Um pedaço Importante da história

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Sempre fui fascinado pelo conhecimento e desde cedo busquei os meios necessários para matar essa imensa sede, tão inerente a meu jeito de ser, saciando-a no inebriante líquido cintilante do saber.

Primeiramente usei os mais velhos como fonte de aprendizado. Eu ficava horas ouvindo as conversas de minha mãe e minhas tias, ou de meu pai, primeiro com seus empregados, depois com seus amigos e posteriormente com seus correligionários políticos. Acabei aprendendo por imersão. Mais tarde foi o rádio e a televisão que me abriram as portas da informação.

Já na escola, os professores e as aulas eram os veículos de sapiência mais imediata e coordenada. Lá tive contato com um objeto que já conhecia desde casa e que logo em nosso primeiro encontro, havia aguçado minha curiosidade: o livro.

Minha mãe me ensinou as primeiras letras, mas eu apresentava séria dificuldade em aprender a ler e escrever corretamente, tanto que até hoje não escrevo com letra cursiva, só com letras de forma. Então ela chamou para me ajudar nos estudos, uma jovem professora que morava numa casa próxima da nossa, de então. Chamava-se Terezinha e não era Terezinha de Jesus, era de Joaquim.

Minha mãe e Dona Terezinha me fizeram ser o que sou hoje. Elas abriram as janelas do mundo para mim através do conhecimento, dos estudos e dos livros.

Por outro lado, meu pai tinha uma irmã caçula chamada Rosemary. Nós a chamávamos de tia Rosinha. Ela era especial, pois era diferente das outras mulheres com quem convivíamos em nossa infância. Ela era mais jovem e em que pese não ser uma mulher de feições finas e angelicais, como deveriam ser as tias, tia Rosinha tinha pernas bem torneadas, coxas grossas e quando ela colocava um shortinho e se metia a jogar futebol conosco, mesmo que ainda fôssemos muito infantis, sentíamos algo estranho. Quanto mais o tempo passava, mais sensações estranhas nós sentíamos em relação a isso.

Mas não será sobre minha iniciação sexual que comentarei hoje com você. Acontece que tia Rosinha, quando minha avó Maria Haickel morreu, veio morar conosco, e como possuía muitos livros, eles vieram com ela.

Meu pai já tinha alguns livros em casa. Alguns até bastante curiosos, como o relatório da Comissão Warren do Congresso americano, sobre a morte do presidente John Kennedy, o livro de auto-ajuda, “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, de Dale Carnegie e três livros de um tal Caryl Chesmann, “A Face Cruel da Justiça”, “A Lei Quer que eu Morra” e “2455 – Cela da Morte”. Depois vim saber por meu “tio” Stenio, mistura de ama-seca, guru e irmão mais velho, que o escritor daqueles livros era um famoso bandido americano, o bandido da luz vermelha.

Desenho todo esse cenário para chegar no dia em que fui apresentado por tia Rosinha ao objeto que talvez tenha sido o maior responsável pela minha formação cultural e intelectual. Trata-se de uma pequena coleção de livros, contendo dez volumes, chamada “Trópico – Enciclopédia Ilustrada em Cores”.

Em nossa casa tivemos várias enciclopédias, entre elas O Mundo da Criança, O Tesouro da Juventude, a Delta Larrouse, a Britânica, a Mirador e a Delta Júnior. Tia Rosinha trouxe consigo esta e também uma outra, a Enciclopédia Prática Jackson. Anos depois ela colecionou os fascículos “Nosso Século”, que viria a ser minha segunda obra de referência.

Eu as li todas. Teve uma época em que lia compulsivamente. Lia enciclopédias como quem lesse um gibi. Nessa época eu lia até bula de remédio e lista telefônica. Mas os livros que eu mais gostava, que mais me fascinavam, eram os livros da Enciclopédia Trópico, cheios de ilustrações, capazes de me fazer fixar com mais facilidade o que lia.

Devo ter folheado e lido aqueles dez volumes, cada um de uma cor, um verde, um amarelo, um azul, um avermelhado, um o roxo… Isso pelo menos umas mil vezes até ter crescido o suficiente para largá-los e me dedicar aos esportes e às garotas. Bons tempos aqueles!

Durante muitos anos não soube que fim tomaram aqueles livros. Nós nos mudamos, saímos do Outeiro da Cruz para o Olho D’água e alguns dos velhos livros da família se extraviaram.

Recentemente quando arrumava a mudança para minha nova casa, me deparei com dois volumes da velha enciclopédia, os outros se perderam. Desde esse dia venho me dedicando a resgatar esse pedaço de minha história. Visitei vários sebos, acessei via internet outra quantidade, até encontrar em Bauru a coleção completa, que acaba de chegar pelo correio.

Sinto como se tivesse novamente 10 anos. Sinto os mesmos aromas no ar, as mesmas vibrações.

O que leio nestas folhas amareladas que pertenceram a outras pessoas, foram folheadas por outros dedos, é a história de um Joaquim que não se perdeu no caminho.

Relembro de todas as sensações que tive quando lia aqueles livros. Sinto novamente a mesma excitação que senti ao ler as histórias bíblicas, as curiosidades científicas, os perfis biográficos, os fatos da história da humanidade e os resumos de livros importantes.

Alguém poderá me chamar de chato, que só falo de coisas que acontecem ou aconteceram comigo. Você poderá se perguntar, “o que ganho eu com esse relato?” Ao que responderei que tenho certeza absoluta que alguma história parecida com essa já aconteceu em sua vida e se até aqui não aconteceu, ainda irá acontecer. Sinta-se então retratado.

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Gol de Haickel

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Matéria originalmente publicada na coluna “Estado Maior” do Jornal O Estado do Maranhão no dia 19/11/2010

Gol de Haickel

Além do trabalho político que realizou ao longo dos dois últimos mandatos, o deputado estadual Joaquim Haickel (PMDB), que não se candidatou à reeleição, deixará um expressivo legado na Assembléia Legislativa.
E um dos itens mais destacados é o projeto de lei que institui a concessão de incentivo fiscal para que empresas instaladas no Maranhão possam financiar projetos culturais e esportivos aprovados pelas secretarias estaduais de Cultura e de Esporte e Juventude. O patrocínio será compensado com abatimento no ICMS.
Joaquim Haickel propõe incentivo de 1,5% do valor do ICMS a recolher por período, sendo 1% destinado a projetos na área cultural e 0,5% para os esportivos. E para ser beneficiada, a empresa patrocinadora deve contribuir com recursos próprios, em quatro parcelas equivalentes a 25% do valor da sua participação no projeto. “O Poder Executivo fixará anualmente o montante de recursos disponíveis para o incentivo de que trata esse artigo”, diz o texto do projeto. A concessão de incentivo deverá ter o aval da Secretaria de Estado da Fazenda. Fraude será punida com multa pesada.
Haickel sugere que os projetos incentivados deverão utilizar, total ou parcialmente, recursos humanos e materiais, técnicos e naturais disponíveis no Maranhão. Visa, assim, incentivar a pesquisa, o estudo, a edição de obras e a produção das atividades artístico-culturais nas áreas de artes cênicas, cinema e vídeo, fotografia, literatura, música, artesanato, folclore, tradições populares, museus, biblioteca, arquivos e esportivas. E também promover a aquisição, manutenção, conservação, restauração, produção e construção de bens móveis e imóveis de interesse artístico, histórico, cultural e esportivo do Maranhão, assim como campanhas de conscientização, difusão, preservação e utilização de bens culturais e esportivos. Além disso, o projeto objetiva instituir prêmios em diversas categorias e incentivar práticas desportivas.
É isso aí.

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Minha verdadeira herança

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Herdei de meu pai muito mais que os bens materiais que ele conseguiu acumular em sua vida pródiga e generosa. Quem o conheceu sabe que ele era um trabalhador incansável, mas era também um mão-aberta inveterado, para quem o dinheiro só valia pelo prazer que pudesse proporcionar a si e aos seus.
A herança material que ele nos legou foi muito importante, pois garantiu a segurança financeira e econômica de nossa família. Essa herança garantiu meu alimento físico, mas acredito que sobreviveria sem ela.
Quando ouço alguém dizer que somos ricos, que nasci em berço de ouro, lembro de quando éramos criança, de que nós éramos os menos abastados do círculo de amigos e vizinhos do Outeiro da Cruz. Lembro-me também que meu pai levantava-se todo dia por volta das cinco da manhã para trabalhar e que não tinha hora pra voltar pra casa.
Toda vez que passo em frente ao Residencial Pinheiros, no bairro do Angelim, lembro dos dias maravilhosos que passei ali, naquele lugar que nas décadas de 60 e 70 era o nosso sítio e que depois de uma campanha política difícil, a de 1978, a primeira eleição de meu pai à Câmara Federal, tivemos que nos desfazer dele.
Herdei de meu pai uma infinidade de amigos, conhecidos e desconhecidos, pois até hoje, algumas pessoas se aproximam de mim dizendo que eram amigos de meu pai e que sentem sua falta, que ele foi importante em suas vidas. Essa herança, os amigos que herdei de meu pai, é preciosa demais, me dá orgulho, me dá respeito, me dá segurança, me fortalece, conforta e alimenta minha alma. Sem essa parte da minha herança eu seria bem menos nutrido daquilo que é essencial.
Parei outro dia na porta do PMDB para tomar um sorvete de coco desses de rua, quando se aproximou de mim um moço, na verdade um senhor de seus 60 anos e me disse que o pai dele era de Matinha e que era muito amigo e freguês de meu pai. Disse que quando jovem vinha com o pai dele comprar cimento, arroz, trigo, açúcar, querosene e outros gêneros no depósito de meu pai, que ficava bem ali no Desterro. Disse que além de eu ser parecido com meu pai fisicamente, parecia também muito com ele nas atitudes. Que o que eu estava fazendo ali, naquele instante, ele vira meu pai fazer anos atrás quando estava lá em seu armazém. “Chegou um daqueles sorveteiros, com uma daquelas caixas antigas de madeira e zinco, e seu pai mandou distribuir sorvetes para todos os presentes, inclusive para os estivadores que descarregavam os caminhões e carregavam os barcos”.
Ganhei de presente de meu pai o conhecimento que ele me possibilitou, tanto no tocante à minha educação familiar, quanto à minha instrução formal. A minha formação sentimental, moral, cultural e intelectual, não foi herança, mas sim o presente, o bem mais caro que recebi em toda minha vida. Sem ele eu nada seria.
Meu pai adorava História. Personagens como Alexandre, Napoleão, Churchill, povoavam seu imaginário. Apesar de ter tido pouca instrução formal, ele não tinha o segundo grau completo, lia muito, procurava se informar, era dono de uma inteligência privilegiadíssima, captava tudo no ar, e como já disse era um trabalhador incansável, mas sabendo de suas limitações, cercava-se de pessoas que pudessem suprir-lhe suas virtuais deficiências.
Nesse baú da herança que meu pai deixou para mim e meu irmão, figura um item de que me valho constantemente: trata-se do cabedal de exemplos que ele nos legou, de como ser e também de como não ser. De como ser leal, generoso, franco, otimista. De como não ser ansioso, teimoso, impertinente… De como me comportar nas mais diversas situações, quando, por exemplo, nós políticos somos de certa forma “obrigados” a jamais dizer a palavra não, e enquanto amigos, temos a obrigação de falar a verdade, doa a quem doer, “fique sempre atento, pois o difícil é saber quando e como se deve agir e se deve-se agir assim ou assado” – dizia ele.
Meu pai já morreu faz 17 anos e todas as vezes que estou em algum lugar, irremediavelmente surge o seu nome e consequentemente sou comparado a ele. Seja Zé Sarney a me dizer que a cada dia eu me pareço mais com ele, “só que ele dava no teu ombro”. Seja algum funcionário da Assembléia comentando que como ele eu passo toda a sessão andando de um lado para outro no plenário, dando conta de uma votação, aparteando um discurso, conversando com um ou com outro deputado. Seja mãe Tetê dizendo que olhar para mim é ver papai, do jeito de beber água bem gelada ao sorriso de olho fechado.
Meu pai adorava umas frases de efeito. Uma delas me persegue até hoje: “O difícil se faz logo, o impossível demora um pouco mais”.
Faço o fácil com prazer, o difícil com dedicação e o impossível com paciência. Essa é minha maior herança: com tudo que um pai me deu em vida e me legou na morte, eu pude agregar a minha própria contribuição. Observar e entender o simples, o natural, o fácil.
Muitas vezes as pessoas, assim como meu pai fazia, estão muito mais voltadas para as coisas difíceis, para as coisas impossíveis. Eu desde cedo me interesso pelas coisas fáceis e simples. Nelas estão os mapas, as chaves para o difícil e para o impossível.

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Atenção! Invasão de caixa postal eletrônica.

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Atenção!

Invasão de caixa postal eletrônica.

          

Meus caros amigos, minha caixa postal eletrônica foi invadida por algum marginal que está passando mensagens de cunho grosseiro e difamatório para algumas pessoas da minha lista de contatos.

Quem por acaso receber uma dessas mensagens, por favor, desconsidere e desde já me desculpe pelo transtorno.

 

Tenho dedicado as últimas noites quase que totalmente para escrever os discursos de saudação aos agraciados com títulos de Cidadãos Maranhenses e Medalhas do Mérito Legislativo Manoel Bequimão que farei nos próximos dias.

Dentre os agraciados está o Rei do Baião, Luis Gonzaga. Fazia eu uma pesquisa para apoiar o meu discurso em homenagem a essa importante figura de nossa música quando meu computador travou. Reiniciei a maquina e logo em seguida recebi um telefonema  de meu amigo cineasta Francisco Colombo estranhando uma mensagem que havia passado para ele. Ocorre que não mandei nenhuma mensagem para Colombo. Pedi que ele lesse a mensagem para mim, o que ele fez prontamente. Pedi que ele mandasse para mim a suposta mensagem que ele recebeu de minha caixa postal e ele mandou só que não chegou a nenhuma das minhas caixas. Em seguida ele ligou novamente dizendo que havia chegado outra mensagem, que ele também leu para mim. Pedi que ele tentasse mais uma vez o envio das mensagens para minhas caixas, o que novamente não foi possível. Foi preciso que ele as passasse para minha mulher, para que eu pudesse ver com meus próprios olhos do que se tratava.

Horrorizado, pois isso nunca havia acontecido comigo antes, não que eu soubesse, liguei para Antonio Leda, técnico em informática que trabalha para minhas empresas, mas a ligação não completava.

Liguei então para minha amiga Adriana Marão, que me orientou a mudar imediatamente a minha senha dessa caixa postal. O que fiz seguindo sua orientação pelo telefone.

Adriana me explicou algumas das possibilidades de como pode ter ocorrido a invasão de minha caixa, todas bem plausíveis.

Em seguida foi a vez de minha mulher que estava com seu computador ligado em minha frente dizer que havia acabado de receber uma mensagem de minha caixa postal que naquele momento estava desligada. Isso era possível porque enquanto o invasor estivesse com a máquina dele logada em minha senha antiga ele usaria minha caixa postal, mandando mensagens ou copiando as ali existentes.

Algum tempo depois foi a vez de meu amigo Ney Bello Filho me mandar uma mensagem dizendo que recebera também um texto “estranho” de minha caixa postal. Liguei para ele e expliquei o que estava acontecendo.

Agora já passa de uma hora da madrugada e continuo aqui sem saber se esse criminoso ainda está de posse de minha caixa eletrônica de correspondência.

No final só me resta pedir desculpa a algum amigo que possa vir a ser importunado ou ofendido por esse marginal.

 

PS: Agora pela manhã, já mais calmo, voltei a falar com minha amiga Adriana Marão e acredito que tenha descoberto o que aconteceu. Minha senha anterior era meu nome seguido da data de meu aniversário. Alguém ficou tentando descobrir minha senha e sendo ela elementar(imprudência minha), essa pessoa conseguiu invadir minha caixa de mensagens.

Agora minha senha será gerada por um programa de segurança e será mudada periodicamente, providência que sugiro que todos tomem.

 

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Do Blog Patuscadas & Pantomimas

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Carta aberta ao
Deputado Joaquim Haickel

Caro Deputado Joaquim Haickel.

Estive analisando o pronunciamento proferido por Vossa Excelência na dita “Casa do Povo” e confesso que me senti feliz por ter visto alguém preocupar-se com o nosso querido Centro Histórico de São Luís.

Trabalho na área de turismo desde 1999 e confesso: Nunca observei minha Cidade tão abandonada.

Certa vez fiz um artigo no qual falava: Não se pode fazer turismo em uma Cidade onde elevou o nível de pobreza dos seus cidadãos ao máximo.

De fato penso isso e quando me deparo com a realidade do Centro Histórico de São Luís, fico envergonhado e infeliz de ver os nossos casarões tombarem ao invés de estarem tombados.

Durante sua fala na Tribuna da Assembléia Legislativa tive a confirmação daquilo que já sabia que era o fato dos nossos políticos não percorrerem o Centro de São Luís e perceberem, In Loco, a real situação do total abandono por que passa todo aquele centro histórico, enfim, de comprovar aquilo que toda sociedade está cansada de saber e ver.

Afirmo-lhe que tanto o Governo do Estado quanto a Prefeitura Municipal de São Luís muito pouco fizeram para manter sempre viva a revitalização da nossa Cidade velha, envolta em belos casarões. Falam descaradamente de amor pela Cidade e da forma como vão revitalizar todo aquele patrimônio que é da humanidade inteira, embora não passe de mais um blefe na maioria das vezes.

No ano passado, o Governo anunciou um amplo projeto de revitalização do Centro Histórico, da Lagoa da Jansen e das nossas praias. Como se vê nada foi realizado, o acordo selado com a sociedade foi descumprido ou então o dinheiro que seria usado nessas operações saiu vestido de fofão ou de irmão metralha no carnaval de 2010.

A vergonha que Sua Excelência passou ao apresentar a Cidade a seus amigos, é a mesma que muitos profissionais da área de Turismo vivem diariamente e a decepção que seus amigos sentiram é a mesma que dezenas de turistas oriundos do mundo inteiro sentem quando aqui chegam. É vergonhoso quando se depara com gestos praticados por estes que, aliás, falam mais que as palavras, de total decepção com estado do acervo histórico como um todo, levando, consigo, uma imagem de uma Cidade em ruínas e de um Estado falido.

Senhor Deputado, Um povo sem memória é um povo sem história e um povo sem história é um povo sem referência. A irresponsabilidade com que tratam o Centro é tamanha que faz, sem sobra de dúvida, perdermos a nossa maior referencia, o nosso maior legado: o Maranhão Colônia e o Maranhão Monarquia.

O mais lamentável é o fato de estarmos prestes a fazer 400 anos, sem que se tenha um plano de ação ou metas a serem cumpridas.

Existem Cidades no Brasil que souberam revitalizar e manter o seu patrimônio histórico e aqui aponto as Cidades Mineiras e as Goianas, com uma ressalva: naquelas localidades houve um empenho de revitalizar todo o patrimônio histórico, incrementando, paralelamente, a receita tributária, com fortes ações voltadas para área do turismo.

Todo mundo cansa de falar que o turismo é a empresa que mais cresce no mundo, que mais gera negócios, que mais emprega que menos polui, mas mesmo assim, o Maranhão como sempre parece ir na contra mão da história.

Temos que salvar o nosso Centro Histórico, temos que montar um movimento em defesa do nosso Patrimônio Secular, já basta de indiferença com essa senhora que fará 400 anos em 2012.

Caro Deputado Joaquim, nunca votei em Vossa Excelência e talvez nunca venha a votar, mas comungo da idéia que sua saída será uma perda enorme para o Legislativo do Maranhão, pois diante de tantos Parlamentares nulos, incompetentes ou sem propostas, uma Figura como a sua fará falta, pela sua lucidez, seu amplo conhecimento e por sua sensibilidade em algumas ações. Na minha ótica a sua ausência trará prejuízos a essa Augusta Casa Legislativa e que bom teria sido se essa lata e propostas tivessem vindo a mais tempo, sem dúvida que todos nós aplaudiríamos e o acervo patrimonial físico do nosso Maranhão agradeceria. Contudo, isso, infelizmente, não mais fará, pelo menos da Tribuna da Assembléia.

Por fim, quero agradecer-lhe pelo discurso proferido em defesa do patrimônio, mesmo que serodiamente. As colocações de que “O problema é realmente a ausência de poder público, de vontade política, de política direcionada à preservação desse patrimônio. A nossa cidade, o nosso casario, é Patrimônio da Humanidade e como tal está relegado ao abandono. Eu gostaria de conclamar os deputados, os vereadores, o prefeito de São Luís, a governadora Roseana, para que juntos possamos fazer um projeto de salvação do Centro Histórico de São Luís, de preservação dos monumentos arquitetônicos da nossa cidade”, ficarão registrado nos anais da casa e, por certo, irão permear meus pensamentos e minhas certezas, por um longo período.

Com os Melhores cumprimentos.
Fábio Henrique Farias Carvalho

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Do Blog Raios e Bombas

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http://raiosebombas.wordpress.com/

A vergonha do Brasil

novembro 1, 2010
por Laila Razzo

“É normal ver carro lá?”, “Você deve sentir falta de árvores né… A mata, e tal”, “Você é inteligente…” *tom de surpresa*.

Comentários e questionamentos do tipo já foram direcionados a mim por dois tipos de pessoas: gringos totalmente desinformados sobre o Brasil e BRASILEIROS sobre o Nordeste.

E aí, BRASILEIROS? Vergonha ein?

E agora vejo que muitos brasileiros culpam uma decisão política por uma tal de burrice nordestina. Por uma tal de miséria nordestina. Por uma tal, também, de incapacidade nordestina.

Que a xenofobia sempre rolou solta por cidades como São Paulo, eu sei, been there, seen that. E nunca foi compreensível, nem aqui, nem na Inglaterra.

Inglês velho (dos que eu vi) adora esbravejar contra brasileiros e polacos, que tão lá fazendo o que não tem inglês afim de fazer. Que tão lá trabalhando na base de tudo, repito, de TUDO, que corrobora pra um inglês ter sua preguiçosa cerveja gelada paga pelo governo ao mais bem fotografado empresário conseguir assinar seus devidos papeizinhos e cortar suas faixas cintilantes de inauguração. Não é muito diferente do que acontece dentro das fronteiras brasileiras.

Ouço muito falar também do preconceito com nordestinos na área de trabalho, aqueles, que não são os que deixam os banheiros dos seus clubes preferidos limpinhos, mas aqueles que estão lá concorrendo cabeça a cabeça com você que só porque nasceu e incorporou um sotaque que fala o “r” nos dentes se acha mais digno da oportunidade. Ora, se você é bom, você é bom, discorda?

Como pode, um professor de uma faculdade como a USP falar pra uma aluna, estando lá por ter sido aprovada de acordo com os processos seletivos e regras da instituição para uma pós, que por ela ser formada pela universidade estadual do Maranhão, ela precisaria ler mais e se empenhar mais que outros? Não era pela preocupação do preconceito, era por puro preconceito.

Entre os próprios alunos das universidades de cidades dotadas de grande concentração de diversidade cultural, como a tão querida e falada aqui São Paulo, existe uma competição, algo como senso de desonra, se um aluno nordestino se destaca. E algumas vezes ele nem pode se destacar, visto que terão mais pés esperando seus passos no meio do caminho para lhe fazer cair do que para qualquer outroense, outroino, outroano.

E dizem: odeio retirantes, eles vem pra cá, poluem a visão da minha cidade com a cara da pobreza, se unem em gangues e preenchem a violência.

Olha, sejamos justos um pouquinho, pra um nordestino malandro que você encontra na rua, existem bem uns trezentos malandrões nascidos e criados pela própria porqueira da sua cidade, da SUA CIDADE. Malandragem não é regional, se fosse, a gente fechava as porteiras e tava tudo numa nice, não é? Se malandragem fosse também coisa da cultura do pobre, não via ninguém precisando de cinto pra segurar a pança cheia de dinheiro sujo, de poder vil.

E se você é pego desprevenido pela expressão castigada de um ser humano no semáforo querendo dinheiro pra não morrer e acha que aquele coitado deveria estar onde nasceu (provavelmente também pra morrer), você é um estúpido, que nem direito ao voto merecia. Se essa visão não lhe dói pela noção da existência da miséria humana, e se isso não lhe faz ver como o seu PAÍS precisa de cuidado, você é pobre, pobrinho, pobre de marré deci, de alma.

E agora é isso. Política. PT no poder é burrice feita por nordestino. É porque nordestino é morto de fome e se vende por pouco. É porque nordestino vive em miséria. Se Nordestino vive mesmo em miséria, então o Brasil também vive, concordam? Como vocês gostariam de ver um país desenvolvido, com a indubitável discrepância social? Tire o Nordeste e você não tem mais Brasil, para bem e para um poderoso e maior mal. Tire o Nordeste, e a casa cai. A casa cai economicamente, a casa cai culturalmente, a casa cai e cai feio, se esbagaça toda no chão, e você vai ficar sem entender. Porque né, você é meio necessitado de desenvolvimento intelectual.

Meu ponto não é falar de política. É falar da visão embaçada que infelizmente temos que testemunhar. É falar da BURRICE que o BRASIL hospeda. É falar que existe coisa pior para o nosso país que a triste realidade de famílias sem teto e sem prato transformadas em números, e isso é a BURRICE de pessoas que tiveram tudo na vida para não cultivá-la e ainda conseguem carregá-la em discursinhos sem força, em comentários nada preciosos, em atitudes hipócritas.

Incapacidade nordestina, eu leio, eu escuto. Ora… Incapacidade! Pois vá ler um pouco sobre História, vá ler um pouco sobre o desenvolvimento dos estados nordestinos, sobre as cidades, vá ler sobre política, vá ler, vá perguntar, vá saber, e venha, venha ver.

Se a sua raiz é ter um pé no desenvolvido que você acha ser os tais países assim chamados, vá pra lá, vá, que você já deve bem se equalizar no pensamento sobre o Brasil comentado no início desse post. Quem sabe você não sofre um pouquinho de discriminação por você ser de onde é, e pare e veja o seu papel anterior em uma situação bem parecida. Só não continue a feder o meu país com sua mentalidade medíocre.

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