A Palmeira do Babaçu (parte1)

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TOBASA BIOINDUSTRIAL - COCO DE BABAÇU

Por ocasião do sesquicentenário de Pinheiro, fiz uma pesquisa sobre a história da cidade que resultou na publicação de três livros: Lugar das Águas, Coisas de Antanho e Quadros da Vida Pinheirense.

Fruto dessa busca, pude identificar a iniciativa de um grupo de franceses, através da Compagnie Française d´Entreprise, de implantar em Pinheiro, quase um século atrás, uma indústria de beneficiamento de coco babaçu.

Provocou em mim uma imensa curiosidade em desvendar um pouco mais esse capítulo da nossa história. Como esses franceses tomaram conhecimento da existência dessa palmeira? Por quê em Pinheiro e não em outra região, até mesmo com maior incidência desses palmeirais? E, principalmente, por que não prosperou ao longo de todo esse tempo?

Por muitos anos, o babaçu e poucos dos seus derivados eram itens de peso na pauta de produtos comercializados com o exterior, sobretudo com a Europa.

Estudos já comprovavam que o beneficiamento do coco babaçu podia produzir uma gama considerável de subprodutos de grande interesse por parte da indústria Francesa e Inglesa, que se desenvolvia a pleno vapor no pós-guerra. No entanto, foram raros os movimentos no sentido de desenvolver economicamente uma planta industrial capaz de extrair todos os seus derivados. Até os dias de hoje, quase nada se extrai do babaçu além do óleo.

Os franceses, há cem anos, já haviam levado as amêndoas e teriam feito estudos pelo laboratório da “École d`Arts et Métiers”. Estas pesquisas foram comprovadas pela “Societé de la Carbonisation” e pela “Societé des Produits Chimiques”. Os resultados destes estudos serão objetos de novos artigos a serem compartilhados com os leitores aqui no caderno Opinião do Jornal O Estado do Maranhão.

Tem-se falado e publicado muito sobre o babaçu. Em 24 de abril de 1925, Viriato Correia veiculou um artigo no Jornal do Brasil intitulado “A Palmeira Babassú” e fez a abertura com a primeira estrofe da Canção do Exílio.

“Minha terra tem palmeiras …

Quando Gonçalves Dias, há mais de meio século, escreveu esses versos que o popularizaram nunca imaginou que os primeiros que ele cantava pudessem ser um dia a riqueza máxima de sua terra natal. As célebres palmeiras, que ele a Deus pedia que não lhe deixasse morrer sem que as avistasse, nada mais eram que as “babassus” de hoje, a grande fonte de renda do povo maranhense…”

Nesse artigo, Viriato faz uma apologia à palmeira e registra a relação de dependência e de quase amor existente entre a população rural e a palmeira: “Ela serve para tudo. É o teto, é a luz, é a cama, o mobiliário, a alimentação, a ornamentação, o condimento de cozinha, a vaca leiteira, a farmácia e até a defesa dos roceiros de minha terra”.

O texto do escritor aborda a vasta gama de produtos, objetos e utensílios provenientes do babaçu, utilizados pelos habitantes.

O “côfo”, registra Viriato Correia, “é uma criação maranhense…”

(E, diga-se de passagem, uma das raras palavras do nosso vernáculo que só existe no vocabulário maranhense. Tem origem na palavra francesa “coufin” que deve ter sido muito utilizada pelos franceses quando da sua ocupação na Ilha de São Luís e incorporada pelos nossos indígenas. Significa cesto). 

 “… Nada mais, nada menos, − completa Viriato que uma espécie “samburá” tecido com folhas verde de “babassú”. Não há nada que tenha para o roceiro do Maranhão as utilidades de um “côfo”. É um pedaço do seu eu. É-lhe indispensável, como um braço, como uma perna, como os dentes. Ora é grande e fundo para carregar algodão, arroz e farinha, ora pequenino, bem tecido e bem galante, para a moreninha guardar o pente, o vidro d’água de cheiro, as fitas, os brincos e todo o seu resumido arsenal de faceirice.”

O artigo do Viriato segue enumerando uma vasta gama de derivados utilizados no cotidiano da vida maranhense e encera o texto de forma poética: “Até nisso Deus foi amigo da minha terra. Não tivesse tido essa previdência, já hoje não existiriam os imensos palmeirais que de sul a norte, da beira do mar ao amargo do sertão, cobrem a terra gloriosa.

… onde canta o sabiá.”

Certamente o babaçu não fazia parte da flora, muito menos da vida europeia. Então, como os franceses tomaram conhecimento dessa exuberante palmeira?

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A fábrica de Babaçu dos franceses em Pinheiro

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Vou reativar o meu espaço no Blog trazendo o resumo de uma pesquisa que fiz acerca da iniciativa de alguns filhos da terra em implantar, cem anos atrás, no Vale da Curacanga em Pinheiro, um empreendimento industrial capaz de transformar a vida daquela gente, àquele tempo.

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