O medo da Fome

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          Uma breve história do mundo – um Best-seller do aclamado historiador americano Geoffrey Blainey, ora publicado, em um de seus capítulos aborda a relação do homem com a terra e a colheita. Ele faz uma viagem no tempo que serve de reflexão para desvendar ou interpretar os fatos para uma crise que se aproxima. A crise do alimentos e que é bem atual.  

          Na Europa e na Ásia, uma família típica vivia praticamente à base de pão. Fosse em 1500 ou 1800, na França ou na China, a maioria das famílias não possuía terras ou dispunha de propriedades muito pequenas que mal garantiam sua alimentação, mesmos nos anos de fartura.    

         Revirar os lugares à procura de comida e procurar forragem era quase uma forma de vida. Um camponês que possuísse uma vaca e um pedaço de terra devia mandar que seus filhos, todos os dias do verão, cortassem capim à beira da estrada. Parte desse capim era, então, preservado como feno para alimentar o animal durante o inverno. Nas florestas, procuravam-se cogumelos e frutas silvestres, e recolhiam-se ovos das aves. Em muitas partes da China, a população de aves diminuiu devido à intensidade do uso da terra, à ânsia dos caçadores de aves e à coleta de ovos. A vida cotidiana, em todas as partes do mundo, concentrava-se na produção de alimentos.  

         Os grãos dominavam a mesa de refeição numa proporção que hoje seria inimaginável em países prósperos. Uma grande parte de grãos era comida na forma de pão, mas alguns o consumiam também na forma de mingau e sopa. O mingau de aveia, servido bem quente, era devorado com voracidade durante o inverno. Em épocas de carestia, adicionava-se água em abundância a um pouco de farinha com o intuito de dar alívio temporário à sensação de fome.  

         Em muitas terras européias, os grãos, principalmente a cevada, eram também usados para produção de cerveja. Na Inglaterra, a cerveja caseira, tomada em quase todas as refeições, era praticamente tão essencial quanto o pão na dieta diária. As crianças tomavam-na todos os dias. O chá, bastante consumido na China, era uma bebida reservada aos mais abastados da Europa. O café também era um luxo em toda parte, à exceção das terras em que era produzido, como a Árabia e Brasil. Assim como o petróleo nos dias de hoje, o preço do pão era geralmente o barômetro da estabilidade social. Um aumento em seu preço denotava a probabilidade de revoltas. Só para não esquecermos o barril de petróleo hoje é 60 dólares, antes da crise chegou a 145 dolares e um quilo de pão já ultrapassa a cinco reais. A crise é dual como dizem os americanos.    

        A França do século 18, que nos anos de fartura praticamente transbordava com os mais finos alimentos, sofreu um período de fome nacional que terminou em revolução. Se os franceses de hoje, são conhecidos por suas boas maneiras e bons bebedores de vinho, fizeram uma revolução. O que seria o mundo sem alimentos?  

       Voltando a nossa história, ainda no século 18, só uma boa colheita não era o suficiente. Ela corria sério risco quando os celeiros de grãos eram invadidos por ratos. Os gatos eram mantidos dentro das casas, nos celeiros de grãos e estábulos mais por serem caçadores de ratos, do que animais de estimação. A colheita interferia até nas relações conjugais ou na formação das  futuras famílias. Se a colheita fosse farta, seu casamento, há muito planejado, tinha grande chance de se realizar; se fosse insuficiente, o casamento seria adiado. Os casamentos tardios eram a principal razão de as mulheres darem à luz somente 4 ou 5 filhos.     

      A aveia, outro grão muito difundido, era dado aos cavalos, que puxavam grandes carroças, em época de paz, e armas pesadas, em épocas de guerra. Na era do cavalo, a aveia era também a comida dos pobres.    

      O debate atual conta toda esta história. O nosso presidente Lula, vive  todos os dias a responder às autoridades da Comunidade Européia e a ONU, que a produção do álcool não vai inviabilizar a produção de alimentos.  

     A cana de açúcar ou milho?  Essa é a moeda de troca do país da Carmem Miranda, diferente da moeda da terra do Tio Sam. A briga é do cowboy contra o cangaceiro? do mocinho ou do bandido?  

      Toda essa polêmica, seria o retornar de uma película antiga, que rendeu recordes de bilheteria – “ De volta para o futuro”.                        

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