… Uma vírgula… e ponto final.

Me elegi deputado pela primeira vez em 1982, há exatos vinte e quatro anos, e que primordialmente sempre busquei duas coisas no exercício dessa atividade, coerência e lealdade. Acredito que tive um razoável sucesso nesse intento, tanto que em conseqüência disso construí uma carreira sólida e respeitável. Prova disso é o fato de a grande maioria de meus amigos, no âmbito da política, ser membros de grupos políticos diferentes do meu, terem visões políticas diferentes da minha.
Dito isso, vamos aos fatos: Antes do primeiro turno das últimas eleições, como faço sempre, fiz um estudo sobre a quantidade de vagas que cada partido ou coligação deveria conseguir, tanto para a Assembléia Legislativa, quanto para Câmara Federal. Um estudo como esse é indispensável para que partidos, coligações e candidatos possam escolher as melhores estratégias de ação para o pleito. Esse tipo de avaliação previa não é feito apenas por mim, mas por todos aqueles que saibam faze-lo e que tenham conhecimento e informação para tanto.
No estudo que fiz, estimei que para deputado estadual, a coligação capitaneada pelo PFL elegeria 16 deputados, e elegeu 14; que o PSDB elegeria 8 deputados, e elegeu 9; estimei que O PDT elegesse 6 deputados e minha estimativa comprovou-se acertada; Imaginava que o grupo do PSB ficasse com 4 cadeiras, mas ficou com 5; inicialmente atribui 4 vagas para outra coligação, mas poucos dias antes da eleição, devido uma serie de impugnações, corrigi esse montante para 3, e acertei; previ que duas pequenas coligações elegeriam 1 e 2 deputados respectivamente, mas ocorreu o inverso. Por fim acertei quando disse que outras duas pequeninas coligações elegeriam 1deputado cada. Mais uma vez minha percepção foi acertada.
O resultado das urnas em 1º de outubro confirmou que a minha avaliação estava correta. Acertei 38 das 42 vagas para ALM. Um Acerto superior a 90%.
No tocante aos nomes dentro destes partidos e coligações, nunca foi minha intenção indicar esse ou aquele candidato como eleito ou derrotado, mas alguns nomes eram tidos como francos favoritos. Uns se confirmaram como foi o caso de João Evangelista, Cleide Coutinho e Marcelo Tavares, todos superados por outro favorito, Afonso Manoel. Da mesma forma que ninguém imaginava que Manoel Ribeiro deixasse de se eleger. Havia também quem apostasse que era certa a eleição de Valdivino Cabral, Márcia Marinho e Ricardo Archer.
Mesmo assim, numa lista de possíveis 60 nomes para preenchimento das 42 vagas da ALM, só não constava o nome do vereador Nonato Aragão. 1 erro em 60 nomes para 42 vagas.
Para a Câmara Federal, das 18 vagas só ocorreu um equivoco em meu estudo. Imaginava que o grupo liderado pelo PFL elegesse 8 e elegeu só 7 deputados, enquanto eu acreditava que o time do PDT elegeria apenas 2 deputados e elegeu 3. Acerto também superior a 90%. Quanto aos nomes, numa lista de possíveis 27 para preenchimento das 18 vagas da CF, todos os eleitos estavam relacionados. Nenhum erro em 27 nomes para 18 vagas.
Não fiz esse estudo como previsão cabalística ou astrológica, fiz para avaliar preliminarmente cada partido ou coligação e ver, dentro deles, indistintamente, as reais chances dos diversos candidatos. Não fiz esse estudo em busca de reconhecimento ou de aplauso, fiz pra servir de guia não só para mim, mas para alguns amigos, não só do meu grupo, mas de todas as tendências políticas. Tanto, que muita gente, muito candidato, ligou pra mim para saber a tendência eleitoral deste ou daquele partido, desta ou daquela coligação.
Agora, no segundo turno, baseado nos números do primeiro, onde Roseana superou Jackson por 350 mil votos, e onde os demais candidatos reunidos obtiveram apenas 500 mil votos, estimei, com base em probabilidades estatísticas, e de forma bastante pessimista, que 420 mil destes votos, 84%, migrassem para Jackson e apenas 80 mil, 16% fossem para Roseana. Apesar de privilegiar mais uma tendência que a outra, chegando mesmo a ser pessimista, ainda assim errei.
O que aconteceu foi que Roseana no segundo turno só obteve algo em torno de 10 mil votos a mais que no primeiro, enquanto Jackson amealhou uma faixa de 460 mil.
Uma semana antes de 29 de outubro, um determinado instituto de pesquisa, registrou e fez divulgar na imprensa, um levantamento que apontava Jackson 16% a frente de Roseana, o que totalizaria 480 mil votos de diferença em favor do candidato do PDT.
Tendo em vista que o resultado das urnas confirmou o vencedor com apenas 1,5% a mais de votos que a vencida, me diga! Quem errou mais? Eu, que sem ter a vantagem cientifica de nenhuma pesquisa estimei que Roseana ganhasse por 10 mil votos, menos de 0,5%, ou o tal instituto de pesquisa que previa a vitória de Jackson por 480 mil votos de diferença, 16% do total dos votos validos?
Não precisa ser vidente, estudioso, conhecedor ou instituto de pesquisa para acertar o resultado de uma determinada eleição, mas precisa ser serio para assumir sua posição, seja ela política ou meramente moral.
Os estudiosos podem apresentar seus levantamentos e os institutos de pesquisas podem apontar seus prognósticos, mas em matéria de eleição quem decide mesmo é o eleitor e sua vontade livre e soberana não pode ser questionada por quem quer que seja a não ser por ele mesmo e somente quatro anos depois.

PS: Quero aproveitar a oportunidade para agradecer aos 32.791 eleitores do Maranhão que me confiaram o seu voto, e dizer-lhes que, farei tudo para continuar representando-os da melhor maneira possível na ALM.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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