6 Pautas em 15 dias

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As duas últimas semanas foram muito agitadas, como de resto têm sido quase todas deste ano complicado, e como não consegui me decidir sobre qual assunto tratar em meu texto de hoje, fiz um resumo de algumas pautas.

1 – O Deputado Federal mais votado da história do Brasil, Eduardo Bolsonaro, que por acaso é filho do atual Presidente da República, verborragiou desatinos sobre um possível retrocesso democrático, movido principalmente por mera falta de tato, de tino, de capacidade de entender o enredo desta tragicomédia, que ele, sua turma e seus adversários, são os protagonistas, enquanto nós e o Brasil, as vítimas.

2 – A Rede Globo, exibiu uma matéria especulativa e facciosa, onde ela mesmo colocava em dúvida suas próprias declarações e notícias. Fez isso na tentativa de envolver o presidente e seus filhos no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, e para isso usa milenar tática da fofoca e não as técnicas do bom jornalismo.

Uma matéria tão asquerosa que conseguiu o repúdio até de pessoas que se opõem a Bolsonaro, deixando claro que parte da imprensa está realmente orquestrando uma campanha contra o presidente e seu governo, não que ele não lhes dê bastante motivo para isso!

3 – Enquanto isso, Cazuza não me deixou esquecer que O Tempo Não Para! Continuamos trabalhando na produção da série A Pedra e a Palavra, que enfoca a vida e a obra do Padre António Vieira. Nessa etapa, entrevistamos em São Paulo, Adma Muhana, João Adolfo Hansen e Alcír Pécora, professores geniais, que são alguns dos maiores especialistas em assuntos relacionados àquele que segundo o poeta Fernando Pessoa é o Imperador da Língua Portuguesa.

Mas foi a quinta-feira, 7, o dia mais intenso desta quinzena!

4 – O presidente Jair Bolsonaro resolveu retirar as atribuições do antigo Ministério da Cultura, do Ministério da Cidadania, mas incoerentemente, ao invés de vinculá-las ao Ministério da Educação, as transferiu para o Ministério do Turismo. E aqui outra coisa causa estranheza! Por que ele não fez o mesmo em relação às atribuições do antigo Ministério do Esporte, que figurava em similaridade com a cultura, no Ministério comandado pelo Deputado Osmar Terra?

Ainda sobre esse fato, vale lembrar que Bolsonaro comete o mesmo erro perpetrado por seu desafeto, Flávio Dino em seu primeiro mandato como Governador do Maranhão, quando juntou Cultura e Turismo, imaginando que apenas os calendário de eventos culturais e turísticos seria justificativa suficiente para juntar na mesma pasta atividades tão distintas. Dino demorou, mas reviu seu erro!

Acredito que Turismo estaria melhor junto com Industria, Comércio e Economia, enquanto Cultura e Esporte deveriam ser geridos juntos com Educação. Uma coisa tão simples quanto somar um mais um!

5 – Em outro acontecimento marcante, o jornalista Glenn Greenwald, chamou o também jornalista Augusto Nunes de covarde, ao vivo, no Programa Pânico, da Jovem Pan. Descontrolado, o insultado, depois de advertir seu ofendedor, para que não o insultasse, deu-lhe um bofete, e os dois protagonizaram uma daquelas briguinhas características do programa Os Trapalhões.

Esse seria um outro assunto que eu poderia abordar aqui hoje. A dosimetria e a hierarquia dos direitos ou o que é mais grave, um insulto moral ou um tapa na cara!? Polêmica garantida!

6 – Por fim, o Supremo Tribunal Federal se desdisse pela terceira vez. Estabeleceu que aquilo que havia dito antes, sobre a prisão de réus condenados em segunda instância, à partir de agora, seria novamente diferente, permitindo que fiquem livres os condenados por um juiz e um tribunal revisor.

Eu, que fui Deputado Federal Constituinte, tive a honra de assinar, no dia 5 de outubro de 1988, a Constituição da República Federativa do Brasil, (ao contrário de Lula e alguns de seus colegas petistas, que não a assinaram) e acredito que o que aconteceu de mais importante com aquela Constituição, foi o apoio popular que ela teve, a vontade dos políticos de então, em estabelecer de forma pacífica e ordeira, um regime verdadeiramente democrático em nosso país, depois de vivermos durante vinte e um anos em um regime de exceção.

Continuo acreditando que naquele momento, colocarmos no texto constitucional uma série imensa de direitos, era o mais correto e sensato a ser feito, pois primeiro precisávamos que a democracia que nós estávamos ali plantando, germinasse, crescesse, florescesse e frutificasse.

Agora, trinta anos depois, tendo nossa democracia já sido testada diversas vezes, de diversas formas, em diversas crises, e tendo ela alicerces e fundações, profundas e sólidas, é hora de repensarmos alguns parâmetros que estabelecemos naquela ocasião, sob pena de ao invés de fortalecermos nossa democracia, nós a fragilizarmos, por interesses meramente políticos partidários, que visam a defesa de projetos de poder de alguém ou de alguns.

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