A invasão do idioma inglês

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Quando Ludoviko Lázaro Zamenhof formulou a idéia da criação do Esperanto, ele imaginou uma forma de comunicação oral e escrita capaz de promover e facilitar a comunicação entre todos os povos. Seria uma língua neutra, não nativa de nenhum País e também não imposta de cima para baixo devido às pressões políticas, econômicas, e muito menos religiosas.
É bem verdade que o Esperanto não progrediu como se esperava, e o que se observa no mundo contemporâneo é a ascensão da língua inglesa.
Desde o século XIX, motivada pela Revolução Industrial e pelo colonialismo do Império Britânico, a língua inglesa vem se disseminando de forma avassaladora.
A partir do século seguinte, graças ao poderio político-militar e econômico dos Estados Unidos da América do Norte, a língua inglesa vem sendo massificada ao redor do mundo.
Mesmo sendo a terceira língua mais falada em todo o planeta, com quase 800 milhões de pessoas dominando a arte de ler, escrever e se expressar, o inglês ainda perde de longe para o Mandarin e o Hindi, falados na China e na Índia, respectivamente. No entanto, se destaca como a mais importante ferramenta no meio científico e no mundo dos negócios.
Os demais países lutam contra o avanço do idioma de Shakespeare.
O francês, por exemplo, até pouco tempo considerada a língua dos acadêmicos, dos intelectuais e do relacionamento diplomático, hoje utiliza-se de todas as suas forças para se proteger contra a invasão da língua vizinha.
Com a criação do Mercado Comum Europeu, e posteriormente com a Unificação dos mercados e a globalização atual, a França mantém sua cultura protegendo a sua língua natal. A Lei Toubon, de 1994, determina a “exigência do emprego obrigatório do idioma francês por parte dos empregados de qualquer empresa instalada em seu território”. O próprio Nicolas Sarkozy, eleito presidente, afirma que não trairá nenhuma de suas promessas de campanha, e entre elas: “cuidarei para que, nas empresas instaladas em território francês, a língua de trabalho seja o francês…” Mas, já estão pagando caro por isso; recentemente, no Centro Hospitalar de Épinal, quatro pacientes com câncer de próstata, submetidos à radiação em excesso, morreram devido à … má compreensão do programa do “ordinateur”(computador), que estava em inglês!
Quando tratamos da língua portuguesa, afinal uma população de mais de 200 milhões se expressam neste idioma, temos também nossas preocupações. O mercado de trabalho se abre para aqueles que dominam mais de um idioma e precisamos ofertar aos nossos estudantes, pelo menos, uma segunda língua. As alternativas que se mostram mais atraentes são, sem dúvida alguma, o inglês, o francês e, com a perspectiva do bloco econômico formado pelos países do continente sul americano, o espanhol.
Aqui no Maranhão, ao tempo em que estamos sendo reprovados nos exames nacionais de qualidade de ensino, nos deixamos invadir pelo uso abusivo de vocábulos ingleses.
No ambiente de trabalho, as expressões stakeholders, players, partners, benchmarking, entre outras, já fazem parte do linguajar cotidiano e dos papers (eu, hein?!) que circulam nas empresas. Na rede mundial de computadores as expressões FYI, hi, thanks, bye, etc, são amplamente utilizadas.
Na cidade de São Luís, os lançamentos imobiliários abusam, anunciando edifícios comercias e condomínios residenciais com nomes do tipo: Planta Tower, Manhattan Center, Garden Shopping, Space Home, etc. etc.
Ainda bem, que na tentativa de homenagear os franceses, fundadores de São Luís, muitos prédios aqui na cidade, levam nomes como Renoir, Rembrandt, Monnet, Saint Exupéry, entre outros.
Em frente ao São Luís Shopping Center (de novo…), apenas como exemplo, tem uma pequena banca de jornais, onde o jornaleiro fez um pequeno recuo na avenida professor Carlos Cunha para permitir que o cliente possa comprar as revistas e jornais sem sair do próprio carro, e ainda se deu ao luxo de confeccionar uma placa com a seguinte inscrição (in english, of course!): Drive-Thru!
Pode?

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