O confuso voto proporcional

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Aonde quer que eu chegue pessoas me perguntam sobre as possibilidades de vitória de seus candidatos a vereador na próxima eleição.

Nem lembrava mais como foi que tudo isso começou. Quando e como foi que eu aprendi a fazer essas contas que possibilita chegar ao coeficiente eleitoral e partidário, para com isso vislumbrar as possibilidades dos partidos em eleger seus candidatos.

Devo deixar bem claro que não sou muito bom de contas. Nunca fui. Sempre gostei mais das matérias discursivas como filosofia, história, geografia e literatura.

Já meu pai era um gênio matemático e um mago da mídia. Fazia as operações aritméticas de cabeça e com uma velocidade incrível e inventava mil formas de comunicação. Nessas coisas eu não puxei para ele.

Desde criança acompanhava-o em suas campanhas políticas. Era frequente que ele chamasse minha mãe para que ela me retirasse da sala, pois minha presença inquieta atrapalhava a conversa.

Comecei a auxiliá-lo informalmente na Assembléia Legislativa em 1975, aos 15 anos, e sempre que podia presenciava suas conversas com políticos importantes e cabos eleitorais influentes vindos do interior. Efetivamente passei a assessorá-lo em 1979, como chefe de gabinete em seu primeiro mandato como deputado federal.

Já escrevi anteriormente sobre esse meu aprendizado político. Tive como mestres além de meu pai e meu tio José Antonio Haickel, José Sarney, Clodomir Millet, Pedro Neiva de Santana, Haroldo Tavares, Nunes Freire, José Burnet, João Castelo, Ivar Saldanha, Alexandre Costa, Vieira da Silva, Epitácio Cafeteira, Edison Lobão, João Alberto, José Bento Neves, Gervásio Santos, Raimundo Leal, Celso Coutinho e tantos outros grandes políticos. Isso sem contar os colegas que tive. Gente como Jaime Santana, Sarney Filho, Chico Coelho, Ricardo Murad, Haroldo Saboia, Edivaldo Holanda, Albérico Filho… Com professores e colegas como esses um aluno só não progride se não for talhado para o negócio.

Mas voltemos ao cálculo do coeficiente eleitoral. Aprendi a fazer essas contas em 1979 e quem me ensinou foi um colega de meu pai, Daso Coimbra, deputado federal pelo do Rio de Janeiro.

A primeira coisa que deve ser dita é que qualquer um pode fazer esses cálculos, pois eles estão publicados e explicados na lei eleitoral. O que não está na lei é o conhecimento político e o acesso às informações confiáveis que possibilitam fazer os estudos que nos permitem saber das chances de cada partido em uma eleição.

A conta é simples. Obtemos a quantidade de votos válidos somando-se todos os votos dados aos candidatos individualmente àqueles dados a todas as legendas dos partidos em disputa e divide-se esse resultado pela quantidade de vagas oferecidas.

No caso desta eleição em São Luis, estima-se que os votos validos serão 520.000. Dividindo esse numero por 31 vagas à Câmara, chegaremos a um quociente eleitoral de 16.774 votos. O que significa dizer que, para eleger um único vereador, um partido ou uma coligação deverá atingir esse número de votos.

Nas condições citadas acima, o partido que alcançar 16.773 não elegerá vereador algum.

Cálculo semelhante deve ser feito individualmente em relação a cada partido ou coligação.

Para sabermos quantos vereadores cada partido ou coligação elegerá, basta apurarmos seus votos válidos e dividirmos pelo quociente eleitoral. Imagine que uma coligação obtenha 67.269 votos. Divida esse numero por 16.774 e o resultado será 4.

Essas contas não são assim, exatas, por isso a contabilização das sobras é muito importante, mas infelizmente não dá para explicar isso em uma crônica de jornal.

Quando faço o meu estudo, me atenho exclusivamente a performance de partidos e coligações, não faço avaliação individual de candidatos, pois análises como essas dependeriam de uma imensa quantidade de informações, as mais confiáveis possíveis, coisa que não é fácil de se obter.

Esse estudo não é infalível. Da mesma maneira, pesquisa de opinião não pode ser levada cientificamente em conta para medir-se a preferência quanto a cargos em disputa proporcional, pois outros fatores são muito mais decisivos que os votos individuais de cada candidato.

Sobre esse fato gosto de citar o caso do ex-governador Jackson Lago que na eleição de 1986, mesmo tendo mais votos do que a soma dos dois últimos deputados federais eleitos pelo PMDB, não conseguiu se eleger, pois seu partido não obteve a quantidade mínima necessária para eleger um deputado.

Sobre a próxima eleição em São Luis, no primeiro estudo que fiz semanas atrás, cheguei à conclusão de que das 16 coligações ou partidos em disputa, 2 não elegerão nenhum vereador. Os 14 restantes devem eleger de forma direta 26 dos 31 vereadores, ficando 5 vagas para serem preenchidas pelos cálculos das sobras.

Muito mais que isso não poderia dizer e o que dissesse seria proveniente das informações políticas e eleitorais que me chegam pela grande quantidade de contatos que faço diariamente.

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A outra

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Que Diana Spencer foi um ícone da história inglesa e mundial isso ninguém duvida. A plebeia que virou princesa e poderia ter se tornado rainha, daquele que já foi o império mais poderoso do nosso planeta, apaixonou a todos que a conheceram, souberam a sua história, as circunstâncias de sua vida e as consequências de suas ações e de suas escolhas. Sua vida foi de comum ao conto de fadas e terminou em tragédia.

Mas eu não quero falar sobre a bela Lady Di. Gostaria na verdade de falar de uma outra mulher, uma outra figura que surge como surgem quase todos os personagens da história, inexoravelmente, por necessidade natural que toda história tem de tornar-se de alguma forma marcante, para que nós seus apreciadores possamos descobrir aspectos que possam ser comentados e discutidos.

Gostaria de falar sobre uma mulher que, ao contrário de Diana, que era doce, meiga, simpática, elegante, charmosa e linda, me parece que sempre foi feia, não se veste como as mulheres elegantes o fazem, não parece ser simpática, não demonstra nenhum charme, parece não ser meiga e muito menos doce. Falo de uma mulher que aparentemente se opõe em quase tudo a Diana. Falo de Camila Parker-Bowles, atual mulher do príncipe Charles.

Essa crônica poderia acabar bem aqui se a minha intenção fosse apenas comparar o que era público e conhecido sobre Diana e o que da mesma forma o é sobre Camila. Em uma competição comparativa, imagino que a princesa ganharia da megera em todos os quesitos, no entanto há um ponto no qual eu acredito que Diana perderia para Camila. Refiro-me ao item amor.

Na vida existem muitos mistérios inexplicáveis e aqueles que envolvem essa faceta humana, o amor, são os mais controversos de todos.

Como um homem, em sã consciência poderia preferir uma mulher como Camila, em detrimento de outra como Diana? Muito pouca gente consegue automaticamente imaginar como isso pode acontecer, é preciso primeiro que a ficha caia, que a maturidade se imponha e só depois de algum tempo é que vamos entender como funcionam verdadeiramente alguns dispositivos do comportamento humano.

De cara, apenas de olhar, à distancia, poucas pessoas podem imaginar as qualidades que possam existir escondidas por detrás da figura mal apessoada de Camila. Ninguém pensa que ela possa ser bem humorada, divertida, culta, inteligente, dedicada, carinhosa, compreensiva, solidária, até porque ela foi a mulher que de uma forma ou de outra destruiu o maior conto de fadas do século XX. Isso não é lá bem verdade. Existem pelo menos duas dúzias de contos de fadas como esse, e alguns muito mais bem sucedidos. Ocorre que esse foi retransmitido via satélite, em tempo real para o mundo todo, invadiu as nossas casas, as nossas vidas. Posicionamo-nos confortavelmente em frente da televisão e como se assistíssemos a uma partida de futebol ou ao capítulo final de uma novela, passamos a participar dessa história, que ao contrário dos folhetins televisivos, era muito real, além de ser da Realeza.

Mas o que eu queria mesmo no dia de hoje, era chamar a atenção para três fatos. O primeiro é que apesar de feia, e isso ela é mesmo, apesar de imaginarmos que ela seja uma megera, Camila Parker-Bowles, tudo leva a crer, realmente ama e é amada por Charles. Para mim isso é o bastante.

Há também o fato de nós termos nos transformado em espectadores privilegiados dessas histórias e quase sempre não procurarmos a verdade sobre elas, nos contentando com a versão mais publicável, mais popular.

Porém há outro aspecto importante que eu acredito que deva ser levado em consideração. Em minha modesta opinião não há personagem em qualquer que seja a história, real ou ficcional, que não apresente alguma faceta que o credencie a ser de algum modo envolvente. Todo personagem tem seu charme, seu valor, só precisamos observar e descobri-lo.

Fica aqui uma sugestão. Veja qual personagem, dentre os menos nobres, entre os mais desimportantes, entre os vilões mesmo, qual deles mais chama sua atenção, qual mais lhe agrada, em uma obra como, por exemplo, “Os Miseráveis” de Vitor Hugo. Talvez alguém chegue à mesma conclusão que eu. Quem sabe alguém concorde comigo e ache que depois de Jean Valjean e Javert, o mais fascinante personagem dessa obra clássica, é Éponine, a filha do miserável vigarista Thénardier. Eu a acho bem mais interessante que a própria Cossete, pois seu amor a Marius a torna capaz de atos de extrema nobreza, atos revestidos em um sentido de honra, existente apenas nos principais personagens das histórias. O amor a torna maior.

PS: Me espantei há duas semanas quando vi que a revista Veja publicou matéria com tema semelhante, falando sobre as mais conhecidas amantes da história, acontece que eu venho tecendo essa crônica já faz algum tempo, desde que sonhei que dirigia um filme sobre a vida de Camila Parker-Bolwes, filme este que era protagonizado pela maravilhosa Meg Smith, também velha, também feia, mas ma-ra-vi-lho-sa!

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Do Deus dos mares ao moleque das matas

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Só descobri na terça-feira, 2 de agosto, por intermédio de uma mensagem eletrônica, que o texto aludido por mim em meu último artigo publicado neste espaço era da autoria de Henrique Bois, um jornalista que considero um dos mais talentosos de nossa terra.

Dono de um respeitável cabedal cultural, ele é uma pessoa que devido ao meu jeito de ser e de encarar a vida, poderia muito bem chamar de amigo cordial. Mesmo que não sejamos próximos, sempre convivemos nos mesmos espaços culturais, prova disso é que ele, em algumas oportunidades, chegou a participar tanto da revista quanto das antologias Guarnicê (para quem não sabe, O Guarnicê foi uma revista aqui editada, sem viés de personalismo, por um grupo de jovens poetas, contistas, cronistas, jornalistas e cartunistas no inicio dos anos 80).

Sendo o referido texto de Bois, retiro o termo pigmeu mental, pois a ele tal adjetivo não se enquadra. Em que pese não ser um homem de grande estatura física, Bois é realmente um dos mais competentes jornalistas de sua geração. Aplicado, dedicado, estudioso, culto, lido, Bois é dono, quando quer, de um texto leve e gracioso, principalmente quando fala de arte, pedaço da vida pela qual ele muito se interessa.

Porém, Bois foi desatento quando se apressou em comentar em seu blog uma matéria publicada no jornal O Estado do Maranhão que falava da estada a nossa capital, a convite da Fundação Nagib Haickel – cujo nome publicou errado – dos cineastas Sergio Martinelli e Coi Belluzzo.

Alguns jornalistas, uns por excesso de trabalho, outros por excesso de miopia, outros ainda por excesso de preconceito e ainda outros por excesso de falta do que falar, vão falando, falando, falando, assim, sem se aprofundar no assunto. Acredito que o caso de Bois não se enquadre em nenhum dos anteriormente citados. Acho sinceramente que alguém deve ter comentado com ele sobre o fato de estarmos produzindo vários filmes e ele imaginou que todos os projetos fossem meus, pessoais, individuais. Não o culpo por pensar assim. O culpo por ele não ter pegado o telefone, ligado para mim e perguntado o que quisesse saber, antes de escrever coisas que não sabia serem verdades, ou desse a sua opinião jornalística como verídica final e irrecorrível. Cacoete stalinista difícil de esconder ou superar.

Dizer que o Pólo de Cinema Documental, Ficcional e de Animação do Maranhão já nasce sob a sombra do personalismo, é tentar matar um recém-nascido ainda no berçário, tal qual quis fazer Hera ao mandar cobras ao berço de Hércules, e isso eu não poderia permitir.

O que de resto foi dito, o fato de eu ser amigo e fazer parte do mesmo grupo político do presidente José Sarney, de eu ser rico, de o Museu da Memória Audiovisual da Fundação Nagib Haickel ter sido montado com recursos de emendas de parlamentares federais, de o deputado Ribamar Alves ter sido o que mais contribuiu para isso, por mais que tudo isso pareça inveja, recalque ou qualquer outra idiossincrasia humana, não é relevante, levando-se em consideração quem escreveu tal matéria, pois Henrique Bois, de forma alguma tem motivo para ser recalcado ou ter qualquer tipo de inveja de mim ou de quem quer que seja. Quem o conhece, sabe que ele é capaz, competente, quem sabe até muito mais bem preparado que eu e tantos outros, tanto como jornalista e escritor, quanto como poeta, prova disso é seu novo texto sobre mim (que desta vez chegou ao meu conhecimento por um comentário em meu blog), intitulado “Resposta ao poseidônico Joaquim Nagib Haickel”, onde ele desfolha toda sua a cultura, todo o seu conhecimento filosófico e psicológico, demonstrando estar muitos degraus acima dos usuários comuns da Wikipédia.

Nesse texto ele replica pérolas da prosa poética como o maravilhoso título do álbum dos Titãs, “Tudo ao mesmo tempo agora”. Aqui seu inconsciente o trai, pois esse também é o título do livro de Ana Maria Machado, escritora-mãe de Jajá, garoto brilhante, vitima de preconceito social. Sintomático!

Cita Stalin, Marx, Engels, Lenin e como não poderia deixar de ser, não desata de Sarney. Analisa de forma extremamente elegante a literatura quando diz que “Dostoievski foi um escafandrista da alma russa ao escrever sobre os males que acometem o homem universal. As situações patológicas da alma são o mote de sua obra eterna” – no que concordo plenamente!

No entanto Henrique Bois não se afasta do erro. Só que agora é um erro digno das personagens que povoam sua mente culta, quem sabe um Javret, ou ainda Danglars ou Villefort, quem sabe Normam Bates ou Frank Booth. Mas acredito que é o Dorian Gray que ele vê em outros que está arraigado definitivamente em sua alma.

Ele diz a certa altura: “Décadas após ler ‘Os irmãos Kamarazov’ retorno ao personagem de Ivan Karamazov para manifestar meu desprezo ao texto ‘O que move o mundo…’ do imortal maranhense Joaquim Nagib Haickel, e suas alusões a minha pessoa, …”. Ora, acontece que eu não escrevi texto sobre a pessoa do caro jornalista, nem sabia que dele se tratava, escrevi e publiquei sobre um comentário que chegou ao meu blog, falando da minha pessoa e de um projeto que eu e alguns cineastas estamos tentando desenvolver no Maranhão.

Como diria o tio Barnabé, personagem contador de “causos” dos livros de Monteiro Lobato, quem sabe o Dostoievski tupiniquim, a carapuça vermelha e encantada só poderia cair na cabeça de um… CURUPIRA…

Como Ivan Karamazov, acredito que ninguém seja obrigado a amar seus semelhantes, mas aprendi com a minha mãe que é nossa obrigação termos respeito para com as pessoas, coisa que o escrevinhador do texto que comentei antes, não teve, nem para comigo nem para com os que como eu pelejam pelo NOSSO Pólo de Cinema.

Por fim considero esse incidente superado e convido o blogueiro Henrique Bois para conhecer e informa-se sobre os nossos projetos, para depois disso poder falar com conhecimento de causa.

PS: O Curupira é uma entidade da floresta. Diz a lenda que ele vai para as margens dos rios para pedir fumo aos canoeiros e vira-lhes as canoas quando não lhe dão. Ele não usa carapuça. Secretário de Esportes e Lazer, e membro das Academias Maranhense e Imperatrizense de Letras

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O que move o mundo…

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Sinceramente não sei o que com mais força move o mundo. Antes eu pensava que era o medo, instinto primordial e básico, indissociável de todas as criaturas, sejam elas mais ou menos domesticadas. Depois passei a crer que o que mais faz girar as engrenagens da vida é a ambição, a vontade do mais, reação básica que em boas medidas promove o crescimento e que em medidas exorbitantes cria fascínoras. Porém, recentemente, ao ver um documentário sobre os sete pecados capitais, descobri que a inveja é outro grande impulsionador do mundo.

Dito isso, passo agora a narrar o que aconteceu na última quinta-feira, 28.

Como sempre faço, quando posso, entrei em meu blog e vi que havia recebido um comentário que transcrevia o que imagino ser um texto jornalístico publicado em algum jornal de nossa cidade. O certo é que não tomei conhecimento dele antes do citado comentário.

No tal texto, que transcreverei mais abaixo, o seu perpetrador comenta a criação do Pólo de Cinema do Maranhão que um grupo de amigos cineastas está empenhado em implantar em nossa cidade, e é sobre isso que ocuparei esse espaço e tomarei seu tempo a partir de agora.

Poderia começar discorrendo sobre todas as doenças que assolam as almas de pessoas como o escriturário do opúsculo abaixo, mas ele já surtiu o efeito comprobatório de minha teoria inicial: a que diz ser a inveja uma das grandes forças que movem o mundo. Senão vejamos. Eu que me encontrava sem ânimo para escrever, pois outros afazeres de minha vida tem me levado em direção diversa da literatura, por causa do recalque de um pigmeu mental, por causa do escrito de um patológico invejoso me ponho a escrever esse texto, me movimento no intuito de comentar entre parênteses, em itálico e negrito a transcrição do tal texto.

“Veja o que um jornalista da cidade anda falando de você… Pólo de cinema do Maranhão tem assinatura exclusiva de Joaquim Haickel. O pólo cinematográfico do Maranhão, supostamente (supostamente é a vovozinha) fomentado a partir do funcionamento do Museu (da Memória) Audiovisual do Maranhão, nasce sob a égide da cultura do personalismo (como um pólo pode ser personalistico se é o magnetismo que há nos pólos que justifica sua existência, só um imbecil para pensar assim. Para seu conhecimento, no MAVAM já está sendo editado e finalizado um documentário sobre capoeira de Alberto Greciano, premiado diretor espanhol residente em São Luís). Ao menos três projetos iniciais da Fundação Joaquim (Nagib) Haickel, onde se encontra instalado o museu: os filmes curtas “Upaon-Açu, Saint Louis, São Luís”, “A Ponte”, e um sobre a vida do Padre Antonio Vieira.

O primeiro é uma animação dirigida por Joaquim Haickel, secretário de estado de Esportes e presidente da fundação (não sou o presidente da FNH, seu mal informado…), com desenhos de Beto Nicácio; “A ponte”, é de Joaquim Haickel, Frederico Machado, Arturo Saboia e Breno Ferreira (mais uma fez mal informado, esse curta de animação é um projeto da Dupla Criação e da Guarnicê Produções, o filme que terá os diretores citados é um longa-metragem que terá a cidade de São Luís como personagem central); e uma versão cinebiográfica de Padre Antonio, dirigida também pelo imortal (posto que é chama, infinito enquanto… tiver que aturar gente como você) da Academia Maranhense de Letras.

Pertencente ao grupo político do senador José Sarney (PMDB-AP) no Maranhão, (o que tem isso haver com o contexto. Fica claro o cacoete de gente recalcada) Haickel regozija-se da realização de um sonho nutrido há 20 anos (fico feliz que isso esteja acontecendo numa terra onde pouco ou nada se faz pelo cinema ou para preservar nossas histórias em áudio e vídeo, além do que esse não é um sonho meu, é de todos que de uma forma ou de outra fazem ou tentam fazer cinema em nossa terra. Lembro que há mais de 20 anos, numa de suas vindas ao Maranhão, o grande José Louzeiro nos conclamava a implantar aqui um pólo de cinema). A concretização teve um empurrãozinho de aliados políticos da Bancada Federal do Maranhão, notadamente do deputado federal do PSB, Ribamar Alves (Além de Ribamar que não é nem nunca foi meu correligionário político, outros parlamentares ajudaram para a realização desse empreendimento, entre eles Cafeteira, Gastão, Novais, Waquim, Brandão, Verde e até Dutra). Homem rico (como se isso fosse um insulto. Mais recalque), Joaquim Haickel declarou à Justiça Eleitoral possuir patrimônio calculado em mais de R$ 9 milhões nas eleições de 2006 (se não tivesse feito isso seria crucificado, pois estaria sonegando informações).

Alves destinou R$ 1,5 milhão (errado mais uma vez, R$ 900 mil) em emendas parlamentares para soerguer as instalações da Fundação Joaquim (Nagib…. seu burro) Haickel, no Portinho (diga-se de passagem que todos os recursos foram destinados ao IPHAN-MA que se encarregou das licitações para esse fim), prédio pertencente ao espólio do ex-deputado estadual Nagib Haickel, pai de Joaquim (errado novamente, o imóvel era meu e foi doado para a FNH). Os Haickel como Ribamar Alves detém votos na região de Pindaré (vá errar assim na caixa prego, esse cabra é um incompetente ou simplesmente maldoso. Desde a morte de meu pai, em 1993, eu não fiz mais política no Pindaré). Nas eleições de 2010, Joaquim Haickel deliberadamente se retirou da disputa eleitoral (depois de 28 anos de vida pública, como deputado estadual, deputado federal e secretário de Estado, resolvi não mais me candidatar. Já tendo completado 50 anos e sabendo que os homens da minha família vivem pouco, meu pai morreu com quase 60, resolvi me dedicar à literatura, ao cinema e a minha família). Alves, deputado do PSB, partido historicamente de oposição ao grupo Sarney no estado, foi reeleito para o terceiro mandato”.

Diante da leitura do “textículo” acima fiquei imaginando se não será a inveja realmente o maior motor do mundo.

Pra finalizar lembro que inveja não vive sozinha, ela vem associada a outros sentimentos como a impotência, a inépcia, a incompetência, o recalque, a intolerância, o preconceito e tantos outros sentimentos baixos, dignos do Hades, inferno olímpico.

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Muitos assuntos e pouco tempo.

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Muita gente tem me cobrado uma maior presença nestas prestigiadas e prestigiosas páginas de opinião, mas não venho tendo capacidade de coordenar meus esforços no sentido de colocar no papel as tantas coisas que gostaria de conversar com você e o dia a dia de minhas atribuições funcionais e afazeres particulares. O tempo é pouco para ser secretário de esporte e continuar sendo empresário, escritor, cineasta, filho de minhas mães, pai de minhas filhas, marido de minha mulher, amigo de meus amigos…

Confesso que não tenho andado muito satisfeito com o desenrolar das coisas, de modo geral, em sentido amplo, mas tenho trabalhado duro para reverter esse quadro, que já começa a mostrar sinais de mudanças, que espero se consubstanciem com o anúncio em breve do envio a Assembléia Legislativa de dois projetos de lei de autoria do poder executivo, instituindo incentivo fiscal às empresas que patrocinarem projetos esportivos e culturais.

Por falar em lei, já que não estou mais exercendo mandato parlamentar, gostaria que algum deputado estadual apresentasse um projeto de lei que, ao mesmo tempo em que revogasse a lei que criou o Parque Ecológico do Rangedor, criasse naquela área um parque zoológico e botânico em nossa capital. O Rangedor em termos qualitativos nada tem de reserva ecológica, é na verdade uma grande capoeira, uma reserva de espaço físico onde, através de parceria com a iniciativa privada, poderíamos construir um verdadeiro parque ambiental.

Já que falei de deputados estaduais, preciso escrever sobre a nova composição de nosso legislativo, agora quase seis meses dos novos parlamentares terem tomado posse. 

Como as minhas idéias estão em ebulição, não vou me aprofundar em um assunto específico, vou hoje apenas relacionar alguns assuntos que, quem sabe, possamos tratar mais adiante. São fatos do cotidiano, coisas com as quais convivemos e que muitas vezes nem nos damos conta e que passam despercebidas por alguns de nós.

Já tendo tratado de passagem de três ou quatro desses assuntos, continuemos com um que já tratei diversas vezes aqui. A reforma política e eleitoral. Sem ela, feita de forma correta, não conseguiremos ter um futuro mais esperançoso. Talvez não seja possível fazer uma reforma ampla, geral e irrestrita. Talvez ela precise ser feita em camadas, primeiro garantindo-se eleições gerais com mandatos coincidentes, sem voto proporcional e sem reeleição, suprimindo-se o cargo de senador suplente, papel que passaria a ser protagonizado pelos deputados federais mais votados do partido do senador a ser substituído. Espero que algum de nossos valorosos parlamentares federais use uma dessas idéias em uma emenda ao projeto de reforma que está sendo discutida no congresso nacional.

 Outro assunto que gostaria de um dia desses trazer para nosso bate papo aqui é o desastroso sistema viário de nossa cidade, incluído nessa pauta a péssima qualidade dos motoristas de nossa terra. Estou cada dia mais horrorizado com o que vejo diariamente em nossas ruas e avenidas esburacadas e congestionadas.

O nosso trânsito não é nada se comparado à violência que vem assolando o nosso dia a dia. O que se tem visto é uma banalização da violência, onde a vida humana passa a valer nada ou alguns míseros reais roubados de um pobre taxista.

Dia desses fiquei revoltado ouvindo numa emissora AM o relato de uma série de latrocínios e homicídios decorrentes de casos torpes. Para essa última causa de violência não há prevenção a não ser a educação e a prática da boa cidadania. 

Há também dois assuntos que gostaria de conversar. Você sabe o que é o critério de inamovibilidade? Não acredito que a maioria das pessoas perguntadas dirá que sabe, mas isso é normal, pouca gente sabe o que é isso. Inamovibilidade é a prerrogativa de que gozam certos funcionários públicos de não poderem ser transferidos, senão por seu pedido ou com seu consentimento. É garantida aos magistrados que se conservem permanentemente na comarca a que servem e de onde só serão removidos unicamente a pedido ou por promoção. O mesmo acontece com membros do ministério publico.

Esse critério, que é de certa maneira justo, democrático e republicano, pode – eu disse pode – criar feudos ou paróquias, transformando seus titulares em senhores ou párocos, e isso tem acontecido com certa frequência e temos tido provas disso diariamente.

Comentemos também sobre outro assunto polêmico, os honorários de sucumbência que funcionam como uma espécie de prêmio concedido ao advogado da parte vencedora, em razão do trabalho desenvolvido, referente ao valor da causa e da complexidade da matéria, entre outros critérios de arbitramento judicial.

Até ai tudo bem, o problema, acredito eu, é a aplicação dos honorários de sucumbência nos casos de advogados públicos, procuradores federais, estaduais ou municipais.

Esses dois últimos assuntos certamente resultariam em um bom debate, mas só pelo fato de resvalar neles, minhas orelhas já estão coçando…

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Felicidade!

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Há muito não posto nada neste blog que não tenha publicado também no Jornal O Estado do Maranhão, mas esse texto se impõe acima de tudo, ele é motivo de um de meus maiores orgulhos.

Abaixo vocês poderão ler o agradecimento do Trabalho de Conclusão de Curso de Publicidade e Propaganda de minha filha Laila Farias Haickel, ser humano que eu mais amo nessa terra, de quem me envaideço só pelo fato de tê-la colocado no chão de meu quarto, onde brincando com ela em frente a um espelho imenso, ela começou a andar e a falar… E aí deu nisso…

Aos meus pais, que me deram vida em meio à
arte e conhecimento.

AGRADECIMENTO

Minha gratidão eterna aos meus pais, por abrirem o caminho para que eu pudesse engatinhar e logo me deixarem andar com minhas próprias pernas, percorrendo os trajetos da minha própria cabeça; minha mãe por ser quem colocou todos os significados e os símbolos, meu pai por ter colocado todas as palavras e suas brincadeiras.

Muito obrigada às minhas irmãs, por aturarem meus surtos de gritaria no chuveiro e o som alto extremamente necessitados esses últimos meses. Nesse caso, devo agradecer também aos meus vizinhos.

Agradeço a todos os professores que, ao longo da minha vida, me incentivaram a questionar e procurar respostas, em especial aos de história, geografia, filosofia, artes e sociologia, e também àqueles que compreenderam eu não me esforçar para obter ótimas notas em suas disciplinas de ciências exatas.

Agradeço também aos professores do curso de Publicidade e Propaganda que se fizeram disponíveis fora da sala de aula em orientação, conselhos ou simples bate papo desde 2007. Agradecimento especial ao prof. Miguel Abdalla pelos livros e pelas discussões, poucas, mas incrivelmente certeiras, que me indicaram caminhos e esclareceram idéias à cerca do tema deste TCC. Ao prof. Emílio Ribeiro pelos conselhos que me ajudaram a incluir mais conteúdo a este trabalho.

Às colegas e ao colega de turma, pelo suporte e apoio mútuo.

Ao meu porto seguro constante, o Red Hot Chili Peppers. À expressão do meu mix S.A., o Avenged Sevenfold. Ao Iron Maiden pelo feeling, ao Anthrax pelo gás e à Stefani Germanotta pela energia.

Ao meu Iacomo e Elácomo. À minha minhoca, à minha flor e à minha 78, pelo abraço apertado em gestos, e às vezes em abraço apertado mesmo. Ao garoto da cabeça que é um papel, pela empolgação compartilhada de um caminho. Ao cara mais chato que você, por estar sempre aqui.

E pra finalizar, agradecimento especial à minha orientadora Lidiane Rocha dos Santos, que só não se vê a auréola acima da cabeça porque ela esconde. Este trabalho não teria sido o mesmo sem o seu apoio, ânimo e mega auxílio, fazendo-se presente mesmo em madrugadas e à distância de um SMS ou tweet.

E ah sim… Obrigada, café!

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Luciano e Clara.

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Desde que me entendo por gente ouço as pessoas falando e sempre gostei disso. Das canções de ninar e das historinhas que minha mãe lia para nós, aos causos que os contadores de histórias nos narravam nas noites de lua cheia, do programa de rádio da dona Carochinha, as aulas dos professores, os discursos, os debates, falas de todos os tipos e em todas as ocasiões.

Desde 1976, portanto há 36 anos, convivo efetivamente no ambiente político, desde quando meu pai me levou para Pindaré-Mirim, para participar da segunda campanha vitoriosa de meu tio Zé Antonio a prefeito. De lá para cá me tornei um maior apreciador da palavra falada, passei a cultuá-la e a cultivá-la. Passei a admirar os diversos estilos e as diversas formas de dizer-se o que se pensa, o que se sente, o que se precisa dizer, o que deve ser dito.

Nesses anos todos como parlamentar, ouvi e aprendi muito com grandes oradores, como Milet, Sarney e Lobão. Na ALM, ainda neófito, pude aprender vendo e ouvindo Gervásio Santos e Bento Neves. Quando constituinte, pude presenciar importantes discursos de gente como Delfim Netto, Sandra Cavalcante, Tarcisio Buriti, Artur da Távola, Florestan Fernandes… Mais recentemente, de volta a ALM pude ouvir e até debater com Aderson Lago e Helena Heluy, entre outros.

Gosto tanto de narrativas, falas, diálogos e discursos que chego ao cúmulo de escolher trechos de filmes que contenham o melhor desses gêneros e colecioná-los.

Mas na última sexta-feira ouvi uma fala que não foi um discurso, mesmo que tenha sido proferida de uma das tribunas do plenário de nossa Assembleia Legislativa. Não foi um discurso, foi uma espécie de choro, de pranto, um canto de lamento, de dor, de pesar. Mas foi um dos mais bonitos que eu já ouvi naquele ou em qualquer outro lugar.

Foi uma fala firme, forte, corajosa. Feita por uma mulher fragilizada, dilacerada, corroída por uma dor inimaginável. Foi como um sopro de amor, último sopro de um sentimento eterno, uma das mais belas declarações de amor que, graças a Deus eu tive a oportunidade de ouvir.

Clara falou de seu Luciano, para ele. Acabei de notar que os nomes dos dois derivam de luz, talvez por isso produziram juntos quatro raios luminosos em forma de mulher, suas filhas Lara, Lia, Ticiana e Rafaela.

Conheci Luciano Moreira logo que ele chegou aqui, para trabalhar no governo Lobão. A princípio o achei mais um burocrata, daqueles que sabem de tudo na teoria, mas que não conhecem de nada na prática. Logo vi que estava enganado. Os anos se passaram e fui conhecendo-o melhor, mesmo que ainda o achasse muito técnico e pouco político, mas era essa a sua função e ela, ele a cumpria como seu mestre mandava, e o fazia com competência e correção.

Em política, normalmente, quem não é de nosso grupo mais restrito, mais próximo, não é conosco e Luciano só passou a fazer parte do meu grupo mais restrito de amigos nos últimos anos, anos em que a maturidade me fez ver a importância de pessoas como ele. Tempo que também serviu para transformar esse cearense que, como muitos outros, escolheu a nossa terra para arriar ferros e criar raízes, apascentar seu rebanho, cultivar suas sementes e tecer sua rede de amigos. Anos que o transformaram de um tecnocrata inflexível em um político hábil. Se antes ele chocava com seu extremado tecnicismo, mais recentemente, sem perder o conteúdo técnico, ele aprendeu a alquimia que só o tempo e a maturidade, associados à simplicidade e à obstinação são capazes de elaborar.

Luciano sempre foi uma pessoa cordata, um homem educado, fino, elegante. Era até às vezes um pouco formal. Um cavalheiro. Nunca o vi exaltado, sempre se mantinha calmo, sereno, até nas horas mais tensas.

Quando Luciano resolveu que seria candidato a deputado federal, me procurou e pediu que eu o orientasse. Disse-me que gostaria que lhe desse alguma noção de como seria o pleito, da quantidade de votos que seria necessário para se eleger, dos custos de uma estrutura de campanha, pediu que eu indicasse alguns municípios onde ele poderia ser votado e até que lhe dissesse se um ou outro possível apoiador falava-lhe a verdade, pois temia que em sua pouca experiência eleitoral, cometesse algum equivoco que pudesse lhe custar a eleição.

Lembro que ele foi até mim na companhia de sua mulher Clara, de sua filha Lara e de sua secretária Célia. Naquela ocasião disse-lhe que se ele fizesse tudo errado, ainda assim estaria eleito, e que sua eleição seria muito boa para o Maranhão, pois seu ingresso no parlamento representando o nosso estado, o dele também, pois era cidadão maranhense, título que lhe foi outorgado em solenidade em que estive presente e aparteei o orador daquela manhã, saudando o novo conterrâneo… Pois bem, disse-lhe que a eleição dele iria engrandecer sobremaneira nossa bancada. E assim o foi.

Luciano Moreira em muito pouco tempo de efetiva vida política, como parlamentar, conquistou o respeito de todos que com ele puderam conviver. Para ele a moral, a ética e a honra, vinham em primeiro lugar.

O Maranhão perdeu na última quinta-feira, 16 de junho de 2011, um de seus melhores parlamentares, pois ele não era como outros, um simples deputado.  Para ser um, basta que o candidato se eleja. O parlamentar está em um outro patamar, lugar que poucos conseguem galgar.

Se o Maranhão perdeu tanto, o quanto perderam seus amigos, as pessoas que nele confiavam, que dele dependiam? Quanto terá perdido Clara, Lara, Lia, Ticiana, Rafaela, seus netos e demais parentes? Essa pergunta é auto respondida.  Perderam tudo. Mas lembrando do que disse Clara em sua fala, e nela eu pude ouvir e sentir, que em que pese ela, elas, terem perdido tudo, ainda assim ficaram com o melhor, o exemplo, o amor, a oportunidade de terem podido conviver, mesmo que por um breve tempo, com alguém que amavam tanto e que tanto as amava.

Nada mais precisa ser dito.     

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Manutenção deve ser a palavra de ordem!

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Já escolhi o candidato em quem irei votar para ocupar o cargo de prefeito de São Luis nas próximas eleições. Eu sei que ainda falta mais de um ano para o pleito; sei que a reforma política poderá mudar algumas das atuais regras eleitorais vigentes em nosso país; sei que muitas águas ainda vão rolar por debaixo dessas nossas pontes, que muitos buracos serão abertos e que muitos serão tapados; sei que o tempo é o senhor da razão; sei de tudo isso, estou cansado de saber, mas mesmo assim já fiz a minha escolha e não mudarei de opinião.

O que eu ainda não sei é o nome do meu candidato, mas pelo menos já sei como deve ser ele, já sei quais devem ser suas características principais, com o que ele deve se comprometer, quais devem ser suas metas, o que ele deve propor em seus planos administrativos para nossa cidade.

Em primeiro lugar, o futuro prefeito de São Luis, deve ser um político moderno, capaz de bem se comunicar com o cidadão e com a sociedade. Ele não precisa ser necessariamente um político de grande popularidade, de imensa capacidade eleitoral, já vimos em várias oportunidades que isso não significa muito no resultado administrativo. Ele pode até ganhar as eleições no segundo turno, depois de passar por uma disputa apertada no primeiro e até, antes disso, por uma briga acirrada e intestina no âmbito de seu partido. Não importa. O que importa é que ele, o vencedor, o nosso próximo prefeito de São Luis, não faça nenhuma grandiosa obra nova em nossa cidade.

Calma que eu explico! Não é que não precisemos de novas vias de transporte, de novos hospitais, de melhores áreas de lazer. Precisamos de tudo isso e de muito mais, porém acredito que possamos passar mais algum tempo sem ter essas novas obras, para que possamos recuperar aquelas que já possuímos.

Quando digo que gostaria que o próximo prefeito de nossa capital não fizesse nenhuma obra nova, não quero dizer que nossa cidade já tenha todos os equipamentos necessários para que possamos bem exercer a nossa cidadania, isso não! Mas acredito que teríamos bastante, quase o suficiente, desde que o que temos e tivemos funcionasse ou pelo menos ainda existisse.

Seríamos uma cidade e um estado realmente ricos se tudo que nós um dia tivemos, se tudo em que algum administrador público usou o dinheiro do contribuinte, existisse realmente, desde que essas coisas feitas no passado tivessem a devida manutenção, desde que tivessem o necessário cuidado por parte de nossos gestores públicos e mesmo da população, seríamos uma cidade e um estado no mínimo muito menos pobres.

Você pode imaginar como seria maravilhoso se ainda que apenas no centro histórico, na área do Reviver, circulassem os charmosos bondes de outrora! Se não tivéssemos desativado a Estrada da Vitória e pudéssemos contar com uma linha, que já estava pronta, de metrô de superfície, ligando o centro da cidade até o Distrito Industrial?! Isso só para falar do setor de transporte.

Imaginem agora se, tanto a prefeitura de São Luís quanto o governo do Maranhão, somassem esforços para fazer a Santa Casa de Misericórdia transformar-se em um grande hospital de atendimento de urgência de nossa cidade?! Resolveria pelo menos uma parte dos nossos problemas de saúde, não acham?!

Imagine se a nossa belíssima Biblioteca Pública Benedito Leite estivesse funcionando, se o Costa Rodrigues e o Castelão já tivessem sido reformados, se a Praça do Panteon contasse realmente a trajetória das grandes figuras da história de nossa terra, sem correr o risco do vandalismo.

Você já foi ultimamente ao Mercado Central? Meu irmão Nagib, que vai lá todo domingo, me levou alguns domingos atrás. Fui e confesso que fiquei maravilhado. Em que pese no início da Rua da Inveja haver uma cratera sobrenatural, desfigurando toda a área e impedindo que se visite a bucólica Fonte das Pedras, em que pese o prédio do SIOGE continuar abandonado, em que pese o trânsito caótico, mesmo para um domingo de manhã… Mas o Mercado Central está magnífico. Calma! Eu explico. Ele não está reformado, não está limpíssimo, não está um brinco, mas confesso que ele está muito melhor do que eu imaginava que estivesse. Pensei que ao chegar ali encontraria uma grande zorra, uma sujeira só, uma bagunça. Não, ele não está o que a vigilância sanitária poderia chamar de perfeito, mas está muito melhor que se poderia imaginar.

De tudo, o que mais me chamou atenção no MC foi a cara das pessoas dali. Quase todas as pessoas com quem falei: feirantes e clientes, quase todos tinham um sorriso estampado no rosto. Eta povo bom esse nosso!

Somente ao sair do Mercado Central, me dei conta de que aquilo que eu vi ali era resultado menos da ação da administração pública e muito mais da ação dos próprios comerciantes ali instalados.

Desci a escadaria do mercado, virei e olhei para ele e por um instante, sonhei que o próximo governante de nossa cidade transformaria aquele mercado em um empreendimento parecido com o mercado municipal de São Paulo, para isso não precisa construir um novo mercado em outro lugar, basta reformar aquele e se lembrar de mantê-lo.

Conversando com uma pessoa que teve acesso à última pesquisa sobre o momento político atual e as próximas eleições, sobre a imagem dos governos estadual e municipal, sobre o que poderá acontecer, soube que uma das perguntas da pesquisa girava em torno do que as pessoas mais desejavam como presente para a cidade de São Luís na comemoração dos seus 400 anos e em primeiro lugar aparece a preocupação com a preservação do centro histórico de nossa capital, o que dá todo o respaldo para o governo do estado e a prefeitura municipal implantarem ali todas as suas secretarias e todos os seus órgãos administrativos, resgatando assim de uma vez por todas um maravilhoso patrimônio do passado, que se mantido nos garantirá um patrimônio incalculável para o futuro, isso, além de fazer o que a população deseja.

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Audiência pública sobre a reforma política.

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 Na última quinta-feira participei como palestrante de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado sobre a reforma política. Ela foi presidida pelo deputado Rogério Cafeteira e contou também com as presenças do deputado federal Ribamar Alves, membro da comissão especial da Câmara dos Deputados encarregada da reforma política, do juiz Roberto Veloso, Presidente da Associação de Juízes Federais da Primeira Região e do advogado Eduardo Lula, Presidente da Associação dos Consultores das Assembléias Legislativas do Brasil, ambos especialistas em direito eleitoral, além de contar com a participação da vários deputados estaduais, vereadores prefeitos e representantes partidários.

Iniciei minha fala fazendo dois questionamentos aos presentes, o que suscitou o início dos debates.

“A lei tem que espelhar e garantir a sociedade ou é a sociedade que tem que refletir em suas ações o que preconiza a legislação?” Em minha opinião, a boa lei é aquela concebida sem casuísmos, refletindo os anseios da população e ordenando da melhor forma possível esses anseios.

“A serviço de quem devem estar reformas importantes que tanto precisamos, como a política, a tributária, a fiscal, a do Judiciário?” É claro que é a serviço da coletividade. Não se pode fazer uma reforma tributária que vá beneficiar o Estado em detrimento do contribuinte ou dentre estes, sacrificar demasiadamente o empresário em detrimento do empregado ou vice-versa.

No caso da reforma política, a melhor ação é aquela que visa moralizar o sistema eleitoral, fazendo com que a lei retrate a realidade, que estabeleça formas éticas, justas e viáveis de efetivar-se o voto e a escolha dos representantes da população.

Nesse sentido não se deve buscar por força de lei o fortalecimento das agremiações partidárias, isso é coisa que acontecerá quando conseguirmos melhorar a qualidade dos integrantes dos partidos, de outra maneira o que se conseguirá é simplesmente a criação de uma nova elite, a dos controladores dos partidos.

Quando melhorarmos o nível sócio cultural educativo de nosso povo, o eleitor que há nele irá escolher melhor seus representantes e isso melhorará nossos partidos, portanto a lei eleitoral deve prever apenas ações que possibilitem o máximo possível, a honestidade, a justiça e a igualdade na disputa.

A adoção de leis correlatas como a da Ficha Limpa são indispensáveis nesse processo. Ela garante que condenados por tribunal não participem das disputas eleitorais, coibindo assim a prática delituosa por parte de quem pleiteie cargos públicos.

Comentamos sobre os principais problemas que precisam ser superados, mas aqui, devido o espaço exíguo, tratarei apenas dos mais controversos:

No caso da fidelidade partidária o que precisa ser estabelecido são regras claras e justas que não privilegie o direito coletivo em detrimento do individual, o partido em detrimento do candidato ou do ocupante de um cargo eletivo.

A perda do mandato em caso de mudança de partido é admissível, mas impor-se ao indivíduo votar obrigatoriamente pela orientação partidária, feri de morte a própria carta constitucional em seu mais importante artigo, o quinto. Imagine impor-se a alguém que filosófica e religiosamente seja contrário ao aborto que ele vote favorável a uma lei que estabeleça tal prática!?

Em minha modesta opinião, a forma mais efetiva de sufrágio é o voto unitário, direto e majoritário, onde um eleitor escolhe um candidato para cada cargo em sua circunscrição.

A modalidade de voto em lista fechada me parece um casuísmo dos partidos maiores e mais fortes, principalmente o PT para tentar perpetuar-se no controle político e eleitoral do Brasil. 

O povo brasileiro está acostumado a escolher o seu candidato, mesmo que pouco tempo depois tenha se esquecido de quem escolheu. Transferir essa escolha para os partidos me parece um golpe muito forte no processo de amadurecimento que se busca. Fica uma sensação estranha, algo bem parecido com falsidade ideológica ou estelionato.

O financiamento público das campanhas não irá impedir ou acabar com a participação de dinheiro privado nos pleitos. Pensar o contrário seria tolice. O financiamento público serve muito mais para diminuir as desigualdades financeiras entre os que têm muito recursos e os que não têm nada.

A existência de coligação é própria do tipo de voto proporcional. Se o voto for distrital ou majoritário, essa forma de união partidária não surte o efeito desejado na escolha dos representantes legislativos. A união partidária em um regime de voto majoritário ou distrital transforma os vários partidos em um só.

Quanto à reeleição e a duração dos mandatos, acredito que deveríamos ter eleições gerais e mandatos coincidentes, fazendo com que os mandatários tivessem um compromisso temporal idêntico.

Mandatos um pouco maiores sem possibilidade de reeleição para cargos executivos, coincidindo com os mandatos legislativos nas três esferas de poder.

Aqui, penso que poderíamos fazer uma boa inovação: Acabaríamos com a eleição alternada de senadores, diminuiríamos o tempo de mandato, destes para cinco ou seis anos, aumentando o de deputados e vereadores para o mesmo período e o principal, se admitido o voto majoritário, o distritão, far-se-ia uma eleição única para o congresso, sem divisão de votos de senador e deputado federal. Essa forma de votação resolveria de pronto o caso dos suplentes de senador, pois os senadores eleitos passariam a ser os três candidatos mais votados para o Congresso Nacional e seus suplentes seriam os congressistas eleitos subsequentemente.

De qualquer forma a mudança da legislação eleitoral é urgente, até para que o judiciário pare de legislar, função que não é a sua.

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400!

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Algumas semanas atrás a Academia Maranhense de Letras realizou sua reunião semanal na residência do nosso querido confrade José Chagas. A reunião foi um sucesso e outras reuniões como aquela nós faremos também em casa de queridos companheiros, como Carlos de Lima, José Filgueiras, Manoel Lopes…

Em casa de Chagas, dentre os vários assuntos que foram tratados, o mais importante foi o das ações comemorativas aos 400 anos de São Luís, que como todos estamos cansados de saber acontecerá no ano que vem.

Todos concordamos que essa data não pode passar em branco. A Academia terá as suas atividades comemorativas, mas ficou acertado que faremos também sugestões para que tanto o governo municipal como o governo estadual promovam atividades no sentido de marcar esta data tão importante para nossa capital.

Quanto a mim, acredito já ter feito grande parte do que posso fazer, tendo em vista que destinei todas as minhas emendas parlamentares, no valor de dois milhões e meio de reais, referentes ao ano de 2011, para execução de projetos na área da cultura, basicamente em São Luis.

Tais recursos estão destinados à Secretaria da Cultura e à Academia Maranhense de Letras para a realização de filmes, digitalização e catalogação de acervos audiovisuais pré-existentes; ao Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e à AML para editoração de livros alusivos a essa data… Uma parcela menor dessas emendas foi destinada a outras entidades para realização de ações também na área da cultura.

Existem também outros projetos bastante simples de serem implementados, como por exemplo, a idéia que lancei meses atrás para concretizarmos uma parceria entre a AML, a prefeitura municipal e a Secretaria de Turismo do Estado para a identificação dos prédios históricos de São Luís, no sentido de que se coloquem nos respectivos prédios, placas que os identifiquem para uso turístico.

É também simples a sugestão para que a PMSL reforme nossas principais praças como o Largo do Carmo e a Praça João Lisboa, cujas outrora bem alinhadas pedras portuguesas encontram-se em verdadeiro desalinho.

Há um projeto com o qual eu sonho já há muitos anos e nunca pude realizar enquanto deputado, mas acredito que isso possa ser feito agora que estamos todos motivados com as festividades dos 400 anos de nossa cidade. É uma coisa muito simples, basta que haja vontade política, tanto por parte dos poderes executivos e legislativos de São Luis como do Maranhão e a efetiva participação da população e do empresariado, para transformarmos um inexistente parque estadual de preservação ambiental, uma capoeira, um matagal chamado Sítio Rangedor em um Parque Zoo-Botânico, direcionado ao ensino pedagógico de crianças, jovens e adultos, quanto à importância da preservação de nossa flora e da nossa fauna. Este seria verdadeiramente um grande presente para nossa gente e para nossa comuna.

Outras sugestões ainda poderiam surgir. Eventos como a realização de um festival de música de câmara, que já está sendo cogitado pela Aliança Francesa.

No setor de esporte, área de minha atuação, o ideal seria realmente abrirmos o Estádio Castelão, para um jogo Brasil X França, reeditando em manifestação esportiva as batalhas travadas pelos comandados de Jerônimo de Albuquerque e os de Daniel de La Touche, quase 400 anos atrás. Por outro lado, estamos fazendo de tudo para que no ano que vem já possamos ter de volta, em pleno funcionamento o Ginásio Costa Rodrigues. Também estamos estudando a possibilidade de sediarmos o campeonato mundial de Handebol de Praia, de trazermos para cá um desafio internacional de Judô, com França e Portugal, além de implantarmos um Núcleo de Esporte de Base no Complexo Esportivo do Outeiro da Cruz, e quem sabe até, em parceria com a iniciativa privada, construirmos uma arena para shows também no CEDOC.

Por falar em Jerônimo de Albuquerque e Daniel de La Touche, a Dupla Criação formada pelos desenhistas Iramir e Beto Nicácio em conjunto com a Guarnicê Produções, deste locutor que vos fala, está produzindo um desenho animado sobre a fundação de São Luís. Esse mesmo grupo já tem em fase de finalização outro filme em desenho animado intitulado “A Ponte”, que retrata um pedaço bem sólido de nossa cidade, mas de maneira bem poética.

Ainda no setor de cinema, Frederico Machado, Arturo Sabóia, Francisco Colombo, Breno Ferreira e eu estamos cogitando a possibilidade de produzirmos um longa-metragem de ficção, dirigido a cinco mãos, onde possamos retratar alguns personagens da cidade que tanto amamos, numa espécie de São Luís eu te amo.

Há também um importante filme baseado no Poema Sujo de nosso conterrâneo Ferreira Gullar que está sendo produzido e dirigido pelo grande documentarista Sílvio Tendler, que precisa de financiamento local de apenas 50 mil reais, coisa que o governo ou uma dessas grandes empresas que estão se instalando no Maranhão poderiam suprir.

Mas os melhores presentes, que tanto a administração municipal quanto a administração estadual podem dar à nossa capital e ao seu povo são as ações de preservação do nosso patrimônio histórico e de nossa memória, manutenção de nossos bens e logradouros públicos, além é claro, da realização das indispensáveis obras estruturantes que tanto carecemos… Mas isso não é coisa só para o ano que vem, é coisa para sempre.

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