Vamos trabalhar, gente!

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Nem bem acabaram as festas de fim de Ano e o Carnaval 2010 engrenou forte. Nos estados onde a folia do Momo é maior, trabalha-se menos, a produtividade cai, e uma multidão de foliões de outras paragens é atraída pelos acordes dos hits carnavalescos.

A quarta feira de cinzas anuncia o fim da folia e início do período produtivo. Mas, para animar ainda mais a festa, em muitos estados a farra se estende por mais um final de semana…

Na Bahia tem as micaretas de Feira de Santana, em Pernambuco o Bacalhau do Batata arrasta multidões pelas ladeiras de Olinda e até o Lava Pratos tradicional de São José de Ribamar já está entrando na programação das agências de viagens. 

Quando a massa produtiva pensa em engrenar uma rotina de trabalho, eis que chega o período das festas juninas e, novamente, o povo se esbalda nos animados arraiais espalhados principalmente pelo Nordeste brasileiro.

Campina Grande, Caruaru e São Luís disputam o título das festas juninas mais animadas do País. O Expresso do Oriente, charmoso trem que no final da década de 1880 fazia a rota das sedas entre Paris e Istambul, perde feio em animação para o trem do forró que sobe e desce o maciço das Russas conduzindo os animados foliões entre Recife e Caruarú.

Até a cidade de Parintins, encravada em plena selva amazônica, no mês de Junho atrai um mundaréu de gente para torcer pelo Caprichoso e Garantido na imponente festa do Boi Bumbá.

Neste ano de 2010, para ajudar os fabricantes de cerveja ainda teve a Copa do Mundo.

Aqui em São Luís do Maranhão mesmo com o Brasil fora do campeonato, vamos poder ainda, durante todo o mês de julho, bater as matracas no Vale Festejar. Mais um mês de muita música para alegrar os turistas que nos visitam neste período de férias e para azucrinar os ouvidos dos moradores do entorno da lagoa.

Terminado o mês de julho, pensam que de agora em diante tudo será diferente?

Nada disso! Tem campanha eleitoral. Mais três meses daquela xaropada toda na televisão. E tome promessas!

Espero que até lá o tuxáua José Serra encontre um índio de sua tribo para compor a chapa presidencial e, principalmente, acerte o seu discurso, até agora sem eira nem beira.

Falando em discurso, que falta nos faz o saudoso coronel Eurípedes Bezerra! Com seu vozeirão e usando a sonoridade das palavras era mestre na animação dos discursos políticos pelos Interiores do Maranhão.

Contam que, meio século atrás, por ocasião das eleições municipais, o governador José Sarney participava de um comício na região nordeste do estado. Em um dado momento, o coronel Eurípedes apoderou-se do microfone para animar o povão que se aglomerava na praça da cidade para ouvir os candidatos antes do início de um churrasco prometido pelo mandatário da cidade.

Muitos prefeitos correligionários se faziam presentes para trazer o seu apoio ao candidato local, quando Eurípedes começou a animar a festa e, de improviso, resolveu distribuir as partes do Boi, começando pelas partes traseiras:

− O rabo vai pro prefeito da cidade que tem fama de muito brabo… do boi vou tirar o sobrecu pra mandar de barco pro prefeito de Cururupu… Pro René Bayma que é prefeito de Codó, do boi vou lhe dar o mocotó … E continuou dissecando o boi pedaço por pedaço. − O filé, que é a parte mais mole, vai pro prefeito de São Domingos, meu amigo padre Mané… − Do lombo tiro o cupim pra mandar lá pra Baixada pro prefeito Zé Cutrim…

A partilha do boi já se aproximava da cabeça, o povo animado, quando Zé Sarney, conhecedor dos maldosos comentários que circulavam na cidade sobre a mulher do prefeito, levantou-se e cochichou no pé do ouvido do coronel Eurípedes:

− Justifique a minha ausência… Vou ter que sair antes que você comece a distribuir os chavelhos do boi…

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