14comentários

Ontem, meu amigo particular e também jornalista político do Jornal O Estado do Maranhão, Marco D’Eça, me enviou por e-mail seis perguntas para uma rápida entrevista sobre a eleição da mesa diretora da Assembléia Legislativa do Maranhão. Respondi as perguntas como achei que deveria, com exatidão e clareza. Imagino que por motivo de espaço físico a entrevista não pode ser publicada na integra e teve que ser editada em alguns trechos.

Publico aqui, apenas para que não fique qualquer duvida sobre minhas palavras, a integra da tal entrevista concedida por mim e logo abaixo aquela que foi publicada.

O Estado – O senhor foi o primeiro oposicionista a declarar apoio ao atual presidente da Assembléia. Por quê?
Joaquim Haickel
– Analisando o quadro depois da eleição, deduzi que era o deputado Evangelista quem reunia as melhores condições para comandar o processo de valorização do parlamento. Eu sempre deixei bem claro a ele e a todos que eu seria sempre a favor do que fosse melhor para a Assembléia e não para uma determinada pessoa, no caso ele. Voto em Evangelista, trabalhei por sua candidatura e por sua eleição justamente por ter dele as garantias de independência, respeito e liberdade que o parlamento tanto precisa.

O Estado – Mas em 2005 o senhor ficou contra o mesmo deputado João Evangelista, tendo apoiado o Deputado Mauro Bezerra. Nestes dois anos mudou o Evangelista ou mudou o senhor?
Haickel
– Obviamente mudamos todos. Naquela época, Evangelista representava a pressão indevida do governador na eleição interna da Assembléia. Não fui contra o Evangelista, fui contra a intromissão no processo eletivo da Casa. Entendi, naquele momento, que a Assembléia deveria dizer não ao que o governo estava fazendo. Por isso me posicionei contra o Evangelista.

O Estado – E hoje, não está havendo a mesma coisa por parte do governo, em favor do presidente?
Haickel
– Claro que não. O governo torce por Evangelista, mas não faz pressão indevida. Não me oponho ao governo ter um candidato. Sou contra a pressão indevida…

O Estado –E o que seria essa pressão indevida?
Haickel
– Justamente aquilo que Zé Reinaldo fez; “Coação quase Irresistível”. Barganhar com a administração pública, trocar cargos no governo por votos, abrir as portas do governo para garantir a eleição de um candidato. Isso é inaceitável, e ficarei contra qualquer candidato que se submeta a essa postura de um governo.

O Estado – Os deputados eleitos pela oposição somam 18 votos. 12 estão com Evangelista e 6 optaram por Arnaldo Melo. Com este patamar de votos não seria mais coerente ter um candidato próprio, esperando as defecções entre os governistas para, quem sabe, até ganhar a eleição?
Haickel
– Poderíamos estar os 18 apoiando o mesmo candidato. Numa eleição interna do nosso grupo, 12 é um numero duas vezes maior que 6. Era só estes 6 terem aceitado a decisão da maioria mais que absoluta do grupo.

Mas se nós fizéssemos isto que você diz, lançássemos um candidato, aí sim, o governo iria fazer pressão para eleger o seu candidato e não haveria como conseguir outros quatro deputados porque todos os deputados ligados ao governo já haviam dito que o presidente teria que ser do grupo deles. Então escolhemos alguém a quem pudéssemos apoiar e em troca desse apoio nos garantisse a independência, o respeito e a liberdade para podermos bem fazer o nosso trabalho.

O Estado – Neste caso, o senhor está dizendo que Jackson Lago só não fez pressão indevida por Evangelista porque não precisou…
Haickel
– Acredito que sim! Não precisou porque nós o apoiamos desde o primeiro momento demonstrando que no que disser respeito a matérias internas do Poder Legislativo, alem de não aceitarmos intromissão de outros poderes, não deve ter de nossa parte, esse partidarismo todo que alguns incautos tanto apregoam. Agindo assim, apoiando João, nós nos fizemos necessários, indispensáveis mesmo além de participantes ativos e legítimos do processo eleitoral da Casa.

ABRINDO O JOGO

“Com João, nos fizemos necessários”

O deputado Joaquim Haickel (PMDB) tem convicção de que o atual presidente da Assembléia, João Evangelista (PSDB), é o melhor nome para a Casa. “Ele dá as garantias de independência e liberdade que a Assembléia precisa”, afirma. Nesta entrevista a O Estado, Haickel justifica sua posição e faz considerações sobre a divisão da oposição no processo. Abaixo, os principais pontos da entrevista:

O Estado – O senhor foi o primeiro oposicionista a declarar apoio ao atual presidente da Assembléia. Por quê?
Joaquim Haickel – O deputado Evangelista é quem reúne as melhores condições para comandar o processo de valorização do parlamento. Eu sempre deixei bem claro a ele e a todos que seria sempre a favor do que fosse melhor para a Assembléia e não para uma determinada pessoa. Voto em Evangelista, trabalhei por sua candidatura justamente por ter dele as garantias de independência, respeito e liberdade de que o parlamento tanto precisa.

O Estado – Mas em 2005 o senhor ficou contra o mesmo deputado João Evangelista, votando em Mauro Bezerra. Nestes dois anos, mudou o Evangelista ou mudou o senhor?
Haickel – Obviamente, mudamos todos. Naquela época, Evangelista representava a pressão indevida do governador na eleição interna da Assembléia. Não fui contra o Evangelista. Fui contra a intromissão no processo eletivo da Casa. Entendi, naquele momento, que a Assembléia deveria dizer não ao que o governo estava fazendo. Por isso me posicionei contra o Evangelista.

O Estado – E o que seria essa pressão indevida?
Haickel
– Justamente aquilo que Zé Reinaldo fez: “Coação quase Irresistível”. Barganhar com a administração pública, trocar cargos no governo por votos, abrir as portas do governo para garantir a eleição de um candidato. Isso é inaceitável, e ficarei contra qualquer candidato que se submeta a essa postura de um governo.

O Estado – Dos deputados eleitos pela oposição,12 estão com Evangelista e 6 optaram por Arnaldo Melo. Com este patamar de votos, não seria mais coerente ter um candidato próprio, esperando as defecções entre os governistas para, quem sabe, até ganhar a eleição?
Haickel
– Poderíamos estar os 18 apoiando o mesmo candidato. Numa eleição interna do nosso grupo, 12 é um numero duas vezes maior que 6. Mas se lançássemos um candidato, aí sim o governo iria fazer pressão
para eleger o seu candidato. Então, escolhemos alguém a quem pudéssemos apoiar e
em troca desse apoio nos garantisse a independência, o respeito e a liberdade para podermos bem fazer o nosso trabalho.

O Estado – Neste caso, Jackson Lago só não fez pressão indevida porque não precisou…
Haickel
– Acredito que sim! Não precisou porque nós o apoiamos desde o primeiro momento demonstrando que no que disser respeito a matérias internas do Poder Legislativo, alem de não aceitarmos intromissão de outros poderes, não deve ter de nossa parte, esse partidarismo todo que alguns incautos tanto apregoam. Apoiando João, nós nos fizemos necessários, indispensáveis mesmo. (M.A.D.)

14 comentários »

Eleição na ALMA*

11comentários

*

Na manhã da próxima quinta-feira, dia primeiro de fevereiro a Assembléia Legislativa do Maranhão irá se reunir para dar inicio solene a décima sexta legislatura do parlamento maranhense.

Depois, pela tarde, os deputados eleitos em primeiro de outubro de 2006 começam seu trabalho como representantes o povo maranhense, responsabilidade que terão pelos próximos quatro anos, com a obrigação inicial de escolher a mesa diretora para o biênio 2007/2008.

Elegeremos um presidente, quatro vice-presidentes e quatro secretários que não poderão se reeleger para qualquer cargo diretivo da casa no biênio seguinte, dentro da mesma legislatura.

Nosso primeiro desafio político, no entanto, será fazer com que esta eleição da mesa diretora não prejudique a harmonia nem afete a convivência dentro do nosso ambiente de trabalho, sob pena de prejuízo irreparável para os procedimentos legislativos assim como para os maiores interesses do povo maranhense que nos outorgou esta honrosa procuração de bem representá-lo.

No período que se encerra – e eu fico muito honrado de ter sido um dos artífices deste feito – fomos responsáveis pelo fim de uma prática que transformou nosso parlamento estadual, por quase dez anos, num mero apêndice do poder executivo, através do artifício da reeleição dos membros da mesa diretora dentro de uma mesma legislatura.

Hoje a constituição estadual e nosso regimento interno estão de acordo com a constituição federal e com os regimentos internos das duas casas do Congresso Nacional também no que se refere à nossa eleição interna.

As eleições para a mesa diretora da ALMA sempre foram difíceis e delicadas, pois é de difícil compreensão até mesmo para alguns parlamentares o entendimento do cenário tridimensional que se instala naquela instituição de dois em dois anos, em época de eleição.

Acontece que não há um alinhamento automático das bancadas em relação ao apoio de candidatos a membro da mesa, principalmente à presidência. Exemplo maior disso foi o da ultima eleição, quando o candidato do PDT, Mauro Bezerra não contou com o apoio de dois de seus colegas de bancada, votos que lhe garantiria a vitória no pleito. No entanto Mauro teve irrestrito apoio de toda a bancada do PFL, PMDB, PTB, partidos tradicionalmente rivais do PDT, a quem Mauro e seus companheiros sempre fizeram severa oposição.

Desta vez coisa parecida está ocorrendo. De um lado, o grupo ligado ao governador Jackson Lago, que lançou duas chapas, está dividido apenas nesta disputa interna pelo controle da mesa da Assembléia, e de outro lado, os deputados ligados ao grupo Sarney, também dividido só no que diz respeito a esta disputa, mas que deverá completar a eleição de um dos dois postulantes ao comando de nosso legislativo.

Digo tudo isso apenas para apresentar-lhes ao atual cenário político-eleitoral da Assembléia Legislativa do Maranhão.

De um lado se encontra um grupo de deputados que apóiam a eleição de João Evangelista, de outro os que advogam a candidatura de Arnaldo Melo para a presidência da ALMA. A seu favor os candidatos têm uma vasta experiência adquirida em diversos mandatos, além do respeito e da simpatia de seus colegas. Contra nenhum dos dois candidatos, pelo menos que eu saiba, pesa algo de desairoso. São parlamentares competentes, homens corretos e amigos leais. O que vai acontecer é a simples escolha entre um ou outro nome, entre uma ou outra chapa, mesmo porque os dois pertencem atualmente ao mesmo partido político e ao mesmo grupo eleitoral, que hora empresta sustentação ao atual governo.

A última eleição que tivemos na ALMA foi bastante desagregadora e isso é uma coisa muito prejudicial, não só no âmbito interno da instituição, mas principalmente no que diz respeito ao nosso relacionamento com os demais poderes e com a sociedade.

No tocante aos grupos políticos que compõem o cenário maranhense, tudo indica que não haverá pressões nem coações sobre os parlamentares ligados a este ou aquele grupo, mesmo porque, como já disse os dois contendores são ligados ao governador do estado.

No meu entendimento o governante, seja ele quem for, até pode ter um candidato de sua preferência, mas ele deve saber se portar nesta disputa como um magistrado e não deve fazer pressão indevida a favor ou contra nenhum, sob pena de macular o pleito. O mesmo se espera que façam os comandantes da oposição, sob pena não de macular o pleito, mas de desagregar e enfraquecer sua base de apoio.

* ALMA é Assembléia Legislativa do Maranhão.

11 comentários »

POEMA COXO

8comentários

O poema saltou na mente
e perdeu-se dentro do carro.
No console?
No painel?
Sentado no banco ao lado?
Talvez no rádio ou no cinzeiro.
Bateu no volante
caiu no pedal do freio…
Um trans/lúcido
transeunte
trans/pirando
Freei
Ei, frei!
Desci.
O poema pisado
saiu correndo.
Mancando.

8 comentários »

3comentários

Algumas pessoas têm me pedido para continuar postando poemas, acontece que há muito tempo não faço poemas, os últimos que fiz já publiquei aqui. No entanto tive a idéia de resgatar alguns poemas antigos, dos livros “O quinto cavaleiro”, “Manuscritos” e “Saltério de três cordas”.
Como só escolhi trinta, resolvi posta-los neste meu blog apenas às quartas-feiras.
Espero que gostem, mas gostando ou não espero que comentem.

Grande abraço.

3 comentários »

Mataram Chico Galalau.

10comentários

Outro dia um amigo meu me ligou para me contar que mataram o Chico Galalau.

Galalau era fazendeiro na região de Bacabal. Um homenzarrão imenso, mais alto que eu. Devia ter mais de um metro e noventa. Não chegava a ser gordo, mas era parrudo proporcionalmente a sua altura o suficiente para respaldar sua fama de brabo. O homem tinha uma mão cujo palmo se aproximava dos trinta e cinco centímetros.

Como já disse Chico tinha fama de brabo, de violento. Não sei dizer ao certo se essa fama era fruto de sua rudeza ou era proveniente de sua atividade de fazendeiro, pecuarista e dono de terras. Diziam que muito tempo atrás, ele apropriou-se de umas terras na região, mas ele me contou certa vez que “pelejava” contra um grupo de invasores de suas propriedades, que tudo indica, não eram poucas.

Conheci Chico na década de 80. Meu pai me apresentou a ele. Vinte e cinco anos atrás, ainda no auge dos problemas fundiários naquela região, a fama dos fazendeiros era a pior possível. Fama que nem sempre fazia jus à realidade. Uns eram bem melhores que lhes pintavam, outros bem piores. Acredito que Chico não era dos piores. Não sei ao certo se ele era realmente violento, mas que ele era bem brabo, isto ele era.

Em 1998 Chico me procurou dizendo não ter candidato a deputado estadual e que gostaria de votar em mim em Lago Verde, por saber que eu era “um cabra serio e cumpridor de compromisso”. Achei ótimo, estava precisando de apoio eleitoral e ainda mais assim, de forma espontânea.

Ele só me exigia uma coisa, queria que eu, depois de eleito, o apoiasse pra prefeito, coisa que fiz em 2000, mas ele não se elegeu. Chico não se elegeria. Era uma pessoa muito admirada, amada mesmo, por alguns, mas que causava medo em um outro tanto e era rejeitado, chegava a ser odiado por outros.

Numa das vezes que fui a sua casa, em Lago Verde, pude ver uma multidão de pessoas, principalmente mulheres para quem ele era uma espécie de pai, um benfeitor. Uma delas, me abraçando disse que se eu era o candidato de Chico Galalau era porque eu era uma pessoa “direita e de confiança, porque cumpade Chico não anda com gente safada”.

E foram grandes as demonstrações de carinho e respeito que vi e comprovei, daquela boa gente para com Chico Galalau. Mas ele não conseguiria jamais ser prefeito, nem mesmo ser político ele poderia ser. Era um grande benfeitor e padrinho para alguns, mas era só o que ele conseguiria ser.

Para ser político, um bom político, a criatura tem que ser de uma variedade diferente de ser humano. Tem que ter o estomago fortíssimo ou não tê-lo; Tem que ter sangue frio ou quentíssimo, mas quando assim o for tem que trazer de fabrica um opcional raríssimo em seres humanos. Uma espécie radiador para refrigerar as tensões. Alguns conseguem desenvolver um tipo hibrido de radiador, mas isso demanda tempo; Tem que ter inteligência, e isso não é difícil de ter. Todos tem, uns mais outros menos, mas de um jeito ou de outro todos tem; Seria muito bom que se tivesse cultura, conhecimento, historicidade. Aqui a coisa pega. Itenzinho difícil de adquirir é esse. Há grande escassez no mercado; Têm que ser sábio como os mais velhos, impetuoso como os adolescentes e inocentes como os recém nascidos; Tem que de um lado equilibrar sensibilidade e humildade e de outro aspereza e destemor sem que seja ou pareça fraco ou arrogante; Tem que ser consciente de seu lugar e de seu papel; Tem que ter bom senso, agir com coerência e saber as conseqüências de suas ações ou omissões… Ta vendo, ser político não é assim facinho como muita gente imagina que seja. Pode até ser que alguém se eleja e até se reeleja deputado, por exemplo, daí a ele vir realmente a ser um bom político, isto já é uma outra historia.

Mas eu estava falando de Chico Galalau. Chico foi assassinado a bala. Roubaram duas vacas dele e ao dar parte na delegacia indicou um suspeito e disse ao tal que ele teria dois dias para devolver-lhe o gado, “porque senão…”. Tempos atrás, haviam roubado vinte cabeças de seu gado e Chico pouco se importou. Foi atrás, mas deu as reses por perdido e pronto. Dessa vez ele resolveu encrencar por causa de duas.

Essa é outra qualidade que deve ter, não só o bom político, mas todos as pessoas. Chico padeceu por não ter essa habilidade. Engolia um elefante, mas engasgava-se com um mosquito.

Quem for incapaz que degluta essa metáfora. Os capazes, a degustarão.

10 comentários »

Os dez mandamentos de Maquiavel

13comentários

Algumas pessoas têm me pedido para postar aqui no meu blog este texto que foi publicado originalmente no Jornal O Estado do Maranhão no inicio do ano passado e já o foi aqui também em 24/10/2006. Seja feita a sua vontade… E façam bom proveito.

Sou um dos mais novos adeptos do orkut. Na verdade nem sei bem como definir o que seja essa geringonça. Acho que sua melhor definição é que ele é um site de relacionamento onde você encontra pessoas que se agrupam em comunidades temáticas, e conversam, trocam idéias e opiniões sobre os mais diversos e variados temas.

Lá existem grupos pra tudo: dos que odeiam filmes legendados aos que adoram as coisas simples da vida. Dos que acreditam em príncipe encantado aos que são viciados em comida japonesa.

O orkut serve também para se reencontrar pessoas que não vemos há muito tempo, que não sabemos por onde andam. Por lá encontrei muita gente que há séculos não via, como foi o caso de um amigo de infância e colega do Colégio Batista, Antônio José Ritter Martins, que anda mergulhando mundo afora.

Tem gente que chega a ter mais de duas centenas de comunidades em seu cadastro. Eu só participo de umas duas dezenas delas. Todas giram em torno dos meus interesses: Literatura, cinema, história, cultura, lazer, política…

Outro dia entrei numa comunidade denominada Maquiavel e deparei com uma questão que já tinha visto antes, mas que nunca quis abordar. Naquela oportunidade resolvi tocar no assunto por lá, e hoje quero abordar o mesmo assunto por aqui. É o caso de uns tais dez mandamentos que teriam sido estabelecidos por Maquiavel. Puro mito.

Em seu livro O Príncipe, Maquiavel traça o perfil que deveria ter, e diz como deveria agir um governante na transição da idade média para o renascimento. O perfil que ele traçou para um poderoso Príncipe daquela época, sempre se mostrou atual todas às vezes em que foi, desde então, confrontado com a realidade.

Não me lembro de ter lido em nenhum lugar sobre estes tais dez mandamentos de Maquiavel, em todo caso, para um melhor entendimento, vou tentar desentortar e analisar estes dez mandamentos que encontrei no orkut como sendo dele.

Procurarei fazer uma analise segundo o que acredito que fosse a ótica de Maquiavel. Procurarei ser fiel à ótica que ele relata em sua obra, em que aconselhava, e continua aconselhando, aos detentores ou pretensos detentores do poder.

1- Zele apenas por seus interesses.

O apenas aqui na verdade quer dizer em primeiro lugar. Zele em primeiro lugar pelos seus interesses. Somente zele pelos interesses dos outros se eles vierem a coincidir com os seus interesses, ai eles passam a ser seus também. Quando você tiver que abrir mão de um interesse seu em beneficio do interesse de outros, que isso fique muito claro, e que se sobressaia a sua grandeza por ser capaz de tal feito.

2- Não honre a ninguém além de você mesmo.

Não se submeta, não se diminua, não se agache, não seja subserviente. Se faça útil, indispensável, tenha orgulho do que faz e o faça com competência e honra.

3- Faça o mal, mas finja fazer o bem.

Quando por acaso você vier a fazer o mal, quando for obrigado a prejudicar alguém, ou um determinado grupo, o faça. Mas procure minorar ou esconder tal feito, tal atitude, e principalmente seus efeitos.

4- Cobice e procure obter o que puder.

Busque, lute para que sua voz tenha força e suas ações tenham peso, importância e conseqüência e para que consiga atingir todos os seus objetivos.

5- Seja miserável.

Seja obstinado, não tenha medo do que vão falar de você, faça o que tem de ser feito. Se seu cavalo mais amado quebrar a perna, sacrifiquei-o. Se seu amigo mais querido lhe trair, esqueça-o.

6- Seja brutal.

Seja firme. Seja duro. Não tenha pena do enfermo pelo gosto amargo do remédio eficiente que tem que lhe ministrar, pela dor que a injeção irá causar, lembre-se da cura que provirá desse gosto amargo e dessa dor.

7- Engane o próximo toda vez que puder.

Engane apenas quando for indispensável e quando for possível, de tal forma e de preferência que esse próximo, e os distantes também, não descubram que foi enganado. Melhor ainda, que pense que foi na verdade ajudado.

8- Mate seus inimigos, e se for preciso mate seus amigos também.

Imobilize seus inimigos, tire-os de combate, faça com que eles não possam lhe causar nenhum dano ou problema. Coopte seus amigos, consiga seu apoio irrestrito, caso contrario, terá que agir com estes como se fossem inimigos. Melhor seria que seus amigos entendessem isso por si só.

9- Use a força em vez da bondade ao tratar com o próximo.

Use a justiça, a sabedoria, a inteligência, o poder. Quem detém tudo isso detém a força.

10- Pense exclusivamente na guerra.

Pense em primeiro lugar em suas estratégias, em sua logística, em seus movimentos, em suas ações e nas possíveis reações de seus parceiros e de seus adversários. A guerra é o jogo da vida. As mortes que acontecem nos campos de batalha são as conseqüências de um jogo da vida mal jogado, ou como preferem pensar alguns, são os efeitos colaterais de um jogo da vida bem jogado demais.

Vejam só como é possível distorcer ou mal interpretar as palavras e as idéias das pessoas. Se fazem isso com Maquiavel, imaginem com qualquer um de nós, pobres mortais.

PS: Estes tais dez mandamentos de Maquiavel é invenção de algum sujeito muito desocupado, analisado aqui por outro sujeito, este nem tão desocupado, mas que é fã de tudo, até das lendas, em torno da vida e dos pensamentos do mestre florentino.

13 comentários »

Os sobrinhos do Papa.

26comentários

Para falarmos sobre um assunto, deve-se, sempre que possível, começar pelo seu significado. E o assunto é… Nepotismo. Expressão derivada de nepos, que em latim significa sobrinho.

Nepotismo era o termo usado para designar a influencia exercida pelos sobrinhos ou por outros aparentados do Papa na administração eclesiástica medieval. Daí ter virado sinônimo do favoritismo de parentes.

Esta sempre foi uma pratica usual. Empresários colocam seus parentes para assumir diretorias importantes da empresa. Comerciantes colocam os seus “favoritos” para trabalhar em setores-chave da loja. Diretores colocam seus “protegidos” como assessores diretos. Profissionais liberais buscam seus parentes para auxiliá-los, pois acham mais fácil confiar algumas missões a estes. Nada demais nisso, afinal, são “empresas privadas”, diriam Alguns, tendo nisso minha concordância.

Esses mesmos argumentariam que se no âmbito privado o nepotismo não deve ser considerado como uma pratica errada, no âmbito do poder público, imaginam os que pensam assim, “essa é uma pratica abominável que deve ser execrada”. Concordo que isso não deva ser regra, mas discordo que essa prática seja proibida como exceção.

Vi outro dia citado como bandeira contra a contratação de parentes, um trecho de nossa constituição que por mais incrível que possa parecer é o mesmo que se levanta contra os preconceituosos que assim pensam: “Todos são iguais perante a lei”.

Há num entanto um outro artigo da mesma constituição que preceitua que “a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração”.

Acredito que por si só a combinação do artigo 1º e do inciso II do artigo 37 de nossa carta magna, dirime qualquer duvida quanto a esse assunto.

Cabe aqui deixar claro que apenas uma pequena parte dos cargos públicos são considerados de confiança, e como tal devem permanecer, ficando seu outorgante totalmente responsável pela escolha de pessoas de sua confiança para exercê-los. Os demais cargos da administração pública, a grande maioria deles, devem ser preenchidos através de concursos específicos para cada área de atuação do Estado.

Reconheço que esse problema é um problema realmente delicado, mas vejo alguns pontos que devem ser aclarados e acho que isso não tem sido feito, muito pelo contrario.

No meu entendimento,a mais importante incidência de nepotismo, pode ocorrer na vitaliciedade, na perpetuação no cargo, no poder. Lembram que no começo, nepotismo era as influencias que os sobrinhos do sumo pontífice exerciam nos negócios da igreja medieval!?

A convivência de parentes na vitaliciedade pode criar alguns vícios realmente nocivos e difíceis de conter ou controlar. Imaginem um parente de um membro de poder vitalício, exercendo mal ou bem, que seja, seu poder de “influir”. Não é uma coisa lá muito recomendável! Ne c’est pas!?

A aprovação através de concurso público ou a indicação que seja, para cargos, vitalícios, do judiciário ou assemelhado, não deve dá direito aos detentores destas colocações estenderem graciosamente sua vitaliciedade a parentes, mas nada os impede de fazer isso com um “amigo”. Concordo com essa tese, mas abomino e rejeito a idéia da possibilidade desses mesmos parentes não poderem trabalhar assessorando outra esfera de poder. Isso fere de morte o preceito resguardado no artigo 1º da CF. Assim sendo, só alguns seriam iguais perante a lei.

Há também um outro ponto importante. A capacidade, a competência, a aptidão. Imaginem se um filho, um irmão ou um sobrinho do grande Paulo Freire se elegesse governador de Pernambuco e não pudesse chamar o pai, irmão ou tio para assessorá-lo no setor da educação!? Seria hilário, não!? Uma punição para o Estado e para o povo de Pernambuco.

No meu entendimento a proibição de contratação de parentes deve ficar totalmente restrita apenas quando se tratar de poder vitalício.

No tocante aos poderes eletivos, eleitos pelo voto popular para mandatos com duração determinada, o que deve haver é alguma forma de restrição ou controle e principalmente o uso do bom senso para que não se exagere numa coisa que é facultada, mas para com a qual devem ser seguidas normas mínimas de prudência, ética e coerência e cada um deve se responsabilizar por suas escolhas.

PS: Escrevi este texto no último dia 22 de dezembro e mandei copia para três amigos, pedindo suas opiniões. Antes, portanto de uma decisão do presidente do TJ-MA sobre uma ação de um juiz de Pedreiras sobre o mesmo assunto. Um deles concordou comigo, outro discordou de mim, o terceiro me respondeu comentando os prós e contras e dizendo que não considerava meu texto uma crônica e sim um artigo. Que seja um artigo, mas que tenha sido leve como uma crônica.

26 comentários »

AVISO IMPORTANTE

11comentários

Aos meus caríssimos amigos, leitores e também eleitores, e até mesmo aqueles que não são lá tão amigos assim, mas que sempre me visitam através desta janela de comunicação com o mundo.

De hoje em diante não mais postarei textos diariamente neste blog, só o farei quando tiver algo importante para lhes dizer ou comentar, um poema novo ou então aos domingos, quando publico minha crônica semanal no Jornal O Estado do Maranhão.

Quero aproveitar a oportunidade para agradecer-lhes o carinho e a “audiência”, pois em menos de três meses já foram mais de dez mil acessos, o que me deixa bastante feliz e satisfeito.

Um grande abraço a todos!

11 comentários »

Raios-X

3comentários

O acumulo de dias
Fez-me velho.

Velho me fez,
transparente.

De transparente
fiquei
invisível.

3 comentários »

O poeta é quem atrapalha

2comentários

Está explodindo
uma revolução
dentro de mim.
Na verdade são varias,
e o filho de uma rapariga
do Fernando Pessoa
grita suavemente em meus ouvidos
“…se a alma não é pequena…”
mas será que vale a pena?

2 comentários »
https://www.blogsoestado.com/joaquimhaickel/wp-admin/
Twitter Facebook RSS