Algumas verdades simples

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Depois de mais de 120 dias, acredito que já posso me manifestar com alguma segurança a respeito da pandemia de Covid-19 causada pelo novo coronavírus.

Como toda doença causada por esse tipo de vetor, esta é mais uma de contágio fácil e disseminação exponencial, uma vez que se propaga através do toque e por gotículas soltas no ar, além disso traz um agravante perigoso, pois ataca com mais ferocidade pessoas com menos resistência, devido terem doenças preexistentes ou estejam em uma faixa etária elevada.

A infeliz ocorrência dessa pandemia serviu para que tivéssemos a verdadeira noção do quanto é frágil e ineficiente o nosso sistema de saúde, seja o público ou o privado, pois o grau de mortalidade da doença é diretamente proporcional à falta de capacidade de tratamento dos sintomas que o doente apresenta, em relação a quantidade de leitos disponíveis para isso. Ficou claro com o passar dos dias e com o trabalho dos profissionais de saúde, que se tratado desde os primeiros sintomas e não sendo o infectado, portador de doenças preexistentes que possibilitem o avassalador oportunismo do vírus, o paciente terá grande chance de se reestabelecer. Muitos inclusive apresentam apenas sintomas leves e outros não apresentam sintoma algum.

A grande quantidade de óbitos causados pela Covid-19 se deve basicamente a três fatores: a falta de cuidados na prevenção do contágio, ocorrido por diversos motivos e de várias formas, principalmente pela falta de distanciamento entre as pessoas e a não observância das medidas de prevenção; a falta de estrutura física para atender os casos mais graves, como a inexistência de leitos de UTI e de respiradores eletromecânicos suficientes; e a saúde precária da maioria dos contaminados, principalmente dos que vieram a óbito.

Um outro fator grave que piorou muitíssimo toda essa situação foi a desumana politização dessa calamidade. O uso eleitoral e midiático por parte dos políticos, com ressonância e repercussão através do trabalho muitas vezes inescrupuloso da imprensa, só fragilizou ainda mais os esforços que alguns faziam para livrar as pessoas dessa doença.

A insensatez advinda de quem jamais poderia tê-la, fez com que na maioria dos casos a população sofresse ainda mais as consequências dessa doença. Além disso, a falta de compreensão da própria população, mal educada e mal acostumada com uma falsa aura de garantia de liberdade constitucional, agravou mais essa crise.

Para que se usufrua da verdadeira liberdade, é necessário e indispensável que tenhamos responsabilidade ainda maior, para conosco mesmo e principalmente para com as outras pessoas. Isso não aconteceu.

Os maiores responsáveis por esse desastre foram os políticos (e aqui não faço distinção de nenhum, todos foram canalhas, uns mais outros menos) e a população, de modo geral, que se comportou de forma inadequada e não teve a necessária compreensão dos fatos, agravando a situação por sua forma errônea de agir.

No balanço final dessa crise de proporções catastróficas, duas coisas devem ser ressaltadas, a solidariedade de pessoas e instituições na ajuda do combate a essa pandemia e o trabalho dos profissionais da saúde que merecem notas realmente heroicas, pois desempenharam seus papeis de forma exemplar, muitos deles sacrificando suas próprias vidas nesse trabalho. Ressalto especialmente o trabalho do SUS que demonstrou que dentro de sua precária estrutura, foi de grande valia e decisivo suporte.

Se por um lado fico muito triste ao constatar o mal comportamento dos políticos e da população, por outro, sinto que a solidariedade de pessoas e instituições, além do heroísmo, muitas vezes fatal dos profissionais da saúde, me consola, pois sei que no final disso tudo teremos aprendido algumas lições para o futuro… Pelo menos é isso que eu espero.

É importante que se saiba que esse vírus não vai desaparecer, que o combate nesta guerra deve ser constante e que só haverá alguma trégua quando a ciência produzir vacinas e descobrir remédios eficientes para essa doença.

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Obviedade acachapante

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Um dia desses eu acordei sobressaltado, pois havia sonhado que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, sacudia o punho de minha rede e dizia: “Joca, meu gordo, resolvi cancelar todas as minhas redes sociais, Twitter, Instagram, Facebook, e até o Tinder…! Resolvi também que não vou mais dar entrevistas a veículos de comunicação de qualquer espécie ou natureza, e não me manifesto mais sobre qualquer tema que possa ser explorado política, partidária, ideologicamente”.

Pulei da rede e fui direto para o computador para ver se havia acontecido alguma tragédia e o ministro Gilmar havia subido antes da hora, uma vez que em minha cabeça, para que ele abrisse mão de dar sua opinião e deixar de participar das redes sociais, só se uma coisa dessas houvesse acontecido!…

O fato é que em minha modesta opinião, membros do Judiciário, do Ministério Público e de entidades correlatas, não deveriam se manifestar sobre assuntos que pudessem de alguma forma serem explorados politicamente. Não que houvesse uma lei que os proibisse, pois a lei deve ser para todos, porém sabemos que dentre todos, diferenciações devem e precisam ser feitas. Penso que o Conselho Nacional de Justiça – CNJ poderia estabelecer regras de conduta específica que regulassem a manifestação de magistrados e operadores estatais do direito, sobre tais assuntos.

Tenho alguns amigos juízes, promotores e procuradores que usam suas redes sociais de forma correta, respeitando total e completamente as regras morais e éticas do uso dessas ferramentas. Eles postam matérias de âmbito artístico, cultural, esportivo e informativo, ou mesmo artigos onde defendem suas ideias, sem jamais dar a elas cunho que possa suscitar tendência política, partidária ou ideológica, mesmo tendo eles posições pessoais em algumas dessas direções ou sentidos.

Quando uma pessoa escolhe ser médico, ou motorista de ônibus, ou piloto de avião ou policial, é importante que ele não se dedique ao consumo desenfreado de bebidas alcoólicas ou drogas, pois muitas pessoas podem ser prejudicadas por essa sua atitude irresponsável. O mesmo deve ocorrer quando alguém resolve ser membro do Ministério Público ou da magistratura! Ao decidirem ingressar nessas carreiras, essas pessoas devem abrir mão de se manifestar sobre assuntos nos quais elas possam um dia serem chamadas a atuar como engrenagens no sistema jurisdicional.

Ao não se eximirem de participar dos debates sobre assuntos do dia a dia, tais operadores do direito se desqualificam para implementarem um trabalho isento, correto, honesto e justo, bem como para darem opinião sobre qualquer assunto de natureza minimamente política, pois desde o início, suas opiniões estarão contaminadas devido à natureza de seus cargos.

Em minha opinião a solução é muito fácil: juízes de todas as entrâncias e membros do Ministério Público não podem se manifestar sobre assunto de suas funções ou assunto de fundo político. Caso desejem fazer isso, devem se desincompatibilizar de suas funções e tornarem-se cidadãos comuns, sujeitos às regras gerais.

Fico me perguntando se isso não é uma coisa óbvia!? De uma obviedade que chega a ser acachapante! Como se pode admitir que um juiz ou um promotor se manifeste sobre um assunto de cunho político ou partidário!? Eles estão em um patamar privilegiado, fazerem isso afeta a estabilidade do sistema jurisdicional, pendam ele para o lado que for!…

Um artista de grande renome e popularidade, em que pese estar também em um outro patamar, pode se manifestar, porém o patamar em que ele se encontra não é o do Judiciário, um dos poderes do estado.

Alguém dirá que prefeitos, governadores e o presidente, além de vereadores, deputados e senadores e seus auxiliares podem se manifestar amplamente, ao que responderei que essa manifestação faz parte da natureza de suas atribuições, coisa que não deve e não pode acontecer no tocante aos operadores do Judiciário.

Aos meus amigos desse setor, que fazem postagens artísticas, culturais esportivas e informativas, e mesmo opinativas, usando o bom senso e respeitando parâmetros éticos, meu muito obrigado! Respeito-os muito mais por isso.

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Decifrando a eleição de São Luís

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O voto antes de qualquer coisa é um ato de paixão. O eleitor vota por paixão a uma ideia, a um partido ou a uma pessoa. Há quem vote porque um determinado candidato é bonito, porque ele torce para um certo time de futebol, ou por ele passar confiança, mas o eleitor sempre vota motivado pela emoção.

Ainda bem que existem eleitores que votam motivados pela busca de um melhor caminho, imbuídos da vontade de acertar ou de errar o menos possível na hora de escolher quem o represente. Procuro estar entre esses.

Eu já disse centenas de vezes e vou repetir novamente: eu amo mais São Luís que o Maranhão; amo mais o Maranhão que o Brasil; amo mais o Brasil que o Mundo… Dito isso, fica claro que minha cidade merece toda minha atenção, inclusive quanto à escolha de seu dirigente maior.

No que diz respeito aos candidatos a prefeito de São Luís, quase todos, de alguma forma, em maior ou menor intensidade, são meus amigos. Conheço Eduardo Braide desde que ele era menino, filho de meu grande amigo Antonio Carlos Braid. O mesmo ocorre com Neto Evangelista, filho de meu colega deputado, João Evangelista. Rubens Júnior, além de filho de um outro colega deputado, Rubens Pereira, ele mesmo foi meu colega na Assembleia Legislativa do Maranhão. Adriano Sarney, é filho de Sarney Filho, antigo correligionário. Conheço José Carlos Madeira desde os tempos do curso de Direito, na UFMA. E para ficar em apenas meia dúzia, cito ainda Duarte Junior, a quem só conheço graças à sua grande exposição midiática.

Se eu não tivesse sido político por mais de 40 anos, escolher um entre esses candidatos seria uma coisa bem difícil para mim, mas o fato de ter alguma vivência nesse setor e buscar sempre fazer uma melhor escolha para o momento político e para as circunstâncias que nos encontramos, faz com que essa decisão fique extremamente fácil.

 Sei que o governador Flávio Dino tenta fazer de tudo para enfraquecer uma das alas internas de seu grupo, já pensando na eleição de seu sucessor. Pode até parecer estranho para alguns, mas quanto a isso, concordo com ele, pois defendemos o mesmo nome para o governo em 2022.

Ao tentar dar musculatura a Rubens Júnior, Dino tenta enfraquecer Neto Evangelista, que conta com o apoio de Weverton Rocha, Othelino Neto e grande parte da bancada de deputados governistas. Essa será uma luta interessante! Por fora, corre Duarte Júnior, espertamente colocado por Dino no partido de Brandão, seu candidato para o governo em 2022. Duarte é na verdade, por mérito próprio, o único postulante ao Palácio La Touche que tem alguma condição de enfrentar Eduardo Braide, que é o candidato com a maior simpatia popular, segundo as pesquisas.

Todos sabem que durante 50 anos o grupo Sarney foi hegemônico no Maranhão. Mesmo assim durante quase todo esse tempo esse grupo não controlou a prefeitura de São Luís.

Hegemonia muito forte e muito duradoura nunca é uma coisa boa para ninguém. Não é boa para o estado, não é boa para os políticos, não é boa para o povo e não é boa nem mesmo para o detentor da hegemonia, que quase sempre perde a visão correta da realidade.

Como disse antes, o meu voto é motivado pela emoção que sinto na tentativa de acertar, ou pelo menos em errar o menos possível na escolha, por isso apoiarei Eduardo Braide para prefeito de São Luís, o único candidato que em minha opinião pode equilibrar na balança política que se encontra bastante pensa no Maranhão.

PS: É importante que não esqueçamos que existem dois grandes eleitores que certamente serão decisivos na eleição do próximo prefeito de São Luís: Edivaldo Holanda Junior e Roseana Sarney. 

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Carta para mim mesmo *

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Meu caro Joaquim,

Escrevo-te essas mal traçadas linhas… Penso que seria assim que eu começaria uma carta se vivêssemos no final do século XIX e o mestre Machado tivesse acabado de publicar o seu maravilhoso Memórias póstumas de Brás Cubas, um de nossos livros favoritos, o qual lemos quando tínhamos 14 anos, o que nos fez querer ser escritor…

– Foco seu Jota!…

Sabes, se tivesse que escrever-te essa “missiva”, à mão, com uma caneta-tinteiro e em papel de carta, daqueles bem fininhos… Disléxico, gastaria uma enormidade de papel, pois os erros seriam muitos…

Ainda bem que estamos na segunda década do século XXI, e cato milho nas teclas sofridas desse computador que apanha surras de meus dedos pesados! Ah! Se o Borba tivesse um desses!…

– Calma Quincas! Não se perca no caminho!…

O fato meu caro, é que já faz muito tempo que nós não mais nos encontramos. Lembro de nossos encontros matinais, no banheiro, quando íamos escovar os dentes!… Nós nos encarávamos no espelho e falávamos como Robert De Niro fez com o seu alter ego em Taxi Drive. Lembra!?…

Pois é! Alguém pode pensar que você é esquizofrênico, falando consigo mesmo no espelho do banheiro, escrevendo carta para si mesmo e ainda publicando no jornal de maior circulação do estado!… Se bem que, quem é esquizofrênico não admite isso, nem para o espelho nem para os leitores!…

– Caramba, Joca! Será que dá para ir direto ao assunto!?

Oquei! (escrito desta maneira mesmo, Ademir, só para sacanear com os caras do Twitter!)

O caso é o seguinte! Eu estou cansado de ter que ficar esperando que alguma coisa aconteça e toda essa situação em que o país se encontra, se resolva.

Em meio a essa zorra toda, tu já nos afastastes de alguns amigos de quem gostamos, apenas e tão somente por pensar diferente deles! O pior é que dois deles, os quais mais sentimos falta, pensam de forma diametralmente opostas.

Veja a que nível chegou esse problema de querer ser coerente demais, analisar as coisas de um ponto central, usando pesos e contrapesos, ponderando cada ação e movimento. Agindo assim tu consegues brigar com todo mundo! Com quem se posiciona à tua esquerda, mesmo que ele nada tenha de esquerdista, e com quem se posiciona à tua direita, mesmo que este seja até extremamente espiritualizado!

O fato é o seguinte, mermão! Não tá dando mais para convivermos dentro das mesmas calças. Esse negócio de quarentena tá me deixando pirado! Não consigo mais conviver contigo, trancado em casa, acordando muito cedo, se enfiando em um computador, escrevendo umas dez histórias ao mesmo tempo, falando enlouquecidamente ao telefone, brigando com Nagib (com muito motivo e com pouco motivo), arrumando confusão no Twitter, ficando sem comer por umas 18 horas, preparando um jantarzinho frugal, quase sempre salada grega, ou cachorro quente de carne moída, ou uma massinha com molho de cogumelo ou ainda uma sopinha vinda da casa da mamãezinha e depois, se enfiar na rede para assistir filmes a noite toda… Ainda bem que isso tudo, ao lado deste monumento de mulher que tu arrebatou!…

Mas como disse amigo querido, eu estou cansado… Vamos flexibilizar um pouco… Viajar… Precisamos ir a São Paulo! Tem duas séries para finalizar, são quase oito horas de filme!… Temos que ir a Porto Alegre, falar com o pessoal dos canais Box… No Rio, ver o Theo!…

Vamos lá! Dá uma folguinha!…

 PS 1: Resposta para mim mesmo:

Sossega leão!…

 PS 2: Fiz esse texto para provar para mim mesmo que não escrevo só sobre coisas “chatas”!…

*(outra)

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