A moeda do Marrocos

7comentários

450px-koutoubiamarrocos.jpgVocê sabe qual o nome da moeda do Marrocos?

Bem, não acredito que você esteja interessado em aplicar suas economias nessa desconhecida moeda, principalmente neste tempo em que as Bolsas no mundo inteiro estão a despencar. Mas, vai que o mercado dê uma reviravolta, é bom estar a par…

Há algum tempo, resolvi tirar umas férias e junto com Bete minha mulher e mais um casal de amigos, partimos para conhecer o exótico país do Norte da África.

Nossa primeira escala foi em Marrakech. Ao chegarmos ao La Mamounia, com sua requintada decoração em estilo mourisco e art deco e famoso pelo restaurante do filme “Mil e uma Noites”, tratei logo de me informar sobre o câmbio para trocar alguns dólares na moeda local.

Retornei ao lobby do hotel enquanto eles ainda faziam o check in. Curiosos, me perguntaram sobre o nome da moeda.
Para que eles jamais se esquecessem do nome, resolvi contar-lhes uma história ocorrida em São Luís, na década de 60.
Final do Torneio Intermunicipal. Estádio Nhozinho Santos cheio. Viana e São José de Ribamar disputavam a taça de campeão.

O time de Viana havia sido classificado em uma das chaves. Chegava à Capital com a fama de imbatível. A grande revelação do torneio era o ponta esquerda da equipe. Branquelo, cabelo liso, magricelo quase raquítico, Dirran era arisco como poucos. Lembrava muito o eterno Garrincha, pelos dribles desconcertantes que aplicava em seus marcadores.

– “… O primeiro time do Rádio! Uma liderança que ninguém discute! PRJ9 ZYY9 Rádio Timbira do Maranhão!…” Ouvia-se a voz do locutor Canarinho encantado com as performances do ponta esquerda:

– “… Maneco lançou Dirran, matou no peito, deu um banho de cuia no adversário, correu pela linha de fundo, driblou o primeiro, por baixo da perna do segundo, cortou pra dentro, driblou o goleiro entrou com bola e tudo, é GOOOOOOOOL! Golaaaaço! Diiiirraaaaaaaan! É 11 a camisa dele!”

E assim foi. Terminado o primeiro tempo, 3×0 para o time de Viana. Três gols de Dirran.

A galera empolgada gritava: – Dirran! Dirran! Dirran! Dirran!

Fontenele, o repórter de campo, correu em direção ao craque que saía, exausto, em direção ao vestuário:

– Dirran! Você arrasou com o time do São José, rapaz! Mas me diga uma coisa, satisfaça a curiosidade dos ouvintes da Rádio Timbira do Maranhão. Você é de origem francesa? Esse seu nome Dirran…

– Qui francês qui nada siô, eu sou mesmo é nascido lá no Jacaré, Interior de Penalva.

– E por que então o nome Dirran? Questionou o repórter.

– É pro causo do meu apelido, que é “cú de rã”…. pra não ficar feio, eles abreviaro pra “di rã”…

Tenho certeza de que até hoje os meus amigos, assim como os meus leitores, jamais esquecerão o nome da moeda do Marrocos: Dirham.

7 comentários »

O babaçu e os franceses

0comentário

babacuparte4.jpg                                                                                        (parte 3)

No final da década de trinta do século passado, o Jornal Cidade de Pinheiro registrava a instalação da fábrica francesa para exploração do babaçu nas imediações da Chapada, a cerca de 22 km da sede do município, na localidade Providência. As atividades foram iniciadas em 21 de fevereiro de 1929.

A chegada dos franceses agitou não só a pacata cidade de Pinheiro, mas sobretudo os moradores dos povoados vizinhos. Os caboclos, curiosos, não entendiam nada do que ouviam da boca daqueles estrangeiros brancos, vermelhos até, de tanto sol e calor, enquanto as nativas se encantavam com os olhos azuis dos visitantes.

Dotada de todo o aparelhamento necessário, esta unidade de produção previa a geração de cerca de 300 postos de trabalho, aproveitando a mão-de-obra local para as atividades de coleta, transporte e movimentação da matéria prima. A administração e as etapas mais sofisticadas do processo ficavam a cargo dos técnicos franceses.

O prof. Jerônimo de Viveiros, em um de seus artigos da série Quadros da Vida Pinheirense, destacava as etapas de carbonização e destilação, até então desconhecidas:

“Carbonização: Para a carbonização, a usina possui um forno de tijolos refratários com quatro divisões, incomunicáveis entre si, o qual recebe uma cuba de ferro com 625 Kg de casca. A duração da etapa de carbonização é de 6 horas. Em média, uma cuba produz 145 Kg de carvão em pedaços, 20 Kg de carvão em pó, 300 litros de pirolenhoso e 40 Kg de alcatrão. O carvão fica na cuba e o alcatrão se condensa. O pirolenhoso é recolhido em um depósito diferente do alcatrão e, finalmente, os gases incondensáveis, entre os quais figuram a anitrite carbônica, o óxido carbônico, o hidrogênio, o metano, o etileno, o acetileno e vários outros carburetos dotados de alto poder carbonizante, são aproveitados no aquecimento da cuba. A condensação do pirolenhoso é feita por um método especial, invenção dos químicos da empresa, na qual a base é o creosoto.

Destilação: O pirolenhoso, misturado com o creosoto, é levado por meio de encanamentos aos cilindros de destilação. É usado o método clássico por aquecimento para a separação do ácido acético, que é obtido primeiro com 40% e depois com 80% de pureza.”

Durante cerca de dois anos, a fábrica funcionou a pleno vapor, comercializando sua produção, despachada do Porto do Una, nas margens do rio Pericumã, para os mercados de São Luís e Belém do Pará, bem como fazendo as exportações através das Casas de Hamburgo.

Lamentavelmente, em 25 de julho de 1931, um acidente ocorreu durante a fase de teste de um equipamento para purificação do ácido acético. Um incontrolável incêndio seguido de explosões causou a morte de inúmeros operários e com grande quantidade de queimados.

Até hoje são lembrados relatos de algumas pessoas que trabalhavam na fábrica. Contam que pedaços de metais retorcidos foram encontrados a mais de 500m do local, comprovando a magnitude do desastre.

Sem noção da importância histórica que a Usina Providência representava, os moradores do local saquearam tudo o que puderam levar. Há registros de que os equipamentos e peças de maior porte foram adquiridas pelos comerciantes de Pinheiro para adaptarem a suas instalações.

Com a ocorrência desse acidente, a Usina Providência foi desativada, desfazendo-se o sonho de industrialização de Pinheiro.

Atualmente, o que ainda restou desse empreendimento são as caboclas bonitas de olhos azuis da Ponta Branca, povoado nas imediações da fábrica Providência, descendentes daqueles franceses que vieram para participar da implantação e operação da Usina.

Tempos depois, coube a um pinheirense, o empresário José Santos, descendente de tradicional família portuguesa, a segunda tentativa de industrialização do coco babaçu em Pinheiro, quando da implantação da COPISA.

Esta fábrica, com capacidade de extração de 18 mil litros/dia de óleo, iniciou suas atividades no início da década de 70. No entanto, assim como tantas outras que não acompanharam o processo de evolução tecnológica, acabou sendo desativada dez anos depois.

Enquanto o processo de beneficiamento do coco babaçu não evoluir a ponto de torná-lo competitivo, vou acabar me rendendo a teoria de meu amigo José Benedito: vou começar a interagir com o babaçu a fim de promover seu enriquecimento quântico, na esperança de que o babaçu “enquantado” possa vir a ser a salvação da lavoura do Maranhão!
 

sem comentário »

O babaçu e os franceses

6comentários

babacu5.jpg                                                                                                            (parte 2)

Motivados pelo início do processo de industrialização da Europa pós-primeira Guerra, os franceses perceberam o potencial do babaçu: uma matéria prima capaz de fornecer uma gama diversificada de subprodutos, principalmente destinados ao segmento da siderurgia.

A notícia da instalação de uma fábrica para o beneficiamento do coco babaçu, sobretudo com a possibilidade de extração de inúmeros derivados, logo chegou à pacata cidade de Pinheiro. A população local, movida pela curiosidade, acompanhou eufórica a implantação da primeira indústria química da região.

O Jornal Cidade de Pinheiro publicou em fevereiro de 1929, um registro da Revista da Associação Comercial do Maranhão, em seu número II – Ano V, acerca de um comunicado oficial do Itamaraty, fazendo referência a esse empreendimento:

“A Indústria do babaçu:

O sr. Henry Charbonnel, que durante alguns meses do ano passado percorreu o Brasil, acaba de comunicar ao Adido Comercial do Brasil em Paris haver constituído, para a exploração da indústria do babaçu, a “Societé Financière Franco-Brésilienne” com o capital de cinco milhões de francos.

Esta sociedade já adquiriu o material necessário à criação de uma usina para processar 70 toneladas diárias de coco, correspondendo à uma produção de cerca de 1.200 a 1.400 toneladas de amêndoas por ano. Para a quebra do coco, a sociedade conseguiu fabricar uma máquina especial e o resultado obtido com a mesma foi de tal modo satisfatório, que já foram expedidas para a usina que a sociedade está instalando no Maranhão 20 máquinas desse tipo, e o material necessário à produção de uma força de 40 HP.

Por intermédio da “Société de la Carbonisation” e da “Société des Produits Chimiques”, a nova sociedade fez proceder, durante três meses, a estudos metódicos para o tratamento do coque de babaçu e obteve nas experiências e análises o resultado seguinte:

A destilação das nozes de babaçu em vaso fechado fornecia em peso:
• 30% de carvão tipo coque metalúrgico;
• 8% de ácido acético a 80º;
• 15% de álcool metílico;
• 8% de alcatrão.

O coque obtido, analisado na “Écolle des Arts et Mettiers”, deu:
• 90% de carbono puro;
• 5,4% de materiais voláteis;
• 4,4% de cinzas;
• 0,85% de umidade total.

O Poder calorífico do combustível seco chegou a 7.700 Kcal/Kg. Este combustível constitui, pois, um coque de primeira qualidade porque não contém enxofre nem arsênico e apenas uma pequena quantidade mínima de fósforo.
Dessa forma, ou preparado em briquetes, será seguramente utilizado nos altos-fornos.

Algumas indústrias siderúrgicas francesas, especializadas na fabricação dos aços especiais, (aço-nickel, cromado ou misturado com tungstênio) pretendem mandar vir do Brasil esse coque para a fabricação direta de tais aços.

O ácido acético pode fornecer:
1. Anidrido acético para a fabricação de perfumes e de acylaturas;
2. Éteres acéticos empregados como dissolventes de vernizes;
3. Acetato de celulose utilizado na fabricação de seda artificial;
4. Acetato de sódio, de potássio, de alumínio, de uso corrente na indústria de produtos químicos e de materiais corantes;
5. Acetona, dissolvente bem conhecida e de venda assegurada.

Em resumo, o ácido acético obtido daquela forma poderá criar no Brasil uma indústria vasta e variada e ser ainda exportado, se for necessário, para os Estados Unidos ou para a Europa.

O álcool metílico é de emprego corrente em numerosas indústrias. Obtido a preço de custo muito baixo, poderá caso não encontre consumo no Brasil, ser colocado facilmente nos Estados Unidos e na Europa.

O alcatrão obtido é particularmente rico em materiais voláteis. Destilado por processo novo, ele dá essências ligeiras, gás-oil e mazout, bem como resíduos que podem ser empregados no alcatroamento de estradas e em calafetos.

À vista desses resultados, a “Societé Financière Franco-Brésilienne” conseguiu o concurso técnico da “Societé des Produits Chimiques Purs”, que lhe conferiu também o direito exclusivo de utilizar no Brasil os seus processos de destilação e de recuperação de subprodutos. Já foram encomendados 4 fornos para o tratamento de cerca de 20 toneladas de nozes por dia.

No ano de 1929 a “Societé” conta adaptar a esses fornos aparelhos de destilação para obtenção de ácido acético, álcool metílico e alcatrão; instalar a destilação de alcatrão; elevar a 10 o número de fornos de modo a poder tratar a totalidade dos cocos que a usina pode quebrar, ou seja, como já foi dito, cerca de 70 toneladas por dia.

Conseguidos esses resultados a produção diária da usina será de:

20 toneladas de coque metalúrgico
5 toneladas de amêndoas
5 toneladas de ácido acético
5 toneladas de alcatrão
1 tonelada de álcool metílico.”

No próximo artigo, será abordada a instalação, a operação e, lamentavelmente, a desativação da Usina Providência.

6 comentários »

O babaçu e os franceses

4comentários

quebradeirasdecoco_1188788506_antoniomilena_ae_2007.jpg                                                       (parte 1)

Recentemente, a imprensa local deu destaque ao Projeto de Lei 154/08, de autoria do deputado Edivaldo Holanda (PTC), que propõe a alteração do art.1º da Lei nº4734/86 que proíbe, em todo o Estado do Maranhão, a derrubada de palmeiras de babaçu salvo para hipóteses específicas de interesse social.

Sob a alegação de que o projeto em pauta vai beneficiar apenas as imobiliárias e construtoras, o Movimento das Quebradeiras de Coco Babaçu, bem como inúmeros outros deputados, manifestaram-se contra.

Em que pese a abundância dos babaçuais em terras maranhenses, até hoje a exploração dessa riqueza continua sendo feita de forma extrativista e não obteve nenhuma evolução ao longo de nossa história.

O que vemos nos dias de hoje, ainda, é a triste cena das quebradeiras de coco sentadas em cima do machado, com a marreta na mão, entoando cantos sofridos e produzindo 5 a 6 kg de amêndoas por dia de trabalho, o que lhes rende, ao final de cada mês, menos da metade de um salário mínimo.

Enquanto não forem desenvolvidos processos de beneficiamento que possam extrair múltiplos subprodutos de forma economicamente viável, ainda vamos ter que conviver com esse lastimável quadro por muito tempo.

Segundo o pesquisador José Benedito Ribeiro, que está em vias de publicar um livro sobre a física do nada, haverá o tempo em que o homem aprenderá a afastar os causadores de qualquer doença. Quando isso acontecer, ele será capaz de promover “enistições” adequadas através do enriquecimento quântico e concedendo ao babaçu “enquantado” elevados teores de concentração de vitaminas, proteínas e sais minerais, transformando-o em um produto tão nobre que as futuras gerações irão reverenciar aqueles que hoje lutam pela preservação dos babaçuais. 

Registros da Associação Comercial do Maranhão nos mostram que, no ano de 1926 quando foi criada a Aliança das Classes Conservadoras, o aproveitamento do babaçu se fazia apenas pela utilização das amêndoas, que eram quebradas manualmente pela população residente na zona rural, graças ao tradicional processo de coleta manual, e a produção dos derivados era muito limitada, como ocorre ainda hoje.

Os jornais daquela época anunciavam a compra de subprodutos do babaçu:

1$700 réis o tonel de azeite.
40$000 réis a tonelada de coco inteiro.
150 réis o kg de farelo.

Em 1928, os raros industriais que beneficiavam o coco babaçu, para se tornarem mais competitivos no mercado externo, vinham lutando pela isenção dos impostos de exportação.

Em Pinheiro, o juiz Elisabetho Carvalho, a esse tempo catedrático da Faculdade de Direito de São Luís, gozava de grande influência junto aos poderes públicos do Estado. Mais tarde, chegaria a se tornar desembargador, membro do Tribunal Regional Eleitoral, procurador-geral do Estado e, inclusive, interventor federal do Estado do Maranhão no governo Getúlio Vargas.

Com sua aguçada visão estratégica e graças à sua interferência junto ao governador Magalhães de Almeida, foi concedida, através de decreto, a uma gleba de terra localizada no município de Pinheiro para a exploração das matas de babaçu, com a finalidade de instalação da primeira indústria química para processamento dos produtos oriundos do coco babaçu.

O Diário Oficial de 21 de maio de 1928, em seu anexo III, transcreve cópia de Termo de Contrato realizado entre a Compagnie Française d´Entreprises Financières Industrielles et Commerciales e o Estado do Maranhão:

“Termo de contrato que fazem o Estado do Maranhão e Compagnie Française d´Entreprises para a concessão de terras devolutas no município de Pinheiro para a exploração mecânica do coco babaçu e outros subprodutos (Lei no. 1.243 de 11 de abril de 1926). As terras em questão abrangiam uma área aproximada de 22.500 hectares, resguardadas aquelas concessões anteriores e posses legais.
O governo isentará a companhia, pelo espaço de vinte anos, dos impostos estaduais e municipais sobre os subprodutos da casca do coco babaçu que não são atualmente taxados pela lei orçamentária em vigor, e dará o abatimento de 50% sobre os impostos estaduais e municipais daqueles produtos que, como o ácido acético e outras matérias de tinturaria e farmácias, embora taxados na tabela B da Lei orçamentária vigente, não são agora absolutamente produzidos no estado”.

 Com um apoio importante como esse, a empresa francesa, com sede em Paris, à Boullevard des Italiennes, chamada Compagnie Française d´Entreprises Financières Industrielles et Commerciales, decidiu implantar no Maranhão, e sobretudo em Pinheiro, a sua primeira usina de beneficiamento do babaçu.

Vou relatar no próximo artigo, um pouco da história acerca dessa indústria que veio a se implantar em Pinheiro, tendo feito investimentos no Porto do Armazém – à margem esquerda do rio Pericumã – para escoamento da produção, bem como na construção de um ramal de estrada de ferro, onde os vagões que carregavam o coco babaçu eram puxados por parelhas de burros.

Aguardem!

4 comentários »

A vírgula novamente

0comentário

Um leitor contribui para a importãncia da vírgula nos textos, na vida e até na morte:

Um velho muito rico faleceu e deixou em testamento a seguinte frase:

“Deixo os meus bens a meu irmão não aos ricos nada aos pobres”.

Nao teve tempo de pontuar a frase e faleceu.

Como todos estavam interessados na herança, cada um pontuou a frase de forma a obtê-la. Veja como isto aconteceu na prática:

Pobres: Deixo os meus bens: a meu irmão não, aos ricos nada, aos pobres.

Ricos: Deixo os meus bens: a meu irmão não, aos ricos, nada aos pobres.

Irmão: Deixo os meus bens a meu irmão, não aos ricos, nada aos pobres.

sem comentário »
https://www.blogsoestado.com/josejorge/wp-admin/
Twitter Facebook RSS