em Recife, prestavam serviços à Sudene – Joaquim Itapary, Mário Leal, Darson Dagoberto Duarte, Mariano Matos, Celson Mendes, Manuel Lopes e José de Jesus Moraes Rego, que Sarney conseguiu trazê-los para São Luís, que se concentraram em torno do GTAP- Grupo de Trabalho de Assessoria e Planejamento, criado em março de 1966, subordinado diretamente ao governador, incumbido de elaborar, controlar e executar o Programa de Ação Governamental, o Plano Quadrienal de Desenvolvimento Econômico e Social do Maranhão, bem como propor medidas para a reestruturação da administração do Estado.

Graças ao GTAP, mais tarde, transformado em Sudema-Superintendência de Desenvolvimento do Maranhão, Sarney conquistou o Presidente Castelo Branco e seus ministros. Quem conta isso, com precisão, é Eliézer Moreira, no seu livro “Maranhão Novo”: Na primeira visita de Castelo ao Maranhão, depois de ouvir a explanação dos jovens técnicos do Governo, “o Presidente da República ficou impressionado com o bom nível das informações e com o domínio técnico dos membros do GTAP”.  O ministro do Planejamento, Roberto Campos, presente à reunião, “enalteceu a qualidade dos trabalhos apresentados e cumprimentou o governador por haver obtido, em tão pouco tempo, tal nível de qualidade  nas ações do Estado.”

A partir dessa visita, Sarney caiu nas graças de Castelo e deste conseguia tudo que pedia para o Maranhão.

O CAOS EM BACABAL

A população de Bacabal vive até hoje dias de angústia por não saber quem assumirá em definitivo o cargo de prefeito do município.

Esse estado de ansiedade e de revolta é atribuído em grande parte ao Poder Judiciário, que muda quase diariamente de posição com relação à eleição de um candidato inabilitado politica e juridicamente para o exercício do cargo eletivo.

O processo atinente ao prefeito de Bacabal, em pouco tempo, passou pelas mãos de cinco desembargadores. Cada magistrado emite um parecer diferente, ato que contribui para o estabelecimento do caos no município.

ATITUDE EXEMPLAR

O Brasil, em matéria de moralidade e de honestidade, vive um momento de extrema perplexidade, que faz lembrar o grande Rui Barbosa que dizia que o brasileiro tem vergonha de ser honesto.

Outro dia, o juiz Oliveira Paula – irmão do grande humorista Chico Anísio –  teve a coragem e a grandeza de abdicar de alguns penduricalhos atrelados ao seu salário de magistrado.

Pois bem, em vez de ele ser elogiado pela prática de um gesto exemplar e edificante, ao contrário, pegou paulada de todo o tipo.

LIVROS MARANHENSES

Nunca, em tempo algum, se vendeu tanto livro no Maranhão como em 2017.

Responsável por esse magnífico feito: o português José Viegas, que chegou aqui, viu, venceu. Ele criou a Associação Maranhense dos Autores Independentes, através da qual instalou uma livraria e um espaço cultural no Shopping São Luís, com a finalidade exclusiva de incentivar e divulgar o livro do autor de nossa terra.

Resultado: a livraria da AMEI é o maior ponto de encontro e de comercialização de obras de escritores do Maranhão.

Na última reunião do ano, a Academia Maranhense de Letras fez questão de homenagear José Viegas, com uma placa de reconhecimento pelo que fez em 2017 pela cultura de nosso Estado.

O PANTEON DE MAURO

No passado, em São Luís se homenageava as mais ilustres figuras de sua intelectualidade, perpetuando os seus bustos em bronze numa das principais praças da cidade, que ficou conhecida por Panteon Maranhense.

No presente, quem cuida desse maravilhoso trabalho é o engenheiro Mauro Fecury, que vem disseminando na área da Universidade Ceuma bustos em bronze de figuras maranhenses que se destacaram em diversos setores da vida administrativa, cultural e esportiva da cidade.

Já estão perenizados no Ceuma: José Sarney, Josué Montello, Cabral Marques, Haroldo Tavares, Margarida Leal e Cláudio Vaz dos Santos, (Alemão). Nas salas de aulas do curso de Medicina, os nomes de Carlos Macieira, José Henrique Moreira Lima, Expedito Bacelar e Clóvis Chaves reluzem como figuras que marcaram época na profissão adotada.

ESTADO DO MARANHÃO E PIAUÍ

Se for verdade que o Governo do Maranhão permitirá aos candidatos do Piauí fazerem em Teresina as provas ao concurso da Polícia Militar, poderemos retornar ao passado.

Mais precisamente a agosto de 1772, quando a Coroa Portuguesa divide o Estado do Grão-Pará e Maranhão em dois: um com sede em Belém e outro com sede em Oeiras.

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