Marc le Dantec no Espaço Armazém

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Fui convidado a compartilhar com um seleto grupo de pessoas, em “avant-première”, a mostra gastronômica que o restaurante do Espaço Armazém se prepara para lançar logo em breve.
Com os leitores, infelizmente, só posso compartilhar as minhas impressões acerca da noite agradável que passamos com a apresentação de um “menu dégustation” cuidadosamente elaborado pelo chef francês Marc le Dantec.
Atuando em Salvador, no Bistrot Jaú, Marc le Dantec vem se consagrando como a grande revelação da tradicional cozinha francesa dos últimos quatro anos aqui no Brasil. Natural de Rennes, na Bretanha, assim como o renomado chefe francês Olivier Roellinger especializado em peixes, frutos do mar e especiarias, Marc teve como mestres o Daniel Boulud em Nova York, o Jacques Chibois de Grasse na Provence e Laurent Suaudeau, aqui no Brasil (este considerado o “pai” da alta gastronomia brasileira). Com este vasto currículo, sabe, como nenhum outro, misturar técnicas francesas com produtos brasileiros.
E a proposta do Espaço Armazém é exatamente esta: oferecer uma cozinha francesa, com ênfase no preparo dos alimentos, na sutileza da apresentação dos pratos, porém sem abandonar alguns ingredientes próprios da culinária maranhense da melhor qualidade, elaborada com esmero pela equipe da casa e com uma apresentação digna das melhores casas francesas.
Confesso que me surpreendi com o “menu dégustation” que foi apresentado e harmonisado com vinhos (franceses, bien sûr) de procedência das melhores casas.
Apenas para aguçar a curiosidade dos leitores gourmets, que terão que aguardar mais um pouco para poderem desfrutar dos prazeres da boa mesa, segue o que nos foi brindado pelo chef Marc le Dantec e pelos sócios do restaurante, Alex, Ricardo, Rodrigo e Torres:
Les entrées:
– Barqueta Armazém: copa, queijo brie, croutons e nozes com geléia de pimenta.
– Brandade de bacalhau, (brandade de bacalhau é um especialidade típica do Sudoeste da França) com tomates confits e azeite à provençale.
Des crevettes et des viandes:
– Camarão Corsário, (Camarões, especiarias, purê de mandioquinha e alcachofras) numa em homenagem a Daniel de La Touche, Seigneur de la Ravardière.
– Pernil de cordeiro com compota de berinjela, trigo bourgou e grãos temperados.
– Boeuf bourguignon (bem elaborado com um vinho tinto da bourgogne), acompanhado de purê de batata com nozes e mostarda em grãos.
Les desserts
– Torta de maçã a la Normandie (chantilly e calvados)
– Pêra ao vinho tinto, com sorvete de creme e coullis de frutas vermelhas.
Attendez!

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Pharmácia da Paz

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No início do século passado, a assistência médica nas cidades do interior do Maranhão era tão precária que a população se valia dos curandeiros, parteiras e farmacêuticos.
Há exatamente cem anos, chegava em Pinheiro um farmacêutico prático que rapidamente tornou-se muito conhecido e respeitado não só na cidade como em toda a região.
Mulato, bem vestido, atencioso e muito espirituoso, logo se integrou no seio da comunidade, casando-se com Inês Castro, freqüentando as boas rodas sociais e com participação atuante nos eventos e agremiações culturais mais destacadas.
Alto e barrigudo, com voz grave, rouca e pausada, Zé Alvim era uma dessas figuras que fazem a história do Lugar. Tipo folclórico, foi através dele que chegou a Pinheiro o primeiro rádio. Quando criança, ouvia meu avô Chico Leite contar que durante a segunda Guerra, a população de Pinheiro acompanhava atenta às notícias do front, preocupada que estava com Raimundo Gonçalves, único pinheirense combatente da FEB que havia partido para a Itália com a missão de acabar com Hitler.
Na “boca da noite”, como costumavam dizer, os ouvintes se postavam na calçada da para tentarem escutar os boletins da guerra, transmitidos pela da BBC de Londres.
Ligar o rádio, era uma novela; Precisava conectar a bateria, deixar as válvulas esquentarem, e passar um tempão sintonizando a estação… Era tarefa que só Zé Alvim era capaz de realizar.
Mais ruídos que sons, chiados e descargas encobriam o noticiário a ponto de não se entender quase nada; a cada descarga, Zé Alvim traduzia, com sua voz cavernosa, para os atentos ouvintes:
─ Ou é tiro de canhão ou barulho de bomba! Tão bombardeando Londres!
Muito respeitado na Vila, qualquer que fosse o problema ligado à saúde, o endereço certo era a Pharmácia da Paz, onde os remédios eram manipulados com maestria pelo farmacêutico.
Contam que certa feita ele prescreveu uma série de medicamentos a um paciente que morava na zona rural. Ao término da consulta, Zé Alvim disse:
─ Presta atenção, meu amigo! Tem que tomar tudo bem direitinho; mas tá proibido de ver mato verde por cinco dias… O que na realidade, significava ficar em repouso absoluto, pois para quem mora no interior e ficar sem ver mato verde, só se ficar trancado no quarto…
De outra feita, ele aconselhava um afilhado que resolveu se casar com uma moça nova. Dia seguinte ao casamento, muito cedo, o afilhado bateu às portas da casa de Zé Alvim.
─ Rapaz, tu te casou ontem, o que é que tu vem fazer aqui em casa uma hora dessa? Tu deve ficar com tua mulher!
O afilhado se queixava que ia devolver a moça aos pais dela pois achava que ela não era mais virgem.
─ É que eu tô meio preocupado, meu padrinho. Eu achei uma certa facilidade… não saiu nem sangue…
─ E tu pensa que pra tirar honra de mulher precisa de picareta? Cria juízo! Volta pra casa e fica com a menina, rapaz!
Conformado, o moço retornou para a esposa, mas Zé Alvim, sempre que podia, confidenciava aos amigos mais próximos:
─ Ela era furada mesmo…
Até os dias de hoje a continua em Pinheiro, no mesmo lugar, e é uma das mais antigas farmácias de manipulação do estado do Maranhão.
Zé Alvim deixou estórias e saudade! Por ironia do destino morreu em 1952, aos 61 anos de idade, contrariando um velho ditado que costumava usar: “o que mata velho são três K; queda, catarro e caganeira!”; acabou morrendo de um outro K: coração…

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Menores Assassinos!

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Tomamos conhecimento do crime bárbaro ocorrido no município de Zé Doca, onde quatro monstros, dos quais dois menores, invadem uma casa e dizimam a golpes de facão uma família inteira. Dentre as oito vítimas, quatro menores, entre elas uma inocente criança de apenas dois anos.
Difícil entender a mente humana. O que leva as pessoas, em sã consciência, a praticarem atos insanos desta natureza? Barbáries como esta, ocorrem em toda a parte e a cada dia estão mais freqüentes.
Muitas coisas precisam ser feitas, mas pelo menos precisamos acabar com a impunidade e, sobretudo, com o tratamento dado aos menores infratores, que se escondem por trás de nossa legislação para cometerem essas aberrações.
Recebi de meu amigo Arthur Kaufman, e quero compartilhar com meus leitores, a carta de um pai que passou pela experiência dramática de ter perdido uma filha assassinada por um “menor de idade”:

“Meu nome é Ari Friedenbach, sou advogado e pai da jovem Liana Friedenbach, assassinada em novembro de 2003, aos dezesseis anos de idade.
A Liana, juntamente com seu namorado Felipe, foram seqüestrados por uma quadrilha constituída de 4 indivíduos maiores de idade e um menor de idade a época do crime, Roberto A.A.C., vulgo “champinha”, tendo o Felipe sido assassinado no mesmo dia).
Os maiores de idade envolvidos nos crimes foram condenados a penas severas, e se encontram cumprindo suas penas em penitenciárias do Estado.
No caso de Roberto A.A.C., vulgo “champinha”, a situação é distinta, pois, de acordo com a Legislação Brasileira aplicável, qual seja o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o seqüestro, tortura, reiterados estupros e homicídio, não constituem nenhum crime!!! Apenas Ato-Infracional de natureza grave!!!
Atos estes, puníveis com internação para tratamento e medidas de sócio-educativas, por até, no máximo três anos de internação, ou até que complete 21 anos de idade, quando deverá obrigatoriamente ser colocado em liberdade.
Importante que fique claro que o indivíduo Roberto A.A.C., vulgo “champinha”, nada mais deve à justiça ou à sociedade, eis que já cumpriu todos os prazos de internação, previstos pelas leis.
No entanto, chegado o momento de colocar Roberto A.A.C., vulgo “champinha” em liberdade, diante dos laudos psiquiátricos que apresentam relatórios que constatam doença de ordem neurológica de natureza grave e incurável, determinou o judiciário que fosse encaminhado para Unidade de Saúde, na qual seja possível efetuar tratamento que amenize sua patologia, sendo necessário que a unidade apresente condições de segurança, para impossibilitar nova fuga do interno.
No último dia 14/12/2007, vieram a público, cenas apresentadas pelo Departamento de Jornalismo da Rede Bandeirantes, cenas do que o Estado decidiu por chamar de Unidade de Saúde, onde encontra-se Roberto A.A.C., vulgo “champinha” em tratamento.
A referida unidade constitui-se de 5 casas, cada uma com: 1 quarto com 4 camas de madeira, com cabeceira e criado-mudo também em madeira, sala de jantar com mesa e 8 cadeiras, sala de estar com sofás em couro bege, aparelho de televisão de 29 polegadas; cozinha com pia de aço inox, fogão e geladeira Brastemp (marca mais cara do mercado); área de serviço com maquina de lavar (!!!) também Brastemp; banheiros com pias de granito bege. TUDO RECÉM TIRADO DAS EMBALAGENS!!!
A referida unidade que passou da FEBEM para Secretária de Saúde do Estado, sob o comando do Secretário Dr. Luiz Roberto Barradas Barata, médico de formação, a um custo declarado de R$12.000,00 (Doze Mil Reais) por mês, em uma unidade projetada, digo mal projetada, para abrigar no mínimo 20 internos, sendo que de acordo com a ex-FEBEM, atual Fundação CASA, pelo menos 61 internos tem as mesmas necessidades do interno Roberto A.A.C., vulgo “champinha”, que, no entanto reside numa unidade 5 estrelas, ao custo referido, absolutamente sozinho, sem qualquer acompanhamento, tratamento, ocupação ou responsabilidade.
Ainda que eu não tenha a formação médica, como é o caso do Sr. Secretário da Saúde, Dr. Barradas Barata, acredito que terapias ocupacionais seriam mais indicadas, do que o ócio a que está submetido o interno.
Não é admissível que, qualquer pessoa, seja cidadão de bem, criminoso, doente mental, ou seja lá o que for, possa acordar a hora que quiser, fazer o que quiser, inclusive passando o dia inteiro, deitado num sofá de couro assistindo televisão, tudo as custas do contribuinte, cidadão de bem, pagador de seus impostos e cumpridor de suas obrigações.
A chamada Unidade de Saúde, não seria mais eficiente, se ao invés de possuir uma quadra poli esportiva coberta, fosse equipada com uma horta, onde os internos houvessem de cuidar da produção de seus próprios alimentos???
Após a divulgação das referidas imagens pela Rede Bandeirantes, as reações foram as mais surpreendentes. As autoridades, como se o que estava sendo apresentado no vídeo fosse a coisa mais natural e óbvia, não se abalaram.
Declarou o governador José Serra: “Não vejo problema de ele estar assistindo televisão!!!”.
Já o Secretário da Saúde, parece ter enfiado a cabeça num buraco, preferindo o silêncio.
Outra reação inusitada foi o profundo silêncio dos órgãos de imprensa, eis que somente uma rede de televisão viu nos fatos narrados, alguma notícia a ser divulgada.
Será que a má aplicação dos já escassos recursos destinados à saúde não devem ser divulgados e combatidos???
Restou à população, que paga essa conta, ficar indignada, sem ao menos ouvir, sequer uma explicação aceitável das autoridades incompetentes.
Em um país que seguramente 99% da população, vive em condições muito inferiores às constatadas nas imagens apresentadas, resta a pergunta: Não estaríamos incentivando os jovens a cometer crimes como o praticado por Roberto A.A.C., vulgo “Champinha”, recebendo como punição e tratamento, um salvo conduto para uma estadia em um Spa 5 estrelas???
Para finalizar, quero deixar claro de que, ainda que minha vivência permitisse, não somos favoráveis a aplicação de quaisquer tratamentos que não preservem a dignidade do interno, ainda que, no caso presente, trata-se de um perigoso reincidente, conforme vem sendo noticiado nos últimos dias, apenas pretendemos que sejam submetidos a tratamento adequado e compatível com as leis, a realidade do país, das instituições.”

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Vem aí o carnaval.

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Acabaram-se as comemorações de final de ano e agora as atenções se voltam para aquela, que é a maior de todas as nossas festas populares, o Carnaval.
Durante décadas, o carnaval de São Luis, chegou a ser considerado o terceiro mais animado do País, atrás apenas do Rio de Janeiro e de Recife.
Mas isso foi há muito tempo! Atualmente, o desfile das Escolas de samba no Rio de Janeiro, com suas mulatas estonteantes, continua atraindo milhões de turistas e se impondo como marca nacional. O Galo da Madrugada e as Virgens de Olinda, com a irreverência dos foliões que se esbaldam no frevo pernambucano, fazem do carnaval de Olinda e Recife um dos mais animados do País, e os trios elétricos da Bahia atraem milhões de foliões, afinal de contas, como dizia Caetano Veloso, “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu…”
Aqui em São Luís, precisamos manter e fortalecer o carnaval de rua, onde as famílias se reúnem embaladas pela alegria e ocupam ruelas e becos da cidade, dividindo espaço com os blocos de sujos, as tribos de índios, os fofões e mascarados. Valorizar nossas tradições, organizar um programa que permita a todos se divertirem, e garantir a segurança, é o mínimo que se espera do poder público. O resto fica por conta dos foliões que seguem a trajetória do Bicho Terra pelas ruas sinuosas do Centro Histórico da cidade.
Lembro que os bailes de máscaras já fizeram muito sucesso em São Luís.
Meu avô Chico Leite, advogado provisionado lá em Pinheiro, fazia de um tudo para passar uns dias de carnaval na capital. Contam os mais velhos que seu primo, desembargador Sarney Costa, forjava telegramas convocando Chico Leite a São Luís a fim de resolver “certas questões”, quando na verdade o real motivo era sempre outro.
Tão logo o carteiro batia à porta da casa de Seu Chiquinho munido de um telegrama do Tribunal, a viagem à capital logo era feita e Chico Leite partia para São Luís a fim de se esbaldar, com seu primo, nos bailes de máscaras do famoso “Bigorilho”.
A pesquisadora Roza Santos, registra no Boletim da Comissão Maranhense:

“Nos clubes populares, onde as máscaras tinham uma peculiaridade específica, a animação era total. Nesses Bailes Populares de Máscaras, as mulheres entravam sós, ou em grupo, sempre mascaradas e fantasiadas. Eram freqüentados por operárias de fábrica, empregadas domésticas e trabalhadoras em geral de uma camada mais pobre. Marcaram o carnaval bailes populares das décadas de 40 e 50 como o Cantareira (na Rua Grande), o Jacarepaguá (na Rua do Sol), o Cabeção, a Furna do Satã, o Inferno Verde, a Gruta do Satã (perto da velha estação de bonde, no Monte Castelo), o Berimbau, a Cabana de Pai Tomás, o Inferno Verde, o Forró da Rosa, o Vassourinha, o Rasga Sunga, o Rei Pelé (no Ribeirão) e o Bigorrilho, conhecido como o baile para onde iam os figurões da sociedade”.

É fato conhecido por muitos que, num desses bailes de carnaval no Bigorrilho, Chico Leite, Sarney Costa e Nelson Jansen escolheram seus respectivos pares e dançaram a noite inteira. Durante um dos intervalos, Chico Leite se queixou a Sarney Costa que “sua mascarada” estava dando muita despesa: bebia muita cerveja e mais, observava que seus joelhos eram um pouco avantajados… Desconfiado, convidou Sarney e Nelson a acompanhá-los até o quintal da casa, retirando à força a máscara da “dançarina”, descobrindo que se tratava de um “marmanjo”. Encheram o malandro de bolacha e voltaram para casa, dando por perdida aquela noite de carnaval.
Muitos que conhecem esta história garantem sua veracidade, fazendo apenas uma pequena correção, dizendo que o fato ocorreu com o Sarney Costa e não com o Chico Leite…
O Baile de Máscara entrou em crise na década de 60, quando o então prefeito Epitácio Cafeteira, resolveu proibir esse costume tão popular das festas de carnaval. Mascarados hoje, só nos assaltos a mão armada nas noites de São Luís. O que é uma pena!

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