As palmadinhas de BELOCA

6comentários

Educadores estão discutindo os efeitos das palmadas nas crianças como ferramenta no auxílio de uma boa educação. Uma corrente defende que não se deve bater nas crianças devido ao risco de se tornarem agressivas e, ainda, de ficarem traumatizadas.  Ao receber uma palmada em decorrência de um determinado ato praticado, a criança acaba associando a punição recebida e certamente irá replicar esse ato todas as vezes que se sentir ameaçada ou contrariada.

Muitos pais pecam na educação de seus filhos não impondo os limites que são fundamentais para que eles possam crescer defendendo seus direitos, porém respeitando o espaço dos outros.

Os da minha geração sabem, pois foram educados dessa forma, que vez por outra, “escreveu não leu… pau comeu!” Quem não levou umas palmadas quando criança que levante a mão?! E estamos aqui, todos (ou quase todos) vivendo sem maiores traumas.

O professor Zeca Bezerra me contava a história de Beloca Frangalho. Esse era o apelido do finado Benedito Pereira. Negro, alto, não desgrudava do chapéu de palha e dos óculos escuros. Bem falante, extrovertido e festeiro, era presença assídua na agência do Banco do Brasil da cidade de Bacuri todo final de mês. Era o primeiro a chegar para receber seus proventos da aposentadoria.

Os amigos adoravam tê-lo como companheiro de fila. Enquanto aguardava a abertura da agência, Beloca contava histórias, brincava com um e intrigava com outro. Galanteador nato estava sempre atento para puxar uma conversa de pé-de-ouvido com alguma aposentada na esperança de arrumar um chamego. Sua fama de namorador havia extrapolado as fronteiras de Bacuri.

Quando a agência abria, ele sempre era o primeiro a ser atendido. Na verdade a urgência dele em receber seus proventos era tão somente para ficar boa parte da manhã nas barracas e bodegas saboreando alguns goles da branquinha e curtir uma boa prosa com uns e outros.

Em casa era autoritário e primava por uma educação rígida para com os filhos. Não se cansava de repetir: − Lá em casa criança é no cacete!

Certo dia, por ocasião das festas do padroeiro de Bacuri, havia uma grande expectativa com a chegada de uma famosa radiola de reggae vinda de São Luís. A notícia da festa, organizada por seu compadre Manelão, espalhou-se por toda a Baixada maranhense.

João Maria, o filho mais velho de Beloca, já com seus vinte anos e porte atlético vinha treinando o reggae e não perderia essa festa por nada nesse mundo…

Chegado o dia da festa, João Maria preparou-se todo, “bazugou” um pouco de Loção Zezé sobre o corpo e partiu assoviando rumo ao barracão de Seu Manelão. Beloca, que odiava bagunceiros em festa de família, recomendou ao filho: − Te cuida, rapaz!

A festa foi até de manhã.

O sol já ia aparecendo por entre o orvalho que teimava em formar um manto sobre os campos alagados, quando Beloca começou a se espreguiçar na rede de “tapuirama”. Foi acordado com uma notícia que o deixou contrariado: Seu filho João Maria estava aprontado uma verdadeira arruaça na festa do compadre Manelão.

Levantou-se da rede de um pulo só, vestiu-se rapidamente, colocou o chapéu e os óculos escuros e, de passagem pela cozinha, carregou consigo uma mão-de-pilão que estava sobre a mesa, saindo apressado sem saborear nem mesmo um gole de café que tanto apreciava.

Ao passar em frente à casa de dona Tereza Amado que estava varrendo a calçada da frente, nem sequer deu um bom-dia. De cabeça baixa, passou resmungando e soltando uns palavrões. Dona Tereza estranhou sua atitude incomum e falou:

 − Oi seu Beloca. Bom-dia!… Que pressa é essa, homem?

 − Dona Tereza. Retrucou ele. – O dia não começou muito bem. Meu menino João Maria aprontou de novo!

 − O que foi dessa vez, Siô?

− O menino, imagina a senhora! Tá bagunçando a festa do cumpade Manelão. Dona! Não admito que filho meu bagunce festa alheia. Vou agora botar pra arrebentar com ele.

− Mas Seu Beloca, assim com esse pedaço de pau o senhor vai é matar o seu filho!

− Dona! Eu não quero é nem saber. Com pau eu fiz, com pau eu desmancho!

Nem tanto assim, mas umas palmadinhas de vez em quando não fazem mal a ninguém.

6 comentários »

Selo comemorativo do Ano da França no Brasil é lançado na Casa França Maranhão

0comentário

Será lançado dia 7 de outubro, às 18 horas na Casa França Maranhão, na Rua do Giz, no. 139, no Centro Histórico de São Luís, o selo comemorativo ao Ano da França no Brasil que faz alusão às Relações Diplomáticas entre os dois países.

O selo em questão, representa o reconhecimento da Nação brasileira ao trabalho desses importantes estudiosos e profissionais de origem francesa, que se dedicaram, com afinco e talento, aos ideais que abraçaram em prol da humanidade.

São homenageados Claude Lévi-Strauss e Le Corbusier.

” Claude Lévi-Strauss

         Nascido em 28 de novembro de 1908, em Bruxelas, na Bélgica, de pais franceses, Claude Lévi-Strauss, a partir de 1927, estudou Filosofia e Direito em Paris, obtendo, em 1931, sua licenciatura em Filosofia. Após lecionar durante dois anos, foi nomeado, em 1935, membro da missão universitária francesa no Brasil, e participou da criação da Universidade de São Paulo, onde ocupou a Cátedra de Sociologia da faculdade de Filosofia, Ciências e Letras até o ano de 1939. Nessa época, fez viagens de estudo aos estados do Paraná, Goiás e Mato Grosso para desenvolver pesquisas etnográficas sobre as comunidades indígenas nambikwara, caduvéo e bororo, relatando, anos mais tarde, esta experiência brasileira na obra Tristes Trópicos, publicada em 1955. Fugindo da ocupação do território francês pelo exército alemão, durante a Segunda Guerra Mundial, instalou-se, em 1941, nos Estados Unidos e lecionou na New School for Social Research, em Nova York.

         Ao retornar à França, após a Libertação, foi enviado em missão aos Estados Unidos pelo  Ministério das Relações Exteriores, entre 1945 e 1948, para exercer a função de Conselheiro Cultural junto à Embaixada da França, que deixou para terminar sua tese de doutorado. Já de volta à França, foi nomeado vice-diretor do Museu do Homem em Paris e, em seguida, diretor da Ecole Pratique des Hautes Etudes. Em 1959, Lévi-Strauss foi nomeado titular da Cátedra de antropologia do Collège de France, e, desde 1973, é membro da Academia Francesa.

         Sua permanência no Brasil foi determinante tanto para a sua carreira quanto para a sua obra: iniciou-se na prática etnográfica, coletou dados e publicou seus primeiros textos na área da etnologia. Suas pesquisas posteriores, reunindo informações sobre diversas regiões do continente americano, beneficiaram-se igualmente de suas pesquisas sobre o Brasil. Essas pesquisas são o ponto de partida para a essência de sua obra.

         Após 1955, e a publicação de Tristes Trópicos, Lévi-Strauss tornou-se um intelectual reconhecido. No Brasil, sua obra teve repercussões importantes no pensamento antropológico  a partir da década de 60, graças à releitura de seus estudos sobre a organização da sociedade nambikwara do planalto central e as relações de parentesco dos índios da Amazônia.

         Fundador da antropologia estruturalista, Lévi-Strauss contribuiu por meio do conjunto de sua obra a desmontar a visão etnocêntrica das civilizações e as bases do colonialismo ocidental,  trazendo à tona as formas da “cultura selvagem”, cujas organizações complexas nada deixam a desejar às nossas, em termos de elaboração.

Le Corbusier

         Charles-Edouard Jeanneret, Le Corbusier, nasceu em 6 de outubro de 1887, em Chaux-de-Fonds, na Suíça. Após estudos iniciais de gravura e de arte decorativa, uma série de viagens à Europa e ao Oriente e de estágios em ateliês de arquitetura em Paris e  Berlim, instalou-se definitivamente em Paris, em 1917, tendo se naturalizado francês, em 1930. Encontrou-se com o pintor Amédée Ozenfant, figura importante do purismo, com quem escreve o manifesto do purismo, “Após o cubismo”. Em 1922, abriu um escritório de arquitetura e adotou o  sobrenome de solteira de sua mãe, Le Corbusier.

         Arquiteto, urbanista, pintor e escritor, sua obra é fecunda e revolucionária.  Adepto do funcionalismo, ele descarta valores e condicionamentos históricos e marca profundamente a arquitetura do século XX, tanto pela sua obra quanto pelos seus escritos. Promove a utilização do cimento armado, do vidro e de materiais sintéticos, de elementos pré-fabricados e, esteticamente, o uso das cores “puras”, de pilotis, terraços suspensos e pára-sol. Sua obra influencia o trabalho de vários arquitetos brasileiros, entre eles Lúcio Costa, Carlos Leão e Oscar Niemeyer.

         A primeira visita de Le Corbusier ao Brasil, em 1929, para uma série de conferências em São Paulo e no Rio de Janeiro, contribuiu para o sucesso da arquitetura moderna e do urbanismo no Brasil. Essa viagem é igualmente importante para a  evolução de seu estilo a partir de 1930. O desenho sinuoso dos edifícios que projetou para o Rio de Janeiro marca o início de uma segunda fase na sua obra, que vai além do racionalismo puro. Essa nova fase influenciou as escolhas arquitetônicas dos modernistas brasileiros.

         Em 1936, Le Corbusier voltou ao Brasil para dirigir o projeto de construção da sede do Ministério de Educação e da Cultura no Rio de Janeiro. Lúcio Costa, Afonso Reidy e Oscar Niemeyer participaram da construção deste primeiro arranha-céu moderno. A intervenção de Le Corbusier neste projeto contribui para o reconhecimento da arquitetura moderna e para o desenvolvimento de um movimento arquitetural que evidencia a identidade nacional brasileira. Ele desenhou também os planos iniciais da Embaixada da França em Brasília, mas não pode concluir, ficando a cargo do seu discípulo Juan de la Fuente a retomada do projeto.

         Por sua vez, a obra de Niemeyer o inspirou na última fase de sua obra. Essa influência é observada principalmente nas curvas da capela de Nossa Senhora du Haut, em Ronchamp na França, ou ainda nos seus projetos para a cidade indiana de Chandigarh. Personalidade genial, Le Corbusier tentou por meio de seus projetos arquitetônicos dar um tom mais humano à sociedade industrial.

         Esta emissão, no âmbito das festividades do Ano da França no Brasil, representa o reconhecimento da Nação brasileira ao trabalho desses importantes estudiosos e profissionais de origem francesa, que se dedicaram, com afinco e talento, aos ideais que abraçaram em prol da humanidade”.

(*) Texto elaborado pela Embaixada da França no Brasil
sem comentário »
https://www.blogsoestado.com/josejorge/wp-admin/
Twitter Facebook RSS