Água milagrosa.

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Minha avó Cici dizia que Deus nos deu dois ouvidos e uma boca. Certamente para mais ouvir do que falar.
Desde criança me acostumei a ouvir histórias de “gente grande” com muita atenção. Atualmente, nas reuniões da Academia e nos encontros sociais, sempre que posso, relembro e conto algumas delas que armazenei ao longo da vida.
Quando falta assunto para o meu Blog lanço mão de algumas dessas deliciosas histórias.
Doutor Chico Cunha, médico ginecologista, tão logo se formou, decidiu-se por exercer sua profissão ajudando seus conterrâneos, passando muitos anos trabalhando pelo interior do Maranhão. Bem humorado e espirituoso, Chico sempre trazia casos ocorridos com suas pacientes.
Tempos depois, Chico Cunha acabou retornando a São Luís para exercer sua profissão como médico do Hospital Geral.
Pela sua larga experiência clínica acumulada ao longo de muitos anos de profissão (naquele tempo não existiam aparelhos de ressonância magnética, tomografia computadorizada e tantos outros exames de imagem), nada como uma boa conversa com o paciente para identificar o quadro clínico e facilitar o diagnóstico.
Lembro de um caso em que uma paciente, chamada Constância, consultava sobre certa dor “embaixo da passarinha”.
No ambulatório do Hospital Geral doutor Chico Cunha fazia as perguntas e ouvia atentamente as explicações de dona Constância.
– Mas, me diga o quê que a senhora está sentindo! Indagou Chico Cunha.
– Doutor, de manhã cedo, quando eu me banho, é só eu bazugar a cuia d´água, que do umbigo pra baixo, tudo fica duro (bazugar é um verbo que só existe no dicionário maranhense: o mesmo que jogar, atirar, lançar).
Chico não entendeu direito e perguntou:
– Mas que água é essa?
– Água do poço. Respondeu a paciente.
Chico, logo interessado pela água, perguntou:
– Onde é que fica esse poço, dona Constância?
– Fica lá onde eu moro. No Maracanã. Respondeu a paciente.
Chico se animou todo e começou a imaginar coisas…
– A senhora pode me dar um pouquinho dessa água para eu fazer uma experiência?
Ao que ela confirmou, prometendo trazer um vidrinho quando da próxima consulta.
– Um vidrinho não, dona Constância! Traga logo um litro…
Chico vasculhou a gaveta e encontrou umas amostras grátis que prontamente agradou dona Constância, receitou alguns remédios, marcou a data de retorno e, na saída, relembrou a paciente para não esquecer a água.
Chegando em casa, relatou o caso para o seu cunhado, o deputado Jurandy Leite.
– Chico! Exclamou Jurandy. – Vamos comprar é o poço, rapaz!
Não sei por que o negócio não foi feito, mas o certo é que mais tarde veio o Viagra e acabou o sonho dos dois enriquecerem às custas da água de dona Constância.

1 comentário para "Água milagrosa."


  1. Conceição

    Conhecendo os dois como conheço, isso é só uma prévia do que os dois são capazes. Só não sei se todos os causos contados por eles são 100% verdadeiros. Também conheço alguns. Acredito que além de cunhados eles são parceiros nas histórias. Também não é pra menos um teve Chico Leite como professor e o outro tem Enock Xavier. Curto muito quando vc faz comentários deste tipo.

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