Seu Chiquinho

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Aprendemos desde cedo, nas leituras do catecismo, a reverenciar aquele que abdicou de uma vida de larga fartura para dedicar-se ao próximo. Há quase oitocentos anos, na Itália, Giovanni di Pietro di Bernardone, fundador da Ordem dos Franciscanos, inovou ao abrir as portas da Igreja para sair em peregrinação divulgando a palavra de Deus. Virou Santo! São Francisco de Assis.

Aqui, em nossa querida Pinheiro, não temos a figura do São Francisco, mas sempre tivemos personagens que honraram o nome de batismo lhes dado em homenagem ao santo que se propôs amar aos mais pobres dos pobres.

Seu Chiquinho, Francisco da Costa Leite, meu avô, destacou-se como advogado provisionado e uma das vozes mais contundentes em defesa dos fracos e necessitados de Justiça. Sua palavra era respeitada por todos e sua liderança incontestável.

Desde menino, aprendi a admirar, também, um outro Francisco. Chiquinho de Jeco. Mais tarde conhecido como Seu Chiquinho.

Muito embora de gerações distintas, pelos idos da década de 70, sempre que retornava a Pinheiro nas férias escolares, passávamos horas e mais horas conversando. Com sua calma, seu andar macio e seu refinado humor, Seu Chiquinho tinha histórias e estórias para satisfazer qualquer curiosidade. Sempre bem informado, era interessado em saber das novidades e preocupado em ouvir nossas opiniões sobre os fatos mais relevantes.

Mesmo para quem em 1946 havia ajudado a fundar o Diretório Municipal de Geografia e Historia de Pinheiro, dois anos mais tarde ter implantado o Grêmio Cultural e Recreativo de Pinheiro, e em 1954, por sua iniciativa, ver criada a primeira Biblioteca Pública do município, a preocupação com a educação e a cultura dos jovens pinheirenses ainda era uma obstinação para ele. Sempre se posicionou como um homem à frente de seu tempo.

Quando da morte de seu sogro, o desembargador Elizabetho Carvalho, o destino lhe fez fiel depositário de uma das maiores riquezas de Pinheiro: O Jornal Cidade de Pinheiro. Passou a carregar a cruz de manter em funcionamento, à duras penas, aquele que ainda nos dias de hoje teima em ser o jornal mais antigo em circulação na imprensa maranhense.

Ao elaborar este texto, sentado em frente ao teclado de meu I-Pad, vejo-me adentrando nas oficinas do Jornal Cidade de Pinheiro tendo à minha frente a figura de Tejeco, exercitando sua habilidade de compor as palavras, montando os tipos de chumbo, letra após letra, de traz para frente e de cabeça para baixo.

O mesmo banco da Praça José Sarney, onde juntos sonhamos por uma Pinheiro melhor, mais tarde encharcou-se com nossas lágrimas derramadas quando da derrubada do prédio do Jornal para dar vez à ampliação do Armazém Paraíba.

Relembro de sua dor quando da perda do filho Francisco José. Mais uma vez o destino lhe repõe a perda. Junta-se a sua família, pelo laços do casamento com sua filha, um jovem de posições firmes, João Paulo Castro Nogueira, que segue os seus passos e torna-se um dos vereadores mais atuantes de Pinheiro.

Seu exemplo de vida e dedicação tem sido trilhado por seus seguidores, destacando-se dentre tantos, Paulinho Castro, que desde cedo vivenciou a saga do verdadeiro jornalismo e hoje é o maior expoente da imprensa em toda a Baixada maranhense.

Nas gincanas culturais promovidas pelas Escolas de Pinheiro, Seu Chiquinho era caçado por todas as equipes. Encontrá-lo, era certeza de ter a resposta certa.

Quando das comemorações dos 150 anos da fundação de Pinheiro, foi ele a quem recorri para pesquisar, em seu rico acervo e nos arquivos ainda vivos de sua memória, as informações necessárias para por em ordem a exaustiva pesquisa que havia feito.

Uma figura como essa não se vai. Fica eternizada pela sua obra. Pela sua dedicação e exemplo Pinheiro lhe deve uma estátua!

Obrigado Seu Chiquinho! Seu, meu, e de todos os pinheirenses.

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