31 DE MARÇO DE 1964

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A iniciativa do Presidente da República, Jair de Bolsonaro, de comemorar este ano o movimento militar, deflagrado a 31 de março de 1964, em Minas Gerais, que resultou na instalação no País de um regime de exceção, fez a direita e a esquerda brasileira levantarem as vozes e discutirem os prós e os contra de se festejar um evento ocorrido há 55 anos, mas questionado quanto à importância histórica e validade legal.

Em São Luís do Maranhão, a malograda iniciativa presidencial, só não passou em brancas nuvens por dois motivos. Primeiro, porque o deputado Othelino Neto, presidente da Assembleia Legislativa, negou a cessão do plenário do Palácio Manoel Beckman a uma entidade direitista, de realizar uma solenidade comemorativa ao evento militar. Segundo, pela iniciativa do governador Flávio Dino de promover um ato público em homenagem a duas personalidades maranhenses, a médica Maria Aragão e o jornalista e poeta Bandeira Tribuzi, presos e perseguidos pelos militares, homenagem essa que pareceu mais uma provocação do que propriamente um reconhecimento ao sofrimento pelo que viveram os ilustres e saudosos homenageados, pinçados entre tantos outros e merecedores também de igual reconhecimento público até porque partiram para a eternidade.           

Já que lembramos dessas figuras humanas, banidas da vida pública, por apoiarem ou estarem politicamente engajadas nas lutas pelas reformas de base, reivindicadas pela sociedade, que o Presidente João Goulart empenhava-se em introduzir no País, vale recordar o que aconteceu em São Luís do Maranhão, com a eclosão do movimento insurrecional, que golpeou a democracia e deixou o Brasil à deriva do ponto de vista constitucional.  

Nesse particular, posso dar um depoimento, ainda que sumário, dos primeiros dias de março, pois, à época, com 23 anos, exercia o mandato de deputado estadual, eleito pelo Partido Social Progressista e atuava politicamente ao lado de Sálvio Dino e Ricardo Bogéa (já falecido), contra o governo do Estado e a favor das ações que Jango tomava com vistas a mudar a estrutura social e econômica do Brasil, mas rotuladas de projetos comunistas.

Vamos aos fatos. Tão logo os meios de comunicação divulgaram que uma sublevação militar pipocara no sudeste do Brasil, destinado a expulsar do Governo o Presidente da República, os sindicatos filiados à Frente de Mobilização Popular, tentaram convocar o povo maranhense para lutar pela manutenção da legalidade, mas sem sucesso, porque as forças militares estavam de prontidão e agiram.

Enquanto os sindicalistas, procuravam encontrar meios para mobilizar a população, o coronel Rivas de Carvalho Lima, comandante da Guarnição Federal, transmitia aos oficiais mensagens vindas do IV Exército (Recife) e da 10ª Região Militar (Fortaleza), conclamando as tropas maranhenses à luta armada para livrar o país do comunismo e restabelecer a ordem e a disciplina nos quarteis.

Com a adesão integral da oficialidade, as tropas do 24º Batalhão de Caçadores passaram a patrulhar a cidade, no que contou com o apoio da Polícia Militar, por ordem do Governador Newton Bello, que se encontrava ausente de São Luís, mas através dos Secretários de Segurança e do Interior e Justiça, informava ao povo maranhense que o governo do Estado não “iria tolerar ações que pretendessem perturbar a ordem e a tranquilidade social, por isso estavam proibidas passeatas, comícios e iniciativas semelhantes”.

Se os estudantes e os trabalhadores, por causa da ação ostensiva e repressiva da Polícia Militar, não conseguiam fazer qualquer ato de protesto, os setores produtivos, em nota pública, prestavam solidariedade às Forças Armadas e repudiavam a infiltração comunista.

A ausência do governador Newton Bello gerou especulação e a imprensa chegou a anunciar a investidura do vice-governador Alfredo Duailibe, pois os militares achavam que o governo não podia ficar acéfalo.

Com esse objetivo, o deputado Mário Flexa fez um apelo ao presidente do Poder Legislativo, deputado Frederico Leda, para assumir o governo do Estado, caso o vice, Alfredo Duailibe, não o desejasse. Para acabar com tais rumores, o governador tratou de retornar o quanto antes a São Luís.

        Antes que o governo militar decretasse o Ato Institucional nº 1, a   Guarnição Federal executou medidas repressivas, com invasões às sedes do inexpressivo Partido Comunista, do Sindicato dos Comerciários e da União Maranhense de Estudantes, com o fito de arrebanhar material subversivo. Paralelamente, prenderam os médicos William Moreira Lima e Maria José Aragão, dirigentes do Partido Comunista, o jornalista Bandeira Tribuzi, o advogado José Bento Neves e os líderes sindicais Benedito Gomes de Paiva, Newton Sousa Melo, Vera Cruz Marques e o presidente da UMES, Edimar Santos. Com a prisão de Bandeira Tribuzi, o Jornal do Povo, do qual era o diretor, deixou de circular

Para mostrar que estava totalmente solidário com o movimento sedicioso, o governador lançou manifesto de “solidariedade às gloriosas Forças Armadas pela defesa das instituições democráticas e da enérgica ação repressiva contra a conspiração comunista que ameaçava a Nação”.

  ENTERRADA A COMISSÃO DE LICITAÇÃO

Mais uma vez, um governador sepulta uma das melhores iniciativas já introduzidas na administração pública do Maranhão: a Comissão Central de Licitação, criada no primeiro governo de Roseana Sarney, com o objetivo de acabar com os vícios embutidos nos processos licitatórios e que comprometiam a máquina estadual.

O primeiro governador a implodir a Comissão Central de Licitação foi Jackson Lago, fazendo retornar o sistema antigo e viciado.

Quando Roseana reassumiu o governo, a CCL é reativada e sofre novo golpe, agora assestado pelo governador Flávio Dino, que fez dela cinzas.

COMANDO DA CCL

Para se ter ideia dos bons serviços prestados pela Comissão Central de Licitação, que conseguiu se impor pela seriedade e lisura, basta dizer que era presidida pelo engenheiro Francisco Batista Ferreira, e contava com os seguintes membros: Roberto Macieira, Benedito Dutra Mendonça, Euda Batista e Walter Fontoura Filho.

MARANHENSES DEMITIDOS

Dois valorosos intelectuais maranhenses, com relevantes serviços prestados ao Senado Federal e à cultura brasileira, foram demitidos dos cargos que ocupavam: Joaquim Campelo e Ronaldo Costa Fernandes.

Ambos, membros da Academia Maranhense de Letras, trabalhavam nas Edições do Senado Federal, órgão que edita e reedita  obras importantes da  História do Brasil.

A demissão de Campelo e de Ronaldo repercutiu de modo significativo nos meios culturais do País, que se movimentam, com vistas à revogação do ato que os demitiu.

SECRETÁRIO DE TURISMO

O novo Secretário de Turismo do Maranhão, Catulé Junior, nomeado pelo governador Flávio Dino, está a postos no cargo há bom tempo, mas até agora não mostrou serviços e o que pensa fazer na sua gestão.

De Catulé sabe-se apenas que veio de Caxias, onde é militante politico, e conseguiu desalojar o Secretário de Culura, Diego Galdino, do prédio confortável, que ocupava na Avenida Pedro II.  

ESPELHO MEU

Gostaria de saber se o prefeito Edivaldo Holanda Junior, por sinal,  uma figura humana da melhor qualidade,  ouve ou toma conhecimento do que a população de São Luís pensa sobre a sua gestão, através das emissoras de rádio, sobretudo agora com as chuvas incessantes.

Se não sabe que a população o responsabiliza pela  buraqueira  reinante na cidade, basta se olhar no espelho.

ESPÍRITO DE CORPO

As denúncias feitas pelo ex-delegado Thiago Bardal, que não é flor que se cheire, contra alguns desembargadores, mostrou uma verdade insofismável.

 No Tribunal de Justiça do Maranhão não há espírito de corpo, pois a denúncia não foi contestada pelos acusados e tão pouco pela cúpula do Poder Judiciário.    

FAMÍLIA BOLSONARO

O que o Presidente Jair Bolsonaro precisa compreender- antes que seja tarde – é que o povo brasileiro não votou em nenhum de seus filhos para governor o País. 

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