Menopausa ou climatério?

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Menopausa, pré-menopausa, climatério.

Ao cruzar a linha dos 40, a mulher passa a se preocupar com palavras como essas, que pareciam só fazer parte do vocabulário da mãe, da tia e das velhotas do pedaço. Algum tempo depois, ela sente na pele — na verdade, no corpo inteiro! — o que significam: um turbilhão de mudanças físicas e psicológicas que leva ao fim da capacidade reprodutiva.Na boca do povo, todo esse longo período é chamado de menopausa. Mas, para sermos cientificamente corretos, é preciso esclarecer que essa expressão designa apenas a última menstruação. Só isso. A fase que chega um pouco antes desse grand finale e se estende por muitos anos é o climatério. Esse, sim, a mais completa tradução de uma reviravolta hormonal no sexo feminino.

Existe ainda mais uma palavrinha: a pré-menopausa. É quando a fertilidade começa a despencar ladeira abaixo. “No auge da vida reprodutiva, a mulher tem 75% de chances de engravidar em seis meses”, explica o ginecologista e obstetra Rogério Bonassi Machado, professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí e secretário geral da Sociedade Brasileira de Climatério (Sobrac). “Depois dos 40, a probabilidade de ficar grávida não passa de 20%.”

Estrógeno sai de cena
Os sinais mais desagradáveis do climatério atingem o apogeu na menopausa — o que pode ser a raiz de toda a confusão com esses nomes. No entanto, se a mulher reparar, eles já dão as caras sutilmente um pouco antes. E, quando a menstruação some para sempre, continuam firmes e fortes até um ano depois. Esse auge do furacão é a perimenopausa — perdão, aí vai mais um nome. É nela que a vagina perde a umidade e surgem os fogachos — ondas de calor que fazem a mulher se abanar até debaixo da neve. Antes de desaparecer, a menstruação passa a falhar. Às vezes, fica meses sem descer. Pode vir em um mês, não vir em outro. Ou surpreender, surgindo duas vezes no espaço de 30 dias. Tudo porque na perimenopausa já não há mais hormônio feminino suficiente para fazer o útero se preparar para a gravidez com a regularidade de outrora — e lembre-se de que o sentido biológico da menstruação é esse. Sem o pontapé inicial nesse ciclo, muitas vezes nada acontece. Ou fica tudo tão descontrolado que ele se completa a cada 15, 20 dias.

Antes, durante e depois
O que costuma acontecer em cada fase do climatério (as faixas de idade são aproximadas)

Pré-menopausa (dos 35 aos 48 anos)
Há controvérsias sobre a época em que se inicia. Para alguns médicos, ela começa aos 35 anos. Outros acham que só aos 40.
Sinal: queda acentuada da fertilidade.

Perimenopausa (dos 45 aos 50 anos)
Abarca o período de dois a três anos antes da última menstruação e até um ano depois.
Sinais: irregularidade no ciclo menstrual, ondas de calor (fogachos), transpiração intensa, dificuldade para dormir, irritabilidade e sintomas parecidos com os da TPM, porém mais intensos.

Menopausa (por volta dos 48 anos)
É o nome que se dá à última menstruação. Ela só pode ser reconhecida definitivamente após um ano de ausência do sangramento.

Pós-menopausa (dos 48 aos 65 anos)
Vai da última menstruação aos 65 anos, quando a mulher ingressa no que se convencionou chamar de terceira idade.
• Sinais: a vagina seca e fica fragilizada, maior propensão a infecções urinárias, escape involuntário de urina, perda da libido, aumento do risco de câncer de mama, osteoporose e doenças cardiovasculares.

Ai, que calor!
Os fogachos infernizam 75% das mulheres no climatério por um tempo médio de cinco anos. Há vítimas que ardem em suas brasas até dez anos. Quem sentiu descreve a sensação de forma assustadora: é um calor insuportável, que nasce na região do pescoço e se irradia pelo rosto e pelo tórax. Cada onda dessas dura de quatro a seis minutos, que parecem os mais longos do mundo.

A sensação de calor é conseqüência de dilatações repentinas de veias e artérias, que, logo em seguida, se contraem. Para regular a temperatura corporal destrambelhada pelo vai-e-vem dos vasos, o corpo começa a suar. A mulher se abana e, minutos depois, sente calafrios terríveis.

O hipotálamo, a área cerebral que controla a atividade dos ovários, também é o encarregado de ajustar o termômetro corporal. Por isso, uma hipótese para o fogacho é a de que, ao tentar elevar a produção de estrógeno, o hipotálamo desencadeie essas ondas. Há outros sintomas causados pela baixa do estrógeno. Por exemplo, o mau humor, já que (veja o azar!) esse mesmíssimo hormônio ajuda a elevar os níveis de neurotransmissores relacionados à percepção de bemestar, como a serotonina. Daí, com a diminuição da concentração do estrógeno, poderem vir a irritação, a insônia, a depressão e, de quebra, mais os sintomas típicos da TPM — diga- se, ainda mais intensos.

Coração corre perigo
Na pós-menopausa, período que dura em torno de 15 anos, os reflexos da falta do estrógeno se consolidam. A vagina se atrofia e suas paredes se tornam vulneráveis a traumas. As relações sexuais podem se tornar mais difíceis e doloridas se a mulher não encontrar saídas.

A perda de elasticidade atinge também a uretra, o que pode desencadear problemas como inflamações, incontinência e o que os médicos chamam de urgência miccional — nada mais é do que um desespero para fazer xixi.

Se o estrógeno estivesse envolvido com a reprodução, vá lá. Mas não: ele também estimula o colágeno, que dá viço à pele. Para completar, atua como um anjo da guarda do coração: ajuda a diminuir o colesterol ruim e a elevar o nível do colesterol bom na circulação. Quando esse hormônio mingua, as doenças cardiovasculares ganham terreno.

Outro mal bastante típico da derrocada do estrógeno é a osteoporose — o hormônio feminino desaparecido dava uma boa mão na produção e na reabsorção dos tecidos ósseos.

No nascimento, o ovário da menina carrega um lote de 2 milhões de folículos, mas grande parte morre ao longo dos anos. Quando entra na puberdade, conta com apenas 300 ou 400 mil.

1. Todo mês são recrutados mil folículos para a ovulação. Cada um possui uma célula germinativa cercada pelas chamadas células teca e granulosa. Estimuladas pelo hormônio FSH, elas produzem estrogênio, o hormônio que prepara o útero para uma possível gravidez e atua na transformação da célula germinativa dentro do óvulo.

2. Quando o óvulo caminha para as trompas, os demais folículos que tentavam amadurecer morrem. O folículo de onde ele saiu vira o corpo lúteo, que fabrica progesterona, o hormônio que sustentará a gravidez caso ela ocorra. Não engravidando, a mulher menstrua, os níveis de
hormônio feminino caem.
A hipófise, uma glândula situada no cérebro, detecta essa queda e libera o hormônio FHS, que dá a ordem para tudo recomeçar.

3. A mulher entra no climatério com 8 a 10 mil folículos. Diante desse baixo estoque, a produção de hormônios femininos decai até se tornar insuficiente para preparar o útero à gestação. É quando a menstruação começa a falhar.

FONTES: WALTER BANDUK SEGUIN, GINECOLOGISTA E OBSTETRA DO HOSPITAL E MATERNIDADE SÃO CAMILO — POMPÉIA, E EDUARDO VIEIRA DA MOTTA, GINECOLOGISTA E OBSTETRA DO HOSPITAL ALBERT EINSTEIN E DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE SÃO PAULO

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Atividade física na terceira idade

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   José Xavier de Melo Filho – [email protected]

Conforme vamos ficando mais velhos a tendência da maioria é reduzir a intensidade da atividade física, ficando mais sedentário e o resultado disso é menos mobilidade e menos independência. A atividade física regular pode fazer toda diferença.

Como preparar o corpo para a passagem do tempo? Atividade física, as corridas, musculação, etc está muito associada ao vigor da juventude e ao culto ao corpo e a beleza. Mas é importante relembrar que o organismo ou corpo humano foi  primariamente  concebido para fazer atividade física. O homem primitivo dependia da atividade física para sua sobrevivência, nossos antepassados passavam por períodos longos de estiagem, onde nem sempre a comida era algo certo, invariavelmente tinhamos de caçar, pescar e colher para sobreviver. O fenômeno do sdentarismo é algo relativamente recente em nossa história, e o ser humano mudou muito pouco(do ponto vista biológico) nas últimas dezenas de milhares de anos. A medida que o homem foi evoluindo intelectualmente ele foi produzindo uma série de tecnologias em função do sedentarismo, a serviço da comodidade, tais como elevador, automóvel, controle remoto, celular, carro automático,etc. Isto foi gerando uma série de doenças, o que nós chamamos de doenças modernas. É preciso pensarmos diferente, ao chegarmos a boa idade, precisariamos fazer atividade física para resgatar a nossa saúde, quando na verdade não deveríamos ter parado de fazer atividade física. Desde quando a gente nasce até o momento de morrer, deveríamos manter esse gasto calórico elevado.

Na juventude nós temos uma série de produção de hormônios que nos favorece a ganhar massa muscular, a diminuição de gordura, o que nos dá uma condição física melhor. A medida que nós envelhecemos, diminui a produção de hormônios, e nós vamos perdendo massa muscular, força muscular e perdendo mobilidade. Se mantivermos o nível  de atividade física, essa queda será muito menos acentuada.

O tipo de atividade física ideal para a terceira idade, segundo a OMS  de vida é dependente do gasto calórico. Esse gasto calórico é independente do estilo. Se o exercicio é natação, pedalar,caminhar ou dançar. É óbvio que cada indivíduo pode ter uma série de limitações, como as do aparelho locomotor, diabetes ou hipertensão.

A atividade física tem de ser adaptada ao indivíduo e não o indivíduo à atividade física, respeitando essas limitações, todos podem fazer qualquer exercício, ai vai acordo com a individualidade.

Qual o valor da musculação nesta faixa étária? Uma das reduções hormonais que ocorre com a idade é a queda na produção da testosterona, tanto no homem quanto na mulher, apesar do predominio masculino. A musculação estimula a produção de testosterona levando a manutenção de massa muscular, aumenta a incorporação de cálcio nos ossos, diminui a incidência de osteoporose, fratura de colo de fêmur, fratura de stress.etc. Do ponto de vista científico existem cada vez mais evidências apontando o efeito benéfico de um estilo de vida ativo na manutenção da capacidade funcional e da autonomia física durante o processo de envelhecimento.

Uma das principais causas de acidentes e de incapacidade na terceira iade é a queda que acontece por anormalidades do equilibrio, fraqueza muscular, desordens visuais,anormalidades visuais, doença cardiovascular, alteração cognitiva, e consumo de alguns medicamentos.

 O exercicio contribui na prevenção das quedas através de vários mecanismos:

             Fortalece os músculos.

             Melhora os reflexos.

             Melhora a sinergia motora das reações posturais.

             Melhora a velocidade de andar.

             Incrementa a flexibilidade

             Mantém o peso corporal

             Melhora a mobilidade.

             Diminui o risco de doença cardiovascular.

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Planta sobe montanha para fugir do calor

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          Com o aquecimento global, vegetais migraram, em média, 29,4 metros de altitude a mais por década entre 1995 e 2005. Aponta estudo publicado hoje na revista Science.

       Das 171 espécies estudadas em áreas da França, 118 tiveram deslocamento para para outras áreas mais altas e 53 diminuiram sua elevação.

       As plantas estão fugindo do calor provocado pelo aquecimento do planeta. O estudo revela que os vegetais de montanha dos Alpes Franceses, estão vivendo cada vez mais alto, na direção do frio.

       É o primeiro trabalho que permite dizer com confiança que espécies de planta estão se movendo por conta do aquecimento global.

       Equador ou Antártida? Que o aquecimento está afetando a distribuição de espécies de plantas e animais já é sabido. Mas, até agora, os estudos se restringiram mais a variações de calor devido à latitude (quanto mais uma espécie se afasta ou se aproxima do calor do equador ou do frio polar).  

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Cultuar o corpo ou a mente

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        O livro do Zuenir Ventura- 1968, O que fizemos de nós. Faz uma reflexão da mudança de comportamento da sociedade brasileira. Com ajuda de psiquiatras e antropológos, ele traça um perfil da cabeça e do corpo do brasileiro.    

     Quanta diferença de quarenta anos atrás! A aparência tornou-se mais importante que o interior -, o que predomina hoje são os cuidados corporais, médicos, higiênicos e estéticos. No passado Freud era moda, assim como Mao e Marx. Em certos meios, era difícil conversar sem empregar ou ouvir lugares-comuns  psicanalíticos: transferência, repressão, recalque, ato falho, inconsciente, alieanado, engajado ou complexo de culpa. Hoje predominam os termos de origem biológica, como neurotransmissores, serotonina, sinapse, localização cerebral, redes neurais, plasticidade cerebral. O tempo passou – arroba”@” só servia para designar o peso – equivalente a cerca de 15 quilos – de produtos agropecuários, hoje é o sinal gráfico mais usado em todo o mundo.   

     O ontem, a forma de terapia mais recomendada em tempo de coletivismo era a “análise de grupo”. ”Assumir” – e hoje a terapia é “malhar”. Se resolvia todas as questões: “você precisa assumir” – fosse uma fraqueza, uma culpa, um desejo, uma preferência sexual.     

   A moda não é mais “fazer a cabeça”, mas o corpo. A busca do corpo perfeito criou uma indústria que mobiliza fábricas e laboratórios farmacêuticos, nutricionistas, cirurgiões plásticos, personal trainers, calçados e roupas especiais para caminhadas e corridas, fazendo proliferar por todo país as academias de ginástica.   

      Segundo Francisco Ortega , professor da UERJ, a compulsão consumista foi canalizada para compra de produtos de saúde, fitness e beleza, e o corpo tornou-se “o  lugar da moral”. Dietas sem gordura, sexo seguro e malhações intermináveis impuseram ” novas coações ao prazer pós-moderno”. O resultado é que o interesse exagerado pelo corpo estaria gerando “desinteresse pelo mundo”, e a hipertrofia muscular estaria se traduzindo em atrofia social. “Não podendo mudar o mundo, tentamos mudar o corpo, o único espaço que restou à utopia, à criação. As utopias corporais substituíram as utopias sociais.”  

      Zuenir Ventura mostra que ” essa ideologia do corpo perfeito” estimula os estereótipos contra os que fogem ao padrão ideal:  os gordos, feios, baixos,”deficientes” físicos. “A obsessão pelo corpo bronzeado, malhado, sarado e siliconado faz aumentar o preconceito e dificulta o confronto com o fracasso de não atingir esse ideal, como testemunham anorexias, bulimias, distimias e depressões cada vez mais comuns entre jovens e adultos da nossa sociedade”.

        Um trabalho do antropólogo César Sabino no Rio de Janeiro, feito em academias da Zona Norte, constatou que a busca da forma ideal resulta num processo inalcançável. Frequentadores de academias de musculação que buscam a forma física perfeita através da ” malhação” – aqueles exercícios árduos e incessantes em que se submetem os músculos a provas de resistências e muitas vezes, de exaustão. Por mais “trabalhado” que esteja o corpo do praticante,” ele nunca se dará por satisfeito, querendo sempre perder adiposidade, definir o abdômen, aumentar tríceps e quadríceps”. Exige disciplina, frequência diária  e dietas alimentares, com vitaminas, aminoácidos, proteinas e energéticos.  Não se exclui nem mesmo o consumo ilegal de drogas, como anabolizantes ou “bombas”. “O corpo é considerado uma máquina que deve ser conectada a outras máquinas – os aparelhos de musculação – para ser aprimorado”. Uma das razões do sucesso das academias é a possibilidade de transformar, de superar as limitações da natureza. Por meio de exercícios e anabolizantes, você “esculpe um novo corpo”.   

     O trabalho do antropólogo mostra que os exercicios são variados e, no caso das mulheres, privilegiam certas partes do corpo consideradas pelos homens como “desejáveis”:coxas, cintura, e principalmente nádegas. Segundo antropólogo, a região dos glúteos é a que merece mais cuidados. As praticantes que mais se aproximam do ideal de mulher bonita, têm “cintura fina, pernas grossas e glúteos avantajados, tudo isso com a maior ausência possível de adiposidade, estrias e celulite”. Quando Sabino perguntou a elas “o motivo dessa obsessão calipígia”, obteve como respostas: “porque esta é a parte do corpo que os homens mais olham em uma mulher”. Não é difícil concluir que os homens se exercitam para si, enquanto as mulheres se exercitam para os homens.

       Zuenir finaliza dizendo – Para uma época que se preocupa mais com o físico do que com a mente, eis um tema para debate: qual seria o verdadeiro corpo feminino brasileiro- o que é feito de músculos, os de ossos ou de carne?

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O coração da mulher é diferente ?

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alk_nrg_drink_05301.jpg            Do ponto de vista científico parece que sim. Neste sábado, dia 14/06, fiz uma palestra em Belém, com esse tema durante a realização do  XXVIII Congresso Norte e Nordeste de Cardiologia. O conteúdo dessa palestra mostra alguns dados muito interessantes. Nos Estados Unidos morrem anualmente, mais mulheres que homens, vitimadas por doenças cardiovasculares. Aqui no Brasil não acontece o mesmo. O homem brasileiro é mais acometido e morre mais de causa cardiovascular.

            O que existe de diferente? Existem muitas peculiaridades. Do ponto de vista anatômico as mulheres têm suas artérias coronárias mais finas, as placas de gorduras crescem mais para o lado de fora da luz da artéria, o que nós chamamos de remodelamento positivo, o que vem trazer  dificuldades na identificação de obstruções, quando é realizado um cateterismo. Quando submetida a um Teste Ergométrico e o resultado é alterado, na maioria das vezes são falsos positivos, por vários motivos, entre eles se incluem alterações hormonais ou alterações prévias do eletrocardiograma de repouso. A mulher tem mais doença microvascular e os homens doenças das grandes artérias. Há muita dificuldade de tratar e diagnosticar doenças em vasos de pequeno calibre.

             A principal causa de Infarto da mulher na fase de pré-menopausa é o tabagismo. Hoje a mulher fuma tanto quanto o homem. Dados recentes dos americanos, indicam que há uma redução no consumo de cigarros entre os homens, e o mesmo não acontece no sexo feminino.

             Quando a mulher procura uma emergência com suspeita de um ataque cardíaco, primeiro ela demora mais que o homem, pois ela tem dificuldades de reconhecer os sintomas, se eles estão ou não relacionados ao coração. O seu limiar de dor é diferente. A sua sintomatologia é mais atípica e mais variada, nem sempre é dor no peito, o que também dificulta o reconhecimento por parte dos médicos. 2/3  delas apresentam o Infarto já como a primeira manifestação clínica. 1/3 apresentam infarto sem dor no peito. Elas já chegam ao pronto-socorro com mais co-morbidades. São mais hipertensas e diabéticas. Após a menopausa a maioria tem colesterol elevado. 

             Os trabalhos  médicos apontam que no mundo inteiro, elas são discriminadas científicamente,  são  menos referidas para cateterismo cardíaco, pois achava-se que os acidentes pudessem ser maiores no sexo feminino. Por isso até hoje ela fazem menos angioplastias e menos procedimentos cirúrgicos do coração. Até mesmo os trabalhos científicos só recrutavam 10% das mulheres, pois também achava-se que havia uma demora no aparecimento da doença na mulher, isso acontece realmente, só até chegar o momento da menopausa, ou quando ela não é fumante, hipertensa, diabética ou tenha o antecedente familiar de cardiopatia. A oferta de remédios preventivos como aspirina e estatinas, que são comprovadamente efetivas, são prescritas em menor quantidade nas mulheres. O interessante é que a Terapia de Reposição Hormonal que reinou por mais de duas décadas como droga, que viria prevenir as doenças cardiovasculares, é muito bem aceita pelas mulheres modernas, mais hoje está comprovado os  seus efeitos deletérios para o aparelho cardiovascular. Sua indicação hoje é aceita apenas para reduzir sintomas da menopausa, com duração de no máximo 4 anos.

             Realmente existe um retardo no aparecimento da doença coronária na mulher, esse retardo é de 10 anos, isso acontece até os 60 anos, porém  quando a doença chega na mulher, ela é mais grave. Após o diagnóstico de Infarto do Miocárdio elas morrem mais, principalmente as mais jovens. As mulheres diabéticas e cardiopatas são mais graves que os homens diabéticos. O que adiciona um índice mortalidade muito maior que nos homens diabéticos.

             A capacidade funcional(leia-se física), é menor na mulher, o que dificulta programas de reabilitação cardíaca. Outro grande problema, é a superfície corporal que também é menor entre as mulheres, o que vem provocar mais efeitos adversos no uso de medicamentos, pois geralmente não há correção das dosagens.

             Encerrei a conferência dizendo: “As mulheres ainda, são mais sub-diagnosticadas, sub-tratadas e sub-pesquisadas”

                                  [email protected] 

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Estamos cuidando bem das mães e das nossas crianças?

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          Como  medir o progresso  e desenvolvimento dos países e do nosso planeta?

          Uma via indicada e de amplo consenso, é perguntar como estão sendo tratadas as mães e as crianças. Um recente informe da Unicef 2008 dedicado as crianças do mundo e que acaba de ser publicado, mostra um panorama inquietante.

          O documento mostra que é prioridade oferecer assistência adequada durante a gravidez e parto, dar cuidados necessários ao bebê. Ambos são altamente vulneráveis nesta fase. A situação da mãe e do bebê estão muito ligadas. Se a mãe tem problemas de saúde, a repercussão é imediata no bebê.

          Nos países desenvolvidos são tomados todos os cuidados, só morre uma mãe a cada 14.285 nascimentos. No mundo em desenvolvimento morrem 500.000 mães por ano, uma a cada minuto. A razão central dessa distorção é a falta de assistência médica. A OMS recomenda um médico a cada mil pessoas. Nenhum país da África sub-saariana e do sul da Ásia chegam a esse número. Na Nigéria e Tanzânia há um médico para cada 50.000 pessoas. Vejam o outro lado moeda. Todos os partos na Suécia, Noruega e Finlândia são atendidas por especialistas. Por aqui na América Latina enormes progressos estão sendo alcançados segundo a Organização Panamericana de Saúde(OPAS), mas muito há de ser feito. morrem 22.000 mães anualmente.

          Os cuidados com recém-nascido devem ser o tema central das políticas de saúde. Apesar das melhorias, as cifras são ainda muito preocupantes. Cada ano, no mundo morrem 9.7 milhões de crianças, antes de completar os 5 anos de idade, 26.000 por dia e 3 por segundo, na sua grande maioria de causas preveníveis. Um terço das mortes são de crianças que perecem no primeiro mês de vida, sem ter acesso a serviços elementares de saúde. Se estima que as mortes anuais de crianças equivalem as vítimas das mortes de um tsunami. 50% das mortes são causadas por desnutrição da mãe e das crianças. Ao reduzir a desnutrição, se reduziria fortemente as mortes por enfermidades facilmente tratáveis, como diarreia e pneumonia, que tem como causas principais a falta de água potável e instalações sanitárias adequadas e más práticas de higiene. Só a pneumonia mata mais de 3 milhões de crianças menores de cinco anos a cada ano. Os antibióticos que se necessitam para tratar pneumonia, custam menos de 30 centavos de dólar. Qual ao justificativa para não serem tratadas? A elevação dos preços mundiais dos alimentos básicos podem agravar ainda mais esses problemas. Se estima que podem chegar a probeza extrema, as cifras de mais de 200 milhões de pessoas.

          A nossa America Latina mostra um quadro paradoxal, Produz alimentos, três vezes mais  que sua população atual, no entanto 25% das mães que dão a luz, sofrem de desnutrição, e mais de 50% das mortes das crianças também são causadas por ela, 16% das crianças têm desnutrição crônica. Segundo informa The New York Times, investigações recentes mostram que quando as crianças não são amamentadas, aumentam o risco de infecção pulmonar,obesidade,diabetes e até câncer. 60% das crianças do mundo em desenvolvimento não recebe lactância materna, durante o período mínimo desejável.

          A prestigiosa instituição Save the Children mostra que as mulheres suecas têm educação formal durante mais de 17 anos e uma esperança de vida de 83 anos, e que só uma de cada 185 perde um criança antes que cumpra um ano. Cada mulher na Nigéria só têm três anos de assistência à educação, só uma de cada dez sabe ler e sua expectativa  de vida é de apenas 45 anos, 25% das crianças morrem antes de completar um ano. Cada mulher na Nigéria verá uma criança morrer e 90% delas podem perder até 2 crianças no decorres de sua vida.

          Não há muitas justificativas para o péssimo trato, que o planeta que transborda em riquezas e tecnologias, tenha dado para as mães e as crianças. Com 20 dólares, se pode assegurar a um recém-nascido, como se faz na Noruega, toda  bateria de vacinas básicas que necessitará em sua vida. Com 5 doláres se pode comprar uma rede para proteger contra mosquitos e reduzir radicalmente os milhões de mortes anuais por malária. Com 33 centavos de dólar, se pode vacinar contra sarampo e nisso o Brasil é bom. O sarampo está matando 240.000 de crianças por ano, e em 47 países têm alta incidência porque um terço dos menores de 5 anos não são vacinados.

          Bastariam proporcionar ínfimos valores do PIB de países mais ricos para dar possibilidade de vida a muitas vítimas inocentes. 

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