Carta-Poema 1: Correspondência em Preto e Branco

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(era o que eu diria se fosse ela)

Sua respiração estava ali,
bem aos meus ouvidos.
Podia senti-la no corpo inteiro,
ele me fazia imaginar
passando por cada pedaço de meu corpo 
ainda não tocado.
Eu não precisava fazer nada,
ele sabia exatamente onde deveria estar
e o que deveria fazer.
Era tudo muito interessante,
isso nunca me acontecera antes.
Eu precisava de uma pessoa assim,
com a mente diferente
com esse olhar meio turvo sobre o mundo
com um mundo cristalino dentro de si,
em suas mãos.
Talvez nem ele saiba
o quanto interessante e enigmático ele se torna,
quando brinca com minha mente.
Ele sabe exatamente o que fazer
para que eu tenha vontade
de conhecer
tudo,
mais e mais.
É como se ao deixar de ouvi-lo por um único segundo
estivesse perdendo anos de conhecimento
e de prazer.
Parece que ele sempre existiu.
Na verdade
é como se ele estivesse guardado
em algum lugar dentro de mim,
da minha mente,
esperando o momento certo
para emergir.
Eu juro,
não o criei,
ele existe,
mas eu ainda o desconheço.
E o pior…
ou melhor
o desconhecido nele
me atrai muito mais…
Pior ainda
ele foge de mim…
Desesperadamente…

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A colecionadora

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Ela começou muito cedo. Primeiro foram Barbies. Tinha de todos os tipos. Depois foram as figurinhas dessas de álbuns. Coisa chata!

Depois ela resolveu colecionar latinhas de refrigerantes, cervejas e energéticos. As caixinhas de fósforos foi o passo seguinte, um pulo para os maços vazios de cigarros, de todos os países do mundo.

Autógrafos de seus ídolos, borboletas. Ela colecionava de tudo. À proporção que o tempo passava e ela crescia, suas coleções se diversificavam e se sofisticavam. Selos, imãs de geladeira, chaveiros, bichinhos de pelúcia, caixas, moedas, dedais, relógios de pulso, gibis, carrinhos, soldadinhos de massa, livros autografados, canetas. Bebidas eram várias: Whisky, vinho, vodka, cachaça… Um dia ela acordou e olhou em volta e descobriu que a sua vida era uma grande estante, uma grande caixa, um imenso depósito. Resolveu se desfazer de todas as suas coleções. Deu ou vendeu. Pouco importava, estava decidida a iniciar uma nova e definitiva coleção. Dali em diante colecionaria pessoas. Não precisaria levá-las para casa, espetar-lhes alfinetes, pregá-las em um papel, plastificá-las, nem mesmo classificá-las. Colecionar pessoas para ela seria mais que um passatempo, seria antes de tudo uma forma dela se deixar levar, ser espetada, classificada. Seria uma forma direta e eficiente dela se deixar colecionar. Anos depois alguém diria a ela que o que ela havia feito de melhor na vida era colecionar, ao que ela respondeu terna e suavemente: “Jamais fui uma colecionadora. O que na verdade eu fazia era a me envolver com todas aquelas coisa e pessoas”.

Depois de um instante em silêncio, ela completou: “Com as coisas eu me envolvia, com as pessoas me desenvolvia”.

PS: Gostaria muito de ter publicado hoje algo sobre a eleição municipal neste segundo turno, mas devido ao fato de estar viajando e não ter tido tempo de fechar o meu texto, coloco aqui esse micro-conto da vida real, nesse lugar onde deveria estar outra história, menos real.

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Pelo Ouvido ganha prêmio de melhor filme na Filadélfia.

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Caro Joaquim,
 
Estou tentando falar com você desde ontem pra saber o que postar em seu blog nesta quarta, como é de costume, mas não consegui. Soube que você está em Brasília recebendo uma medalha alusiva aos 20 anos da constituição de 1988, então resolvi seguir o conselho de uma de suas leitoras e comentarista de seu blog, a Euterpe, e postar a matéria que fala do prêmio que seu filme acaba de ganhar e que está publicada no site
www.peloouvido.com.
Espero que você não se incomode.
Um grande abraço e parabéns por tudo, pelo filme, pela condecoração!

Adriana Marão.
 
 
O filme do diretor maranhense Joaquim Haickel acaba de alcançar mais uma marca histórica em sua curta existência até aqui. Ele que ganhou o prêmio de melhor direção no Boston Internacional Film Festival em junho passado, agora acaba de ganhar o prêmio de melhor filme internacional no 11º FirstGlance Film Festival of Philadelphia.

Nesses quatro meses “Pelo Ouvido” ganhou também os prêmios de melhor filme do júri popular no 31º Festival Guarnicê de São Luis e o prêmio especial do júri no 2º Curta Cabo Frio, os mesmos festivais onde sua protagonista, Amanda Acosta, ganhou os prêmios de melhor atriz.

Além desses seis importantes prêmios, o filme foi selecionado para as mostras paralelas dos festivais de Cannes e Gramado e para as competições oficiais do 14th Palm Springs International Short Film Festival, do 12º Los Angeles Latino International Film Festival, do 17º Annual St. Louis International Film Festival e do 7º Miami Short Film Festival (Estados Unidos), do On & Off 4 Festival Creativo de Curtas en Ribadeo (Espanha), do Festival des Films du Mond (Canadá), do 25º Festival de Cine de Bogotá (Colômbia), do 4º Festival Internacional de Curtas de Detmold e do 6º Radar Hamburg International Independent Film Festival (Alemanha), do 2º Festival de Cinema com Farinha da Paraíba, do 8ª Goiânia Mostra Curtas, da 35ª Jornada Internacional de Cinema da Bahia, 3º Mostra Curta Audiovisual de Campinas, do 7º Festival Curta Natal, do 5º Amazonas Film Festival, do Vídeo Festival São Carlos 2008, do 15º Vitória Cine Vídeo, do 3º Curta Três Rios e do 2º Festival de Cinema e Vídeo de Muriaé (Brasil).

A penúltima grande façanha desse curta metragem baseado no conto homônimo de Joaquim Haickel, que além de produzir e dirigir, escreveu o roteiro, havia sido sua escolha para o 30º Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano que acontece em Havana, Cuba, na primeira quinzena de dezembro deste ano.
 
Veja a seguir a relação dos Ganhadores do festival de cinema da Filadélfia.

FIRSTGLANCE FILM FEST PHILADELPHIA 11
Award Winners
We would like to thank all the 2008 FirstGlance Film Fest 11 Philadelphia Official Selections.
Here are the awards presented to the filmmakers by the screening comittee.
We will post the BEST OF THE FEST WINNERS and the Top Audience voted films in each category soon!

Features
 
The Cake Eaters – Mary Stuart Masterson
BEST DIRECTOR

Hank & Mike- Matthiew Klinck
BEST INTERNATIONAL FEATURE

The Unidentified- Kevan Tucker
BEST FIRST FEATURE

Hindsight – Paul Holahan
BEST ACTRESS- MIRANDA BAILEY

Remarkable Power- Brandon Beckner
BEST ACTOR – KEVIN NEALON

Feature Documentaries
Ballou- Micheal Patrei
BEST EDUCTIONAL DOCUMENTARY

Unraveling Michelle- Dan Shaffer
BEST BIOGRAPHICAL DOCUMENTARY

Shorts

Through the Ear Pelo Ouvido- Joaquim Haickel
BEST INTERNATIONAL SHORT

The Death of Milo Freedman- Anthony L Fletcher
BEST LOCAL SHORT

H5N1- Roberto De Feo
BEST DIRECTOR

Jeffrey- Russell Costanzo
BEST EDITING

The Perfect Dress- Gino Cabanas
BEST SCREENPLAY

Beyond the Pretty Doors- Bobby Boermans
BEST ENSEMBLE CAST

Bubble-Rama- Kevin Smith
BEST COMEDIC SHORT

Let Go- Jameel Saleem
BEST DRAMATIC SHORT

By the Watercooler- Forrest Harding
BEST ROMANTIC COMEDY
Cargo- Jennifer Harrington
BEST THRILLER

Pic Six-David Breckman
BEST COMEDIC PERFORMANCE – ADAM BUSCH

Fool Moon- Terry Lewis
BEST DRAMATIC PERFORMANCE – TERRY LEWIS

Shorts Too
Incident at the Truck Stop Diner- Jeff Cassidy
BEST DIRECTOR

The Gift Wrapper- Daniela De Carlo
BEST ROMANCE

Bed Head- Anthony L Fisher
BEST COMEDY

Mini-Documentary
Dreamyard Project- Rick Knief
BEST EDUCATIONAL DOCUMENTARY

Philadelphia:Hopes and Fears- Phil Bradshaw
BEST LOCAL SUBJECT DOCUMENTARY

Bally Master- Gary Beeber
BEST BIOGRAPHICAL DOCUMENTARY

A Little Bit Of Love: The Making of a Message – Scott Hatfield
BEST SOCIAL AWARENESS DOCUMENTARY

This is my Cheesesteak- Benjamin Daniels
BEST DIRECTOR

Student Shorts
Keys- Christopher Babers
BEST DRAMA

Calendar Girl- Jason Hall
BEST THRILLER

The Umbrella- Aashni Shah
BEST DIRECTOR

Animation
Papiroflexia- Joaquin Baldwin
BEST DIRECTOR
 
Berni’s Doll- Yann Jouette
BEST ANIMATION

L’amie de Zoe- Danny Robashkin
BEST STORY

Music Video
Long Night Drone- Neil Forman
BEST MUSIC VIDEO

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Velhos ditados adaptados à nova realidade.

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Tenho um bom amigo que me manda pelo menos 50 mensagens eletrônicas por dia, então resolvi compartilhar com vocês, sempre que for possível, algumas delas (apenas algumas…rsrsrsrs). Espero que apreciem. 

1. A pressa é inimiga da conexão.

2. Amigos, amigos, senhas à parte.

3. Antes só, do que em chats aborrecidos.

4. A arquivo dado não se olha o formato.

5. Diga-me que chat freqüentas e te direi quem és.

6. Para bom provedor uma senha basta.

7. Não adianta chorar sobre arquivo deletado.

8. Em briga de namorados virtuais não se mete o mouse.

9. Em terra off-line, quem tem um 486 é rei.

10. Hacker que ladra, não morde.

11. Mais vale um arquivo no HD do que dois baixando.

12. Mouse sujo se limpa em casa.

13. Melhor prevenir do que formatar.

14. O barato sai caro. E lento.

15. Quando a esmola é demais, o santo desconfia que tem vírus anexado.

16. Quando um não quer, dois não teclam.

17. Quem ama um 486, Pentium 5 lhe parece.

18. Quem clica seus males multiplica.

19. Quem com vírus infecta, com vírus será infectado.

20. Quem envia o que quer, recebe o que não quer.

21. Quem não tem banda larga, caça com modem.

22. Quem nunca errou, que aperte a primeira tecla.

23. Quem semeia e-mails, colhe spams.

24. Quem tem dedo vai a Roma.com

25. Um é pouco, dois é bom, três é chat ou lista virtual.

26. Vão-se os arquivos, ficam os back-ups.

27. Diga-me que computador tens e direi quem és.

28. Há dois tipos de pessoas na informática. Os que perderam o HD e os que ainda vão perder…

29. Uma impressora disse para outra: Essa folha é sua ou é impressão minha.

30. Aluno de informática não cola, faz backup.

31. O problema do computador é o USB (Usuário Super Burro).

32. Na informática nada se perde, nada se cria. Tudo se copia… e depois se cola.

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Exupéry + Maquiavel = Compromisso.

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Muita gente estranha ao saber que meu maior reduto eleitoral não é Pindaré-Mirim, terra de meu pai, onde meu tio Zé Antonio foi Prefeito por 10 anos e onde minha família foi hegemônica durante mais de vinte; Nem Santa Inês, onde possuo emissoras de rádio e televisão; Nem Zé Doca, município onde meu pai foi o primeiro administrador; Muito menos o Bom Jardim de Adroaldo, a Monção de João Gusmão ou a Santa Luzia de Otavio Rodrigues.

Meu pai sempre foi votado nestes municípios, sempre se elegeu neles e nunca ficou mudando de reduto. Construiu toda sua vida pública ajudando a construir aquela região. Pode-se dizer que ele era o mais legitimo representante daquela gente. Tanto isso é verdade que depois de sua morte nove deputados ocupam o lugar que antes era só dele: Pedro Paruru e João Silva em Pindaré e Monção; Marconi Farias e Valdivino Cabral em Santa Inês; Janice Braide, Oseías Rodrigues e Fufuca Mendes em Santa Luzia; Chico Caíca em Zé Doca; Maurinete Gralhada em Bom Jardim.

Alguns amigos perguntam por que eu nunca ocupei o espaço geopolítico que antes era de meu pai. É que meu pai fazia uma espécie de política muito pessoal. Era como se na verdade fosse um vereador estadual, e confesso que eu não seria capaz disso.

Analisando cada um dos deputados que ocuparam o seu espaço eleitoral, vejo que todos são ex-prefeitos ou esposa e filho de ex-prefeito ou então grandes lideranças locais.

Mas há uma coisa que me deixa triste. O fato de eu ser tão querido, admirado e respeitado em lugares como São Domingos, Primeira Cruz, Pio XII, Satubinha, Altamira, Brejo de Areia, Vitorino Freire, Olho D’Água das Cunhães, São Bernardo, São João Batista, Sucupira do Riachão, Humberto de Campos ou Buriti Bravo e não poder sentir na região em que meu pai atuou politicamente, essa mesma sensação.

Acredito que se há um culpado nisso, sou eu. Quando meu pai morreu em 93, eu não quis substituí-lo logo nas eleições de 1994. É que eu precisava arrumar a casa depois de sua morte. Pagar as contas e dar para minha família a segurança que parecia ter se esvaído com ele.

Em 1998, quando resolvi me candidatar novamente, notei que meu maior adversário, por mais incrível que pudesse parecer, seria exatamente o homem que me deu tudo na vida, inclusive na política: meu pai.

Todos me comparavam a ele. Todos queriam que eu fosse como ele. Que jogasse bombons para as crianças, que irradiasse jogos de futebol nos palanques, que pulasse e levantasse as calças, que providenciasse água, luz, estradas, postos de saúde, sempre respaldado na sua imutável posição governista. Nessas condições eu não seria capaz de competir com a imagem do Nagibão.

Hoje, analisando esse quadro, acho curiosamente incrível que alguém que havia me dado tudo enquanto vivo, depois de morto, me dificultava a vida, me obrigando a construir o meu próprio caminho. Até nisso meu pai foi bom para mim.

Muita gente ainda pensa que eu herdei os votos de meu pai e que me elejo graças ao trabalho maravilhoso que ele fez na região do Vale do Pindaré. Não, eu não sou votado naquela região. Ainda não!

Esse mesmo pensamento equivocado teve o jornalista Luis Carlos Azenha, que em uma matéria em seu blog cogitava que meus votos seriam provenientes do prestigio que eu auferia com meus canais de radio e televisão na cidade de Santa Inês. Ledo engano. Dos quase 33000 votos que tive em todo o estado em 2006, apenas pouco mais de 400 foram em Santa Inês, contra quase 7000 em São Domingos, aonde nem os sinais de minhas emissoras, nem a popularidade de meu pai, jamais chegaram.

Em alguns momentos já pensei em deixar a política, mas devido a imensa demonstração de confiança, respeito e carinho que eu tenho recebido do povo de municípios como São Domingos, reacendeu em mim o animo, a vontade e a convicção de que devo continuar, pois não posso decepcionar essa gente, muitos deles que, mesmo tendo acabado de perder uma eleição, continuam firme ao nosso lado, demonstrando a mesma confiança, mesmo respeito e o mesmo amor.

Nessas horas me vem a lembrança duas frases de escritores que, ao seu modo, retrataram príncipes: “Você é eternamente responsável por tudo aquilo que cativa” e “… se é melhor ser amado ou temido.”

Tentarei firmemente ser responsável. E amado, honrarei esse amor com lealdade.

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Sedução

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Caro(a) leitor(a),
Venho brigando com o texto abaixo há alguns dias e não consigo me decidir em qual das duas versões ele fica melhor. Então resolvi submeter ao seu julgamento as duas versões e deixar que você decida por mim.
Muito grato,
Joaquim Haickel.

Poesia

A primeira vez que a vi,
ela passou por mim
veloz,
rasante
como o primeiro raio dourado de sol,
ao amanhecer,
pela fresta da janela.
Na segunda vez que a vi,
seu inquietante perfume
me roubou
trajeto,
atenção
e pensamento.
Na terceira vez que a vi,
o que mais me chamou atenção
não foi seu lindo rosto,
nem seu sorriso,
mix enfant et fatale,
nem tão pouco o seu profundo e hipnótico olhar.
Não foi nem mesmo o seu proporcional e divino corpo,
foi seu jeito único e inconfundível de usá-lo.
Em verdade vos digo: Aquilo não era uma dança!
Era uma declaração expressa e contagiante de felicidade.
A forma sutil que ela encontrou para dizer ao mundo:
“Dentro dessas roupas
há uma mulher completa,
perfeita…”
Se é que esse bem tão precioso é permitido a nós,
simples e pobres mortais.
Na quarta vez que a vi,
vi que além e apesar de tudo,
ela não passava de uma miragem,
uma visagem,
um sonho,
e eu não queria acordar.
Criei coragem,
me aproximei e perguntei:
“Qual dentre todas, é a coisa que você mais gosta?”
Sorrindo
doce,
suavemente,
ela disse:
“Dançar!”
Depois de horas pensando em tudo aquilo,
descobri que o que ela mais gostava
não era de dançar,
o que na verdade Terpsícore mais gosta
é de seduzir.
A quinta vez que a vi?…
Ela continuava a seduzir…
Dançar!

Prosa

A primeira vez que a vi, ela passou por mim veloz e rasante como o primeiro raio dourado de sol, pela fresta da janela, ao amanhecer.
Na segunda vez que a vi, seu inquietante perfume me roubou o trajeto, a atenção 
e o pensamento.
Na terceira vez que a vi, o que mais me chamou atenção não foi seu lindo rosto,
nem seu sorriso, mix enfant et fatale, nem tão pouco o seu profundo e hipnótico olhar.
Não foi nem mesmo o seu proporcional e divino corpo, foi seu jeito único e inconfundível de usá-lo.
Em verdade vos digo: Aquilo não era uma dança! Era uma declaração expressa e contagiante de felicidade. A forma sutil que ela encontrou para dizer ao mundo: “Dentro dessas roupas há uma mulher completa e perfeita…” Se é que esse bem tão precioso é permitido a nós, simples e pobres mortais.
Na quarta vez que a vi, vi que além e apesar de tudo, ela não passava de uma miragem, uma visagem, um sonho, e eu não queria acordar.
Criei coragem, me aproximei e perguntei: “Qual dentre todas, é a coisa que você mais gosta?”
Sorrindo doce e suavemente, ela disse: “Dançar!”
Depois de horas pensando em tudo aquilo, descobri que o que ela mais gostava
não era de dançar, o que na verdade Terpsícore mais gosta é de seduzir.
A quinta vez que a vi?… Ela continuava a seduzir… Dançar!

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Vinte anos depois

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Um amigo meu me pediu que eu escrevesse sobre a Assembléia Nacional Constituinte que elaborou a nossa Constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988. Quando estava escrevendo sobre aquele evento, lembrei da primeira vez que eu me deparei com a expressão Assembléia Constituinte.

Eu devia ter uns 13 anos e ainda morávamos no Outeiro da Cruz. Naquela época, eu lia, ou pelo menos tentava ler, tudo que tivesse letras. De gibis a enciclopédias, passando por jornais, revistas de moda, fotonovelas (se alguém com menos de 30 anos ler esse texto, favor perguntar para o pai ou para a mãe o que é uma fotonovela) e até lista telefônica e bulas de remédios. Naquele dia eu havia chegado da aula no Colégio Batista onde havíamos estudado sobre a revolução francesa e aquilo tudo estava muito vivo em minha mente, que desde cedo era extremamente cinematográfica. Havia canhões, guilhotinas, roupas de época e até os brioches de Maria Antonieta estavam na cena. Então me danei a procurar tudo sobre a revolução francesa. Recorri às enciclopédias que tínhamos em casa: Mundo da Criança, Tesouro da Juventude, Delta Junior, Delta Larrousse e Britânica.

Em meio a todas aquelas informações deparei com o verbete Assembléia Constituinte e enquanto lia e relia, meus olhos se arregalavam e minha mente voava. Depois disso larguei a pesquisa sobre a revolução francesa e me dediquei a escarafunchar tudo sobre o poder legislativo em todas as suas formas. Quando terminei, exausto, disse para mim mesmo. Um dia vou ser isso, um constituinte, pois adoraria fazer leis, codificar os procedimentos dos cidadãos e da sociedade, garantindo direitos e estabelecendo deveres, enquanto indivíduos e coletividade, regulamentando e limitando o poder estado, preservando os direitos e as garantias individuais. Naquele dia eu selei o meu destino e em um tempo igual ao que eu já havia vivido até aquela data, realizei o meu sonho.

Ter participado como deputado federal dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte de 1988 foi um privilegio para mim. Além disso, aqueles anos também foram anos de muito aprendizado e de grande amadurecimento, pois pude usufruir de muitos ensinamentos desfrutando da companhia de figuras da estatura de Afonso Arinos, Florestan Fernandes, Luis Viana Filho, Fernando Henrique Cardoso, Luis Inácio Lula da Silva, José Serra, Vladimir Palmeira, Geraldo Alkimim, Nelson Jobim e Artur da Távola, dentre tantos outros.

Lembro que fui indicado pelo meu partido, o PMDB, como membro de duas das mais importantes comissões daquele Congresso. Da comissão de fiscalização e controle e da comissão de direitos e garantias individuais. Nesta última, recebi a incumbência de ser o relator do projeto de autoria do deputado Amaral Neto que visava instituir a pena de morte no Brasil. Lembro que foram meses de muitas discussões e de grandes polemicas, mas no final, o meu parecer, que era contrario àquele projeto, saiu-se vencedor.

A bancada Maranhense naquela legislatura era formada por parlamentares de grande representatividade política e eleitoral, e de grande capacidade cultural e intelectual, e onde eu era o caçula, com apenas 26 anos.

Entre 1º de fevereiro de 1997 ate 5 de outubro de 1988, deputados e senadores de todos os estados brasileiros, de todos os partidos políticos, de todas as ideologias, juntos, mesmo que muitas vezes com posições antagônicas, buscaram fazer uma carta constitucional que pudesse resgatar a cidadania de nosso povo e garantir o regime democrático para nossa nação.
Num dos finais de semana que passei em São Luis, durante a Constituinte, fui até a casa de meus pais, procurei aqueles velhos livros e reli os textos que havia lido 13 anos antes. Senti um angustiante aperto na garganta.

deputados.jpg

Enquanto escrevia esse texto, lembrei que os deputados maranhenses tiraram uma foto naquele dia 5 de outubro de 1988. Lembro-me muito bem daquela foto. Nela estavam os deputados Davi Alves Silva, o então suplente Edivaldo Holanda, Enoc Vieira, Sarney Filho, Vieira da Silva (em cadeira de rodas), Jaime Santana, Eu, Eliezer Moreira, Haroldo Sabóia, Alberico Filho, Onofre Correa, Cid Carvalho, Antonio Gaspar, Costa Ferreira, Chico Coelho e Zé Carlos Sabóia, ausentes da foto apenas os deputados José Teixeira, Vitor Trovão e Vagner Lago e os senadores Edison Lobão, Alexandre Costa e João Castelo.

Lembro daquela foto e tento me lembrar de tudo que fizemos ali, mas isso não é importante. O mais importante é que o que resultou daquele trabalho, mesmo não tendo sido perfeito, foi o melhor que podíamos fazer naquele momento tão crucial de nossa história.

Tenho muito orgulho de ter participado, mesmo que de forma modesta, daquele momento decisivo da historia de nosso país.

Hoje, 20 anos depois, iremos às urnas para elegermos mais uma vez os prefeitos e os vereadores de nossos municípios. Brindemos então, em homenagem a nossa jovem Constituição, e já que é proibida a venda de bebida alcoólica durante o pleito, que no brinde usemos o nosso voto como maior instrumento da liberdade a serviço da democracia e escolhamos sabiamente aqueles que possam melhor nos representar e administrar nossas cidades.

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O QUE É SUCESSO ou TUDO SE REPETE.

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Tenho um bom amigo que me manda pelo menos 50 mensagens eletrônicas por dia, então resolvi compartilhar com vocês, sempre que for possível, algumas delas (apenas algumas…rsrsrsrs). Espero que apreciem.

 Aos 02 anos sucesso é… Conseguir andar.
 Aos 04 anos sucesso é… Não mijar nas calças.
 Aos 12 anos sucesso é… Ter amigos.
 Aos 18 anos sucesso é… Ter carteira de motorista.
 Aos 20 anos sucesso é… Fazer sexo.
 Aos 35 anos sucesso é… Dinheiro.
 Aos 50 anos sucesso é… Dinheiro.
 Aos 60 anos sucesso é… Fazer sexo.
 Aos 70 anos sucesso é… Ter carteira de motorista.
 Aos 75 anos sucesso é… Ter amigos.
 Aos 80 anos sucesso é… Não mijar nas calças.
 Aos 90 anos sucesso é… Conseguir andar.

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