Você já fez atividade física hoje? ainda é tempo

0comentário

Terceira-idade-3

Fazer exercício físico é como tomar banho. É um hábito de higiene para o corpo que tem que ser praticado todos os dias por todas as pessoas, independentemente da idade e de acordo com suas condições de saúde.

O que você precisa saber sobre atividade física na terceira idade, mas não sabia onde perguntar.

O que um indivíduo, acima dos 50 ou 60 anos, que quer praticar atividade física, deve levar em consideração?
Pessoas que estão há muito tempo sem fazer exercício físico, precisam ter cuidado ao iniciar a atividade. É necessária uma progressão apropriada e um planejamento adequado. Aqueles que já fazem atividade física ou sempre fizeram precisam apenas dar continuidade ao programa que desenvolvem. A mensagem fundamental, no entanto, é que todo mundo deve fazer exercício físico regular. Isto é importante para a saúde.

Como podemos saber quais são os exercícios, a intensidade, as características e os cuidados que devemos tomar?
Com uma boa avaliação médica.

Como é feita esta avaliação?
A pessoa deve procurar um profissional médico que tenha vivência e experiência na área de atividade física, seja ele um especialista em medicina do exercício e do esporte, um clínico, um geriatra ou cardiologista. Se estamos falando de pessoas na terceira idade, são necessários exames complementares que auxiliem a identificar situações presentes, ainda que silenciosas, e que possam ser deflagradas por um exercício inapropriado ou mais intenso, sejam de natureza ortopédica ou cardiovascular.

Quem tem hipertensão ou diabetes pode fazer exercício físico?
Pode não, deve. Todos podem fazer exercícios físicos, não importa o problema de saúde que porventura apresentem. A grande questão é que esse exercício deve ser adequado às suas condições de saúde. Para isso, a pessoa tem que conhecer essas condições através da avaliação médica. É necessário que começe a atividade física com pressão normalizada mesmo que seja com medicamentos.

Mulheres que tenham osteoporose se incluem nestes casos?
Todos.temos que entender que, se por um lado, usando o exemplo da osteoporose, um exercício físico feito de forma inapropriada pode causar colisão ou queda e aumentar o risco de uma fratura, por outro lado, orientado de forma correta, pode ajudar a prevenir ou até a tratar esta osteoporose.

Quais são as modalidades esportivas mais adequadas às pessoas que estão na terceira idade?
Uma das grandes barreiras que nós enfrentamos hoje na saúde e na medicina é o sedentarismo. Existem algumas pesquisas no Brasil que mostram que a taxa de sedentarismo gira em torno de 50% e tende a aumentar à medida em que se avança na idade da população. Então, um dos grandes desafios é saber o que fazer para combater este sedentarismo. Orientar as pessoas a fazer atividades com as quais elas não têm afinidade e esperar que elas mantenham o programa de exercício é pedir para que nada mude. Então, o primeiro passo a considerar é que a atividade seja aquela que a pessoa goste, sinta prazer e que sua saúde permita. Assim, não existe um exercício que é melhor do que outro. Para uma pessoa, o que ela mais gosta é o melhor. É isso que a gente vai escolher. Não tente iniciar sua atividade física num dia de stress em sua vida.

O que você diz para o seu paciente para estimulá-lo a sair do sedentarismo e dar o primeiro passo?
A primeira coisa é fazer uma analogia do sedentarismo como um hábito de higiene. É uma necessidade que nosso organismo tem. Uma necessidade que a vida moderna tirou do nosso dia-a-dia e que a gente precisa resgatar. Quando deixamos de se dedicar a este hábito básico de saúde, isso impacta negativamente. Assim, procuramos mudar a percepção do paciente. Quando este conceito consegue ser absorvido, o exercício passa a ser encarado de maneira muito diferente. Ainda há quem veja o exercício como algo supérfluo, feito quando se tem tempo livre. Aí eu sempre digo: você nunca vai ter tempo para algo que não é prioridade.

Muitos médicos dizem que caminhar três vezes por semana durante meia hora é o suficiente. É recomendável que a pessoa faça esse tipo de exercício sem a orientação profissional?
Nessa grande questão que é combater o sedentarismo, temos que levar em consideração atividades corriqueiras e a caminhada é o melhor exemplo. Se a pessoa consegue caminhar em um ritmo confortável, mas tem dificuldade de acesso a uma avaliação médica, é claro que é melhor que se mantenha ativa ao invés de ficar totalmente parada usando o argumento de que não pode ir ao médico. Nós temos que entender que nosso organismo foi feito para se movimentar, então, atividades básicas e leves, desde que realizadas com bom senso, sem dor, falta de ar ou outras queixas, podem ser mantidas. Um profissional, no entanto, pode aprimorar os resultados de um programa de exercícios.

Como prevenir lesões?
Primeiro, sempre ouvir seu corpo. A dor é um mecanismo de alerta que a natureza nos deu para dizer que algo está errado. Por isso, ao sentir dor durante uma caminhada, investigue. Um dos grandes problemas das lesões causadas pela prática esportiva não é a prática em si, mas a falta de atenção ou a tendência de se ignorar sintomas e continuar o exercício a despeito dos alertas. Muitas vezes, a pessoa até usa medicamentos para bloquear a dor. Não ter a dor não significa não ter o problema. Assim, a primeira coisa é ouvir seu corpo. A segunda é usar calçado adequado, que não precisa ser ultra avançado, mas que seja confortável, roupa apropriada e equipamentos corretos. Procurar locais ou áreas, falando especialmente para as pessoas de mais idade, onde as superfícies sejam planas ajuda a minimizar o risco de perda de equilíbrio, de entorse, de quedas e até de fraturas. Isso também é uma forma de prevenir lesões. Esses dias, ouvi uma notícia de uma pessoa que caiu quando corria na esteira. É necessário estar atento à atividade física e não se distrair. A desatenção acaba colocando a pessoa em risco de sofrer um traumatismo.

Idade, seja para homens ou para mulheres, não é desculpa para não fazer atividade física, certo?
Nenhuma desculpa. As pessoas que estão há muito tempo sem atividade física são aquelas que mais se beneficiam de um programa de exercícios. A mudança na sua condição física é alta. Então, se alguém totalmente sedentário começa um programa básico, em pouco tempo, melhora sua condição física, muitas vezes triplicando esta condição, o que causa um impacto muito positivo na sua qualidade de vida. Diferente de um atleta de alto rendimento que treina muito para melhorar pouco porque já está muito próximo do seu limite de performance. Existem estudos com pessoas com mais de 80 anos de idade que mostram o impacto do exercício físico. Notou-se que programas simples, como caminhar, conseguem melhorar o condicionamento. E, mais do que isso, mesmo aqueles que foram pouco ativos durante a vida e começaram a fazer exercícios tardiamente, tiveram uma sobrevida maior do que aqueles que foram ativos durante muito tempo, mas que pararam. Isso reforça o conceito de que o exercício é uma necessidade, um hábito de higiene. Eu sempre digo, em minhas palestras, que fazer exercício é como tomar banho. Você pode ter tomado banho a sua vida inteira, mas se parar por uma semana, vai ficar malcheiroso. Mas se você parou por um tempo e recomeçou, então você volta a ficar cheiroso. Isso significa que mesmo que você nunca tenha feito exercício, ainda assim pode se beneficiar dele.

Uma pessoa de 50 ou 60 anos pode manter uma atividade competitiva?
Pode. Desde que ela tenha bom senso e leve em conta os limites de seu corpo. Existem pessoas de 70 ou 80 anos que fazem maratonas. São poucas. Por quê? Porque elas são privilegiadas do ponto de vista físico. Elas nunca tiveram lesões. É bom lembrar que no caminho ficaram muitas pessoas que talvez quisessem ter mantido estas atividades, mas não conseguiram porque surgiram problemas. O esporte competitivo não é proibido. Mas devemos entender que quanto mais nos envolvemos com atividades mais intensas, maior é a chance de descobrir um probleminha ortopédico que pode comprometer a atividade. Para ter saúde através do exercício, você não precisa participar de competições. Você pode perfeitamente ter saúde em níveis mais baixos de intensidade. Então, o esporte competitivo é algo que, se a pessoa gosta de fazer, quer fazer e tem condições de fazer, ela pode, mas não é a meta, nem o exemplo que se dá para que a pessoa possa ter saúde através do exercício.

Contudo, existe uma grande quantidade de campeonatos e de clubes que oferecem atividades competitivas, mesmo amadoras, para diversas faixas etárias, incluindo a terceira idade, não é?
Isso é verdade. Mas, há uma mudança no objetivo primário. Neste caso, o que importa é a socialização e a confraternização entre as pessoas, mesmo que venham competir entre si. Elas valorizam muito mais estar juntas do que a performance. Outro fator interessante é que as pessoas começam a competir com elas mesmas. Isso vemos muito em corrida de rua. No atleta veterano, prevalece a necessidade de se manter ativo e de encontrar com seus rivais no esporte, mas amigos no dia-a-dia. É visto com bons olhos.

Você pode começar com qualquer idade?
Claro que pode. Não tem gente que aprende a nadar com 50, 60, 70 anos? É uma vitória.

Na internet, há vídeos com ginastas bem veteranas, às vezes com 70 anos, fazendo exercícios de solo e barras. Como chegar isso?
É a união de dois fatores: a prática ao longo da vida e o privilégio de ter nascido com uma condição física muscular e cardiovascular que permita a atividade em um nível um pouco acima dos outros. São pessoas afortunadas. Os que ganham as competições esportivas também são afortunados. Claro que treinaram, se esforçaram, mas aí também tem um componente genético que ajuda, sem menosprezar, claro, a dedicação. Mas a mensagem mais importante é essa: você pode fazer a sua atividade, se você se sentir bem e se sentir confortável, inclusive competitiva, desde que com bom senso. Não há contraindicação. Os esportes e os eventos esportivos suprem muitas necessidades. Muitas vezes, as pessoas, após perderem um cônjuge ou verem os filhos criados, tendem a se isolar. O esporte ajuda muito na socialização.

Eu costumo dizer “sempre”, a medicina é a ciência das verdades transitórias. Isso é o que temos para hoje, parafraseando o que está bem na moda entre os jovens.

Sem comentário para "Você já fez atividade física hoje? ainda é tempo"


deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS