Peso e Virgindade

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Lembro que quando criança, meu avô Chico Leite costumava repetir, que duas coisas no mundo se perdia com prazer: .
Na atualidade, uma dessas duas coisas está em evidência: a perda de peso. As academias de ginástica estão repletas de gordos, velhos, beldades e atletas querendo perder peso, ganhar massa muscular (afinal, se ninguém quer perder nada, pelo menos vamos trocar por alguma coisa, não é mesmo?), e manter a forma. A outra perdeu o charme; está démodé. Com a derrubada do tabu da virgindade, já não se dá tanto valor assim!
Por coincidência, recebi de meu amigo Arthur Kaufman, psicanalista renomado e professor da USP, este texto que aborda exatamente o tema acima iniciado, e que julgo interessante compartilhar com os meus leitores: “A virgindade é ainda importante?
Se se fala tanto em “perder a virgindade”, isso não é um sinal de importância? Só existem duas coisas que teoricamente se perde sem reclamar: peso e virgindade.
Em relação ao peso, os profissionais da Neurolingüística nos alertam para que falemos em “diminuir o peso”, “emagrecer”, e outros termos, porque quando se fala em “perder”, mesmo que seja uma perda desejada, fomos acostumados, desde o primeiro dia de nossas vidas, a procurar recuperar aquilo que perdemos. E eles devem mesmo ter razão, porque quem emagrece e engorda de novo costuma dizer: “Perdi peso, mas já recuperei!”
Será que com a virgindade é diferente? Será que dá para “perder” a virgindade e não ficar lamentando? Aliás, já foi bem comum a cirurgia plástica de reconstrução do hímen, praticada por cirurgiões plásticos em ex-donzelas que necessitavam da integridade daquela membrana para realizar bons casamentos.
Aparentemente tudo isso mudou. Se no maravilhoso filme “Tess”, de Roman Polanski, a protagonista (desempenhada por Nastassja Kinski) tem sua vida arruinada por uma única relação sexual (onde “perdeu a honra” ao “perder a virgindade”), por outro lado já tive jovens clientes lamentando sua virgindade e sentindo vergonha “por ser a única da turma que ainda é virgem”. Mas a pergunta que me ocorre neste caso, é: “ela quer ter vida sexual ou apenas não quer se sentir ‘menos’ do que as outras?” Uma dessas clientes, apesar de minhas recomendações de “cautela” e “vai devagar!”, não conseguiu controlar – não o seu desejo, mas a sua pressa – e teve a tal primeira relação, onde “perdeu a virgindade” e pôde, portanto, tornar-se “igual às outras”. Só que infelizmente a tal transa foi um desastre para ela, que não só não amava o cara, como não tinha nem mesmo um “tesão especial” por ele. E não foi bem tratada. E acabou precisando de várias sessões de psicoterapia para preparar-se mais adequadamente a “fazer amor” pela primeira vez.
Bem, com isso estou dizendo que não se pode usar a virgindade (sobretudo a feminina) como um patrimônio, que se “mantém” ou se “perde”. Com a virgindade masculina a história é mais fácil: os meninos só deixam de ser virgens quando realmente querem, pois a sociedade lhes dá esse direito. Com as meninas não é bem assim: após séculos negando o prazer sexual à mulher solteira, hoje a “ordem” é gozar ao máximo, em todas as ocasiões possíveis. Alguma dúvida? Consulte as novelas globais, consulte o Big Brother, consulte os programas televisivos de orientação sexual, que dão orientação exclusivamente física: “Como fazer, como usar bem os genitais”.
A liberdade sexual para homens e mulheres foi um bem conseguido, após muitas gerações de pessoas sexualmente infelizes, com muita dificuldade. Esta liberdade precisa ser preservada, mas não é possível preservá-la por meio de fundamentalismo conservador nem revolucionário.
A pessoa pode (e não “deve”) abrir mão da virgindade no instante em que se sentir psicologicamente preparada para a experiência libidinosa e/ou amorosa, e não por “decurso de prazo”, só para não se sentir a última da fila”.

1 comentário para "Peso e Virgindade"


  1. Elda machado da silva

    obrigado pelo envi de vcs adorei foi um sucesso

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