O MARECHAL QUE NÃO QUIS GOVERNAR O MARANHÃO

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Na minha infância, em Itapecuru, via fixado numa das paredes laterais da igreja-matriz uma placa denominando Praça Hastimphilo Moura o principal logradouro da cidade.

Anos depois, a placa desapareceu e a praça recebeu a denominação de Padre Alfredo Bacelar, em homenagem ao vigário que construiu a nova igreja-matriz de Itapecuru.

Só vim a saber quem era aquele cidadão de nome extravagante e complicado na maturidade, quando a pesquisadora itapecuruense, Jucey Santana, descobre numa livraria em São Paulo, uma obra do nosso conterrâneo, intitulada “Da primeira à segunda República” publicado em 1936, da autoria do general Hastimphilo de Moura, nascido a 22 de dezembro de 1865, no povoado Guanaré, no qual relata a sua brilhante trajetória de vida, toda pontuada de feitos notáveis, ressaltando-se a participação na Comissão Exploradora do Planalto Central, na Chefia da Casa Militar, nos governos dos presidentes da República, Epitácio Pessoa e Artur Bernardes, na Revolução de 1930, ocupando interinamente o cargo de governador de São Paulo e em missões no Exterior, em nome do Exército brasileiro.

A atuação do general itapecuruense na vida do País foi de tal modo saliente que levou o jornalista e político maranhense, Antônio Carvalho Guimarães, a 30 de outubro de 1928, a enviar ao ilustre militar longa e lúcida carta, expressando o convite a se candidatar ao governo do Maranhão, nas eleições de 1930, pelos partidos oposicionistas, à sucessão do governador Magalhães de Almeida.

A carta é longa e primorosa, mas como não há espaço para publicá-la na íntegra, selecionei os pontos mais importantes de um documento histórico e desconhecido dos maranhenses, em que o autor relata com propriedade as mazelas e os problemas que afligiam a nossa terra, os quais, noventa e três anos após a sua lavratura, mutatis mutandis, continuam atuais e públicos.

No exórdio da carta, Carvalho Guimarães revela que “ A nossa gloriosa terra, há mais de um quarto de século vem assistindo com indiferença criminosa de seus filhos ilustres, ao  soçobro das suas tradições de mentalidade; ao aniquilamento da honestidade de seus costumes políticos; ao achincalhamento da verdadeira moral administrativa, que sempre lhe presidiu os destinos; ao esgotamento propositados de suas fontes de rendas fabulosas, que se encontram empenhadas aos bancos estrangeiros, para a paga de despesas  suntuárias de alimentação da política partidária, que lhe vem roendo o organismo depauperado, em prejuízo do povo, das classes produtoras, amesquinhadas, exploradas, escochadas pelos tributos excessivos, e sem transporte, sem instrução e sem saúde”.

Com relação ao pleito que se travará no Maranhão, afirma o ilustre conterrâneo: “ A política  dos conchavos estaduais, tradicional na nossa terra, pretende e já cogita de acomodar tudo, de modo que não haja solução de continuidade no escoamento dos dinheiros públicos e para o custeios dos festins. A dificuldade, porém, que se lhe tem deparado, está em escolher, dentre os da grei, aquele que mais disponha de qualidade tais que possam concorrer para que permaneça imutável o mesmo aparelho político com os seus atuais dirigentes”.

Em outro trecho bem atual e esclarecedor, Carvalho Guimarães afirma: “ Os maranhenses, abandonados, esquecidos, ludibriados, amesquinhados pelos dirigentes exploradores da sua lealdade, do seu trabalho fecundo e da sua simplicidade comovedora, já reconhecem na política parasitária o polvo que lhe suga a seiva rica e esperam o primeiro momento para arriarem, de um ímpeto, a canga que os escraviza. E isto somente se poderá obter quando for colocado à frente de seus destinos um maranhense digno que veja somente na sua consciência, o dever a cumprir e o trabalho produtivo a construir. Que seja unicamente um administrador, que não se preocupe com o que possa ser ao deixar o palácio governamental”.

Mesmo sensibilizado com o apelo do jornalista conterrâneo, o graduado general Hastimphilo de Moura, não aceitou o convite para se candidatar ao governo do Maranhão, para o qual se elegeu o Dr. Pires Sexto, mas não chegou a cumprir o mandato em função da deflagração da Revolução de Trinta.

Em tempo: o livro do militar itapecuruense foi reeditado pela Academia Maranhense de Letras, em 2017.  

MARANHÃO NOVO E NOVO MARANHÃO

Quando se elegeu governador do Estado, pelas mudanças estruturais realizadas na sua administração, José Sarney propagou aos quatro ventos, que construiu um Maranhão Novo.

Agora, Flávio Dino, pelo trabalho que vem realizando no Estado, anuncia a criação do Novo Maranhão.                    

COM UM PÉ NO STJ

Este ano, com as aposentadorias dos ministros do Superior Tribunal de Justiça, Napoleão Nunes Maia e Nefi Cordeiro, a corrida de candidatos ao STJ está pegando fogo.

O favorito para uma das vagas é o desembargador maranhense Ney Bello Filho, do TRF-1, de Brasília.

O maior cabo eleitoral de Ney é o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

ANA DO GÁS

Foi criada na Assembleia Legislativa do Maranhão uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Combustível e do Gás.

Para presidi-la, em vez do deputado Duarte Junior, ninguém melhor do que a deputada Ana do Gás, pois sabe tudo sobre o assunto.

GUERRA AO MATEUS

Quando os supermercadistas cearenses souberam que o Grupo Mateus está interessado em instalar supermercados em Fortaleza, montaram uma operação de guerra para neutralizar o projeto do empresário maranhense.

Eles sabem que se o Grupo Mateus botar os pés no Ceará, não vai sobrar ninguém para contar a história.        

CENTENÁRIO DE POLÍTICOS

Este ano, nada menos do que três importantes políticos do Maranhão, que participaram intensamente da vida pública estadual e nacional, completariam cem anos de vida.

Ivar Saldanha, nascido em Rosário a 8 de março; Lister Caldas, nascido em Teresina, a 11 de agosto; e Alexandre Costa, nascido em Caxias, a 13 de outubro. Todos em 1921.

LULA CÁ

Ninguém poderia imaginar que o brilhante e bom caráter, advogado Carlos Lula, poderia apresentar desempenho altamente produtivo num órgão que não tem nada a ver com a sua formação acadêmica e atividade profissional.

 À frente da secretaria estadual de Saúde, Carlos Lula tem demonstrado, além da resistência física, notável trabalho, no exercício do qual assumiu a presidência do Conselho Nacional de Secretários de Saúde.        

VELHOS E JOVENS

Como a vacinação contra o coronavírus se realiza em atendimento ao critério cronológico, é numerosa a quantidade de jovens que deseja avançar no tempo, para na condição de idosos se imunizarem contra a maldita epidemia.

Como dizia o escritor Josué Montello: Quem não se rejubila com a idade que tem está roubando a Deus.

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