Distonia não é tique nervoso

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Movimentos bruscos dos membros, espasmos no pescoço ou nos braços, tremores das mãos ou piscadas repetidas dos olhos. Muito confundida com tique, a distonia é uma doença neurológica que provoca contrações musculares involuntárias quase sempre acompanhadas de dor, resultando em movimentos e posturas anormais que afetam muito a qualidade de vida dos portadores. A Associação Brasileira de Portadores de Distonia chama a atenção da população sobre a doença e destaca a existência de tratamentos de reabilitação que permitem aos pacientes recuperar o bem-estar e amenizar os sintomas.

Diferente do tique nervoso, que é uma manifestação semivoluntária — ou seja, a pessoa tem controle sobre o gesto —, a distonia produz contrações musculares involuntárias em determinadas regiões do corpo. Como consequência, o portador pode ficar impossibilitado de andar, dirigir e realizar atividades básicas como tomar banho, escovar os dentes e comer, tornando-se, em alguns casos, dependente de alguém. Além das limitações físicas, a doença afeta a autoestima, podendo levar a exclusão social, ansiedade e depressão.

Os espasmos podem afetar uma pequena parte do corpo, como os olhos, o pescoço ou as mãos (distonias focais), duas partes vizinhas, como o pescoço e um braço (distonias segmentares), um lado inteiro do corpo (hemidistonia) ou todo o corpo (distonia generalizada).

Na maioria das vezes, a causa da disfunção não é conhecida, mas acredita-se que os movimentos anormais sejam resultado de uma disfunção de uma parte do cérebro, causando a contração excessiva e involuntária dos músculos.

Tratamento

A falta de conhecimento sobre a doença e o fato de ser, às vezes, considerada um tique, faz com que muitas pessoas não procurem orientação médica e vivam com sintomas tão debilitantes. Casos mais graves de distonia nos olhos (blefaroespasmo), por exemplo, podem levar à cegueira funcional.

Não existe cura para a distonia, mas há tratamentos disponíveis que auxiliam na melhora da qualidade de vida. As técnicas empregadas dependem do tipo de distonia: os pacientes podem fazer uso de medicamentos via oral e, em alguns casos, o médico pode considerar a indicação do tratamento cirúrgico.

Um dos tratamentos mais eficazes para a distonia em adultos é o uso da toxina botulínica tipo A, mais conhecido pelo nome comercial, Botox. Aprovado há 17 anos para o tratamento da distonia, o medicamento é injetado diretamente nos músculos, inibindo a liberação de um neurotransmissor (acetilcolina) que envia a mensagem do nervo para o músculo, promovendo a contração muscular. A aplicação da toxina botulínica atenua essas contrações e as dores e ajuda a corrigir a postura. O efeito é temporário, e o tratamento pode ser repetido aproximadamente a cada três ou quatro meses, de acordo com as necessidades de cada caso.

O tratamento com a toxina botulínica é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em hospitais de todo o país, e o valor do medicamento é reembolsado pelos planos de saúde. A lei 9.656/98 assegura o uso terapêutico da toxina botulínica, mas grande parte das pessoas desconhece esse direito, o que sobrecarrega o sistema público.

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