Cinco prêmios em oito dias: “Pelo Ouvido”, de Joaquim Haickel

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Matéria publicada no site www.curtaocurta.com.br

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Entre os dias 14 e 21 de junho, o filme “Pelo Ouvido”, adaptado, produzido e dirigido por Joaquim Haickel foi premiado em três festivais. No Boston International Film Festival, nos Estados Unidos onde ele levou o prêmio de melhor direção, no II Festival Curta Cabo Frio, onde recebeu o prêmio especial do júri e o prêmio de melhor atriz para Amanda Acosta e no 31º festival Guarnicê de Cinema de onde saiu com os prêmios de melhor filme do júri popular e novamente de melhor atriz para Amanda Acosta.

O filme é baseado no conto homônimo de Haickel, que além de realizar trabalhos no cinema e literatura, também é deputado. O texto foi escrito na década de 80, quando o diretor participava da revista cultura Guarnicê e ainda ensaiva os primeiros passos na política. A trama gira em torno das relações de um casal, cujo protagonista, após acidente, tornou-se cego, surdo e mudo. Cerca de 40 pessoas trabalharam na produção do filme, que custou aproximadamente 150 mil reais.

Confira abaixo uma pequena entrevista com o diretor e o conto que deu origem ao filme.

joaquimnagibhaichel.jpgCurta o Curta – Como nasceu a idéia do filme?
Joaquim Haickel
– Em outubro de 1991, o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu veio a São Luís ministrar um curso para jovens poetas, escritores, jornalistas e universitários maranhenses.Cada dia alguém da oficina indicava um conto para ser lido por e depois havia uma rodada de discussões e comentários.

Sugeri a leitura do conto “Pelo Ouvido”, dizendo-o de David Linch. Lido o conto, a maioria do grupo – inclusive o próprio Caio Fernando Abreu – reconheceu traços cinematográficos que ligavam o texto a experiências do soturno diretor. No dia seguinte, o constrangimento foi geral quando todos souberam que eu havia escrito o conto Pelo Ouvido em 1983, e não David Linch.

COC – Quanto tempo durou a produção? Qual a maior dificuldade que você enfrentou?
Haickel
– Adaptamos o roteiro em 30 dias. Aprovamos o projeto no Minc em 60. Enquanto isso, adiantávamos a pré-produção. Gravamos em 5 dias. Desenvolvemos uma trilha sonora original, montamos e finalizamos em mais 90 dias.

Foram 6 meses de um trabalho extremamente prazeroso. Tive a sorte de contar com uma equipe de primeira: Cássia Mello, Arturo Sabóia, o pessoal da Mutante Filmes, etc. Dificuldade mesmo só para conseguir patrocinador.

COC – Esse é seu primeiro filme?
Haickel
– Pode-se dizer que sim. Participei de um grupo que fazia filmes em super 8 no inicio dos anos 80 em São Luis. Fizemos até um filme que ganhou os prêmios de melhor filme maranhense tanto do júri técnico, quanto do júri popular. Chamava-se “The Best Friend – O Amigão”. Agora, paralelamente ao “Pelo Ouvido” fiz outro filme, “Padre Nosso”, editado em duas versões, 1 minuto e 4 minutos.

COC – O filme tem participado de outros festivais?
Haickel
– Para mim foi indispensável a contratação do Curta o Curta para distribuir o filme em 50 festivais nacionais. Quanto aos festivais internacionais, minha amiga Lyvia Viana tem feito um trabalho incrível de distribuição. Estamos participando da pré-seleção de outros 50 festivais fora do país e acabamos de saber que estaremos na sessão Focus on World Cinema do Festival Des Films Du Monde, em Montreal no Canadá, em agosto.

COC- Você está fazendo outro filme agora?
Haickel
– Tenho uns quatro projetos em mente. Um documentário sobre as relações entre eleitor e candidato durante uma campanha política. Um docudrama sobre um personagem da historia maranhense, que ainda não foi escolhido. Pode ser o Padre Antonio Vieira, Gonçalves Dias, Sousândrade, Ana Jansen, os irmãos Artur e Aluízio Azevedo, Joaquim Gomes de Sousa, O caso vergueiro ou sobre as ricas famílias maranhenses do inicio do século 20.

Há muito assunto. Alem disso quero encontrar alguém que me ajude a adaptar algumas historias de meu livro de contos, A Ponte. E principalmente, quero fazer um longa-metragem baseado no mundo do cinema. A vida das pessoas que estudam esse oficio, essa arte. Tudo a cerca dessa gente, de seu trabalho e de seus sonhos. Uma homenagem ao cinema, os cineastas e aos cinéfilos.

COC -Por que e para que fazer curtas no Brasil de hoje?
Haickel
– É fazendo curta que se aprende a fazer longas! É praticando que se aprimora e a maneira mais fácil de se praticar é fazendo, e pra se poder fazer temos que começar fazendo mais barato, mais simples. Há outro motivo de porque e pra que se deve fazer curta metragem. Essa é uma linguagem única, a capacidade dizer em 15 ou 20 minutos o que alguns levam 90 ou 120. Curtas e longas estão para literatura como conto e romance. Para um há um mercado estabilizado e demanda para o outro não, mas nem por isso deve se deixar de fazê-lo.

Pelo ouvido, o conto

Cego era Churck. Cego e surdo.
Em verdade Churck era cego, surdo e mudo.
Kate não era sadia. Talvez não muito sã, mas sadia.

*

Casaram-se em Richmond e foram morar em Washington, num bairro antigo – Georgetown.
Kate trabalhava numa fábrica de sutiãs – telefonista.
Churck recebia pensão do exército. Na Coréia, uma granada estourou-lhe os tímpanos, arrancou-lhe as cordas vocais e vazou-lhe os olhos. Mas foi só.

*

Voltou pra casa e casou com a namorada de infância Katarrine Hampumt.
Kate o amava muito. “Kate o ama muito” – comentava-se.

*

Voltar pra casa, encontrar Churck e amar era o que se passava pela cabeça dela desde a saída.
Chegava, preparava banho pra dois. Espuma e amor na banheira.
Churck adorava. Kate nem tanto. Preferia na cama.

*

Depois do chá com torradas, Kate lia – Dashiell Hammett – em voz alta.
Churck nada ouvia. Pintava: mulheres – azuis, verdes, lilases, sempre mulheres nuas – nada via.

*

Onze horas, a de deitar. Kate sorria – hora de sentir prazer. Primeiro adaptava o headfone com o qual trabalhava a seu aparelho, discava: Chevy Chase, 3951.

*

“Alô!” – Kate.
“Estava ansioso…” – voz masculina do outro lado da linha.

*

Kate e Churck se amavam, Churck nada falava.
Kate ouvia.

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20 curiosidades sobre a China

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Tenho um bom amigo que me manda pelo menos 50 mensagens eletrônicas por dia, então resolvi compartilhar com vocês, sempre que for possível, algumas delas (apenas algumas…rsrsrsrs). Espero que apreciem.

Em Agosto deste ano, todos os holofotes do mundo estarão voltados para a China, por causa dos Jogos Olímpicos de Pequim. Mas o que não podemos imaginar são as curiosidades à respeito do país mais populoso do mundo.
 
Esta semana, despertado que fui por uma reportagem sobre o assunto publicada na revista Superinteressante, resolvi ir à caça e trago aqui para a Papo de Homem um mundo de fatos curiosos sobre a China.
 
1.
A cada feriado do Ano-novo chinês, mais de 300 milhões de pessoas viajam pela China, para visitar parente, sendo o maior movimento migratório do planeta. Como não conseguem ir ao banheiro nos trens superlotados, muitos viajantes usam fraldas para adultos.
 
2.
A polícia não tem armas. Aliás, ninguém carrega armas, e o crime praticamente não existe entre os civis. Também pudera, aquela clássica história do criminoso ser executado e a bala ser cobrada da família assusta qualquer um. A China é o país que mais executa
prisioneiros no mundo.
 
3.
Após décadas do mais puro regime comunista, os chineses ignoram o que é privacidade. Bisbilhotar e tomar conta da vida alheia é quase obrigação, sendo muito comum xeretar conversa alheia ou olhar o cartão de ponto do colega para denunciar atrasos.
 
4.
Os símbolos chineses são tão ornados e complicados de desenhar, que se você resolve sentar num banco e escrever algo num papel comum, vai atrair uma multidão de curiosos apontando para você. Vai entender?
 
5.
São calmos até demais. Não se ouvem buzinas nos engarrafamentos. Não se vê chinês com cara de estressado.
 
6.
O que nós chamamos de boa educação e higiene não se aplica na China.
Os banheiros são apertados, fedidos e com apenas um buraco no chão.
As pessoas urinam no meio da rua. Soltar puns em público é com eles mesmos.
O que chama mais atenção é o hábito de cuspir: Chineses cospem em qualquer lugar, e se você der mole, pode levar uma cusparada acidental, pois a medicina tradicional chinesa acredita que seja danoso engolir a saliva. E fuma-se até em aviões na China.
 
7.
Os chineses recusam gorjetas. Um viajante relatou que ao oferecer uma gorjeta a uma garçonete, ela empurrou a mão dele e saiu correndo, corada de vergonha. Quando você deixa a gorjeta na mesa, o funcionário corre atrás de você para devolver o dinheiro.
 
8.
Essa é muito esquisita. Funcionários chineses riem da sua cara quando você reclama de algo. Parece que estão de sacanagem, ninguém consegue entender, mas deve ser algo cultural. Eu, hein?
 
9.
Os bebês chineses andam com a bunda de fora. Sim, as roupas têm buracos no bumbum do bebê. E em último caso, vai na rua mesmo. As fábricas de fraldas devem adorar isso.
 
10.
Das 20 cidades mais poluídas do mundo, 16 são chinesas.
 
11.
O território chinês abrange 4 fusos horários, mas o governo não quer nem saber, e todo o país adota a hora de Pequim. O que faz o sol nascer às 4 da manhã no leste do país, e no oeste, às 9 da manhã.
 
12.
Os chineses são muito supersticiosos. Os andares 4, 14 e 24 de muitos prédios não existem, porque o ideograma do 4 é parecido com o da morte. Celulares terminados em 4 ou com muitos 4 são bem mais baratos, e muito utilizados por estrangeiros.
Já o número 8 tem o ideograma que lembra o da prosperidade. Não é à toa que os jogos Olímpicos começarão no dia 8 de agosto de 2008, às 8:08 da noite.
 
13.
Os lamas tibetanos estão desde o ano passado, proibidos de ressuscitar sem autorização do governo
 
14.
Segundo tradição do interior do país, homens que morrem solteiros têm a linhagem comprometida na próxima vida.
Para evitar isto, os familiares tentam arrumar o chamado minghun, ou casamento após a morte, enterrando uma noiva-fantasma ao lado do solteirão. Quanto mais nova a moça, melhor, e o preço pode chegar a US$ 2000,00.
 
15.
Fruto da política do filho único e da preferência das famílias por homens, existem 18 milhões de homens a mais que mulheres na China.
Saber o sexo da criança antes do nascimento é proibido, porque se for mulher, o casal pode decidir abortar.
Apesar disto, o aborto é legal na China, mesmo no final da gravidez.
Por conta disto, a China é o país mais avançado em pesquisas com células-tronco, além que quase nenhuma chinesa tomar anticoncepcional.
 
16.
A inovação mais recente que o governo quer implantar na legislação trabalhista são férias anuais de 15 dias. O salário de um operário é mais ou menos R$ 80,00/mês.
 
17.
A gastronomia chinesa é, digamos, exótica. O banquete do ano-novo chinês entre os mais ricos inclui iguarias como ovos podres cozidos e sopa de ninho de andorinha. Nas províncias do sul, come-se de tudo: gafanhotos, escorpiões, ratos selvagens, gatos, cachorros, estrelas-do-mar, cobras e até casulos de bicho-da-seda.
Há um restaurante em Pequim cuja especialidade é pênis. Isso mesmo, lá se tem pratos com o membro de 9 animais : Touro, jumento, cão, cobra, cervo, carneiro, búfalo, foca e cavalo, e como o povo acredita que o prato é afrodisíaco, não faltam clientes.
Ah, e se estiver numa mesa com chineses, jamais deixe os palitinhos fincados no arroz, pois isso representa desejar a morte das pessoas ali presentes. E também procure deixar comida no prato, pois um prato vazio para os chineses não significa que você gostou da comida, mas que o anfitrião foi ineficiente ao te servir.
 
18.
As transmissões de redes internacionais de TV apresentam 9 segundos de atraso. É o tempo suficiente para que o censor tire a rede do ar caso constate que a notícia é ofensiva aos interesses chineses.

19.
77% dos chineses não sabe que a Aids pode ser evitada com o uso da camisinha.
 
20.
Ver filme erótico pode dar cadeia (se você for pego, claro). Gays também são perseguidos por lá. Anúncios, passeatas ou personagens gays na TV são proibidos.

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Maranhão no Festival de Cinema de Boston

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FÉLIX ALBERTO LIMA
Especial para o Alternativo – jornal O Estado
Trailer Pelo ouvido

amandaacosta.jpgUm tributo ao mais feminino dos sentidos humanos. Assim é Pelo Ouvido, o curta-metragem do maranhense Joaquim Haickel que participa hoje da 13ª sessão competitiva do Festival Internacional de Cinema de Boston, nos Estados Unidos. O filme, única produção brasileira selecionada para o festival, é baseado em conto homônimo de Haickel publicado no livro A Ponte, em 1991, pelo selo Edições Guarnicê.

Pelo Ouvido é visceral e ao mesmo tempo suave e terno. Tem pegada técnica com uma linguagem universal, envolvente. São 17 minutos de uma história que surpreende, de roteiro inteligente, trilha sonora original impecável e recursos cenográficos sob medida. Pelo Ouvido, o conto, foi escrito em 1984, quando Haickel integrava a equipe de redatores e agitadores culturais da revista Guarnicê e ainda ensaiava os primeiros passos na política.    

A história se passa quase que totalmente dentro de um apartamento de uma grande cidade, que tanto pode ser São Paulo, Londres ou São Luís. Pelo Ouvido cabe em qualquer parte porque prende a atenção e transcende tempo e espaço. O filme conta a história de Katie (Amanda Acosta) e Charlie (Eucir de Souza). Charlie é vítima de um grave acidente que o deixa com seqüelas irreparáveis. Cego, surdo e mudo, Charlie mergulha no silêncio de um mundo que nem sempre satisfaz as fantasias da jovem Katie. Há poucos minutos para compreender – ou pelo menos para tentar decifrar – os desdobramentos dessa relação. Katie e Charlie se entendem.    

 O curta-metragem, a rigor, sugere uma discussão, traz uma mensagem subliminar, defende um ponto de vista, documenta uma história, revela passagens de ficção, fragmentos da história. Esqueça tudo isso. Pelo Ouvido é um curta sem maiores pretensões, uma provocação desinibida sobre um tema que, entre quatro paredes, salta aos olhos da indiferença. Joaquim Haickel não quis escrever um réquiem aos amores servis. Katie e Charlie se dão de presente, na cama, na banheira, no tato, na poesia, no telefone. Para gemer cada vez mais alto, Katie precisa ouvir o que Charles é incapaz de pronunciar.    

 Pelo Ouvido foi rodado em São Paulo entre setembro de 2007 e maio de 2008. Com roteiro de Joaquim Haickel e Arturo Sabóia, o filme é dirigido pelo autor do conto e tem produção executiva de Ana Mendonça e Coi Belluzzo. Cerca de 40 pessoas, entre técnicos, atores e assistentes, participaram da produção que arrebatou lugar de destaque no Festival Internacional de Boston. O curta consumiu na produção aproximadamente R$ 150 mil, com equipamentos, pagamento de cachês e custos com locação.

 Eucir de Souza, o Charlie, é ator da nova geração do teatro paulista. Em 2007, encenou o monólogo O Incrível Menino Na Fotografia, com texto de Fernando Bonassi. No cinema, participou de curtas como Riso-Hiena, O Tempo dos Objetos e Fim de Caso. Mais recentemente fez o curta-metragem Palíndrome. Em Pelo Ouvido, Eucir interpreta com a alma um artista (poeta, músico e escultor) preso no silêncio cego de seu apartamento.

 A bela Amanda Acosta, que interpreta Katie, tem passagens pela TV, publicidade, cinema e teatro. Nos palcos,encenou Rapsódia dos Divinos, As mulheres da Minha Vida, Os Sete Gatinhos, O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá. Marcante foi sua interpretação de Elisa Doolittle na inteligente comédia My Fair Lady. Na música, Amanda Acosta foi uma das vozes do famoso Trem da Alegria, grupo que embalou sonhos de muitas crianças Brasil afora. Voz afinada e de repertório luxuoso, Amanda dá vida à música O Segredo, feita especialmente para o filme Pelo Ouvido.

Autodidata e apaixonado pela Sétima Arte

As primeiras experiências de Joaquim Haickel com cinema datam das cruzadas culturais dos anos 80. Perambulou a esmo pelas salas dos cines Rex, Monte Castelo, Rialto, Éden, Roxy e Passeio. Em 1984, com uma idéia na cabeça e uma câmera na mão de amigos, Haickel une-se a João Ubaldo e Newton Lilio para rodar The Best Friend (O Amigão) e o inscreve na 8ª Jornada Nacional de Cinema do Maranhão, o persistente Guarnicê de Cinema dos tempos atuais. O filme conquista os prêmios de melhor filme maranhense, do júri técnico, e melhor filme da jornada, do júri popular.

Adquiriu gosto pela arte, mas não quis mais brincar de cinema, pelo menos até o ano passado. Virou cinéfilo e passou a conhecer a linguagem do cinema como poucos no Maranhão. É um devorador de fichas técnicas, um incorrigível palpiteiro nas sessões do Oscar e freqüentador assíduo das salas de exibição.

Fazer cinema novamente, segundo Haickel, é reinventar o desafio do menino que cresceu impressionado pela luz e pelo movimento da tela grande. “Não estudei a linguagem do cinema, não freqüentei as academias, mas tenho o conhecimento do autodidata dedicado, apaixonado”, argumenta. Orgulha-se de ser um amador em matéria de cinema. “Amador é aquele que ama o que faz, e é isso o que acontece comigo”.

Sobre incursões futuras na produção cinematográfica, Joaquim Haickel desconversa. “Eu não sei bem o que eu quero, mas o que eu não quero eu tenho certeza”, relata em depoimento no making off do filme.

Capa Alternativo – O Estado – 08/06/2008

Complemento importante dessa notícia: 

“Pelo Ouvido”, Filme de Joaquim Haickel leva 5 prêmios em seus 3 primeiros festivais. 

Entre os dias 14 e 21 de junho, o filme “Pelo Ouvido”, adaptado, produzido e dirigido por Joaquim Haickel, tendo por base um de seus contos, foi premiado em três festivais. No Boston International Film Festival nos Estados Unidos onde ele levou o prêmio de melhor direção, no II Festival Curta Cabo Frio, onde recebeu o prêmio especial do júri e o prêmio de melhor atriz para Amanda Acosta e no 31º festival Guarnicê de Cinema de onde saiu com os prêmios de melhor filme do júri popular e novamente de melhor atriz para Amanda Acosta. 

TROFÉU SÃO LUÍS: O júri técnico de Vídeo atribuiu o Troféu São Luís para o Deputado Joaquim Haickel pela sua cumplicidade com o movimento audiovisual maranhense.

“Pelo Ouvido” ainda participa da pré-seleção de mais de 100 festivais de cinema, no Brasil e no exterior, para isso o filme foi traduzido e legendado em inglês, francês e espanhol. 

Para os festivais nacionais a Guarnicê Produções, dirigida por Joaquim Haickel inscreveu outro filme, “Padre Nosso”, também baseado em uma de suas obras, desta vez um poema.   

Veja também: http://www.curtaocurta.com.br/

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Vivendo e aprendendo

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Tenho um bom amigo que me manda pelo menos 50 mensagens eletrônicas por dia, então resolvi compartilhar com vocês, sempre que for possível, algumas delas (apenas algumas…rsrsrsrs). Espero que apreciem. 

Aos 4 anos aprendi que peixinhos dourados não gostam de gelatina.
Aos 5 anos aprendi que gosto de minha professora porque ela chora quando cantamos Noite Feliz.
Aos 7 anos aprendi que meu pai pode dizer um monte de palavras que eu não posso.
Aos 8 anos aprendi que minha professora sempre me chama quando eu não sei a resposta. Aos 9 anos aprendi que se pode estar apaixonado por 4 garotas ao mesmo tempo.
Aos 10 anos aprendi que os meus melhores amigos são os que sempre me metem em confusão.
Aos 11 anos aprendi que se tenho problemas na escola, tenho mais ainda em casa.
Aos 12 anos aprendi que quando meu quarto fica do jeito que quero, minha mãe manda eu arrumá-lo.
Aos 13 anos aprendi que não se deve descarregar suas frustrações no seu irmão menor, porque seu pai tem frustrações maiores e mão mais pesada.
Aos 15 anos aprendi que os grandes problemas sempre começam pequenos.
Aos 20 anos aprendi que nunca devo elogiar a comida de minha mãe quando estou comendo alguma coisa que minha mulher preparou.
Aos 22 anos aprendi que se pode fazer num instante algo que vai lhe dar dor de cabeça a vida toda.
Aos 25 anos aprendi que para todo o lugar que vou, os piores motoristas me seguem.
Aos 27 anos aprendi que quando minha mulher e eu temos, finalmente, uma noite sem as crianças, passamos a maior parte do tempo falando sobre elas.
Aos 28 anos aprendi que casais que não tem filhos, sabem melhor do que você como se deve educar os seus.
Aos 29 anos aprendi que é mais fácil fazer amigos do que se livrar deles.
Aos 30 anos aprendi que não se deve casar com alguém que tenha mais problemas do que você.
Aos 31 anos aprendi que mulheres gostam de ganhar flores, especialmente sem nenhum motivo.
Aos 33 anos aprendi que não cometo muitos erros com a boca fechada.
Aos 34 anos aprendi que existem duas coisas essenciais para um casamento feliz: contas bancárias e banheiros separados.
Aos 36 anos aprendi que se quiser ser convidado a festas, tenho que dá-las.
Aos 37 anos aprendi que toda a vez que estou viajando gostaria de estar em casa e toda vez que estou em casa gostaria de estar viajando.
Aos 39 anos aprendi que a época que preciso realmente de férias é justamente quando acabo de voltar delas.
Aos 40 anos aprendi que nunca se conhece bem os amigos até que se tire férias com eles.
Aos 41 anos aprendi que se você está levando uma vida sem fracassos, você não está correndo riscos o suficiente.
Aos 42 anos aprendi que a pessoa que afirma que alguma coisa não pode ser feita, freqüentemente. interrompe alguém que está fazendo.
Aos 43 anos aprendi que você pode enrolar por quinze minutos. Depois disso é melhor que saiba alguma coisa.
Aos 45 anos aprendi que a qualidade de serviço de um hotel é diretamente proporcional a espessura de suas toalhas.
Aos 46 anos aprendi que crianças e avós são aliados naturais.
Aos 47 anos aprendi que se você quer saber quem manda numa família, só observar quem toma conta do controle remoto da TV.
Aos 48 anos aprendi que o homem tem quatro idades:
     1) quando acredita em Papai Noel,
     2) quando não acredita em Papai Noel,
     3) quando é Papai Noel e
     4) quando se parece com Papai Noel.
Aos 51 anos aprendi que o objeto mais importante de um escritório é a lata de lixo.
Aos 54 anos aprendi que é impossível tirar férias sem engordar cinco quilos.
Aos 55 anos aprendi que não posso mudar o que passou, mas posso deixar pra lá.
Aos 63 anos aprendi que a maioria das coisas com que me preocupo, nunca acontecem.
Aos 64 anos aprendi que nunca você deve ir para cama sem resolver uma briga.
Aos 71 anos aprendi que quando as coisas vão mal, eu não tenho que ir com elas.
Aos 80 anos aprendi que envelhecer é bom só se você for um vinho ou um queijo fedorento

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Diário de viagem – 2

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1 – Boston é de certa forma uma cidade bastante provinciana. Mais de três milhões de habitantes e ainda mantém nítidas as características comunitárias de pequena cidade. Notei que nesta parte o país, a Nova Inglaterra, o prefeito de certa forma é mais importante que o governador. Enquanto um faz projetos e executa obras, o outro é uma figura representativa, um magistrado.
Fiquei intrigado e perguntei ao Álvaro Lima, se já que o prefeito, seu amigo, é tão forte na capital do estado, tanto que vem se reelegendo há tantos anos, porque ele não se candidata ao governo, ao que ele me respondeu: “Ele acredita que é mais importante fazer um excelente trabalho na cidade que um trabalho apenas regular no Estado”. Se todos nós pensássemos assim no Brasil as coisas talvez começassem a mudar pra melhor.

2 – Estou impressionado com a imensa quantidade de imigrantes brasileiros, não só em Boston, mas em toda região nordeste os Estados Unidos. São segundo as mais conservadoras avaliações mais de 350 mil brasileiros por aqui. Alguns acreditam que sejamos 400 mil. È uma considerável corrente migratória que não pode ser desconhecida ou desconsiderada por nossos governantes e pelo que senti por aqui, nossos conterrâneos estão bastante queixosos com o Itamaraty, as pessoas se sentem abandonadas pelo nosso governo.

3 – Coisas incríveis acontecem a cada instante, em todo lugar e com qualquer pessoa. Comigo, as que acontecem eu costumo registrar.
Conhecer pessoas é uma das coisas que eu mais gosto de fazer na vida. É até difícil dizer o que eu mais gosto de fazer porque eu gosto de tanta coisa… Mas nesta viagem tenho conhecido pessoas muito interessantes.
Fui visitar minha prima Salwa e ao entrar no elevador dei de cara com uma senhora loira e um sujeito baixinho que carregava uma bike de corrida nas costas, usando uns óculos de sol minúsculos e fashion. Dei bom dia, olhei para o painel do elevador e fiquei completamente perdido. Tinha que ir para o apartamento 17 em um prédio onde cada unidade ocupa um andar inteiro e naquele painel não havia o 17° andar… Já me desculpando por meu inglês ruim, pedi ajuda ao cavalheiro. Quando lhe disse que queria ir ao “seventeen floor”, ele disse sorrindo, em um português bem pior que o meu inglês: “oucêi deviii cerrr jakin, prinnmou cineasssstou dii Salwa”. O baixinho invocado era o Bob, o milionário marido de minha prima. Ele então se virou para senhora ao seu lado e me apresentou pra ela, ao que eu respondi em meu inglês bem melhor que o português dele, simplesmente, “nice to meet you” (Ta pensando! Fiz bonito!).
Horas mais tarde, depois de um magnífico almoço genuinamente bostoniano, a base de lagostas, lulas, vieiras e mexilhões, num magnífico restaurante tradicional, na área do cais, comentei com Salwa que o motorista de táxi que me levará até sua casa havia me dito que naquele prédio morava a ex-mulher do senador Ted Kennedy. Bob então intercedeu e diz pra mim: “oucêi  parrecie kii eh dii Bacubal (ele se referia a Bacabal), ah sinhoura kii tii presenntei no levadorr irah Joan Kennedy!”. Tive então a reafirmação de duas antigas constatações e passei a ter uma outra certeza: De como esse mundo é pequeno e de como o tempo é implacável, além do que, meu inglês não é tão ruim assim, viu!?

4 – Domingo passado meu filme, “Pelo Ouvido” foi exibido pela primeira vez para o publico e isso aconteceu aqui no Boston Internacional Film Festival. Senti algo Maravilhoso ao ver meu trabalho naquela tela gigantesca, no maior cinema de uma das cidades mais importantes dos Estados Unidos. Por um instante tive a sensação do dever cumprido e tive vontade de voltar pra casa, pra minha vidinha, minha família, meus amigos, meu caranguejo toc-toc, pra lida enfadonha da Assembléia, pra tomar a frente da Fundação Nagib Haickel, do Museu da Memória Audiovisual do Maranhão… Foi quando me lembrei daquela famosa frase de César: Vim, vi e venci. O fato de meu filme ter vindo, de ter sido visto e apreciado por muita gente, já o faz um vencedor. Quanto ao resultado do Festival propriamente dito, isso é coisa que tanto eu quanto vocês só vamos saber depois, por que o os envelopes só serão abertos amanhã, por enquanto vamos comemorar uma outra vitória. O primeiro premio do filme “Pelo Ouvido” saiu hoje, foi o de melhor atriz dado pelo júri técnico do festival de Cabo Frio, para minha querida amiga Amanda Acosta por seu impecável desempenho no papel de Keyt.

Boston, 13 de junho de 2008.

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Diário de viagem – Intermezzo

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1 – A festa de abertura do Boston International Film Festival foi bem legal. Ela me fez lembrar de dirigir uma palavra especial ao meu amigo Euclides Moreira, alma o festival Guarnicê de Cinema, que faz o nosso Maranhão ser conhecido e respeitado em todo Brasil: É muito difícil fazer um evento destes em qualquer lugar do mundo, aqui nos Estados Unidos inclusive, imaginem só em nossa terra onde quase ninguém ajuda. Você, amigo Euclides, e os abnegados que lhe ajudam são uns gigantes por fazer isso, com sucesso, já há 31 anos. Meus parabéns! E muito obrigado. 

2 – O meu modesto conhecimento do idioma de Sheakespare me permite não morrer de fome, mas isso é coisa que um pouco de mímica e uma providencial ajuda de Benjamim Franklin ou de Ulisses Grant, se resolve. Dá até para assistir aos filmes do festival sem problema. É nessas horas que minha dislexia ajuda. Minha extrema familiaridade com o audiovisual supre boa parte da dificuldade com o idioma. Dá pra manter um contato inicial, me apresentar, perguntar algumas coisas, entender algumas respostas, falar sobre meu filme, mas é só. Mais que isso já fica complicado. Não dá pra aprofundar uma conversa. Gostaria muito que minha filha Laila estivesse aqui, ela poderia ser a minha voz.

3– Tenho sentido muita falta de minha família e de meus amigos. Viajo muito, e não me lembro de ter me sentido assim antes. Nas ultimas semanas tenho freqüentado toda terça feira uma Célula dirigida por Taliane Lima e que se reúne na casa de meu amigo Rafael Blume ou de algum membro do grupo. Na ultima terça ganhei uma Bíblia de letras grandes e de tradução acessível, presente de Daniel. Vou sentir falta deles nessa semana, mas na próxima estarei lá.

4 – Passei agora a pouco por uma senhora idosa, de cabeça branquinha, que passeava sozinha em um parque. Lembrei-me de dona Filuca, de sua energia e de sua vivacidade. Filuquinha vai fazer muita falta, mas ela já fez uma coisa incrível, reuniu um dia depois de seu enterro todos os seus filhos em sua casa da Rua do Sol, coisa que não acontecia há muito tempo. Gostei muito de ver todos ali: Amadeu, Carlinhos, Carmem e Mamalia, suas esposas e esposos, filhos e netos. Tenho certeza que tanto ela quanto velho Emanuel devem ter ficado muito contentes.

5 – Estou impressionado com a popularidade de Álvaro Lima, não só em meio à comunidade brasileira de Boston, mas principalmente em relação ao prefeito que já está no cargo há 16 anos e vai agora para o quinto mandato consecutivo. Alvinho, na administração da cidade, acumula as funções de secretario de planejamento e de secretario para desenvolvimento comunitário. Fiquei muito orgulhoso quando o acompanhei a uma reunião da associação de mulheres brasileiras e pude constatar ali todo seu o prestigio, o respeito e o carinho que ele desfruta por aqui. Outra pessoa muito influente na cidade é Salwa Aboud, ex-consul honorária do Brasil em Boston, que por aqui é conhecida por Madame Smith, sobrenome de seu marido Bob, uma figura simpaticíssima, divertido e engraçado, alem de ser um importante financista de Wall Street.  

6 – Ainda sobre Alvinho, fico imaginando quanta coisa esse maranhense extraordinário poderia fazer em beneficio de nossa gente e de nosso estado, executando aí algumas de suas idéias e colocando em pratica em terras maranhenses alguns de seus projetos e experiências tão bem sucedidas e desenvolvidas na administração de seu amigo prefeito de Boston, Thomas M. Menino. São coisas simples, tão simples que chegam a ser ridículas. Numa conversa com ele dei-me conta de que a radicalização do capitalismo americano somada a uma imensa noção de responsabilidade e humanidade transformou a cidade de Boston quase em uma sociedade socialista.

7 – O clima mudou radicalmente. Quando cheguei aqui fazia um frio de lascar, agora ta fazendo um calor digno de Santa Inês ou imperatriz. Estive aqui pela primeira vez vinte anos atrás, quando era deputado federal constituinte, participando de um congresso da Associação Americana de Jovens Lideres, para conhecer o modelo político, partidário e eleitoral dos americanos. Naquela época o então governador de Massachucetes, Michael Dukakis, concorria nas previas do partido Democrata para disputar a presidência da republica Yankee. A cidade que já era linda está agora magnífica. Boa parte da inteligência americana vive aqui e trabalha em duas grandes organizações educacionais e cientificas, em Harvard e no MIT.

8 – Meu filme fez sua estréia mundial nos circuitos dos festivais, aqui, no domingo e contou com uma grande quantidade de espectadores. Alguns brasileiros, outros americanos que convidados de Alvinho e Salwa, vieram ver o filme. Fiquei emocionado ao ver tanta gente que eu nem conheço, prestando atenção na historia de Keyt e Charlie. Depois fui sabatinado pela audiência. Queriam saber de quem era a historia, quanto tempo e quanto dinheiro foi investido para realizar o filme. Aparentemente todos gostaram muito, acharam um filme bastante profundo e sensível.

Ainda esse mês ele estará participando de festivais em Cabo Frio e São Luis, enquanto o “Padre Nosso” vai estar em Florianópolis, no festival de cinema do MERCOSUL.  

Boston, 09 de junho de 2008.

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Diário de viagem – Parte 1

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1 – Como sempre faço, passei a semana inteira me preparando para viajar. Fiz as contas dos dias que passaria fora, separei as roupas conforme as ocasiões, combinações, usos e possibilidades de cada uma. Começo fazendo um mapa do corpo, de baixo para cima: sapatos, meias, cuecas, sunga de banho, calções para dormir, bermudas, calças, camisetas, camisas, casacos e outras coisas tais como gravatas, lenços, bonés…

2 – Fiz tudo certo, vôo confirmado, hotel confirmado, até o transfer do aeroporto para o hotel confirmado. Só faltou combinar com o setor de manutenção da TAM… O vôo foi cancelado em Belém, tive que ir para o Rio, depois pra São Paulo pra só então chegar a Miami e fazer conexão imediata para Boston. 48 horas viajando.

3– No avião conheci duas pessoas muito interessantes: Wanderson, um brasileiro de Curitiba, que tem dupla nacionalidade, é também americano onde faz parte das forças especiais do exercito dos Estados Unidos. Um SEAL daqueles que só se vê em filmes de guerra. O cara é muito louco. Dizendo ele que era da Legião Estrangeira da França, um mercenário. Fala seis idiomas: Português, inglês, espanhol, francês, árabe e russo. Tem seus 130 quilos distribuídos em quase dois metros de altura. Falante, me mostrou todas as suas identificações, falou de como estão as coisas no Iraque e o principal, que estava voltando para se entregar, pois pirou, fugiu, desertou e agora fez um acordo pra voltar. Vai pegar uma cana, perder um pouco do salário e voltar pro Iraque onde deve ficar quinze meses, depois dá baixa e vai morar no Brasil. A outra foi Danw, uma simpática moça de Chicago que mora em Miami, trabalha na Caterpilla e passou 10 dias em Piracicaba fazendo marketing de seus tratores. Uma bela negra dona de um perfil que lembra Nefertiti. Extremamente inteligente e elegante. Parecia ser da CIA. Pensei estar em um roteiro de um filme da serie de filmes de Jason Bourne ou Jack Ryan.

4 – Ao descer em Miami, na imigração, peguei a fila errada e fui repreendido por um sujeito que mais parecia aquele obelisco de 2001, uma odisséia no espaço. Gigantesco e negro. O cara, quase que em câmera lenta, levantou-se de sua cadeira e foi olhar pra ver se eu estava na placa de identificação da fila em que eu me encontrava, então com certa ironia e bastante arrogância mandou-me mudar de fila, no que obedeci. Cena digna dos desenhos de Tom e Jerry, quando um daqueles cachorrões intimida o pobre e fraco bichano. O tempo passava rápido e as filas andavam muito devagar, até que um supervisor mudou um monte de gente de lugar e me recolocou novamente na fila em que eu estava antes, a do negão. Quando chegou a minha vez, quase que em câmera lenta, me aproximei dele, olhei bem em seus olhos, voltei pra ler o que estava escrito na placa e voltei-me a ele dizendo: ‘Oi! Veja como são as coisas, esse mundo é muito pequeno, eu voltei!

5 – Ao fazer a conexão pra Boston, uma moça da segurança olhou pra minha cara e me mandou ir por uma fila diferente da dos demais. Achei estranho mas fui, não tinha escolha. A revista nessa fila era redobrada, acho que tenho cara de terrorista! Depois de constatar que só a minha cara é um terror a moça me liberou.

6 – No saguão, esperando o vôo pra Boston, ouvi umas pessoas falando meu amado idioma. Essa é uma das melhores sensações que eu sinto quando estou viajando, encontrar alguém que fale minha língua. As pessoas que conheci eram a médica Luciana, o músico Fernando e sua mulher, a atriz Edel.

7 – No avião para Boston passou o filme “Antes de Partir” com Jack Nicholson e Morgan Freeman, dirigido por Rob Reiner. Como já havia visto, resolvi vê-lo, sem som. Lembrei-me de quase tudo, até chorei exatamente no mesmo lugar em que eu e Laila choramos junto, quando assistimos pela primeira vez. O casal ao um lado não entendeu nada.

8 – Depois disso tudo, cheguei e tenho que correr porque é hoje a abertura do Boston International Film Festival e meu filme “Pelo Ouvido” carrega a imensa responsabilidade de ser o único representante do Brasil. De repente estou me sentindo extremamente sozinho, mas ainda bem que vou encontrar com Álvaro Lima (filho de dona Zelinda e de seu Carlos Lima) e com Salwa Aboud (filha de dona Albertina e seu Eduardo Aboud) que moram aqui há muitos anos. De repente já estou me sentindo em casa. Só falta abiscoitar pelo menos um premiozinho no festival, se bem que já é um grande prêmio o fato de ter sido selecionado em meio a mais de dois mil trabalhos.

Boston, 06 de junho de 2008

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Encordado

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Encordado
noite adentro
acordado.
Em claro.
De luz
a lua.
Abajur de 29 polegadas
chuvisco da tv
fora do ar.
Olhos fixos nos punhos da rede
pragas sanguinárias há pular.
Laços fora soldados.
Independência sem sono
sonho bizarro
filme de Lynch.
Saudade do que não foi.
Quase plagio
de jingle antigo.
Plagio legitimo
de um outro eu de ontem.
Poema mascado
mascavo
fumo de rolo
cuspido
cupido sem asas.
Azar o teu
o meu
o nosso.
Ir
tu podes
para onde quiser
desde que não arraste contigo
pedaços do meu
coração
violão.
Senta praça
meganha.
Barganha
canta cantiga antiga
arranha-a-jarra-arranja-aranha
brincadeira de criança.
Palavras perdidas ao sol.
Gestos soltos ao vento.
E tu
e tua outra parte
ainda solta
ainda perdida
no infinito balouço azul.

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A noite

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A noite
é escura
tem estrelas,
as vezes lua.

Luas.

Tem maçãs,
E tem pêras,
as dos teus seios,
Tem a maciez de tuas ancas,
tem também a dureza
das paredes, da calçada
e de teu coração.

A noite daqui talvez não seja igual a  noite de lá,
as pessoas daqui não são iguais.

As de lá,
não são.

Estavam,
estas vão,
em vão.

Foram.

De noite ou de dia
o que não muda!?

Meu coração.

Passa bem.

Passe bem.

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